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2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA: ASPECTOS DA UNIDADE DE COMANDO NA

2.5 Liderança e suas classificações

Em 825 d.c foram ouvidos os primeiros registros sobre o termo ―liderança‖. Os vários conceitos têm relação com o latim, durece, que significa conduzir (no português - duzir, precedido de prefixos), cujo conjunto semântico teve influência as derivações de to lead (SANTIAGO, 2007).

Etimologicamente o termo liderança ajuda a ser esclarecido o real significado e o uso deste conceito quanto ao seu emprego mais usual e prático. Liderar vem do verbo inglês to lead, que tem o significado de várias coisas, tais como: conduzir, dirigir, guiar, comandar, persuadir, encaminhar, encabeçar, capitanear, atravessar (GIULIANI, 2012).

Os primeiros trabalhos abordavam a liderança com uma forte associação com a capacidade de poder exercer influência sobre liderados, com vistas a poder alcançar um objetivo comum (SANTIAGO, 2007).

Haviam lideranças exercidas por pessoas que não detinham poder, mas que eram consideradas referências em suas áreas, como escritores, artistas, filósofos da antigüidade com capacidade de influenciar naturalmente pessoas que admiravam os seus atributos.

A liderança relaciona-se à capacidade de influenciar pessoas, motivando-as para o alcance de seus objetivos, por meio do estabelecimento da confiança mútua entre líder e liderado. Trata-se de um processo de conduzir um grupo de pessoas por meio da habilidade de motivar e influenciar objetivando que os liderados contribuam com os objetivos da organização (SILVA; SIMÕES, JANESCH, 2010).

Neste sentido, a liderança engloba atitudes e decisões de um líder que usa sua sabedoria, aproximando os que o rodeiam, para que sejam aproveitadas de forma cooperativa as habilidades dos liderados (PANZENHAGEN; NEZ, 2012).

Enfatiza Ferreira (2013) que dentre as principais características da liderança está a busca por se alcançar os objetivos estabelecidos, criando um ambiente em que as pessoas envolvidas compartilhem de suas experiências durante as tarefas.

No contexto organizacional, a liderança tem sido ao longo dos tempos explorada de forma intensa, tendo como primeira abordagem clássica os traços que definem um líder das demais pessoas. São eles: autoconfiança, honestidade, desejo de poder e outros. Em seguida, buscou-se analisar o comportamento e estilo dos líderes. Com isso, passou-se a observar a relação do líder e liderado (BARRETO, et al, 2013).

De acordo com Hersey e Blanchard (1986, p. 117) para que uma liderança seja eficaz, é fundamental que o líder seja capaz de ―adaptar seu estilo de comportamento às necessidades dos liderados e a situação, sendo estas não constantes, o uso do estilo apropriado de comportamento líder constitui um desafio para cada líder eficaz‖.

Na China, o modelo de liderança tem como base as relações pessoais, valorizando a confiança, honestidade e lealdade, pois o líder chinês depende das relações para ter recursos assistenciais e autorizações burocráticas. Subordinados chineses têm um estilo de comunicação mais aberto com seus líderes devendo explicar suas ações antes de realizá-las. Assim os empregados chineses têm em mente que trabalham para o seu superior e não para a empresa (FERRAZ, 2007).

Destaca-se que as empresas chinesas têm como estratégia de liderança o desenvolvimento de elementos centrais marcados pela natureza competitiva dos líderes chineses. Outra característica das empresas chinesas é a flexibilidade adotada nas práticas modernas de administração, bem como para aquelas mais tradicionais (FERRAZ, 2007).

Em casos de brasileiros que vão trabalhar em uma empresa chinesa, se deparam com uma nova cultura, requerendo flexibilidade para se adaptarem. Isto, pois na cultura chinesa, todos os níveis hierárquicos devem cumprir um protocolo não tendo maior liberdade para tomada de decisão. Assim, as principais características da liderança chinesa são a valorização da senioridade, respeito irrestrito à hierarquia e autonomia limitada (FRANÇA, 2011).

Eficiência e produtividade são características marcantes em um líder, estando relacionado a fazer as escolhas certas e saber usar as palavras para transmitir informações aos seus subordinados de modo que os motive. É preciso, pois que um líder tenha a habilidade de induzir pessoas, capacitando-as a fazer o que precisa ser feito de forma motivada em prol de atingirem uma meta comum ou compartilhada (SILVA; SIMÕES, JANESCH, 2010).

Ferreira (2013) apresenta a diferença entre líder e liderança no qual apresenta que a liderança é a habilidade de influenciar pessoas, inspirando confiança, atuando como um instrumento e não como um fim. O autor destaca por sua vez as características do líder, este que deve ter capacidade de influenciar pessoas, buscando o bem comum, otimizando os processos de gestão. Contribui Gruber (2001, p. 41) ao elucidar:

Um líder deve gerar credibilidade pessoal e competência administrativa. Com credibilidade pessoal, sem competência administrativa, a liderança não se sustenta. No inverso, o líder não conseguirá desenvolver a ligação emocional, necessária em períodos de mudanças rápidas e turbulentas, e também fracassará.

Desta forma entende-se que um líder deve servir de inspiração para o grupo, deve possuir, portanto, inteligência emocional para lidar com as possíveis adversidades dentro da organização na qual treinamentos podem colaborar para que se desenvolva uma habilidade analítica capacitando-os a compartilhar informações, agindo não como um chefe, mas como um parceiro de equipe solucionador de conflitos.

Cita-se como teorias de liderança a teoria dos traços de personalidade, teoria dos estilos de liderança e teoria situacional (FERREIRA, 2013). Essas teorias subsidiam o entendimento da liderança baseada nas características do líder, como aquele mais apto à conduzir a execução de tarefas e coordenar seus seguidores.

A abordagem comportamental centra-se nas funções do líder com relação à equipe, baseando-se em uma estrutura orientada para a tarefa visando dar apoio às necessidades dos empregados para que estes contribuam com a produção organizacional (SANTIAGO, 2007).

A teoria de liderança situacional abrange as duas teorias anteriores, enfatizando que o líder deve assumir diferentes padrões de liderança, conforme a situação e o estilo da equipe a ser liderada. Conforme se pode perceber na liderança situacional, o líder atua com base na maturidade de sua equipe e a partir disso, determina qual comportamento deve adotar, considerando desde o treinamento, apoio e delegação, visando elevar a maturidade de sua equipe para outros níveis. No modelo de liderança de Hersey e Blanchard são traçados níveis de maturidade e estilo de liderança a ser utilizado.

A maturidade deve ser percebida pelo líder sob duas dimensões: maturidade de trabalho e maturidade psicológica. A maturidade de trabalho diz respeito ao conhecimento e capacidade técnica, além, da experiência na execução de determinadas tarefas. Enquanto a maturidade psicológica refere-se a confiança em si mesmo, fazendo com que se sinta à vontade na tarefa que executa, com determinação e credibilidade no que faz. De acordo com Chiavenato (2000) a liderança também pode ser classificada de acordo com as atitudes do líder como liderança autocrática, democrática ou liberal. O Quadro 1 demonstra as características de cada uma dessas classificações:

Quadro 1. Classificação da liderança de acordo com o perfil do líder

Cronograma De Trabalho Liderança Autocrática Liderança Democrática Liderança Liberal Tomada de Decisões

Apenas o líder decide e fixa as diretrizes sem qualquer participação do grupo.

As diretrizes são debatidas e decididas pelo grupo que é estimulado e assistido pelo líder.

Total liberdade para a tomada de decisões grupais ou individuais, com participação mínima do líder.

Programação dos Trabalhos

O líder determina providências para a execução das tarefas, uma por vez, na medida em que são necessárias e de modo imprevisível pra o grupo

O próprio grupo esboça providências e técnicas para atingir o alvo com o aconselhamento técnico do líder. As tarefas ganham novos contornos com os debates.

A participação do líder no debate é limitada apresentando apenas alternativas ao grupo, esclarecendo que poderia fornecer informações desde que solicitada.

Divisão do Trabalho

O líder determina qual a tarefa que cada um deverá executar e qual seu companheiro de trabalho.

A divisão das tarefas fica a critério do grupo e cada membro tem liberdade de escolher seus próprios colegas.

Tanto a divisão das tarefas quanto a escolha dos colegas ficam por conta do grupo. Com absoluta falta de participação do líder.

Participação do Líder

O líder pessoal e dominador nos elogios e nas críticas ao trabalho de cada um.

O líder procura ser um membro normal do grupo. É objetivo e estimula com fatos, elogios ou críticas.

O líder não faz nenhuma tentativa de avaliar o curso das coisas. Faz apenas comentários quando perguntado.

Verifica-se na postura do líder autocrata um comando centralizado, sem a participação ativa de seus subordinados, assume um perfil dominador, determinando quem executa cada tarefa e como isso deve ser feito. Ele é o único responsável por suas decisões. Santos e Assunção (2010) afirmam que na liderança autocrática o líder centraliza suas decisões e impõe suas ordens ao grupo, podendo-se perceber nesse tipo de liderança agressividade, tensões, frustrações e nenhuma espontaneidade no grupo, fator que dificulta o relacionamento interpessoal entre as pessoas que compõem a organização, com essa centralização do líder, ocorre uma dependência dele, o que faz com que o trabalho só se desenvolva com sua presença.

De acordo com Miinicucci (1995) é possível perceber a liderança autocrática nos militares, onde há a presença de forte hierarquia e centralização do poder, onde a iniciativa por parte dos subordinados não é permitida, não sendo possível identificar, portanto, sua espontaneidade na realização das atividades. Descrevendo as características do líder autocrático, Felix et al. (2013, p. 9) mencionam que:

Determina diretrizes sem a participação do grupo, além de determinar as técnicas para a execução das tarefas. É ele também que indica qual a tarefa de cada um dos colaboradores e quem será o companheiro de trabalho de cada um. É inflexível e dominador, causando mal estar organizacional. Tem postura essencialmente diretiva, dando instruções sólidas, e não deixa espaço para criatividade dos liderados. Este líder, nos elogios ou nas críticas que faz, dirige-se diretamente aos colaboradores, nominando publicamente os eventuais autores de faltas cometidas e/ou de atos dignos de elogios. As consequências desta liderança estão relacionadas com a ausência de espontaneidade e de iniciativa, e pela inexistência de qualquer amizade no grupo. O trabalho só se desenvolve na presença do líder, visto que, quando este se ausenta, o grupo produz pouco e tende a indisciplinar-se. É o estilo que produz maior quantidade de trabalho.

Nesse contexto, verifica-se na liderança autocrática um ambiente tenso, onde o papel dos colaboradores que formam a empresa se resume a atender as ordens do seu líder, sem questionar ou participar de suas idéias, verificando-se que pode ser desencadeados problemas como a falta de motivação para realização das atividades.

No que diz respeito às vantagens e desvantagens da liderança autocrática, Botelho e Krom (2010) mencionam que na liderança autocrática não há espaço para a iniciativa pessoal, com facilidade para geração de conflitos entre os membros da equipe, bem como insatisfação e desmotivação, destacando-se como desvantagem desse tipo de liderança a quase inexistente participação dos subordinados nas decisões, além do que o espaço de tensões e conflitos,

trazer insatisfação e desmotivação aos colaboradores, refletindo negativamente nos resultados. Como vantagem menciona-se a rapidez com que as decisões são tomadas e as atividades realizadas sem maiores questionamentos, o que aumenta a produtividade.

Já o líder democrático tem-se uma participação ativa de seus subordinados, considerando suas opiniões, sugestões e críticas, sendo a equipe sempre estimulada e assistida pelo líder. O feedback também é uma característica forte desse tipo de líder já que está sempre estimulando sua equipe com elogios e críticas, não se colocando como superior a eles, mas sim como parte da equipe. Nesse tipo de liderança a tomada de decisão é do líder, todavia, com a contribuição de toda a equipe.

Na liderança democrática, de acordo com Santos e Assunção (2010) as atividades são conduzidas e orientadas pelo líder, que incentiva a participação do grupo com ideias e inovações, assim, há estímulo para que seja desenvolvida uma comunicação espontânea, franca e cordial entre os membros da equipe e seu líder, promovendo um clima harmônico, de motivação e satisfação.

Luck (2002) afirma que a liderança democrática é uma forte característica das organizações modernas, trazendo características que impulsionam a criatividade e a inovação, sem sair do poder do líder, que permanece a frente, todavia, como bom ouvinte, considera as opiniões de seus subordinados, levando para sua decisão final aqueles que se mostraram mais coerentes.

Botelho e Krom (2010) destacam que apesar das vantagens trazidas pela liderança democrática, é imprescindível que se considere as desvantagens que podem ser trazidas como o fato dos subordinados não reconhecerem devidamente o papel do líder no processo, além disso pelo fato da tomada de decisão levar em conta a opinião dos subordinados, esta pode ser mais demorada. Felix et al. (2013, p. 10) elucidam que na liderança democrática:

O Líder assiste e instiga o debate entre todos os colaboradores. É o grupo que esboça as providências e técnicas para atingir os objetivos e todos participam nas decisões. Cada membro do grupo decide com quem trabalhará e o próprio grupo que decide sobre a divisão das tarefas. O líder procura ser um membro igual aos outros elementos do grupo, não se encarregando muito de tarefas. É objetivo, e quando critica limita-se aos fatos. Este tipo de liderança promove o bom relacionamento e a amizade entre o grupo, tendo como consequência um ritmo de trabalho suave, seguro e de qualidade, mesmo na ausência do líder. O comportamento deste líder é de orientação e de apoio. É o estilo que produz maior qualidade de trabalho.

Dessa forma, entende-se que a liderança democrática, por considerar as ideias dos subordinados, promovendo a participação destes em comum acordo com o líder que direciona e define as atividades se mostra bastante viável para as organizações atuais, sendo capaz de criar um clima organizacional satisfatório, com satisfação e motivação. Destaca-se que apesar de considerar a opinião de toda a equipe, a tomada de decisão continua sendo papel do líder.

Por fim, o estilo liberal, como o próprio nome já sugere, tem-se uma maior liberdade para a tomada de decisões entre a equipe com a participação mínima do líder, as atividades correm soltas, não há direcionamentos por parte do líder, a equipe atua como bem entende.

A liderança liberal, também conhecida como laissez-faire, de acordo com Santos e Assunção (2010) trata-se daquela em que o líder delega totalmente as decisões ao grupo, deixando-os livres na realização de atividades, sem controle. Nesse tido de liderança de acordo com os autores impera o individualismo agressivo e pouco respeito ao líder. Sobre a liderança liberal, Felix et al. (2013, p. 9) dissertam:

O líder não se impõe e não é respeitado. Os liderados têm total liberdade para tomar decisões, quase sem consulta ao líder. Não há grande investimento na função, havendo participações mínimas e limitadas por parte do líder. O grupo é que decide sobre a divisão das tarefas e sobre quem trabalha com quem. Os elementos do grupo tendem a pensar que podem agir livremente, tendo também desejo de abandonar o grupo. O líder não regula e nem avalia o grupo, e faz alguns comentários irregulares sobre as atividades apenas quando questionado. A produção não é satisfatória, visto que se perde muito tempo com discussões e questões pessoais. Este é frequentemente considerado o pior estilo de liderança.

Provavelmente esse tipo de liderança traga mais prejuízos aos resultados da organização que os demais apresentados neste estudo, visto que não há um controle das atividades realizadas e a tomada de decisão não é feita com coerência, bem como não há a figura inspiradora de um líder.

Como bem destaca Minicucci (1995), na liderança liberal os resultados são insatisfatórios, visto não haver socialização e a predominância ser de decisões individualistas, com o desenvolvimento das atividades sendo realizado ao acaso, destaca-se que por predominar o individualismo, geralmente, o clima organizacional das equipes com esse tipo de liderança não é harmonioso.

Vale destacar as vantagens e as desvantagens da liderança liberal citadas por Botelho e Krom (2010). Como vantagens é possível citar o alto nível dos colaboradores no seu desempenho, o que decorre da sua independência, já que tendem a desenvolver seus próprios objetivos, os quais muitas vezes agregam valor à organização. Enquanto as desvantagens ficam a cargo do nível de comunicação que é baixo, desalinhando os objetivos da equipe, além desta não receber feedback de seu líder sobre seu desempenho e resultados.

Acredita-se que entre os três tipos de liderança citados, o mais indicado é o estilo democrático, que traz consigo uma participação da equipe, todavia, uma postura forte e ativa do líder que atua de forma a orientar sua equipe, ouvindo suas opiniões e críticas, e utilizando-as na tomada de decisões.

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