3.4.1 Fenantrolina
A 1,10-Fenantrolina (phen), estrutura apresentada na Figura 18, é um ligante quelante clássico para íons metálicos de transição, desempenhando um papel importante na química de coordenação (LUMAN; CASTELLANO, 2004). A versatilidade desse ligante para a química orgânica, inorgânica e supramolecular tem sido bastante aplicada, principalmente como material de partida. As características estruturais da fenantrolina determinam a capacidade de coordenação à centros metálicos, por se tratar de um sistema heteroaromático rígido, hidrofóbico, deficiente eletronicamente e com átomos doadores posicionados de modo a facilitar o efeito quelante (SAMMES; YAHIOGLU, 1994).
Figura 18- Estrutura do Ligante Fenantrolina.
Fonte: Autor, 2018.
N
N
O ligante phen pode formar facilmente diversos tipos de complexos, como octaédricos em solução aquosa do tipo [M(phen)(H2O)4]2+, [M(phen)2(H2O)2]2+ e [M(phen)3]2+ com metais
da primeira série de transição, por exemplo. Mesmo com a baixa capacidade σ-doadora dos átomos de nitrogênio, a phen proporciona um ambiente estável devido a maior contribuição entrópica, em consequência da natureza hidrofóbica (ANDEREGG, 1963).
Apesar da baixa capacidade σ-doadora dos átomos de nitrogênio, existe uma compensação devido à natureza π-receptora da phen, ocorrendo uma contribuição entálpica decorrente das fortes ligações com o metal, similarmente a como foi reportado com complexos de etilenodiamina com metais da primeira série de transição (ANDEREGG, 1963; PAOLETTI, 1984).
3.4.2 Azida
A química de azida (N3-), estrutura apresentada na Figura 19, tem sido explorada por
mais de um século, sendo que uma das motivações para o estudo da azida deve-se a característica explosiva desse composto. Devido às múltiplas ligações N-N, existe a possibilidade de polimerização induzida e coordenação a um centro metálico (PORTIUS; DAVIS, 2013).
Figura 19- Estrutura do Ligante Azida.
Fonte: Autor, 2018.
As azidas orgânicas têm uma fraca estabilidade térmica e relativamente alta sensibilidade a estímulos mecânicos. No caso das azidas inorgânicas, tem-se ampla aplicação como precursores na química preparativa de compostos nitrogenados tais como nitretos, como uma fonte de nitrogênio quimicamente pura, como reagente de explosivos em iniciadores e muitos outros (PORTIUS; DAVIS, 2013; ZIOLO et al., 1972).
As azidas inorgânicas exibem uma ampla estabilidade no que diz respeito à decomposição explosiva. Além disso, azidas de constituição simples podem ser usadas para verificar modelos teóricos, estrutura cristalina, e a reação química (PORTIUS; DAVIS, 2013). Entre poliazidos e outros complexos ricos em nitrogênio, azido complexos homolépticos têm sido bastante estudados. Investigações sobre estes tipos de complexos abordam a pesquisa
-
NH NH NH N NH2 C H3 CH3
fundamental para moléculas, carregados ou neutros, que suportam um máximo de nitrogênio reativo, mantendo um certo grau de estabilidade cinética (ZIOLO et al., 1972).
3.4.3 Metformina
A metformina (met), estrutura apresentada na Figura 20, pertence à classe das biguanidas, é quimicamente conhecida como3-(diaminometilideno)-1,1-dimetilguanidina.
Figura 20- Estrutura da Metformina.
Fonte: Autor, 2018.
A metformina é um agente anti-hiperglicêmico, que melhora a tolerância à glicose em pacientes com diabetes tipo 2, diminuindo tanto de glicemia plasmática basal quanto pós- prandial. A metformina não é quimicamente ou farmacologicamente relacionada a outras classes de agentes anti-hiperglicêmicos orais. Ao contrário das sulfoniluréias, a metformina não produz hipoglicemia em nenhum dos pacientes com diabetes tipo 2 ou indivíduos normais e não causa hiperinsulinemia. Com a terapia da metformina, a secreção de insulina permanece inalterada enquanto os níveis de insulina em jejum ao longo do dia podem realmente diminuir (SHEELA; MUTHU; SAMPATH KRISHNAN, 2010).
4 PARTE EXPERIMENTAL
4.1 REAGENTES UTILIZADOS
Para os procedimentos de síntese e caracterização dos compostos de coordenação foram utilizados reagentes de grau analítico que não foram submetidos a nenhum tratamento prévio ou purificação. Na Tabela 1 seguem listadas informações sobre todos os reagentes utilizados.
Tabela 1 - Reagentes utilizados na síntese e caracterização dos compostos.
Reagentes Fórmula Molecular Pureza Fabricante
Acetonitrila CH3CN 99,9 % Panreac
Ácido Clorídrico HCl 37,0 % Proquímicos
Água Destilada H2O __ __
Álcool Metílico P.A CH4O 99,5 % Proquímicos
Azida Sódica NaN3 99,0 % Labsynth
Brometo de Potássio KBr 99,0% Vetec Química Fica
Perclorato de Tetrabutilamônio
C16H36ClNO4 99,0 % Fluka Analytical
Dimetilsulfóxido P.A C2H6OS 99,9 % Vetec Química Fina
Fenantrolina Monohidratada
C12H8N2 · H2O 99,0 % Inlab
Metformina Cloridrato C4H12ClN5 99,0 % Valdequímica
Produtos Químicos
Molibdato de Sódio P. A NaMoO4.2H2O 99,5 % Cromato Produtos
Químicos
Fonte: Autor, 2018.
4.2 PROCEDIMENTOS DE SÍNTESE
4.2.1 Síntese do complexo precursor cis-[Mo(DMSO)2(O)2Cl2]
A síntese do complexo cis-[Mo(DMSO)2(O)2Cl2], estrutura apresentada na Figura 21,
foi realizada de acordo com um método descrito na literatura por Arnaíz et al. (2003). O composto obtido apresentou coloração branca e rendimento de 96,8 %.
Cl
O
O
Cl
N
N
Mo
Figura 21- Estrutura do complexo cis-[Mo(DMSO)2(O)2Cl2].
S
S
Cl
O
O
Cl
O
O
Mo
CH
3C
H
3CH
3C
H
3 Fonte: Autor, 2018.4.2.2 Síntese do complexo cis-[Mo(phen)(O)2Cl2]
O complexo cis-[Mo(phen)(O)2Cl2], estrutura apresentada na Figura 22, foi obtido a
partir do precursor. A síntese foi realizada adaptando-se um método descrito na literatura, que utilizava a acetonitrila como solvente (VRUBEL, 2007), dissolvendo-se 0,100 g (0,282 mmol) do complexo cis-[Mo(DMSO)2(O)2Cl2] em 3 mL de metanol. Em seguida, 0,0555 g (0,280
mmol) de fenantrolina, previamente dissolvida em metanol, foi adicionada à solução do complexo precursor. A formação de um precipitado foi observada. O sistema reacional foi mantido sob agitação à temperatura ambiente por duas horas. A mistura foi resfriada por trinta minutos, seguida da filtragem em funil de placa porosa e secagem em dessecador. O composto obtido apresentou cor branca, com rendimento de 74,4 %.
Figura 22- Estrutura do complexo cis-[Mo(phen)(O)2Cl2].
4.2.3 Síntese do complexo cis-[Mo(phen)(O)2(N3)2]
A síntese do complexo cis-[Mo(phen)(O)2(N3)2], estrutura proposta na Figura 23, foi
realizada dissolvendo-se 0,100 g (0,282 mmol) do complexo cis-[Mo(DMSO)2(O)2Cl2] em 3
mL de metanol, seguida da adição de 0,0732 g (1,12 mmol) de azida sódica previamente dissolvida em metanol. A mistura reacional foi mantida sob agitação, à 80 °C por duas horas. Após decorrido o tempo reacional, adicionou-se 0,0555 g (0,280 mmol) de fenantrolina previamente dissolvida em metanol. A síntese se sucedeu por mais duas horas à temperatura ambiente. O sólido de cor bege foi filtrado em funil de placa porosa, lavado com água destilada e metanol e mantido em dessecador. A síntese do composto apresentou rendimento de 65,6 %.
Figura 23- Estrutura proposta do complexo cis-[Mo(phen)(O)2(N3)2].
Fonte: Autor, 2018.
4.2.4 Síntese do complexo cis-[Mo(met)(O)2Cl2]
O complexo cis-[Mo(met)(O)2Cl2], estrutura proposta apresentada na Figura 24, foi
obtido a partir da dissolução de 0,100 g (0,282 mmol) do precursor cis-[Mo(DMSO)2(O)2Cl2]
em 3 mL de água destilada, seguida da adição de 0,0467 g (0,282 mmol) de metformina cloridrato previamente dissolvida em água destilada. O sistema reacional foi mantido sob agitação por quatro horas, à temperatura ambiente. Decorrido o tempo de reação, o sólido branco obtido foi filtrado em funil de placa porosa e mantido em dessecador. O procedimento de síntese apresentou rendimento de 35, 2 %.
N O O N N N Mo N N N N
Figura 24- Estrutura proposta do complexo cis-[Mo(met)(O)2Cl2].
Fonte: Autor, 2018.