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4 LICITAÇÃO SUSTENTÁVEL

11. Em data mais recente, em 19 de janeiro de 2010, foi editada a Instrução

4.6 Licitações sustentáveis na prática

A partir de toda essa gama teórica sobre licitações pública, meio ambiente, direitos fundamentais e, por fim, licitações sustentáveis, resta essencial analisar se houve uma efetiva aplicação do instituto no seio da Administração Pública.

É cediço que esse histórico de diplomas normativos trouxe a necessidade crescente de uma série de adaptações a serem feitas pelo Poder Público, a fim de se enquadram na nova realidade. O processo de inclusão das licitações sustentáveis no rol das prioridades do Estado começou antes mesmo da edição da Lei nº 12.349/10 e até da Instrução Normativa SLTI/MPOG nº 1/10, o que demonstra a tímida atuação do legislador e da administração mesmo sem um respaldo legal expresso.

Decerto, após a alteração legislativa, as licitações verdes ganharam mais força; mas não se pode olvidar que todo esse processo é lento e gradual, continua em construção e em constante aperfeiçoamento.

4.6.1 Legislação aplicável às licitações sustentáveis no Brasil

É interessante perceber a quantidade de legislações que buscam por em prática a realização de licitações verdes no Brasil. Dentre outras, é possível citar a Lei n° 12.305/10 (estabelece como objetivos a prioridade, nas aquisições e contratações governamentais, para produtos reciclados e recicláveis e para bens, serviços e obras que considerem critérios compatíveis com padrões de consumo social e ambientalmente sustentáveis), a Lei n° 12.187/09 (prevê critérios de preferência nas licitações públicas para propostas que propiciem maior economia de energia, água e outros recursos naturais), a Lei n° 10.295/01 (trata da Política Nacional de Conservação e Uso Racional de Energia e visa à alocação eficiente de

recursos energéticos e à preservação do meio ambiente), o Decreto n° 2.783/98 (proíbe as entidades do governo federal de comprar produtos ou equipamentos contendo substâncias degradadoras da camada de ozônio).

Na esfera estadual, vislumbram-se também diversas iniciativas no sentido de trazer o conceito de desenvolvimento sustentável para o âmbito da Administração Pública, consoante se observa nos diplomas a seguir: Decreto n° 44.903/08, de Minas Gerais (dispõe sobre a contratação de obras e serviços pela administração pública estadual, que envolvam a aquisição); Decreto nº 49.674/05, de São Paulo (determina respeito às normas ambientais e de fiscalização na utilização de madeira nativa na contratação de serviços de engenharia); Decreto nº 45.643/01, de São Paulo (dispõe sobre a aquisição pela Administração Pública de lâmpadas de maior eficiência e menor teor de mercúrio); Decreto nº 45.765/01, de São Paulo (instituiu o Programa Estadual de Redução e Racionalização do Uso de Energia, aplicando a redução de 20% nas instalações do governo, referindo-se à aquisição de produtos e serviços com melhor desempenho energético possível); Decreto nº 48.138/03, de São Paulo (institui medidas de redução de consumo e racionalização de água no âmbito da administração pública direta e indireta); Lei Complementar nº 27/99, do Mato Grosso (dispõe sobre a instalação de dispositivos hidráulicos visando ao controle e à redução de consumo de prédios públicos e comercias); Lei nº 2.616/00, do Distrito Federal (dispõe sobre a utilização de equipamentos economizadores de água nas instalações hidráulicas e sanitárias dos edifícios públicos e privados destinados ao uso não residencial); Lei nº 3.908/02, do Rio de Janeiro (proíbe o uso de alimentos geneticamente modificados nas merendas escolares); Decreto nº 2087-R/08, do Espírito Santo (dispõe sobre diretrizes para compras e consumo sustentáveis no âmbito do Poder Executivo Estadual); Decreto nº 2830-R/11, do Espírito Santo (dispõe sobre os critérios e especificações para aquisição de bens e serviços com vista ao consumo sustentável pela Administração Pública Estadual), dentre outros.

É necessário perceber, porém, que a maioria dos diplomas citados é anterior à mudança do art. 3º da Lei das Licitações, o que demonstra a atuação do legislador mesmo antes da normatização expressa, o que foi possível graças a uma interpretação sistemática da nossa Carta Magna e da assinatura brasileira de tratados internacionais sobre sustentabilidade.

4.6.2 Dados atuais sobre a implementação das licitações sustentáveis

Conforme dados oficiais do Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão as compras públicas sustentáveis feitas no primeiro trimestre de 2012 representam 83% das aquisições realizadas em 2011. Fazendo a comparação desse período com o mesmo do ano de 2010, observa-se um crescimento de 61% nas compras do governo federal. Até o mês março de 2012, o valor dessas aquisições está em cerca de R$ 12 milhões de reais. Desde o início da política de compras no setor, o que ocorreu em 2010, a administração pública federal já investiu mais de R$ 34 milhões, na aquisição desses produtos. (2012, on line)

Acrescenta-se, ademais, que, desde a implantação da Instrução Normativa nº 1, de janeiro de 2010, o governo federal já realizou, até março deste ano, 1.490 licitações utilizando itens considerados sustentáveis segundo a classificação do Sistema Integrado de Administração de Serviços Gerais – SIASG, gerenciado pelo Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão. (2012, on line)

No SIASG, 550 produtos são considerados sustentáveis. O aumento do volume de aquisições na área é justificado pelo crescimento do número de itens. Observa-se ainda que

“os produtos mais adquiridos desde a implementação da política são: cartucho de tinta

reciclado para impressora (41,5%), toner reciclado para impressora (23,9%), aparelho de ar

condicionado (7,5%) e papel reciclado (6,2%)”. (2012, on line)

Destaca-se, outrossim, que: “Entre os órgãos que mais realizaram processos de compras estão o Ministério da Educação (MEC), com mais de 600 licitações, e os ministérios

da Defesa e Justiça, com 283 e 78, respectivamente”. (2012, on line)

Nessa esteira, o secretário de logística e tecnologia da informação, Delfino Natal de Souza, afirma que esse crescimento reflete o interesse do governo federal em utilizar o seu poder de compra para maximizar a recente política de compras sustentáveis. Acrescenta ainda

que “... a gestão pública deve promover uma cultura institucional que sirva de exemplo para a sociedade”. (2012, on line)

O Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão afirma também que: “O programa de Contratações Públicas Sustentáveis é uma iniciativa da administração pública para valorizar a compra de produtos que utilizam, critérios ambientais, econômicos e sociais, em todas as etapas do ciclo de vida desses bens”. Dessa forma, a Administração Pública

transforma suas compras em verdadeiros instrumentos de proteção ao meio ambiente. (2012,

on line)

Visando estimular a aquisição de produtos considerados sustentáveis, o Ministério do Planejamento realizou, em 2012, o Prêmio Equipe Sustentável e Edital Sustentável. O escopo do certame foi identificar e valorizar boas práticas da administração pública em relação às licitações verdes, bem como compartilhar experiências importantes, as quais podem servir de inspiração para outras instituições. (2012, on line)