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Gestão ambiental de áreas do comando da aeronáutica: o caso da base aérea de Anápolis, Anápolis - GO

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Academic year: 2017

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UNIVERSIDADE CATÓLICA DE BRASÍLIA PRÓ-REITORIA DE PÓS-GRADUAÇÃO E PESQUISA PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO STRICTO SENSU

EM PLANEJAMENTO E GESTÃO AMBIENTAL

Werner Wilhelm Bonnet

GESTÃO AMBIENTAL DE ÁREAS DO COMANDO

DA AERONÁUTICA, O CASO DA BASE AÉREA

DE ANÁPOLIS, ANÁPOLIS, GO.

(2)

WERNER WILHELM BONNET

GESTÃO AMBIENTAL DE ÁREAS DO COMANDO

DA AERONÁUTICA, O CASO DA BASE AÉREA DE ANÁPOLIS, ANÁPOLIS, GO.

Dissertação apresentada ao Programa de Pós-Graduação Stricto Sensu em Planejamento e Gestão Ambiental da Universidade Católica de Brasília, como requisito parcial para a obtenção do título de mestre em Planejamento e Gestão Ambiental.

Orientador: Prof. Dr. Ricardo Seixas Brites

(3)

À minha Mãe

(4)

RESUMO

(5)

ABSTRACT

(6)

SUMÁRIO

RESUMO... 3

ABSTRACT ... 4

LISTA DE FIGURAS ... 7

LISTA DE ABREVIATURA ... 8

1. INTRODUÇÃO ... 10

1.1 APRESENTAÇÃO ... 10

1.2 JUSTIFICATIVA... 15

1.3 OBJETIVOS... 18

1.4 A GESTÃO AMBIENTAL DE ÁREAS MILITARES ... 19

1.4.1 Programas de Gestão Ambiental ...19

1.4.2 O Exemplo Americano ...20

1.4.3 A Iniciativa Européia...21

1.4.4 Outros Exemplos...22

1.5 POR QUÊ ADOTAR AS NORMAS ISO SÉRIE 14000? ... 23

1.6 A BASE AÉREA DE ANÁPOLIS... 26

1.6.1 Histórico ...26

1.6.2 Caracterização da Área, Meio Físico e Biótico...27

1.6.2.1 Hidrologia... 27

1.6.2.2 Geologia ... 28

1.6.2.3 Clima ... 28

1.6.2.4 Vegetação... 29

1.6.3 Instalações, Usos e Impactos...30

2. MATERIAL E MÉTODOS ... 42

2.1 ESTABELECIMENTO DA POLÍTICA AMBIENTAL ... 43

2.1.1 Escolha da EquipeAmbiental ...43

2.1.2 Orçamento e Recursos ...44

2.1.3 Avaliação Ambiental Inicial... 44

2.1.3.1 Atividades, Aspectos e Impactos ... 45

2.1.3.2 Legislação Ambiental... 50

2.1.3.3 Atuais Processos de Gestão... 51

2.1.4 Redação da Política Ambiental ...52

2.2 PLANEJAMENTO ... 55

2.2.1 Objetivos ...55

2.2.2 Metas ...57

2.3 IMPLEMENTAÇÃO E OPERAÇÃO ... 64

2.3.1 Estrutura e Responsabilidade ...64

2.3.1.1 Funções, Responsabilidades e Autoridades... 65

2.3.1.2 Designação de Representante Ambiental ... 67

2.3.1.3 Disponibilização de Recursos... 67

2.3.2 Treinamento, Conscientização e Competência ...68

2.3.3 Comunicação ...71

2.3.3.1 Comunicação Interna... 72

2.3.3.2 Comunicação Externa ... 73

2.3.4 Documentação ...74

2.3.5 Controle dos Documentos ...76

(7)

2.3.7 Preparação e Reação à Emergências...77

2.4 VERIFICAÇÃO E AÇÃO CORRETIVA ... 79

2.4.1 Monitoramento e Medição ...79

2.4.2 Não-Conformidade e Ação Corretiva e Preventiva...79

2.4.3 Registros ...81

2.4.4 Auditorias do Sistema de Gestão Ambiental ...82

2.5 ANÁLISE CRÍTICA PELA ADMINISTRAÇÃO ... 82

2.6 CLASSIFICAÇÃO DOS TIPOS FITOFISIONÔMICOS ... 83

3. RESULTADOS E DISCUSSÃO... 85

3.1 ESTABELECIMENTO DA POLÍTICA AMBIENTAL ... 85

3.1.1 Escolha da Equipe Ambiental ...85

3.1.2 Avaliação Ambiental Inicial... 87

3.1.2.1 Entradas, Processos e Saídas... 87

3.1.2.2 Levantamento da Área ... 88

3.1.2.3 Registro dos Aspectos e Impactos em Formulários... 90

3.1.2.4 Análise dos Impactos... 91

3.1.2.5 Análise dos Escores de Significância ... 92

3.1.2.6 Levantamento da Legislação Ambiental ... 93

3.1.2.7 Regulamentação Interna e Gestão Atual ... 105

3.1.3 Redação da Política Ambiental da BAAN...109

3.2 PLANEJAMENTO ... 111

3.2.1 Redação dos Objetivos Ambientais...111

3.3 PERSPECTIVAS E DIFICULDADES... 111

4. CONCLUSÕES ... 114

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ... 116

(8)

LISTA DE FIGURAS

01 – Área de Cerrado ralo ... 30

02 - Lagoa de decantação... 31

03 - Trecho de cerrado stricto sensu... 34

04 – Área de solo exposto... 36

05 – Antiga erosão em processo de estabilização ... 37

06 – Localização da erosão em relação aos limites da BAAN ... 38

07 – Restrições de uso do solo na área dos paióis ... 89

08 – Localização da lagoa e do córrego receptor... 91

09 – Local de depósito de resíduos sólidos ... 101

(9)

AAI = Avaliação Ambiental Inicial ALADA = Ala de Defesa Aérea

ANVISA = Agência Nacional de Vigilância Sanitária ASA = Área de Segurança Aeroportuária

BAAN = Base Aérea de Anápolis

BRAC = Base Realignment and Closure (Readequação e Fechamento de Bases) CA = Coordenador Ambiental

CCMS = Committee on the Challenges of Modern Society (Comitê dos Desafios da Sociedade Moderna)

CECOMSAER = Centro de Comunicação Social da Aeronáutica CLBA = Centro de Lançamentos da Base de Alcântara

COMAER = Comando da Aeronáutica COMDA = Comando de Defesa Aérea COMGAR = Comando Geral do Ar

CONAMA = Conselho Nacional de Meio Ambiente

DERP = Defense Environmental Restoration Program (Programa de Recuperação Ambiental da Defesa)

DoD = Departamento de Defesa EA = Equipe Ambiental

EAPC = The Euro-Atlantic Partnership Council (Conselho Euro-Atlântico de Parcerias)

EIE = Esquadrão de Infraestrutura

EMAS = Eco-Management and Auditing Scheme (Esquema de Gestão e Auditoria Ecológica)

EPA = Environmental Protection Agency (Agência de Proteção Ambiental ) ESM = Esquadrão de Suprimento e Manutenção

ESOH = Environmental, Safety and Occupational Health programs (Programas Ambientais, de Segurança e de Saúde Ocupacional)

ESOHMS = Environmental, Safety and Occupational Health Management System (Sistema de Gestão Ambiental, de Segurança e de Saúde Ocupacional)

ETA = Estação de Tratamento de Água

FUDS = Formely Used Defense Sites (Áreas de Defesa anteriormente Utilizadas) GSB = Grupamento de Serviços de Base

INFRAERO = Empresa Brasileira de Infra-Estrutura Aeroportuária INTRAER = Rede do tipo intranet do COMAER

IPA = Indicador de Performance Ambiental

ISO = Organização Internacional para Normatização MMA = Ministério do Meio Ambiente

MMA = Manual do Ministério da Aeronáutica

NACC = North Atlantic Co-operation Council (Conselho de Cooperação do Atlântico-Norte)

NATO = OTAN

(10)

OTAN = Organização da Aliança do Tratado do Atlântico Norte PA = Política Ambiental

PEA = Plano de Emergência de Aeródromo

PGRSS = Programa de Gestão de Resíduos dos Serviços de Saúde RA = Representante Ambiental

RDA = Regiões de Defesa Aérea

RSS = Resíduos dos Serviços de Saúde

SEBRAE = Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas SGA = Sistemas de Gestão Ambiental

(11)
(12)

1. INTRODUÇÃO

1.1 APRESENTAÇÃO

O crescimento do grau de preocupação com os aspectos ambientais em nível mundial vem perpassando, nos últimos trinta anos, praticamente todos os setores da atividade humana.

O tema Ecologia tornou-se preocupação de cidadãos comuns e de partidos políticos, de instituições governamentais e não-governamentais, de universidades e dos meios de comunicação de massa. O Clube de Roma, em seu relatório “Limits to Growth” de 1972, levantou a necessidade de “salvar o planeta” e alterar a relação do Homem e da sociedade com o meio ambiente e, ao longo do tempo, foram surgindo uma série de iniciativas dispostas a criar novas propostas de convivência do ser humano com o meio que o cerca (CALLEMBACH et al. 1993).

Os desastres de Seveso, Bhopal, Chernobyl e Basel mobilizaram a Europa enquanto o derramamento de óleo do Exxon Valdez, no Alasca, alertou a população nos Estados Unidos. De outro lado, governos divulgavam cifras que representavam os danos ambientais acumulados. Na Alemanha, segundo suas regulamentações legais, o passivo ambiental, em 1984, superava os U$ 58 bilhões e alcançava 6% do PIB (CALLEMBACH et al. 1993).

(13)

medidas foi tornando-se mais evidente na medida em que foram sendo efetuados estudos mais profundos e desenvolvidos novos equipamentos para avaliar o grau de degradação do ambiente.

A segunda geração de medidas, mais restritivas e já com algum enfoque preventivo, ocasionou uma necessidade de transformação dos processos produtivos e fomentou algumas iniciativas, de economia de meios e práticas de reciclagem de materiais.

O cumprimento da legislação ambiental e os esforços despendidos, bem como os altos custos envolvidos, não foram capazes de trazer os resultados consistentes esperados e uma nova geração de propostas começou a surgir. Surgiu o modelo de gerenciamento ambiental completamente integrado à Organização. A partir daí começaram a ser desenvolvidas normas que permitiram a sistematização num modelo único de gestão.

A Organização Internacional para Normatização (International Organization for Standardization - ISO) reuniu em um conjunto denominado série ISO 14000 as normas existentes de gerenciamento ambiental e a ISO 14001 prevê o modelo de Sistema de Gestão Ambiental.

A gestão ambiental passou a ser vista como um sistema que contém processos contínuos e que visam a melhoria constante, reduzindo os impactos ambientais existentes e a possibilidade de ocorrência de outros.

(14)

No Brasil, a legislação evoluiu em resposta à mudança do cenário externo. No entanto, a implantação de modernas medidas gerenciais e a adoção de atitudes pró-ativas no sentido de diminuir os impactos sobre o ambiente vem restringindo-se a grandes empresas e setores de maior competitividade e com atuação no exterior.

Segundo ALMEIDA (2000), no Brasil, apenas 20% do total investido em melhorias no desempenho ambiental das empresas é gasto em equipamentos de controle, que incorporam a prevenção mediante processos integrados e de substituição de produtos, enquanto 80% dos investimentos ainda são representados pelas tecnologias de “fim de linha” ou seja, aquelas que procuram eliminar ou minimizar, no final do processo produtivo, os impactos anteriormente gerados.

No entanto, várias organizações e instituições governamentais e não-governamentais começaram a construir agendas ambientais e o governo, através do Ministério do Meio Ambiente e mais diretamente, através da Secretaria de Políticas para o Desenvolvimento Sustentável, está desenvolvendo o Programa Agenda Ambiental na Administração Pública – A3P (MMA, 2003)

No entanto, não existe ainda uma política pública e orçamentária clara e de caráter imperativo para a implementação de sistemas de gerenciamento ambiental no setor público. Além da falta de recursos, a ausência de uma estrutura fiscalizadora deixa claro que o envolvimento dos governantes é insuficiente para mudar o quadro da crescente degradação ambiental no país.

(15)

normalmente tomadas em caráter reativo o seja, após terem sido constatados os impactos.

Em outros países ocorrem grandes avanços e dois blocos projetam-se na vanguarda. Os Estados Unidos da América já implantaram os seus Planos de Gestão Ambiental em um grande número de organizações do Departamento de Defesa (DoD), inseridos num arcabouço maior, o Centro Nacional de Excelência Ambiental (National Defense Center for Environmental Excellence – NDCEE). Esse centro prevê a ativação de um Sistema de Gestão Ambiental (EMS), nos moldes do que prevê a ISO 14001 e apoiado por uma série de programas e projetos paralelos.

Adicionalmente, o NDCEE provê estudos e apoios à pesquisa que possibilitem o desenvolvimento e a transição para materiais e processos ambientalmente aceitáveis (NDCEE, 2003).

A Organização da Aliança do Tratado do Atlântico Norte (OTAN) é uma organização de cunho militar e tem, como países-membros, Bélgica, Canadá, República Tcheca, Dinamarca, França, Alemanha, Grécia, Hungria, Islândia, Itália, Luxemburgo, Países Baixos, Noruega, Polônia, Portugal, Espanha, Turquia, Reino Unido e Estados Unidos. Quando do início da implantação dos sistemas de gestão ambiental no âmbito do organismo, processo esse que ainda está em andamento, essa organização constatou a preocupação, em diversos países membros, de que a implementação de programas de gerenciamento ambiental viesse a gerar mais custos, bem como interferir no treinamento e na capacidade das Forças Armadas de cumprirem suas missões constitucionais.

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fase do programa que já possui mais de 20 anos, observou-se a necessidade de mudança de atitude dos próprios militares quanto às mudanças das realidades sociais e políticas dos anos 80. Desenvolveram-se planos piloto concentrados em estudos sobre ruídos provocados por aeronaves e consciência ambiental nas forças armadas. A segunda fase foi despendida na construção de um relacionamento de confiança mútua entre a OTAN e os países ex-integrantes do Pacto de Varsóvia e agora reunidos no Conselho de Cooperação do Atlântico-Norte (North Atlantic Co-operation Council - NACC) através de projetos piloto, simpósios e “workshops”. Finalmente, a fase atual é de “maturidade nos estudos de segurança ambiental”, Ainda segundo Coulson (2001), é quando os cientistas profissionais da área ambiental e responsáveis pela política podem trabalhar em conjunto com as autoridades militares a fim de alicerçar a ética ambiental entre os militares.

No Comando da Aeronáutica (COMAER), a preocupação com o aspecto ambiental recai sobre os comandantes das organizações administrativas existentes e os possíveis custos envolvidos são disponibilizados a partir das verbas destinadas à vida vegetativa de suas unidades ou solicitadas como despesa extraordinária.

A grande maioria das áreas da União sob responsabilidade do Comando da Aeronáutica, não possui nenhuma espécie de plano de gerenciamento ambiental ou monitoramento ambiental, apesar de algumas apresentarem características especiais e reunirem diferentes tipos fitofisionômicos e uma variedade de usos, inclusive a ocupação para fins residenciais e captação de água potável.

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escassamente ocupados tornam possível a existência de amostras significativas de diversos tipos de vegetação de importância para a preservação e estudo.

1.2JUSTIFICATIVA

As organizações típicas do Comando da Aeronáutica são as Bases Aéreas, unidades administrativas com a finalidade principal de sediar Unidades Aéreas (UAe). As UAe por sua vez, tem como atribuição principal o cumprimento das missões operacionais e são normalmente dotadas de aeronaves.

Uma Base Aérea reúne, em função de sua importância e número de UAe sediadas, um completo conjunto de infraestrutura e de serviços tais como refeitório, lavanderia, estrutura administrativa e de segurança, hospital ou posto de saúde, estação de tratamento de água, garagem, paiol de munição, oficina, depósitos de provisões, equipamentos, combustíveis, etc. Existe também a estrutura para a acomodação dos seus efetivos como alojamentos e vilas residenciais.

Além das atividades já citadas, onde ocorrem aspectos com capacidades de gerar impactos ambientais diversos, as bases aéreas concentram atividades específicas relacionadas com a atividade aérea e com características especiais tais como:

• Pousos, decolagens e operação no solo de aeronaves de motor a pistão e à reação;

• Manutenções e revisões periódicas de aeronaves e componentes;

• Usinagem de componentes, modificações e revitalizações de componentes e aeronaves;

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• Estocagem de grandes quantidades de combustíveis e lubrificantes em reservatórios subterrâneos e de superfície;

• Manuseio e emprego de artefatos explosivos e produtos inflamáveis de diferentes categorias;

• Atividades de remoção de armamento lançado e não-detonado;

• Atividade de controle da avifauna e da vegetação na área dos aeródromos a fim de evitar acidentes aeronáuticos;

• Movimentações de terra em obras de terraplanagem para a construção/ampliação de pátios e pistas e impermeabilização de grandes áreas;

• Implantação e manutenção de programas de controle e proteção contra ruídos, radiações, incêndios além de programas de segurança de vôo;

As Bases Aéreas são portanto, organizações que comportam um conjunto de atividades específicas e que geram uma variedade de aspectos potencialmente impactantes sobre o meio ambiente. Vários dos impactos gerados pela atividade militar tem características peculiares mas guardam similaridade entre si, nas diversas organizações do COMAER.

O desenvolvimento de um plano de gestão ambiental para uma dessas Bases Aéreas possibilitará o levantamento de processos e o desenvolvimento de métodos de gestão ambiental, também úteis às outras organizações militares similares.

Deve-se ressaltar ainda que as Bases Aéreas geralmente possuem grandes dimensões geográficas, por exigência das atividades aéreas ali desenvolvidas, mas com uma limitada ocupação antrópica dessas superfícies, o que acaba permitindo a existência de diversos ecossistemas preservados e diferentes tipos de vegetação, no interior dessas organizações.

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de Alcântara (CLBA), junto ao litoral maranhense e a Base Aérea de Florianópolis na Ilha de Santa Catarina, todas abrigando extensas áreas de manguezais.

Na Base Aérea de Cachimbo-MT, com uma área de 21.588 km² (o que equivale à área do Estado de Sergipe), foi descoberta e descrita uma nova espécie da família Orchidaceae e a organização tem que ser sobrevoada mensalmente, na busca de madeireiros que efetuam a extração ilegal do mogno.

Em Pirassununga, no Estado de São Paulo, a Academia da Força Aérea abriga importante área de cerrado e exemplares de fauna como os lobos-guará (Chrysocyon brachyurus) .

Em muitas localidades, as áreas do Comando da Aeronáutica tornam-se refúgios da avifauna local devido ao avanço da mancha urbana e/ou de atividades agropecuárias nos arredores. Como exemplos, a Base Aérea de Brasília; a área pertencente ao COMAER, na entrada da cidade do Gama-DF; a Base Aérea de Canoas-RS e a Academia da Força Aérea -SP.

A existência de tais ecossistemas e a crescente importância da possibilidade e necessidade de manutenção dos mesmos, reforça a necessidade do desenvolvimento de planos de gestão ambiental para as áreas do COMAER.

A Base Aérea de Anápolis (BAAN), escolhida para estudo de caso, inclui áreas de cerrado com graus diversos de preservação. Parte das áreas é submetida ao efeito da ação do fogo, devido aos processos de queima de pastagens das fazendas próximas, e outros tipos de ação antrópica. Observa-se ainda, trechos de mata de galeria e mais de dez nascentes, no perímetro da BAAN.

(20)

1.3 OBJETIVOS

Esta dissertação tem como objetivo principal a elaboração de uma metodologia de gestão ambiental de áreas militares do COMAER, tendo como estudo de caso a Base Aérea de Anápolis.

Analiticamente, esse objetivo pode ser desdobrado nos seguintes objetivos específicos:

1. Efetuar um levantamento de todos os usos atuais existentes e usos potenciais de toda a área da BAAN;

2. Levantar os aspectos ocasionados por ações antrópicas que tenham provocado, estejam provocando ou tenham potencial para causarem impactos ambientais à área em questão ou áreas adjacentes a cursos d’água que atravessem a área ou então à atmosfera;

3. Efetuar o levantamento dos procedimentos de preservação ambiental e programas de qualidade já existentes, bem como dos requisitos legais vigentes e outros critérios internos (Normas e procedimentos militares);

4. Propor um modelo de Política Ambiental adequado à BAAN;

5. Propor a elaboração de um plano de ação para atender aos requisitos da política ambiental estabelecida e

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visando a melhoria contínua, com o envio da documentação ao comando superior.

1.4OESTADO DA ARTE DA GESTÃO AMBIENTAL DE ÁREAS MILITARES

1.4.1 Programas de Gestão Ambiental

Existem diversos exemplos de modelos de gestão ambiental, implantados e em funcionamento, em organizações públicas, no Brasil.

No entanto, em sua grande maioria tratam-se de iniciativas isoladas daquelas organizações ao invés de serem fruto de uma política governamental de grande amplitude. Adicionalmente, tais organizações guardam pouca similaridade com as organizações típicas do Comando da Aeronáutica e suas atividades funcionais.

O Programa denominado Agenda Ambiental na Administração Pública, do MMA, limita-se a incentivar a adoção, por parte dos funcionários, instituições e organizações públicas, de um modelo de gestão pública que corrija e diminua os impactos negativos gerados. (MMA, 2001).

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A Embrapa é um exemplo de instituição pública que, embora já viesse aplicando os princípios de sustentabilidade em seus projetos, assumiu recentemente um compromisso institucional com o meio ambiente:

“A realização de pesquisas científicas e tecnológicas que contribuam para o desenvolvimento sustentável da agricultura brasileira é uma das principais linhas de atuação estabelecidas na política ambiental da Embrapa que inclui ainda, a implantação de projetos para a formação de agentes multiplicadores de educação agroambiental” (EMBRAPA, 2003).

Ainda segundo seu “site” institucional na rede mundial de computadores (INTERNET), a Embrapa tem o compromisso ambiental de buscar o fomento da participação da empresa na sociedade, contribuindo para a educação ambiental, por meio de ações pró-ativas voltadas para a cidadania, com destaque para a gestão ambiental das áreas rurais.

Visa, também,...”estabelecer uma cultura institucional que leve a atitudes saudáveis em relação ao meio ambiente por parte dos empregados, colaboradores, parceiros e clientes” (EMBRAPA, 2003).

1.4.2O Exemplo Americano

Nos EUA, o Departamento de Defesa (DoD) demonstra um completo envolvimento com a preservação ambiental e com os princípios de sustentabilidade.

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sistema de gestão ambiental da norma ISO 14001, embora não exista a preocupação com a certificação. (NDCEE, 2003).

Isso pode ser comprovado a partir da existência de toda uma infraestrutura de pesquisa montada, com o NDCEE e o apoio direto do Environmental Protection Agency – EPA (Agência de Proteção Ambiental), além de departamentos com atividades específicas como as de limpeza e descontaminação de áreas militares do Departamento de Defesa Americano. (DEPARTMENT OF DEFENSE ENVIRONMENTAL CLEANUP, 2003).

Ali existem programas como o Defense Environmental Restoration Program” - DERP (Programa de Recuperação Ambiental da Defesa), incluindo a recuperação de áreas contaminadas como também o manuseio de armamentos não detonados existentes em diversas áreas.

O “Base Realignment and Closure” (BRAC) tem como função a preparação de áreas militares para a reutilização pela população civil e o “Formely Used Defense Sites” (FUDS), para limpeza e descontaminação de áreas que, em alguma época, foram de uso militar.

1.4.3 A Iniciativa Européia

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Após a criação do Conselho Euro-Atlântico de Parcerias (The Euro-Atlantic Partnership Council –EAPC) que veio substituir o North Atlantic Co-operation Council (Conselho de Cooperação do Atlântico-Norte) - NACC, a partir de maio de 1997, a OTAN/CCMS, através de uma acordo de cooperação, oferece aos seguintes países os seus planos e projetos de gerenciamento ambiental: Albânia, Armênia, Áustria, Azerbaijão, Bielorússia, Bulgária, Croácia, Estônia, Finlândia, Geórgia, Irlanda, Cazaquistão, Letônia, Lituânia, Moldóvia, Romênia, Federação Russa, República Eslovaca, Eslovênia, Suécia, Suíça, Tajaquistão, Macedônia, Turqmenistão, Ucrânia e Uzbequistão.

No caso da OTAN/CCMS não existe o envolvimento direto da instituição com a pesquisa, mas sim o patrocínio e o apoio aos estudos necessários e de interesse do país apoiado que também é responsável pela divulgação dos resultados.

Os estudos versam sobre questões das mais diversas: limpeza ambiental, desenvolvimento de tecnologias que possibilitem atividades militares “mais sustentáveis”, estudos de impacto ambiental, educação ambiental para militares, etc.

A OTAN/CCMS não estabelece modelos de gestão ambiental para seus países membros ou apoiados (NATO-CCMS, 2000).

1.4.4 Outros Exemplos

A Austrália desenvolveu seu próprio “Defense Environmental Management System” que segue a norma ISO 14001. Também não existe a preocupação em obter-se a certificação. Além disso, o governo australiano segue as normas ambientais do “Commonwealth”.

(25)

grande preocupação com a descontaminação de ambientes utilizados para o emprego de armamento no passado e que somam mais de 1100 áreas separadas.

Os planos de gestão ambiental das áreas do departamento de defesa australiano datam de 1997 e estão sendo revistos a fim de integrarem os sistemas de gestão ambiental. Auditorias ambientais realizadas comprovaram a pertinência dos planos (DEFENCE ESTATE MANAGEMENT GUIDE, 2003).

1.5POR QUÊ ADOTAR AS NORMAS ISO DA SÉRIE 14000?

O uso de programas ou planos de gestão para áreas militares é, segundo as pesquisas, inédito no país. Em outros países, no entanto, diversos programas de gestão vêm sendo implantados e utilizados, segundo a orientação dos mais altos escalões dos ministérios militares. Pode-se citar o exemplo dos Estados Unidos da América, da Austrália, do conjunto de países integrantes da OTAN, do Canadá, da República Tcheca, da Suécia e outros.

(26)

Embora a União Européia esteja atrelada ao modelo do EMAS (Eco-Management and Auditing Scheme) que é mais específico e detalhado em alguns aspectos se comparado às normas ISO, a OTAN acabou por recomendar a adoção da série ISO 14000 para ser utilizada não somente no interior do ambiente da NATO com também pelas forças de paz.

No Brasil, as normas ISO são as mais difundidas, principalmente as da série 9000. Além da facilidade de implantação gerada pelo conhecimento das normas ISO e pela existência de documentos-guia (ISO14004), a adoção das mesmas pelo COMAER também facilitaria o livre intercâmbio de conhecimentos com outras forças aéreas.

Outro aspecto que vem adquirindo importância nos últimos anos é o da necessidade da FAB de operar com a USAF (Força Aérea dos EUA) e FAF (Força Aérea Francesa) e, em algumas vezes, em forças de coalizão. Essas operações geram uma responsabilidade ambiental comum e exigem a adoção de normas regulamentares também partilhadas, inclusive quanto à observância de legislações ambientais locais.

(27)

A Força Aérea dos EUA vem adotando um conjunto de programas independentes designados “Environmental, Safety and Occupational Health programs” (ESOH).

Atualmente, por orientação do DoD, será criado um plano de gestão denominado “Environmental, Safety and Occupational Health Management System (ESOHMS) que será capaz de integrar esforços e dar aos comandantes uma visão holística dos três programas. Segundo o secretário da USAF, o plano de gestão guardará semelhança com as normas da série ISO 14000, mas os programas continuarão tendo orçamentos independentes.

A “US NAVY” (Marinha dos EUA) também deve implantar seu próprio sistema de gestão ambiental, compatibilizando-o com diversas outras normas e entre elas as da série ISO 14000. O “US ARMY” (Exército dos EUA) por sua vez, adotou as normas da ISO 14000 integralmente.

Verifica-se portanto, que a maioria dos países desenvolvidos e que possuem forças armadas tradicionalmente bem estruturadas, adotaram as normas ISO ambientais para seus departamentos de defesa ou então, tornaram seus programas de gestão compatíveis com essas normas.

Levando-se em conta ainda que, em função da facilidade de implementação que as normas ISO 14000 oferecem e o fato de que as normas da série ISO 9000 já estarem difundidas no país, optou-se então pela aplicação do modelo de gestão concebido na ISO 14001 como modelo básico para este trabalho.

A partir do modelo, serão agora propostas as adaptações necessárias à realidade do setor militar e mais especificamente, às organizações do COMAER.

(28)

que albergar, a qualquer momento, uma nova Unidade Aérea, que traz consigo novas atividades e aspectos, causando impactos diversos.

Um exemplo seria o deslocamento de um esquadrão de reconhecimento para a BAAN. A unidade poderia trazer consigo equipamentos para a revelação dos filmes utilizados nos casulos de reconhecimento de suas aeronaves.

Nesse caso, teriam que ser estabelecidos procedimentos para a coleta, armazenagem, descarte ou reciclagem de produtos químicos como reveladores e fixadores, por exemplo.

1.6ABASE AÉREA DE ANÁPOLIS -BAAN

1.6.1 Histórico

Nos arquivos históricos da organização levantou-se o seguinte: Base Aérea de Anápolis foi inaugurada em 05 de abril de 1972, como uma resposta da Força Aérea Brasileira à necessidade de implantar Centros Integrados de Defesa Aérea e Controle do Espaço Aéreo.

O Estado Maior da Aeronáutica decidiu então dividir o território nacional em cinco Regiões de Defesa Aérea (RDA), e a defesa da RDA1, a primeira a ser implantada, caberia a 1ª ALADA – (Ala de Defesa Aérea), como braço armado do também recém-criado COMDA (Comando de Defesa Aéreo). A sede dessa unidade aérea seria a Base Aérea de Anápolis, a ser construída (LORCH, 2003, p. 42).

(29)

área esta que chegou a ser adquirida pelo então Ministério da Aeronáutica, mostrou ser impraticável por causar interferência no tráfego das aeronaves comerciais que se destinavam à Brasília; a segunda, na época ocupada pelo aeroporto de Anápolis, obrigaria as aeronaves a sobrevoarem a cidade, causando sério desconforto à população devido principalmente, ao ruído causado pelas aeronaves à reação.

Finalmente foi escolhido o topo de um grande platô desabitado, nas imediações de Anápolis, como local ideal para a implantação da BAAN e em onze meses foi construída a pista e as instalações básicas para o funcionamento do Esquadrão.

Em outubro de 1972, os primeiros Mirage III começaram a decolar da pista de 2400 m, enquanto as motoniveladoras trabalhavam no aterramento da parte final visando aumentar sua extensão total.

1.6.2 Caracterização da Área, Meio Físico e Biótico

A BAAN está situada a 2 km ao norte da cidade de Anápolis-GO, às margens da rodovia BR-414 que liga Anápolis a Corumbá de Goiás. Sua área total é de aproximadamente 16,385 km² e o perímetro aproximado é de 30,664 km.

Toda a área da Base está concentrada sobre um platô típico na região e que traz características próprias aos limites da propriedade do Comando da Aeronáutica. Junto às cercas limítrofes, o terreno apresenta-se acidentado, com um desnível na direção das propriedades vizinhas e com a ocorrência de diversas nascentes e pequenos cursos d’água ao redor da área.

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A pista da BAAN situa-se a 1.200 metros de altitude em relação ao nível médio do mar e toda a área encontra-se entre os córregos Sobradinho a oeste e norte; córrego Anicunsinho a nordeste e Córrego da Olaria a sudeste, todos pertencentes à bacia do Rio Corumbá. Merece destaque o fato do Córrego Sobradinho ser tributário do Ribeirão Piancó, utilizado para o abastecimento da cidade de Anápolis pela SANEAGO – Saneamento de Goiás S.A.

1.6.2.2 Geologia

O município de Anápolis, Goiás, está inserido na Província Tocantis, mais especificamente, no Complexo Granulítico Anápolis-Itauçu (RESENDE et al, 2001). Ainda segundo o autor, esse complexo é formado for rochas gnáissicas de alto grau, orto e paraderivadas e tectonicamente intercaladas, com direção geral NW-SE que afloram na porção SE do Estado de Goiás entre as cidades de Itaguaru e Pires do Rio.

Já o cascalho, existente e já explorado no interior da BAAN, é proveniente de coberturas lateríticas sobre topos de superfícies aplainadas, constituindo extensas chapadas e chapadões. Os lateritos são encontrados sob a forma de crostas, blocos e fragmentos de rocha e material argilo-arenoso, impregnados e cimentados por manganês e ferro (RESENDE et al, 2001).

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1.6.2.3 Clima

Em Anápolis, pode-se observar o clima Cwa, na classificação de Köppen, típico das áreas de clima mais ameno, ao sul do bioma, e dos locais mais altos da região central, entre 1000 e 1200 metros (RESENDE et al, 2001).

1.6.2.4 Vegetação

A BAAN está situada na região central da área ocupada pelo bioma Cerrado, segundo RIBEIRO & WALTER (1998). Ainda segundo os autores, o Cerrado é caracterizado pela ocorrência de duas estações bem caracterizadas: o inverno seco e o verão chuvoso, de outubro a março. No interior da BAAN foram observados os seguintes tipos fitofisionômicos:

- A Mata de Galeria é representativa no interior da BAAN por estar presente junto aos córregos de, pelo menos, 7 conjuntos de nascentes;

- A Mata Seca foi identificada em pequenas áreas, como no caso da que fica à sudeste da área administrativa da organização;

- O Campo Limpo foi observado em pequenas faixas de terra, não podendo ser distinguido de áreas previamente antropizadas e que se encontram em estágio de regeneração; - O Campo Sujo não é representativo na BAAN, ocupando

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- O Cerrado Ralo é abundante no interior da organização e engloba grandes extensões de vegetação preservada (Figura 01);

- O Cerrado stricto sensu é abundante e apresenta-se com diversos graus de alteração antrópica e na forma preservada; - O Cerrado Denso tem ocorrência limitada, na BAAN.

Figura 01 – Área de cerrado ralo em primeiro plano e Cerrado stricto sensu e mata de galeria em segundo plano.

1.6.3Instalações, Usos e Impactos Ambientais

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legislação vigente e aparentam ser potencialmente impactantes para o meio ambiente.

A inspeção foi realizada no interior da área não urbanizada da base e em seu perímetro revelou a existência de uma lagoa de decantação para efluentes líquidos com capacidade cúbica aproximada de 1.500 metros cúbicos. O reservatório encontra-se parcialmente tomado por vegetação invasiva proveniente das margens, além da vegetação flutuante que ocupa completamente a superfície do reservatório.

Figura 02 - Lagoa de Decantação

Constatou-se também, a existência de uma segunda lagoa, desativada, de dimensões semelhantes, situada a 50m da borda sul do reservatório em operação.

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encosta, constatou uma contaminação em seu poço. Verificou-se que vinha ocorrendo um vazamento e posterior percolação dos efluentes desse reservatório. Ainda segundo o funcionário, o reservatório foi abandonado e optou-se por operar apenas o reservatório até então secundário que permanece em uso até os dias de hoje.

Apesar da proximidade entre os reservatórios, não foi constatada nenhuma nova contaminação e nem houve outra reclamação por parte dos vizinhos que também fazem uso, para a irrigação de hortigranjeiros, das águas do córrego que recebe os efluentes da lagoas de decantação em questão.

Após a implantação da BAAN e da lagoa de decantação de efluentes líquidos, no ano de 1973, a organização cresceu no número de instalações e no efetivo, tendo recentemente, recebido mais um esquadrão aéreo. Ocorreu portanto, nos últimos anos, um incremento na demanda de água tratada e na geração de efluentes líquidos.

O consumo estimado de água tratada varia entre 500 e 600 mil litros por dia, tomando-se por base o volume total bombeado pela Estação de Tratamento de Águas (ETA).

Apesar de não existir uma estimativa das perdas que ocorrem no sistema de distribuição e do volume total que não retorna ao sistema de coleta de efluentes líquidos (irrigação de gramados, perdas por evaporação, etc.), estima-se que o volume total da lagoa de decantação em uso possa ser insuficiente para permitir a ocorrência completa do processo de decantação e degradação aeróbica/e ou anaeróbica.

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reparo na estrutura da lagoa. Segundo informações do funcionário do EIE, o reservatório não é limpo há quatro anos.

No lado leste da pista, pode-se observar três conjuntos de nascentes, todos perenes, segundo relato do funcionário do EIE. Enumerando-se as nascentes a partir do sudoeste para o nordeste, o primeiro conjunto não é utilizado para a captação de água da ETA, apesar de apresentar uma vazão semelhante aos dos dois seguintes.

Esse primeiro conjunto de nascentes, localizado numa área de topografia acidentada, forma dois córregos e um deles recebe os efluentes da lagoa de decantação. O córrego em questão tem uma vazão inferior a 1l/s (um litro por segundo), na época de secas. Os dois córregos formados são utilizados pelo vizinho da propriedade mais próxima para irrigar hortaliças e frutas destinadas à comercialização e consumo próprio.

As cabeceiras e os córregos formados estão protegidos por mata de galeria enquanto fluem no interior da área da BAAN.

O segundo conjunto de nascentes, recebe o escoamento de um sistema de calhas que coleta as águas das chuvas junto à parte do pátio de estacionamento e da pista de táxi, numa extensão de mais de 1500 metros.

Considerando-se que parte da captação de água para envio à ETA ocorre à jusante do ponto de escoamento dos sistemas de águas pluviais da pista de táxi, é válido afirmar que a água coletada nesse ponto sofre real risco de contaminação por resíduos de borracha, óleos e combustíveis que venham a ser lavados do pátio de estacionamento e da pista de táxi.

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(cerrado stricto sensu), contrastando com o entorno e levando a crer que a profundidade do lençol freático deva ser reduzida.

Figura 03 – Ilustração do trecho de cerrado stricto sensu, entre a 2o e3 o conjunto de nascentes (em segundo plano).

Essa mesma área é protegida de processos erosivos pela vegetação intacta do local e por ter sido “emoldurada” por um sistema de calhas de concreto que coletam as águas da chuva nas proximidades da pista de táxi e as canalizam entorno da terceira nascente, até o lago a aproximadamente 300 m à jusante da ETA.

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feito para dimensionar a captação em relação à vazão total das nascentes, principalmente na época de secas, a fim de evitar o comprometimento do ecossistema integrado aos diversos cursos d’água.

O terceiro e quarto córregos fluem naturalmente para a área do lago construído pela mão do homem e cuja barragem de contenção tem apenas uma distância de 30 ou 40m para a cerca perimetral. A partir da barragem, ainda no interior da BAAN, o córrego formado é protegido por uma mata de galeria até o limite da cerca.

A partir da ETA, ainda na “face leste” da base, sempre considerando-se a pista de pouso como a linha divisória, existe mais um córrego de proporções semelhantes ao quarto mas sem sofrer nenhuma captação no interior da BAAN.

A nascente e as margens são protegidas por vegetação intacta, ainda que haja uma estrada de terra que a cruza, a menos de 50 m à jusante da nascente. Fora dos limites da cerca, o córrego é represado e a água é coletada para uso desconhecido.

Mais adiante, já além dos limites da pista de pouso, existem dois olhos d’água que foram “alargados” em forma de cacimba e a partir desse ponto, moradores vizinhos à cerca perimetral, canalizaram a água em tubos de ¾’ para o uso familiar, provavelmente também como água potável.

A construção de uma cerca de tela de 2 m de altura e com a adição de fios de arame farpado em sua parte superior poderá causar um conflito de uso, uma vez que a captação dificilmente irá continuar acontecendo sem a autorização expressa do comando da base ou então, as custas da destruição parcial da cerca.

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entanto, em diversas áreas em que a camada de solo foi removida para obtenção de terra, na execução do aterro e construção da pista de pouso, não resta nenhum tipo de vegetação e o terreno está exposto as intempéries desde o ano de 1972. Nesses locais nota-se um processo de laterização do solo, o que vem a agravar mais ainda o processo de degradação dessas áreas (Figura 04).

Figura 04 – Área de solo exposto

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Apesar do processo erosivo, a vegetação adensou-se ainda mais no local e toda a superfície superior em torno da erosão bem como o próprio sulco abriga espécies de árvores, arvoretas e arbustos, além de exemplares isolados de fanerógamas, demonstrando que a revegetação natural está em processo adiantado.

Figura 05 – Antiga erosão em processo de estabilização

O exame do fundo do sulco também leva a concluir que, devido ao baixo volume de sendimentos que o curso d’água vem carreando, a voçoroca encontra-se praticamente estabilizada.

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Figura 06 – Posição da erosão em relação aos limites da BAAN.

A oeste da pista e praticamente ao longo de toda sua extensão, pode-se observar três grandes superfícies, em forma de faixas de 50 a 80 m de largura, paralelas à pista e com extensão total de mais de 2500 m. Essas áreas de solo exposto, a exemplo das demais descritas anteriormente, foram utilizadas para obtenção de terra para o nivelamento de parte da área da pista de pouso. Ali ocorreu a total remoção da camada de solo e a recuperação natural da vegetação mostrou-se inviável e terá que mostrou-ser executada através de um projeto de recomposição da cobertura vegetal adaptado às condições ora existentes.

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pontos da área, com o objetivo de conter processos erosivos, construiu-se um estande de tiro de armas portáteis, o que ocasionou a contaminação do barranco existente por trás dos alvos. Nessa área deverá ser estabelecida uma restrição definitiva para outros usos futuros, uma vez que a remoção dos projéteis e fragmentos é custosa e se faz necessária uma avaliação do nível de contaminação do solo.

Outra atividade exercida na área de solo exposto é a de montagem de alvos para serem utilizadas por aeronaves em trajetórias simuladas de “tiro terrestre” e bombardeio. Essas atividades deverão ser consideradas quando da elaboração dos projetos de recuperação do terreno.

A BAAN mantém ainda três instalações em pontos isolados, sobre as faixas de terreno exposto.Uma delas abriga um paiol de munições, a segunda um posto de guarda e a outra é uma instalação de geradores e transformadores para a iluminação da pista de pouso.

No caso do paiol, certamente existem normas internas de segurança das instalações que devem ser cumpridas e que estabelecem faixas de terreno livre de obstáculos e de vegetação a serem mantidas.

O posto de guarda por sua vez, deve estar em uma área livre e com boa visibilidade ao redor das instalações e cercas a fim de prevenir a aproximação de pessoas não autorizadas

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As faixas de superfície degradada das áreas de empréstimo, a oeste da pista, estão envoltas por uma larga área de cerrado preservado, pelo lado oeste, até a cerca perimetral. Esse espaço é coberto por cerrado ralo, cerrado “stricto sensu”. Fora dos limites da BAAN desenvolve-se o pastoreio, a agricultura de subsistência e a agricultura intensiva, com o uso de irrigação, utilizando-se a água de nascentes existentes no interior da base a partir dos córregos formados. Existem, nesse setor da Base, diversas estradas de terra que cruzam as áreas de cerrado e que eram utilizadas por moradores das vizinhanças para encurtar a distância de suas residências até a rodovia pavimentada. Atualmente essas estradas estão sendo interrompidas e desativadas pela construção da cerca perimetral da BAAN.

Observa-se que a pressão antrópica sobre o ambiente, além dos limites da BAAN, vem causando a escassez de áreas cobertas por vegetação nativa preservada, transformando a organização militar numa mancha de verde mais escuro entre as diversas chácaras e propriedades.

Na extremidade sudoeste/sul da base, verifica-se extensa área de campo sujo, cerrado ralo e cerrado “stricto sensu” e, junto à estrada de acesso secundário da BAAN, existe uma cascalheira de onde foi retirada a camada superficial do solo para servir como camada de revestimento das estradas internas de terra. Atualmente o local encontra-se abandonado e uma escassa faixa de vegetação de gramíneas tomou conta da superfície. A profundidade do corte no terreno varia de 0,5 a 1,5 m.

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totalmente removida e posteriormente não se desenvolveu qualquer tipo de vegetação no local.

Nesse mesmo acesso secundário, encontram-se as instalações de combustíveis, operados por uma empresa que presta serviços à Petrobrás. O exame dessas instalações deverá revelar a conformidade das mesmas com a legislação ambiental vigente

No setor sudeste da organização, observa-se também uma área de vegetação preservada (Mata Seca) sobre um terreno acidentado onde se abrem dois profundos grotões. Segundo relatos do funcionário do EIE, era possível avistar pequenos primatas, provavelmente macacos-prego, nesta região. Neste local foram observados vários pequenos depósitos irregulares de resíduos sólidos resultantes de reformas e material potencialmente tóxico como o de lâmpadas fluorescentes, por exemplo.

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2. MATERIAL E MÉTODOS

A fim de eleger a metodologia mais apropriada ao caso brasileiro e, mais especificamente, ao Comando da Aeronáutica, decidiu-se fazer uso de alguns modelos e metodologias disponíveis e já implantados e justificar as opções adotadas, quando estas se diferenciarem do modelo “padrão” da ISO 14001.

Foram utilizados como subsídios, o estudo-piloto da OTAN para SGA no setor militar; o modelo de manual de gestão ambiental da força aérea americana, preparado para o complexo logístico e base aérea de Robins, Geórgia; o manual de gestão ambiental, de Fort Lewis, Washington, e o manual-guia para implantação de SGA (ISO14001), ambos do exército americano, além do guia de sistemas de gestão ambiental para órgãos e instalações federais, da agência ambiental americana (EPA).

O processo de desenvolvimento, implementação e manutenção de um “sistema de gestão ambiental” segundo a ISO 14001, segue as cinco fases:

a) Política Ambiental; b) Planejamento;

c) Implementação e Operação; d) Verificação e Ações Corretivas; e e) Revisão da gestão.

A principal característica da norma ISO 14001 é a conexão das cinco fases num processo contínuo que se realimenta e permite o aperfeiçoamento da gestão.

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deslocamentos de UAe, ocorrem freqüentes transformações nas atividades, nos aspectos e impactos ambientais gerados nas diversas organizações apoiadoras.

2.1ESTABELECIMENTO DA POLÍTICA AMBIENTAL

2.1.1Escolha da Equipe Ambiental

O modelo proposto estabelece que o primeiro passo a ser dado no desenvolvimento da Política Ambiental (PA) é a escolha da equipe ambiental.

O primeiro a ser nomeado é o Coordenador Ambiental (CA), a exemplo do que preconiza a ISO 14001. Nas bases aéreas, a função será melhor exercida por um oficial que esteja comandando o Esquadrão de Infraestrutura (EIE).

Este militar já tem, sob seu comando, todas as atividades relacionadas com a conservação do patrimônio da organização, sejam instalações, cercas limítrofes, sistemas de abastecimento de água e energia elétrica, depósito de combustíveis de veículos, sistema de coleta de resíduos, etc.

O chefe do EIE deve participar das reuniões administrativas que ocorrem no interior da base, normalmente uma vez por semana.

A reunião semanal, com a presença de todos os chefes ou representantes de UAe e demais setores administrativos, será o evento mais apropriado para a disseminação rápida de informações relativas à gestão ambiental.

O Representante Ambiental (RA) deverá ser o Chefe do Grupamento de Serviço de Base (GSB), o segundo oficial na hierarquia de uma base aérea e responsável pela gestão financeira e contábil da organização.

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procedimento visa a integração de todo o efetivo num único esforço e permite uma maior visibilidade da equipe sobre todas as atividades, aspectos e impactos no interior da base.

Os demais membros deverão ser recrutados entre os graduados do efetivo da base que tenham perspectiva de permanecer na localidade por cinco anos ou mais ou então, por funcionários civis do EIE.

Embora não faça parte da equipe ambiental, o Comandante de cada UAe é responsável por todas as ações e ocorrências ambientais nas atividades de sua UAe e na área sob seu comando e deverá ser mantido informado pelo seu representante na EA.

O treinamento dos membros da equipe e as atividades de educação ambiental serão abordados posteriormente.

2.1.2 Orçamento e Recursos

O Orçamento não será estabelecido na fase anterior à elaboração da Política ambiental, como preconiza a norma ISO 14001. No modelo proposto, considerando-se a dinâmica administrativa do COMAER, os recursos serão obtidos a partir do estabelecimento de prioridades, na política ambiental (PA), e solicitados ao órgão superior. Para tal, o Comandante deverá ter acesso a uma avaliação ambiental inicial.

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Para que o Comandante da organização e/ou o Coordenador Ambiental possa(m) elaborar o texto da Política Ambiental da organização, deverá ser desenvolvido um conjunto de atividades denominado Avaliação Ambiental Inicial (AAI) (SEBRAE, 2001)

A Avaliação Ambiental Inicial deverá conter, no mínimo, os seguintes passos: o levantamento inicial de todas as atividades, produtos e serviços existentes e os conseqüentes aspectos e impactos gerados, reais ou potenciais, em condições normais ou de emergência; uma completa pesquisa sobre a legislação ambiental vigente; e um levantamento dos processos atuais de gestão, medidas mitigadoras de impactos já existentes e procedimentos relacionados com o meio ambiente.

2.1.3.1 Atividades, Aspectos e Impactos Ambientais

Deverá ser efetuado um levantamento inicial de todas as atividades, produtos e serviços existentes e de seus conseqüentes aspectos e impactos gerados no interior da organização, junto à comunidade local, fornecedores, empresas de coleta de resíduos, etc.

A experiência demonstrou que a AAI (“initial environmental review” no texto original) permite que se identifiquem as áreas prioritárias para focar a política e fundamentá-la na real situação ambiental (NATO-CCMS, 2000).

A ISO 14001, ao contrário, prevê o levantamento completo de aspectos e impactos apenas para a fase de planejamento, após a elaboração da Política Ambiental.

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da unidade quando assume o comando. Assim sendo, a avaliação inicial passa a ter uma importância ainda maior na tarefa de fornecer uma completa “radiografia” da organização, sob o enfoque ambiental.

Foram desenvolvidas algumas ferramentas, na forma de formulários-guia, para orientar o coordenador ambiental e sua equipe e facilitar a tarefa de levantamento, minimizando falhas e omissões causadas pelo desconhecimento do tema ambiental.

O primeiro documento a ser preenchido pelo chefe do setor, é o formulário das entradas, processos e saídas e será denominado “formulário 1” Este documento foi proposto por facilitar a identificação de saídas intencionais e não-intencionais a partir do levantamento das entradas do processo, bem conhecidas e de fácil identificação (ANEXO B).

As saídas por sua vez, facilitarão a identificação dos aspectos e impactos ambientais (SEBRAE, 2001).

Na maior parte dos casos, o aspecto ambiental é a própria “saída” constante do formulário sendo necessário por vezes, reescrevê-la de modo mais sucinto. Uma vez identificados, os aspectos deverão ser analisados segundo a significância de seus impactos (PUBLIC WORKS, 1999).

Para tal, foi desenvolvido o Formulário de Aspectos e Impactos Ambientais que é um documento produzido a partir do modelo estabelecido no “Environmental Management Manual” de “Fort Lewis”, do Exército Americano (PUBLIC WORKS, 1999). O documento foi adaptado para uso nas organizações do COMAER e será denominado “formulário 2” (ANEXO C).

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atribuído, ainda no mesmo documento, um grau de significância. Cabe ao CA conferir as “saídas” identificadas em cada setor e preencher o formulário 2.

A pontuação gerada permite ao coordenador ambiental e ao comandante da organização, uma melhor avaliação da importância de cada uma das questões observadas. Desta maneira, as prioridades de ação poderão ser corretamente estabelecidas na PA.

A principal alteração introduzida no formulário, a partir do modelo original, foi a exclusão do critério “Probabilidade” e a inclusão do critério “Efeito” no cálculo da significância do impacto.

Dos modelos analisados, a “fórmula” utilizada na proposta do SEBRAE foi considerada muito simples, uma vez que só avalia a gravidade e abrangência. Como exemplo, a emissão de escapamentos de veículos receberia, no modelo SEBRAE, significância máxima por ter abrangência global (abrangência alta=3) e por causar danos irreversíveis (gravidade alta=3). Em outro exemplo, uma contaminação de uma nascente por óleos poderia ter gravidade baixa ou média (danos ao meio ambiente reversíveis=2) e abrangência local (abrangência média =2).

Considerando-se que no primeiro caso (pontuação de significância=6), a organização pode estar em perfeita conformidade com a legislação ambiental e no segundo caso, considerado menos grave (pontuação =4) facilmente poderá estar caracterizado um crime ambiental, conclui-se que é desejável que o modelo também leve em conta os aspectos legais.

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severidade está ligada ao conceito de dano à saúde pública e ao ambiente e abrangência do dano.

A reversibilidade ou o grau de reversibilidade do dano também foi considerado importante para a avaliação da significância e incluído no modelo proposto sob a designação de “Efeito”.

Outro critério existente no modelo americano e mantido para a aplicação no COMAER foi o fator “Freqüência” do impacto. A quantidade de vezes que o impacto ocorre, em uma unidade de tempo, está diretamente relacionada com os danos ambientais acumulados e afeta a capacidade de “auto-regulação” (resiliência + resistência) dos ecossistemas.

O critério “probabilidade” do impacto foi suprimido do formulário pois não foi encontrado um método para orientar o usuário na eleição dos diferentes graus de probabilidade de cada impacto. Existe também a possibilidade de haver confusão entre os critérios “freqüência” e “probabilidade”.

O manual guia para SGA do Exército Americano avalia o impacto pelos critérios de severidade, freqüência ou probabilidade, implicações legais e imagem pública. Neste caso pode-se constatar a soma dos conceitos de freqüência e probabilidade em um critério único.

O critério “imagem pública” não foi considerado isoladamente pois considerou-se que dentro da realidade brasileira, a imagem pública estará sendo afetada quando o impacto for ilegal sendo então, incluído em “riscos legais”.

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Neste trabalho, o item “Energia Consumida” será utilizado como sendo a citação das principais fontes de energia utilizadas, caso haja consumo energético, e a avaliação da eficiência desse consumo, considerando-se então o impacto que o consumo daquela forma de energia acarreta, ainda que não no interior da organização avaliada.

Como exemplo, poder-se-ia citar os refeitórios que, ao invés de utilizarem o gás natural, poderiam estar empregando caldeiras movidas a óleo diesel, com um grau de eficiência menor e causando impactos ambientais de maior seriedade.

De modo análogo, o item “Materiais Consumidos” será empregado na citação dos materiais que a organização emprega, na avaliação da propriedade em se escolher aquele tipo de material, em detrimento de outros, causadores de impactos de maior ou menor extensão, e a eficiência com que o material será utilizado.

O estabelecimento de indicadores ambientais adequados e a realização de medições e análises técnicas deverão minimizar o efeito da subjetividade introduzido pelo “avaliador” na determinação das dimensões dos impactos ambientais a serem observados.

A determinação dos “Graus de Significância” porém, permanecerá com um componente subjetivo, uma vez que o caráter de “abrangência” do impacto é, na maior parte dos casos, difícil de se estabelecer e mensurar. Do mesmo modo, os critérios de “Efeito do Impacto” e “Riscos Legais” são de difícil determinação.

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O terceiro documento é composto por uma tabela que enumera aspectos mais freqüentes na realidade do COMAER e os impactos possíveis de serem observados. O objetivo é fornecer um guia ao usuário mais inexperiente, como um chefe de seção que talvez tenha auxílio do coordenador ambiental ou até mesmo de um especialista, no momento da AAI, mas que talvez tenha que detectar um novo aspecto ou impacto por si só, depois da implantação do processo de gestão.

Considerou-se ainda, a rotatividade nas chefias de alguns dos setores de organizações como Bases Aéreas. O novo chefe de seção não tem, por vezes, contato com o anterior e terá que ser capaz de revisar a documentação ambiental e os processos nela descritos. O formulário 3 está contido no ANEXO E.

2.1.3.2 Legislação Ambiental

A ISO 14001, na seção A.4.3.2, orienta que se estabeleça procedimentos a fim de identificar os requisitos legais. Deverá ser efetuada uma consulta ao formulário 1 o que permitirá uma completa revisão das atividades ou processos, com os insumos envolvidos (entradas) e as respectivas saídas.

Toda a legislação referente ao que consta nas entradas, processos e saídas levantados deverá ser consultada. Normalmente, serão consultadas as legislações referentes a:

- insumos ou matérias-primas;

- uso de substâncias químicas controladas ou substâncias perigosas; - emissões para a atmosfera resultantes de processos;

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- normas de transporte de substâncias especiais, tóxicas ou perigosas.

No modelo proposto pelo COMAER, a responsabilidade pelo levantamento é do Coordenador Ambiental e sua equipe. Após a implantação do programa, no entanto, o Comitê Ambiental pode, através da rede interna do COMAER, dar conhecimento às diversas organizações, de mudanças nas legislações ambientais federais e estaduais bem como interpretá-las visando divulgar suas conseqüências para as bases aéreas e demais organizações da Aeronáutica.

Na pesquisa da legislação ambiental vigente, deverão ser ressaltadas aquelas legislações relacionadas com impactos capazes de mobilizar a opinião pública ou comprometer a imagem da instituição.

Para o COMAER, essa revisão, anterior ao estabelecimento da política ambiental, é imprescindível, pois os comandantes costumam não estar familiarizados com a legislação ambiental.

Considerou-se ainda, a distribuição das organizações do COMAER por todo o território nacional, com características ambientais diversas e submetidas à legislações ambientais estaduais também variadas.

2.1.3.3 Atuais Processos de Gestão

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Nas Bases Aéreas, normalmente existem regulamentos que se referem à segurança das instalações e à segurança de vôo, capazes de interferir em procedimentos de gestão ambiental.

As atividades relatadas fazem parte da fase de planejamento da ISO 14001, mas são citadas como ações anteriores ao desenvolvimento da Política Ambiental no estudo-piloto da OTAN e nos documentos do Curso Básico de Gestão Ambiental do SEBRAE.

2.1.4 Redação da Política Ambiental

O planejamento envolve a constatação do ponto exato de onde a organização se encontra e do estabelecimento da direção que se deseja seguir, utilizando-se da avaliação ambiental inicial, do estabelecimento dos riscos e oportunidades ambientais e da confecção de uma política ambiental. (SEBRAE, 2001).

A Política Ambiental da organização poderá ser desenvolvida pelo coordenador ambiental e encaminhada ao comandante da organização para a aprovação, mas o documento deverá refletir o comprometimento do comandante com a política e sua aplicação (NATO-CCMS, 2000).

A Política deverá estabelecer, conforme prevê a ISO 14001, os princípios gerais e o compromisso de constante melhoria do desempenho na área ambiental. Deve também, criar as condições necessárias ao estabelecimento de objetivos e metas.

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É importante que a política considere também, a necessidade de promover a integração e estreita colaboração entre atividades de gestão ambiental e de segurança e prevenção de acidentes aeronáuticos, potencialmente conflitantes, no interior das Bases Aéreas.

Após ter sido finalizado, o documento de Política Ambiental deverá ter ampla divulgação no interior da BAAN, de maneira coordenada com um programa de educação ambiental.

No ambiente da Aeronáutica, será necessária a clara demonstração do comprometimento de todos os oficiais, a partir do mais antigo, com o processo de inserção da variável ambiental em todas as atividades. A partir daí a Base é capaz de despertar a mobilização de todo o efetivo para a importância do problema. Nessa fase, uma pequena iniciativa, como a mudança na maneira de coletar-se o óleo usado, tomada pelos mais baixos níveis hierárquicos, deverá ser valorizada e transformada em exemplo a ser seguido.

O comandante da organização deverá estar mobilizando recursos para iniciar as obras, tidas como prioridades em seu documento de política ambiental.

O modelo proposto de programa de gestão ambiental prevê também. a observância das normas e regulamentações provenientes dos comandos superiores. No caso da BAAN, devido à inexistência de uma estrutura voltada à administração integrada da variável ambiental, no âmbito do COMGAR e por se tratar de um programa-piloto, sua política não será baseada em diretrizes ambientais ou instruções provenientes de níveis hierárquicos mais altos.

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ambiental para as organizações subordinadas ao COMGAR, ou seja, 75 organizações, entre bases aéreas e comandos aéreos regionais.

Embora a criação do comitê não seja o escopo deste trabalho, considerou-se necessário citar as principais finalidades e características previstas para o órgão:

- A existência de um comitê é necessária para que a BAAN possa ter seu programa de gestão ambiental revisto e supervisionado por um órgão, com elevado conhecimento técnico na área ambiental. - Na fase inicial, o comitê será responsável por apoiar o desenvolvimento de uma política ambiental no COMGAR. Os objetivos gerais desse compromisso ambiental serão, inicialmente, divulgados através de diretrizes, a todas as organizações subordinadas.

- O comitê de gestão ambiental também será responsável pela disseminação dos conhecimentos ambientais necessários utilizando-se, principalmente, da rede interna (intraer) do COMAER e coordenará a aplicação dos cursos de gerenciamento ambiental. - A partir das experiências registradas na BAAN, o comitê deverá desenvolver a documentação orientadora e estabelecer procedimentos normatizadores para apoiar a implantação de programas de gestão em outras organizações e permitir o monitoramento posterior.

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ou equivalente. Este curso poderia ser realizado através de convênios, no SEBRAE-DF ou INFRAERO, por exemplo.

- Seria necessária também, a participação de elementos da comunidade científica, oriundos de universidades ou centros de pesquisa, que se fizessem necessários.

- O comitê se reuniria a cada dois meses para assessorar as autoridades do COMGAR nas questões ambientais e promoveria auditorias ambientais nas OM subordinadas aquele Comando.

2.2PLANEJAMENTO

Na fase de planejamento segundo a ISO 14001, constam os “Aspectos Ambientais” e “Obrigações Legais e Outros Requisitos”, já descritos na fase de elaboração da PA. Os requisitos da norma restantes e que serão mantidos são os “Objetivos e Metas” e o “Programa de Gestão Ambiental”.

2.2.1 Objetivos

A norma ISO 14001define ainda, na seção A 4.3.3, que “...as organizações deverão estabelecer e manter objetivos e metas ambientais documentados, em todas as funções e níveis relevantes na organização”.

A definição dos objetivos será diretamente apoiada na política ambiental previamente estabelecida à luz da AAI.

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É importante salientar que os objetivos deverão ser baseados nos mesmos aspectos priorizados na política ambiental, tais como os requisitos pré-existentes, a legislação ambiental e os impactos mais significativos ou de maior visibilidade. A norma ISO cita ainda a necessidade de uma verificação das opções tecnológicas disponíveis (que podem facilitar a mitigação de algum impacto em especial), das questões financeiras e operacionais e dos interesses das partes envolvidas.

O Comandante não necessitará desenvolver um objetivo para cada um dos impactos verificados mas sim para os priorizados em sua política. É possível que cada impacto priorizado exija vários objetivos na busca de sua mitigação ou eliminação.

Nos objetivos deverão estar incluídas ações relacionadas à redução das emissões atmosféricas, melhoria na qualidade das águas usadas, aumento da porcentagem de resíduos reciclados, diminuição no uso de energia e matérias-primas e aumento na eficiência energética, etc.

O ANEXO F traz um modelo do formulário 4, com uma lista de exemplos de objetivos e metas possivelmente aplicáveis à maior parte das Bases Aéreas do COMAER, agrupados por áreas de interesse. Cada Organização deverá preencher um formulário com os seus próprios objetivos e metas estabelecidos.

Existem inúmeras maneiras de expressar propósitos a atingir mas estes deverão sempre estar em consonância com as diretrizes dos comandos superiores, traduzir a política ambiental e, sempre que possível, estarem dispostos de maneira quantificável (U.S. ARMY, 2001).

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comandante de uma base aérea tenha mais facilidade por exemplo, em melhorar os índices de reciclagem de resíduos sólidos produzidos do que em reduzir os índices de emissões atmosféricas de seus veículos terrestres, cujo uso já está minimizado pelas restrições orçamentárias que as organizações vem vivendo.

Pode-se optar também por eliminar antes, aqueles impactos relacionados às aspirações do público interno ou às queixas da comunidade local.

Por vezes ainda, é necessário minimizar ou remover primeiro aqueles impactos de maior visibilidade e que são o foco da atenção da mídia e da fiscalização dos órgãos ambientais.

As organizações militares reúnem, na maior parte dos casos, uma série de diferentes atividades. Essa característica vai exigir a elaboração de alguns objetivos amplos e de outros mais voltados para áreas específicas.

As questões ambientais comuns, como a da diminuição do gastos energéticos e da produção de resíduos podem ser enquadradas em objetivos genéricos. No entanto, será necessário estabelecer objetivos mais específicos e voltados para determinados setores ou atividades como, por exemplo, a adoção de procedimentos para o tratamento adequado dos resíduos de serviços de saúde.

2.2.2 Metas

As metas ambientais são, segundo a ISO 14001, “...detalhados requisitos de desempenho, quantificáveis onde praticável, aplicáveis à organização ou parte da mesma, que derivam dos objetivos ambientais e que necessitam ser estabelecidos e cumpridos para alcançar os objetivos”.

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No COMAER é preciso ter em mente que as metas deverão estar redigidas de uma maneira simples e serem claras o suficiente para que os chefes de seção e seus encarregados possam compreendê-las. É necessário que as metas sejam desenvolvidas com a colaboração dos responsáveis pelas seções envolvidas na futura consecução das mesmas.

Ao mesmo tempo, os chefes de seções deverão iniciar um planejamento visando determinar os responsáveis pelas metas, os prováveis custos envolvidos e os “indicadores” a serem utilizados e estimar prazos. Neste planejamento, os chefes de seções contarão com o auxílio da equipe ambiental.

Para que as metas sejam mensuráveis, devem ser estabelecidos medidores de desempenho ou indicadores de desempenho. Neste trabalho, estes medidores serão denominados Indicadores de Performance Ambiental (IPA), a exemplo do termo utilizado na ISO 14031. Nesta norma, o IPA é definido como uma “... expressão que é utilizada para prover informação a respeito da performance ambiental ou da condição do ambiente”.

Para obter IPA completos, a exemplo do que é realizado pelo Ministério da Defesa holandês, as substâncias que destroem a camada de ozônio poderiam ser todas convertidas em gramas de CFC; os componentes causadores de efeito-estufa seriam analisados e convertidos em quantidades de CO2, CO e N2O; o efeito de

acidificação seria mensurado em unidades de SO2; os óxidos de nitrogênio seriam

convertidos em NOx (= NO + NO2) para a comparação; etc.

Imagem

Figura 01 – Área de cerrado ralo em primeiro plano e       Cerrado stricto sensu  e mata de galeria em segundo plano
Figura 02 - Lagoa de Decantação
Figura 03 – Ilustração do trecho de cerrado stricto sensu,  entre a 2 o  e3  o  conjunto de nascentes (em segundo plano)
Figura 04 – Área de solo exposto
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Referências

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