Levantamento realizado junto ao IBICT

As sintetizações que ora seguem foram realizadas atentamente, tendo presente a objetividade desta pesquisa, procurando perceber as concepções, sentidos sociais e políticos que envolvem o Serviço Social e a Educação, sobretudo no que tange ao debate da proteção social. No Quadro 1, apresentamos os descritores utilizados, o total de material encontrado e o quantitativo de materiais que foram destacados ou selecionados, uma vez que dialogam com mais proximidade com este estudo.

Quadro 1: Teses e dissertações encontradas IBICT

Descritores Tipo de busca Encontrados Destacados

Serviço Social e Educação Básica Geral 2.404 4

Serviço Social, educação e Proteção Social Geral 1.774 4 Serviço Social e políticas de escolarização Geral 164 2

TOTAL 4.342 10

Fonte: A autora (2018)

Os estudos encontrados no levantamento mostram um quantitativo significativo. A diversidade de temáticas que atravessam os estudos acerca do Serviço Social e Educação, de um modo geral, sinalizam para a educação de jovens e adultos, educação em saúde, educação em Institutos Federais, a atuação do Assistente Social como educador ambiental, as relações multidisciplinares deste debate, educação permanente, responsabilidade social e educação, Pronatec, infrequência na educação básica, estudos voltados para a educação infantil e fundamental em específico, violência na adolescência, adolescentes em conflito com a lei, famílias e vulnerabilidades sociais, políticas públicas para inclusão escolar, entre outras temáticas. Entretanto, estudos que aprofundem como a proteção social é entendida na interface

das duas áreas, as concepções e ancoragens da proteção social nestas áreas são escassos, e quando encontrados enfatizam outros aspectos da relação Serviço Social e Educação.

Realizado este mapeamento, passamos a trazer mais detalhadamente informações atinentes aos estudos destacados.

Quadro 2: Teses e dissertações destacadas, IBICT

Ano Título IES Ênfase

2007 Educação e Serviço Social:

elo para a construção da

cidadania

PUCSP tese Trata da prática profissional dos assistentes sociais no âmbito da política de educação nos municípios paulistas. Constata que a existência de espaços para a intervenção do Serviço Social se dá em três eixos: o processo de democratização da educação; a prestação de serviços socioassistenciais e socioeducativos; e a articulação da política de educação com as demais políticas sociais. Enfatiza que, na atuação dos assistentes sociais, há uma ênfase na tríade escola-

família-sociedade, ressaltando a mobilização das redes como uma das principais competências do Serviço Social.

2011 Trabalho de Assistentes Sociais na Escola Parque de Salvador: contribuições para as relações entre família, escola e comunidade nos anos 2000 UFBA dissertação

Estudo de caso sobre o trabalho de Assistentes Sociais na Escola Parque de Salvador e suas relações com a família e a comunidade. Destaca expressões da questão social interferentes na escolarização de adolescentes e jovens, que repercutem predominantemente em ocorrências na esfera da Saúde, da Assistência Social e da Segurança Pública. Alunos e famílias pobres e comunidades populares são situadas como atores atingidos diretamente pelas transformações ocorridas no mundo do trabalho e no espaço urbano segregado onde se insere esta unidade educacional, também área de moradia destas famílias. O contexto analisado dimensiona o campo educacional como espaço contemporâneo para esse profissional que, ainda que não seja regulamentado, é tensionado pelas transformações societárias no âmbito do Estado e das Políticas Sociais, demandando atenção multidisciplinar para a escola. 2012 _{Serviço Social e} Educação: o exercício profissional dos assistentes sociais em escolas públicas de favelas UERJ tese

Analisa o exercício profissional de 42 assistentes sociais que atuam nas escolas públicas de Ensino Fundamental da rede pública da Prefeitura da Cidade do Rio de Janeiro, considerando que escolas

das favelas, distintas das demais escolas públicas do asfalto,

possuem características que, incorporando os estigmas e estereótipos que marcam esses territórios, demandam novas necessidades, novas formas de compreensão e intervenção dos sujeitos sociais no âmbito da escola pública.

2013 O trabalho do Assistente Social na política pública de educação básica na região metropolitana de Porto Alegre PUCRS Dissertação

Enfatiza como problema a seguinte questão: como vem se constituindo o trabalho do assistente social na Política Pública de Educação Básica na região metropolitana de Porto Alegre? Para tanto, as questões que nortearam o trabalho foram: quais as demandas atendidas pelo assistente social? Quais os meios utilizados para a realização da atividade profissional? Quais os produtos do trabalho do assistente social nesta política setorial? O objetivo geral foi analisar o trabalho dos assistentes sociais inseridos na política pública em questão na região metropolitana de

Porto Alegre, a fim de contribuir para a construção de

conhecimento do Serviço Social na área.

2014 (3) 1* O exercício profissional do AS na política de educação em Aracajú/SE: um estudo de demandas e respostas socioprofissionais 2* As políticas de proteção social no contexto escolar 3* Proteção às crianças e aos adolescentes em processo de escolarização à luz dos direitos humanos: o serviço de convivência e fortalecimento de vínculos 1* UFS Dissertação 2* UFES Dissertação 3* UFPB Dissertação

1*Analisa as demandas e respostas socioprofissionais do assistente social na área de educação, no município de Aracaju/SE. Seu objeto de estudo consistiu sobre o exercício profissional na forma como se expressa em tal política. E, apesar das dificuldades, a articulação das dimensões teórico-metodológica, técnico-operativa e ético- política consegue ser materializada.

2* Investiga como a formalização das políticas de proteção social

via programas e projetos socioeducativos se articulam com a educação escolarizada. Realiza uma discussão conceitual acerca

das políticas de proteção social e “vulnerabilidade e risco social” a partir de aspectos históricos situando-as na lógica societária das desigualdades e complexificação das refrações da questão social do modelo capitalista de produção e reprodução social, sobretudo no contexto das reformas do Estado brasileiro enquanto demanda dos ajustes neoliberais. Conclui que a proteção social no espaço

escolar via programas e projetos socioeducativos necessita voltar- se à articulação com políticas públicas que ultrapassem os muros da escola e que de fato garantam o acesso a bens materiais e

simbólicos com vista à melhoria das condições de vida material e sociocultural dos alunos a quem são destinados e, consequentemente, a melhoria da qualidade da educação escolarizada.

3* Analisa as medidas de proteção social na sua relação com o processo de escolarização de crianças e adolescentes, e tem como objetivo principal analisar os efeitos do Serviço de Convivência e Fortalecimento de Vínculo para crianças e adolescentes, no processo de escolarização dos alunos. Por fim, ficou evidente que o

conjunto de medidas e as estratégias governamentais, como os programas PETI e Projovem Adolescente, em Odilândia, não resultaram no equacionamento dos problemas relacionados à escolarização de crianças e adolescentes, apresentando, inclusive, desconexão e desarticulação com a realidade da comunidade rural nas atividades desenvolvidas, descaracterizando ações de caráter preventivo e antecipatório, e não garantindo a sua permanência na escola o seu afastamento definitivo do trabalho.

2015

Estratégias de intervenção do serviço social nas

políticas contemporâneas de escolarização

UFFS Dissertação

Estudo sobre os modos pelos quais o Serviço Social ingressa nas políticas de escolarização, sobretudo contemporâneas, e os deslocamentos que vêm ocorrendo nas estratégias de intervenção do Serviço Social na Educação. Indica-se que na constituição histórica das relações entre Serviço Social e Educação ocorrem significativas mudanças de ênfase nas racionalidades políticas e nas formas de intervenção. Ainda que o debate sobre as proteções sociais e o combate às desigualdades seja uma constante, pode-se notar uma intensificação, a partir da década de 1990, não somente

na ampliação da relação Educação e Serviço Social, mas, sobretudo na prerrogativa que abarca as prevenções do risco social, numa lógica de proteção social.

2016 O papel da escola na visão de estudantes em contexto de vulnerabilidade social Unesp Dissertação

Examina o papel da escola no sentido de proteger os jovens em

situação de vulnerabilidade social das influências da criminalidade. Para tanto, investigou a percepção dos estudantes

das camadas populares acerca da violência e do papel social da instituição educativa. A análise indica que a instituição educativa apresenta potencial para atuar na proteção dos jovens em situação de vulnerabilidade social. 2017 Programa Diadema Mais Educação: uma experiência de educação integral e proteção integral PUCSP (Tese)

Descreve a interconexão entre Educação Integral e Proteção

Integral, percorrendo os sentidos do termo Integral a partir da visão

freireana e do marco legal de políticas da Infância, especialmente o ECA. A pesquisa revela que a experiência de Diadema reflete os avanços de uma política pública para Infância, e aponta um novo formato da Escola, reconhecido a partir do processo formativo, e corrobora com o justo viver das Crianças da periferia, que compõem o acesso aos bens sociais e aos conhecimentos locais.

Fonte: A autora (2018)

Tecendo algumas articulações entre os elementos abordados nos quadros 1 e 2 consideramos alguns aspectos:

1) Estudos que se aproximam dos debates acerca das tendências da proteção social na interface Serviço Social e Educação, que problematizam como a concepção de proteção social é posicionada nas políticas de escolarização destinadas à educação básica são poucos, e esses poucos tangenciam este debate, não chegando a aprofundar significativamente;

2) Das pesquisas destacadas, em um primeiro olhar, notamos a centralidade no exercício profissional do Assistente Social nas escolas públicas, na prática deste profissional neste espaço de atuação (cinco das dez pesquisas sinalizam este aspecto). Ainda nesse viés, podemos destacar: o Serviço Social nas escolas públicas de educação básica relaciona a tríade escola-família- sociedade; mobilização das redes como uma das principais competências do Serviço Social; considera que as expressões da questão social interferem na escolarização de adolescentes e jovens; vê que as escolas das favelas são distintas das demais escolas públicas; identifica a necessidade de ação multidisciplinar; contribui para a construção do conhecimento nesta interface.

3) Outro aspecto interessante é o de que, a partir da década de 1990, houve a ampliação da relação Educação e Serviço Social, como também aumentou a formalização das políticas de proteção social via programas e projetos socioeducativos, que passaram a se articular mais fortemente com a educação escolarizada. Assim, a proteção social no espaço escolar aparece, nas pesquisas, via programas e projetos socioeducativos, se interconectando inclusive com a

Educação Integral, entendida como Proteção Integral - cinco das pesquisas enfatizadas no quadro 2 permitem este entendimento.

Podemos destacar que as primeiras experiências concretas de Programas de Renda Mínima no Brasil articuladas com a escola iniciaram com o Programa de Erradicação do Trabalho Infantil (PETI) e o Bolsa Escola, em 1994. Antes da universalização da Política Pública de Assistência Social, por meio do Sistema Único de Assistência Social, em 2005, e outros ordenamentos como, por exemplo, a uniformização de programas e a progressão do “Bolsa Escola” para o “Bolsa Família” (OLIVEIRA, 2014). Em outras palavras, a instituição educativa apresenta potencial para atuar na proteção dos jovens em situação de vulnerabilidade, no sentido de proteger esses jovens das influências da criminalidade.

Realizados esses apontamentos, avançamos, de pronto, para o levantamento junto à base de dados SCIELO.