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O DF apresenta três (b, c, d) das quatro características definidas neste capítulo (item 4.1) como uma área que possui limitação de dados. Conforme já apresentado no Capítulo 3 - item 3.1, a rede de monitoramento de poluição atmosférica do DF ainda é incompleta e pouco representativa. A rede é composta por sete estações fixas que monitoram PTS, SO2 e NO2. Vale destacar que dentre os materiais particulados, o PTS não é mais considerado como relevante pelos órgãos de referência internacional em padrões de qualidade do ar, EPA(EPA, 2013a) e OMS (OMS, 2010). Além disso, o DF possui uma relação de 0,8 estações por 1.000 km2 e 0,32 estações para cada 100 mil habitantes. Comparando com redes consideradas

eficientes, segundo Alves et al. (2014), só nos EUA e na Europa (áreas significativamente maiores que o DF) possuem 0,5 e 1,7 estações por 1.000 km2, respectivamente; e respectivos

valores de 16 e 14,8 estações para cada 100 mil habitantes. Comparando as áreas do território brasileiro que possuem rede de monitoramento (Quadro 4), vê-se que o DF ainda carece de investimentos para melhoria da rede.

Quadro 4 - Áreas do território brasileiro que possuem rede de monitoramento.

Estado Cobertura Número de estações Tipo de monitor (quantidade)

Distrito Federal Brasília, Sobradinho e Taguatinga 7 Manual (7)

Espírito Santo Vitória 8 Automático (8)

Minas Gerais Belo Horizonte 9 Automático (9)

Paraná Curitiba 12 Manual (4), automático (7), semiautomático (1)

Rio de Janeiro

Região Sul, Região metropolitana, Médio Paraíba e

Norte Fluminense 108

Semiautomático (53), automático (55)

Bahia Salvador 21 Automático (21)

Rio Grande do Sul Caxias do Sul e região Serrana Porto Alegre, Rio Grande, 24 Automático (14), manual (10)

São Paulo Santista, Vale do Paraíba, Litoral São Paulo, Campinas, Baixada

Norte e cidades do interior

83 automático (43), manual (28) Semiautomático (12),

Sergipe Aracaju 1 Manual (1)

Fonte: Instituto de Energia e Meio Ambiente (IEMA, 2014).

E quanto ao sistema de saúde do DF, especificamente quanto ao banco de dados dos pacientes, também apresenta uma série de limitações. Por exemplo, não são integrados a um SIG e não são relacionados com outras bases de dados, tais como, transporte, meio ambiente ou dados socioeconômicos.

4.2.2 DADOS

Neste estudo foram utilizados quatro conjuntos de dados: inventário de poluição, saúde, endereçamento residencial e setor censitário.

Quanto aos dados de inventário, o objetivo é mostrar que é um dado alternativo no caso de áreas que não possuem uma rede de monitoramento, ou quando a rede ainda é ineficiente. Os dados de inventário são decorrentes dos resultados apresentados pelo Capítulo 3 - Distribuição espacial do inventário de emissões veiculares.

Em relação aos dados de saúde, foram fornecidos pelo Ministério da Saúde – Datasus (DATASUS, 2013) por meio de solicitação formal. Os dados são referentes às pessoas atendidas e internadas nos hospitais do DF durante o período de 2008 a 2013 (com informações diárias) por motivo de doenças do sistema respiratório e circulatório. Os dados fornecidos apresentaram a classificação pessoal de cada paciente quanto à idade e o endereço residencial. Especificamente quanto ao endereço, não foram fornecidos o exato endereço com vista à preservação da integridade dos pacientes. Destaca-se que os dados originais fornecidos pelo Ministério se apresentam em formato de planilha eletrônica.

Quanto aos dados de endereçamento residencial, foram fornecidos pela Sedhab (2012). Os dados têm o formato espacial vetorial do tipo polígono, são referentes ao ano de 2012 e são sobre o sistema de endereçamento de todo o DF. Não há no DF uma padronização de endereçamento para toda área urbana. Mas em geral, o endereçamento é classificado segundo a seguinte ordem hierárquica: regiões administrativas (RA), setores, quadras, conjuntos e lotes (Figura 23).

Figura 23 - Padrão de endereçamento adotado na maior parte das áreas urbanas no DF.

Fonte: Produção do próprio autor.

E em relação aos dados do setor censitário, foram fornecidos pelo IBGE (2012b). Os dados utilizados se referem ao número de pessoas classificados por idade que vivem em cada setor censitário. Essa base de dados tem o formato espacial vetorial do tipo polígono e se refere ao ano de 2010.

4.2.3 ANÁLISES

Inicialmente, o dado original sobre a ocorrência de doenças foi relacionado com a base de dados espacial da Sedhab (2012). O objetivo desse processo foi criar o banco de dados geográfico (BDGeo). O endereço dos pacientes foi o parâmetro base para a criação desse BDGeo. O endereço estava disponível em ambas as fontes, Ministério da Saúde (endereço dos pacientes) e Sedhab (sistema de endereçamento). Porém, a definição de endereçamento entre o Ministério da Saúde e a Sedhab não são correlacionáveis, o que necessitou a padronização das informações para posterior sincronização das bases de dados. Essa padronização foi feita de forma manual. Em seguida, foi calculada uma taxa de incidência para os dados de saúde do BDGeo usando como referência a população residente de cada nível de endereçamento considerado (dados do IBGE). As taxas de incidências foram integradas (relacionamento espacial) junto com os dados de poluição (inventário). Essa integração permitiu estimar a quantidade de poluente em cada endereço de paciente. Por fim, foi avaliada a relação entre o local de residência de cada paciente com a poluição atmosférica. A Figura 24 apresenta o fluxo dos procedimentos realizados no estudo.

Figura 24 - Fluxograma da avaliação entre poluição e saúde.

INVENTÁRIO CapÍtulo 3 DOENÇAS Ministério da Saúde ENDEREÇAMENTO Sedhab SETOR CENSITÁRIO IBGE BDGeo Taxas de incidência Interpolação Integração

Poluição e saúde Avaliação da relação

Fonte: Produção do próprio autor.

Destaca-se que os dados de inventário decorrentes do Capítulo 3 se referem a cada segmento de via estudado. Para a análise do presente capítulo, foi necessário estimar uma superfície de poluição identificada pelo inventário. Para isso, usou-se o método de interpolação conhecido como IDW – inverse distance weighting. O IDW estima os valores em função da distância e magnitude dos pontos adjacentes amostrados (PHILIP, 1982 apud ESRI, 2008). A equação 1 apresenta a formulação algébrica utilizado pelo IDW.

Zj = ∑ Zi dijβ ⁄ ∑ 1 dijβ ⁄ Equação 7 Em que, Zj é o ponto a ser interpolado, dij a distância de Zja amostra Zi, e β é o peso estipulado.

E quanto à avaliação da relação entre saúde e poluição, foi utilizado o teste de correlação de Pearson e uma análise de regressão espacial OLS – Ordinary Least Squares. Como o objetivo do presente estudo não foi criar um modelo que represente a ocorrência de doenças do sistema cardiorrespiratório, o método OLS foi utilizado somente com o intuito de verificar a direção e significância do coeficiente β de cada variável preditora (poluição do ar). Por fim, destaca-se que foram utilizados os programas ArcGis e SPSS v.20 como ferramenta operacional na análise deste capítulo.

4.3 RESULTADOS