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Ligações entre os principais protagonistas e as fontes de informação

para a previsão de tendências

Fonte: Adaptado de Neves e Branco (2000)

Os principais protagonistas no processo serão investigados a seguir. Dentre eles podemos destacar as fontes internas de informações para a cadeia têxtil (mercados primário, secundário e terciário) e as fontes externas, especialmente os gabinetes de pesquisa de tendências, os observatórios. Por fim, também o comportamento dos consumidores é elencado em contribuição à configuração das tendências, tal como elas se apresentam, e são inseridas na indústria e no mercado. A começar pelos mercados, esses se configuram da seguinte forma:

a) Mercado Primário

A investigação das empresas do setor primário é de importância indispensável, pois são estas que produzem as matérias-primas e fabricam os tecidos e demais materiais que serão utilizados durante todo o restante do processo de desenvolvimento de uma nova coleção. Essa é a fonte inicial da cadeia têxtil, cuja influência se estende até o momento da confecção.

Maria Débora Fernandes Pontes | UFPE | Pós-Graduação em Design | Design da Informação | 2014

Nessa categoria de informação de tendências para a indústria, se destacam algumas empresas de abrangência mundial, como por exemplo a Bayer, a DuPont, , a Montfibre, a Basf, a Lenzing, a Toray,(Figura 15) dentre outras (NEVES; BRANCO, 2000, s/p), que se encarregam de coletar e organizar dados sobre fibras, pigmentos e técnicas.

Figura 15: Página institucional da empresa Toray

Fonte: Toray84

b) Mercado Secundário

São os fabricantes, que então se encarregam de fazer a ligação entre os produtores de matérias-primas e os criadores e marcas que irão, por fim, comercializar os produtos (mercado terciário).

Como costuma estar relacionado de forma muito direta com os outros dois mercados, encontra-se submetido às informações que vem destes, tendo a maioria de suas organizações situadas em setores de economia emergente. Demonstram, dessa forma, pouca autonomia quanto à geração de informação de moda e tendências.

c) Mercado Terciário

Se trata do grupo de empreendimentos que compra e vende, a fim de gerar lucros, seja em pontos de venda (lojas de departamentos ou lojas de marcas)(Figura

Maria Débora Fernandes Pontes | UFPE | Pós-Graduação em Design | Design da Informação | 2014

16) ou por meio de criadores. É um mercado forte, capaz de influenciar toda a cadeia de consumo. Geralmente, é muito próximo deste setor que atuam os gabinetes de forecasting85.

É desses empreendimentos que deriva a maior parte das informações de moda e tendências para a grande massa de consumidores. Porém, diferentemente das tendências a longo prazo, para eles é mais interessante antecipar o que pode ser consumido de imediato.

Figura 16: Página institucional da Bloomingdale's, loja de departamentos norte

americana

Fonte: Bloomingdale's86

O trabalho da pesquisa de tendências geralmente é desenvolvido por bureaux de estilo (agências ou gabinetes),empresas especializadas em pesquisa, que fazem parte da rede de informações da Cadeia Produtiva de Moda. O papel desses profissionais está, segundo análise de Lindkvist, em “detectar mudanças nos negócios e nas sociedades” (2010, p.16). Ou, conforme complementa Godart (2010, p.74), consiste em “[...] sair da toca e tornar disponíveis para os profissionais [da criação] os estilos futuros”.

Cabe aqui delimitar dois tipos de tendências amplamente utilizados na indústria de moda: as tendências que surgem no interior da cadeia produtiva e as tendências de caráter sociológico/antropológico, fundamentadas em estilos de vida e hábitos dos consumidores.

85 (inglês) Previsão.

Maria Débora Fernandes Pontes | UFPE | Pós-Graduação em Design | Design da Informação | 2014

O primeiro tipo são as tendências que surgem do mercado primário, dos criadores de moda da Alta-Costura ou das linhas top de Prêt-à-Porter. Esses últimos, por se tratarem de um setor criativo de caráter mais vanguardista, seus criadores detém a possibilidade de investir mais em inovação e criatividade, visto que os ateliês de Alta-Costura funcionam, nessa instância, como um “laboratório de ideias”87. Os produtos são direcionados a públicos mais exclusivos, e desse modo, os profissionais possuem uma maior liberdade na criação. Essa liberdade lhes permite criar tendências, que serão posteriormente desfiladas nas grandes semanas de moda mundiais, e copiadas por grande parte restante das indústrias de confecções. Ou como reforça o autor:

Por ocasião de um desfile de moda, uma casa de moda apresenta um conjunto de designs que constituem uma coleção. Cada design é uma interpretação específica das tendências estilísticas da estação, ou de algumas delas pelo menos, e daquilo que podemos chamar e herança estilística da casa de moda, seu estilo próprio”88

Alguns estilistas podem trabalhar com apenas uma fonte de informações, enquanto outros podem usar várias fontes, cruzando dados e buscando os que se repetem. Outro canal de transmissão a mídia e as publicações especializadas que transmitem informações para o grande público. Segundo Treptow:

Ao realizar uma pesquisa sobre inspirações de moda, o designer pode usar vários materiais, como vídeos, fotografias, revistas, anotações de viagens, entre outros. Uma observação mais apurada ajuda a identificar elementos de estilo. São considerados elementos de estilo de uma estação os pontos que aparecem com maior frequência na pesquisa de tendências, como um tipo de tecido, um comprimento de calça, um desenho de estampado. A fotografia é muito útil neste caso, pois possibilita agrupar essas referências identificadas em painéis de tendências (TREPTOW, 2005, p.83).

87Ibidem, p.45

Maria Débora Fernandes Pontes | UFPE | Pós-Graduação em Design | Design da Informação | 2014

Figura 17: Modelo de painel de tendências

Fonte: Site stealthelook

Sendo fundamental para os produtores de moda saber muito previamente quais tendências estilísticas vão se impor (LINDKVIST, 2010), os pesquisadores dos bureaux de estilo e dos gabinetes de previsão de tendências (também conhecidos por “coolhunters”, “retrievers”, “innovators” e “insiders” – denominações que remetem ao conceito de caça) procuram analisar com bastante antecedência, quais os materiais que estarão disponíveis na natureza e no mercado, a fim de manter a cadeia produtiva sempre alimentada de informações. Segundo Palomino (2012), tal antecedência chega a ser de dois anos para a prospecção de fios e cores, um ano e meio para os tecidos, um ano para as formas que serão adotadas em uma temporada (Ver Esquema13).