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3. RESULTADOS E DISCUSSÃO

3.1.2.6 Levantamento da Legislação Ambiental

A Legislação Ambiental Brasileira demonstrou ser de difícil consulta e interpretação. A principal razão para tal parece residir no fato de vários órgãos federais estarem aptos a legislar sobre os mesmos temas. Além disso, leis estaduais enfocam as mesmas questões ambientais, por vezes de maneiras diferentes.

A legislação levantada foi agrupada em áreas de interesse de modo a facilitar a consulta e servir como um guia. No entanto, devido à complexidade do tema, é

provável que a organização do COMAER, interessada em verificar seu enquadramento legal com relação a alguma questão ambiental, seja compulsada a efetuar uma nova pesquisa, buscando modificações e atualizações em relação ao assunto de interesse.

A legislação ambiental está fundamentada num elenco de leis, entre elas a de n° 6.938, de 31 de agosto de 1981, que dispõe sobre a Política Nacional do Meio Ambiente, seus fins e mecanismos de formulação e aplicação, constitui o Sistema Nacional do Meio Ambiente (SISNAMA) e institui o Cadastro de Defesa Ambiental.

Está lei está baseada nos incisos VI e VII do art. 23 e no art. 235 da Constituição e foi alterada por outras leis, entre elas, a Lei n° 8.028, de 12.04.90 e a Lei n° 10.165, de 27.12.2000.

Outra importante lei é a de n° 4.771, de 15 de setembro de 1965, institui o novo Código Florestal, já tendo sido atualizada por diversas leis, e pela MP 2080- 58/01.

A proteção à fauna é estabelecida pela lei n° 5.197, de 03 de janeiro de 1967, e a lei n° 9.605, de 13 de fevereiro de 1998, a “Lei de Crimes Ambientais”, dispõe sobre as sanções penais e administrativas derivadas de condutas e atividades lesivas ao meio ambiente.

Em algumas questões ambientais específicas, descritas a seguir, é necessário observar as Resoluções do CONAMA, da ANVISA e normas da ABNT.

As legislações estaduais podem complementar normas e adicionar parâmetros técnicos, limites de emissões, etc. à legislação federal.

a) Poluição Atmosférica

A legislação ambiental relativa às emissões atmosféricas afeta as atividades de uma organização militar típica que, em geral, possui uma frota envelhecida de veículos de transporte pesado, motores estacionários e equipamentos de apoio de solo para aeronaves.

A Resolução CONAMA nº 251, de 07 de janeiro de 1999, estabelece critérios, procedimentos e limites máximos de opacidade da emissão de escapamento dos veículos automotores do ciclo Diesel, em complemento a resolução CONAMA nº 8 de 31/08/93.

A Resolução CONAMA nº15, de 13 de dezembro de 1995, estabelece as classes de veículos e os índices de emissões máximos previstos para motores ciclo Otto e as de nº 241 e 242, ambas de 30 de junho de 1998, a complementam e modificam as resoluções CONAMA nº 8 e 15.

A Resolução CONAMA nº 315, de 29 de outubro de 2002, estabelece novos níveis de emissão de poluentes, emitidos por veículos automotores novos, nacionais e importados, leves e pesados pelo escapamento e por evaporação, para aplicação a partir de janeiro de 2006.

A Resolução CONAMA nº 267, de 14 de setembro de 2000, dispõe sobre a utilização das substâncias controladas especificadas nos Anexos A e B do Protocolo de Montreal sobre substâncias que destroem a Camada de Ozônio. Embora o uso desse tipo de substâncias seja desprezível na BAAN, observa-se que, no artigo 4º, as “aplicações militares não especificadas“ são consideradas “usos essenciais" para efeito da resolução e portanto, autorizados.

O Decreto Estadual nº 1.745, de 06 de dezembro de 1979, que regulamenta a lei de nº 8.544, de 17 de outubro de 1978 prevê normas para a utilização e

preservação do ar, padrões de qualidade do ar, padrões de emissão e padrões de condicionamento e projeto para fontes estacionárias, além de planos de emergência para episódios críticos de poluição do ar.

O mesmo decreto, em seu artigo 31, proíbe a queima ao ar livre de resíduos sólidos, líquidos ou de qualquer outro material combustível, exceto por autorização da Secretaria de Meio Ambiente de Goiás, para o treinamento de combate a incêndio, prática comum em algumas organizações do COMAER.

b) Emissões de Ruídos

A Resolução CONAMA nº 252, de 07 de janeiro de 1999, estabelece limites máximos de ruído nas proximidades do escapamento, para fins de inspeção obrigatória e fiscalização de veículos em uso.

No entanto, o Decreto Estadual nº 1.745, de 06 de dezembro de 1979, que regulamenta a lei º 8.544, de 17 de outubro de 1978, é mais rígido nos limites de poluição sonora, para diversos tipos de veículos.

Adicionalmente, o decreto estadual estabelece limites para outras fontes de ruído sem especificar, no entanto, a poluição sonora produzida por aeronaves.

A Instrução do Ministério da Aeronáutica IMA-100-12, prevê alturas mínimas de sobrevôo de cidades e áreas habitadas para os diversos tipos de aeronaves, visando evitar altos níveis de ruído para a população e a possibilidade de ocorrência de acidentes.

A Lei Federal nº 9.433, de 08 de janeiro de 1997, que regulamenta o inciso XIX do art. 21 da Constituição Federal, institui a Política Nacional de Recursos Hídricos e cria o Sistema Nacional de Gerenciamento de Recursos Hídricos.

Essa lei determina a classificação das águas doces, salobras e salinas do Território Nacional segundo seus usos preponderantes.

A lei estabelece, em seu artigo 44, que cabe às Agências de Água (com funções de secretaria executiva dos Comitês de Bacia Hidrográfica) propor, ao(s) respectivo(s) comitês, o enquadramento dos corpos de água nas classes de uso, para encaminhamento ao respectivo Conselho Nacional ou Conselhos Estaduais de Recursos Hídricos, de acordo com o domínio desses.

Já a Resolução CONAMA nº 20, de 18 de junho de 1986, estabelece em seu artigo 20, que enquanto não forem efetuados os enquadramentos dos corpos d’água, como no caso dos situados nos arredores da BAAN, pertencentes à bacia do Rio Corumbá, as águas doces serão consideradas Classe 2.

A Resolução nº 20 estabelece ainda, em seu artigo 5º, os limites e/ou condições das águas Classe 2 e, em seu artigo 21º, as condições a serem obedecidas pelos efluentes de qualquer fonte poluidora a serem lançados nos corpos d’água, de forma direta ou indireta.

A mesma resolução estabelece a necessidade de existir um tratamento especial dos efluentes se provierem de hospitais e outros estabelecimentos nos quais haja despejos infectados com microorganismos patogênicos, o que não é observado no interior da BAAN.

É importante ressaltar que o artigo 15 da mesma resolução, estabelece que os órgãos de controle ambiental poderão acrescentar outros parâmetros ou tornar mais restritivos os estabelecidos na resolução nº 20, tendo em vista as condições locais.

A legislação ambiental do Estado de Goiás está estabelecida através da lei de Controle da Poluição nº 8.544/78, pela lei Florestal do Estado de Goiás nº 12.596/95 e pelos decretos e regulamentações das leis acima citadas.

O Decreto nº 1745, de 06 de dezembro de 1979, aprova o Regulamento da Lei n.º 8.544, de 17 de outubro de 1978, que dispõe sobre a prevenção e o controle da poluição do meio ambiente.

No estabelecimento dos limites máximos de concentrações para as águas da Classe 2, o decreto é mais rígido que a Resolução CONAMA nº 20 nas concentrações máximas de estanho, onde a legislação estadual prevê 0,2 mg/l Sn enquanto a resolução federal estabelece um máximo de 2,0 mg/l Sn e nas de cromo total que permitem 0,05 mg/l enquanto a resolução do CONAMA permite 0,5 mg/l para o cromo trivalente e 0,05 para o cromo hexavalente.

O decreto proíbe também, a existência de substâncias solúveis em hexana nas águas de Classe 2, onde a resolução federal é omissa.

Conforme o artigo 23, os limites estaduais para o lançamento de efluentes das fontes poluidoras também são mais restritivos nas concentrações máximas de Selênio (0,02 mg/l), nas de Prata (0,02 mg/l), nas de Arsênico (0,2 mg/l) e nas de cromo hexavalente (0,1 mg/l). O limite de substâncias solúveis em hexana é de 100 mg/l

O mesmo artigo define um DBO 5 dias, 20ºC de, no máximo, de 60mg/l (sessenta miligramas por litro). Este limite somente poderá ser ultrapassado no caso de sistema de tratamento de águas residuárias que reduza a carga poluidora em termos de DBO 5 dias, 20ºC do despejo em no mínimo 80% (oitenta por cento);

Nos demais índices/limites de interesse, a legislação federal é mais restritiva, tanto na definição da classe 2 de uso como para os efluentes lançados nos cursos d’água.

A portaria 1469, de 29 de dezembro de 2000, do Ministério da Saúde, estabelece os parâmetros de potabilidade da água para o consumo humano, de vigência obrigatória em todo o território nacional.

A portaria estabelece parâmetros quanto a padrões microbiológicos (presença de bactérias e outros organismos patogênicos), padrão de turbidez, valores máximos para presença de substâncias orgânicas, inorgânicas, agrotóxicos, cianotoxinas, desinfetantes, padrões de radioatividade, etc.

d) Poluição do Solo e Geração de Resíduos Sólidos

A NBR 10004 estabelece três classes para os resíduos sólidos (classificação também adotada pelo CONAMA conforme Resolução nº 005, de 05 de agosto de 1993):

Classe 1 – perigosos: Resíduos ou mistura de resíduos que, em função de suas características de inflamabilidade, corrosividade, reatividade, toxicidade e patogenicidade, podem apresentar risco à saúde pública e/ou ao meio ambiente;

Classe 2 – não-inertes: os que não se enquadram na Classe 1 e nem na 3 (inertes);

Classe 3 – inertes: os resíduos ou mistura de resíduos sólidos que, submetidos ao teste de solubilização (Norma NBR 10006) não tenham nenhum de seus constituintes solubilizados, em concentrações superiores aos padrões definidos .

A resolução CONAMA nº 273, de 29 de novembro de 2000, modificada pela resolução nº 319, de 04 de dezembro de 2002, estabelece normas para a instalação, reforma e operação de postos de abastecimento de combustíveis de todo o tipo, determina o cumprimento de normas técnicas da ABNT e visa a diminuição do risco e das ocorrências de eventos poluidores e acidentes ambientais como contaminação de corpos d’água subterrâneos e superficiais, do solo e ar. As estações de abastecimento de veículos terrestres no interior da BAAN não cumprem as exigências legais da resolução.

A mesma resolução nº 273 estabelece a obrigatoriedade do licenciamento prévio de órgão ambiental competente para a construção e operação desse tipo de instalação.

A resolução CONAMA nº 307, de 05 de julho de 2002, estabelece diretrizes e procedimentos para a gestão de resíduos da construção civil e diferencia os resíduos em 4 classes, determinando procedimentos específicos e destinações diversas para cada uma das classes (Figura 09).

Figura 09 – Local de depósito de resíduos sólidos em geral.

A resolução CONAMA nº 257, de 30 de junho de 1999, estabelece procedimentos e normas para disciplinar o descarte e o gerenciamento ambientalmente adequado de pilhas e baterias usadas, no que tange à coleta, reutilização, reciclagem, tratamento ou disposição final.

A BAAN efetua o recolhimento e o envio das baterias de aeronaves para o Parque de Material Aeronáutico responsável pelos processos de reciclagem e destinação final.

A Resolução CONAMA nº 275, de 25 de abril de 2001, estabelece um código de cores para os diferentes tipos de resíduos, a ser adotado na identificação de coletores e transportadores, bem como nas campanhas informativas para a coleta seletiva.

A resolução CONAMA nº 009, de 31 de agosto de 1993, proíbe o descarte de óleo usados em solos, águas superficiais, subterrâneas, no mar territorial e em sistemas de esgoto ou evacuação de águas residuais ou qualquer forma de eliminação de óleos usados que provoque contaminação atmosférica superior ao nível estabelecido na legislação sobre proteção do ar atmosférico (PRONAR). Determina ainda, que todo o óleo lubrificante usado deverá ser destinado à reciclagem. Segundo pesquisa realizada pela BAAN, não existe, na cidade de Anápolis, nenhuma empresa local especializada em recolher e reciclar óleos usados. Atualmente, os óleos usados da BAAN são vendidos para produtores rurais que os reutilizam em suas máquinas agrícolas e como matéria-prima para a confecção de velas artesanais. Nesse caso, poderá ainda persistir a co-responsabilidade da Organização se o destino final for considerado inadequado.

O descarte ou outro destino que não o re-refino do óleo lubrificante é considerado crime ambiental estipulado na Lei nº 9.605/98, Seção III, Artigos 54 e 56, bem como no Decreto Federal nº 3.179, Seção III, Artigos 41 e 43.

Deve-se observar que o óleo lubrificante usado, o fluído hidráulico bem como os resíduos oleosos, comuns nos hangares de manutenção de aeronaves, são classificados como perigosos segundo a NBR 10004 e devem receber tratamentos idênticos.

As resoluções CONAMA nº 005, de 31 de agosto de 1993 e nº 283, de 12 de julho de 2001, dispõem sobre o tratamento e a destinação final dos resíduos oriundos dos Serviços de Saúde, Portos e Aeroportos.

A ABNT através da NBR 12808/93 também versa sobre a classificação dos Resíduos dos Serviços de Saúde (RSS) e a NBR 10004/87 classifica os resíduos sólidos dos serviços de saúde como perigosos.

A fim de estabelecer diretrizes para o Programa de Gestão de Resíduos dos Serviços de Saúde (PGRSS) e atualizar a classificação dos resíduos dos serviços de saúde, a ANVISA emitiu a resolução RDC 33, de 25 de fevereiro de 2003, que publica o Regulamento Técnico para o Gerenciamento de Resíduos de Serviços de Saúde -Diretrizes Gerais.

A classificação da resolução da ANVISA é mais completa para os “resíduos hospitalares” e complementa a resolução nº 005 do CONAMA com a Classe “E” de resíduos “Perfurocortantes”, além de subdividir as outras classes. Os estabelecimentos de saúde terão que se adequar aos seus requisitos.

Deve ser levada em conta ainda, a legislação estadual, que poderá estabelecer normas de caráter supletivo ou complementar, a fim de adequá-lo às especificidades locais (Art 3º da Resolução RDC n.º 33, de 25 de fevereiro de 2003).

Existe a lei Nº 14.248, de 29 de julho de 2002, que dispõe sobre a Política Estadual de Resíduos Sólidos. O plano contempla os aspectos referentes à geração, segregação, acondicionamento, coleta, armazenamento, transporte, tratamento e disposição final, bem como a proteção à saúde pública.

O decreto estadual nº 1.745, de 06 de dezembro de 1979, que regulamenta a lei de nº 8.544, de 17 de outubro de 1978 também dispõe sobre a prevenção e o controle da poluição do solo e menciona normas específicas de tratamento dos resíduos hospitalares e, no § 1º do artigo 62, cita a responsabilidade do gerador da poluição pelos resíduos ainda que o Município execute o serviço de coleta.

O artigo nº 77 do mesmo decreto cita os hospitais, laboratórios de radiologia e laboratórios de análises clínicas como fontes de poluição a serem licenciadas.

A resolução CONAMA nº 237, de 19 de dezembro de 1997, prevê a obrigatoriedade do licenciamento ambiental para a localização, instalação, ampliação

e a operação de empreendimentos e atividades utilizadores de recursos ambientais, consideradas efetiva ou potencialmente poluidoras ou daquelas que, sob qualquer forma, possam causar degradação ambiental.

A licença ambiental visa estabelecer as condições, restrições e medidas de controle ambiental necessárias e no caso de atividades e obras com significativo impacto ambiental, de âmbito nacional ou regional, compete ao IBAMA o licenciamento previsto (Artigo 10 da Lei nº 6.938, de 31 de agosto de 1981).

Nesse caso poderão ser enquadradas as bases ou empreendimentos militares, observada a legislação específica (Artigo 4 da Resolução CONAMA nº 237, de 19 de dezembro de 1997).

A Resolução CONAMA nº 301, de 21 de março de 2003, estabelece procedimentos de coleta e destinação final ambientalmente adequada de pneumáticos inservíveis de veículos automotores e bicicletas, nas proporções citadas, alterando a resolução CONAMA nº 258, de 26 de agosto de 1999.

A resolução nº 258 estabelece também, em seu art. 9º, a proibição da destinação final inadequada de pneumáticos inservíveis, tais como a disposição em aterros sanitários, mar, rios, lagos ou riachos, terrenos baldios ou alagadiços, e queima a céu aberto.

No caso dos pneumáticos de aeronaves, não está claro se existe também a obrigação, por parte dos fabricantes e/ou importadores, em providenciar os procedimentos de coleta e destinação final. A BAAN está efetuando a venda dos mesmos para reutilização como matéria-prima na fabricação de móveis e o aproveitamento da carcaça é de 100%, segundo o fabricante. O aço existente no interior dos pneumáticos é revendido para as empresas recicladoras.

e) Áreas de Preservação Permanente

A Resolução nº 303, de 20 de março de 2002, estabelece os limites das Áreas de Preservação Permanente em torno dos cursos d’água e cabeceiras e tem especial importância para a BAAN que possui, em sua área, mais de uma dezena de nascentes e córregos.

A Resolução nº 302, de 20 de março de 2002, dispõe sobre os parâmetros, definições e limites de Áreas de Preservação Permanente de reservatórios artificiais e o regime de uso do entorno.

É importante observar que a lei de nº 2666/99, de 16 de dezembro de 1999, que institui o Código Municipal de Meio Ambiente e a lei 2.959, de 30 de abril de 2003 que a alterou, também se referem aos limites das áreas de preservação permanente, de modo mais restritivo que a lei federal e portanto, devem ser observadas. As áreas ao redor de nascentes por exemplo, deverão ter, no mínimo 100 metros, enquanto a lei federal 7803/89 e a resolução CONAMA nº 303 estabelecem 50 metros.

f) Áreas de Segurança Aeroportuária (ASA)

A Resolução CONAMA nº 004, de 09 de outubro de 1995, estabelece que as áreas num raio definido ao redor dos aeródromos e das instalações de auxílio à navegação aérea estão sujeitas às restrições especiais onde não será permitida a implantação de atividades de natureza perigosa, entendidas como "foco de atração de pássaros".

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