• Nenhum resultado encontrado

4 LICITAÇÃO SUSTENTÁVEL

11. Em data mais recente, em 19 de janeiro de 2010, foi editada a Instrução

4.3.4.2 Nova interpretação do termo “proposta mais vantajosa”

Conforme o que já foi dito anteriormente, a Lei nº 12.349/10, ao acrescentar o termo desenvolvimento nacional sustentável como objetivo das licitações, modificou o conceito de vantajosidade da Administração Pública.

14

Com efeito, destaca-se que são três os objetivos das licitações traçados pela Lei nº 8.666/93, quais sejam: “... garantir a observância do princípio constitucional da isonomia, a seleção da proposta mais vantajosa para a administração e a promoção do desenvolvimento nacional sustentável”. Nessa esteira: “Frise-se que as finalidades devem ser aspiradas em conjunto, ou seja, não basta atingir apenas uma delas; é fundamental que todas sejam efetivadas para que a licitação cumpra com seus objetivos legais e, com isso, seja válida sob o ponto de vista jurídico.” (FERREIRA; MACIEL FILHO, 2012, on line).

Registre-se ainda que as licitações públicas não podem mais ser conceituadas como um processo administrativo pautado estritamente pela isonomia, nem como certame cujo viés é puramente econômico. Faz-se mister examinar as licitações e os contratos administrativos como uma ferramenta para a promoção do desenvolvimento nacional sustentável. Em especial, quando se fala em desenvolvimento nacional sustentável, quer-se dizer que as disputas deverão valorar também aspectos ambientais, políticos, sociais, culturais e econômicos, o quais deverão ser relacionados a todas as fases da licitação, quais sejam a definição dos objetos, das regras de habilitação, das condições de aceitabilidade das propostas e até das condições de execução do objeto. (FERREIRA; MACIEL FILHO, 2012, on line).

É nesse contexto que se fala em uma nova interpretação do conceito de vantajosidade da Administração Pública. De início, a vantagem econômica prevalecia, uma vez que aparentemente atendia da melhor forma os interessas do Poder Público. A partir do momento em que se busca o desenvolvimento nacional sustentável como meta estatal, todavia, observa-se uma mudança no paradigma, consoante o ensinamento a seguir:

(...) a vantajosidade econômica, representada prima facie pelo menor custo/preço, pode vir a ser relativizada em prol de outros objetivos que não meramente os economicamente mais baixos, desde que aqueles estejam contemplados em programas e metas governamentais. Na verdade, é importante frisar que a inserção

do objetivo da “promoção do desenvolvimento nacional sustentável” no rol do art. 3º

da Lei das Licitações faz dele uma meta de Estado, não apenas de Governo(s). (BESTER; DAMIAN, 2012, on line)

Esse entendimento é corroborado pela posição oficial do Ministério do Planejamento Orçamento e Gestão, o que pode ser visualizado no Guia de Compras Públicas Sustentáveis para a Administração Federal (on line, p. 20), segundo o qual:

A proposta mais vantajosa é aquela que melhor satisfaz as necessidades da administração, em termos de desempenho e de custo. Incentivar e encorajar a inovação pode implicar na utilização de recursos com maior eficiência, obtendo a melhor solução possível e contribuir para objetivos outros, que estão dentro de programas e metas do governo (por exemplo, redução da emissão de gases poluidores). (grifo nosso)

Dessa forma, para escolher a proposta mais vantajosa, não deve ser levado em conta apenas o preço ou o custo do produto ou do serviço. Há diversos outros aspectos que devem ser considerados na análise da vantajosidade de determinado contrato entre a Administração Público e o particular. O Ministério do Meio Ambiente (2013, on line) corrobora com esse entendimento, como pode ser observado a seguir:

A decisão de se realizar uma licitação sustentável não implica, necessariamente, em maiores gastos de recursos financeiros. Isso porque nem sempre a proposta

vantajosa é a de menor preço e também porque deve-se considerar no processo de

aquisição de bens e contratações de serviços dentre outros aspectos os seguintes:

a) Custos ao longo de todo o ciclo de vida: É essencial ter em conta os custos de

um produto ou serviço ao longo de toda a sua vida útil – preço de compra, custos de utilização e manutenção, custos de eliminação.

b) Eficiência: as compras e licitações sustentáveis permitem satisfazer as

necessidades da administração pública mediante a utilização mais eficiente dos recursos e com menor impacto socioambiental.

c) Compras compartilhadas: por meio da criação de centrais de compras é possível

utilizar-se produtos inovadores e ambientalmente adequados sem aumentar-se os gastos públicos.

d) Redução de impactos ambientais e problemas de saúde: grande parte dos

problemas ambientais e de saúde a nível local é influenciada pela qualidade dos produtos consumidos e dos serviços que são prestados.

e) Desenvolvimento e Inovação: o consumo de produtos mais sustentáveis pelo

poder público pode estimular os mercados e fornecedores a desenvolverem abordagens inovadoras e a aumentarem a competitividade da indústria nacional e local. (grifo nosso)

Nesse diapasão, é possível notar que as diversas iniciativas públicas no sentido de aplicar o princípio do desenvolvimento sustentável nas licitações tem em comum a preocupação com a preservação do meio ambiente e privilegiam a aquisição de produtos e equipamentos que acarretem menor impacto ambiental, que possuam maior vida útil, que ocasionem redução de resíduos no ato da eliminação e que utilizem menor consumo de matéria-prima e de energia. Acrescenta-se que a adoção de critérios sustentáveis nas compras públicas possui importante efeito indutor para que o mercado adote padrões de produção baseados em protocolos ambientais. Dessa forma, o Estado, como consumidor em massa de bens e serviços, norteará o setor produtivo a uma progressiva revisão de suas práticas, ampliando a oferta de bens sustentáveis para a sociedade. (VALENTE, 2011, p. 11)

4.3.5 Decreto nº 7.746, de 05 de junho de 2012

Após a modificação do art. 3º da Lei das Licitações, para incluir como objetivo do certame a busca pelo desenvolvimento nacional sustentável, observou-se que era necessário também realizar sua regulamentação. Dessa forma, destaca-se o Decreto nº 7.746, de 05 de