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Centrou-se o trabalho nas possibilidades ilimitadas do design em conceituar, desenvolver e influenciar alterações (socioculturais e técnico-industriais) que permitam melhorar a relação do homem com o meio ambiente através de novos produtos automotivos.

Para BAXTER (1998, p.3), “os melhores designers do futuro serão multifuncionais e se sentirão à vontade discutindo: pesquisa de mercado; planejamento cuidadoso; fazendo rendering16 a cores de um novo produto ou selecionando o tipo de material que deve ser usado no produto. O mais importante é ter conhecimentos básicos e metodológicos para o desenvolvimento de novos produtos, para coordenar as atividades de projeto. Os conhecimentos específicos poderão ser obtidos com outros profissionais dentro da própria empresa ou com consultores externos. A capacidade de usar métodos básicos em cada uma dessas três áreas – Marketing, Engenharia e Design Industrial – capacitará o designer a ter uma visão global sobre o processo de desenvolvimento de novos produtos.”

Eco-Design e Seleção de Materiais no Transportation Design Capítulo 1 – Introdução

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Tendo por referência tal afirmativa, esta pesquisa de caráter exploratório para o mestrado em Engenharia de Materiais – com ênfase em DESIGN E ENGENHARIA/SELEÇÃO DE MATERIAIS, vem verificar através da teoria e prática, a aplicação de metodologias de três áreas distintas mas complementares, que são:

• DESIGN INDUSTRIAL – este priorizando os aspectos do ÉCO-DESIGN voltado ao setor automotivo, os ganhos e impactos positivos que este vem a propor. Abordou-se o Design Industrial devido às suas características múltiplas de formação, com o intuito de promover uma visão mais abrangente do contexto Transportation Design. Esse apoio interdisciplinar permite ao designer maior autonomia nos projetos. Por autonomia aqui entende-se a capacidade de estudar características técnicas dos materiais e processos e discuti-las com os respectivos profissionais, aproximando o design da engenharia;

No que refere ao Design Industrial SOUZA (2002, p.2) afirma, “o principal

papel do design é conceber e integrar soluções criativas e técnicas, visando o enfrentamento de problemas nas diversas fases de desenvolvimento dos produtos e serviços, exercendo, desta forma, forte influência na comercialização do produto final.

PUERTO complementa (apud. SOUZA, 2002, p.2), “as contribuições do designer industrial envolvem, sobretudo, análise de necessidades, assimilação de informações, experimentos ergonômicos, estudos de viabilidade técnica e econômica, além de especificação de processos, convergindo para a materialização de uma proposta. (...) O especialista em design será o intermediador entre fabricante e consumidor, técnica e ambiente, homem, cultura e produto. Portanto, para a empresa, o designer desempenha a função de catalisador interno, enquanto que, para o mercado, funciona como interlocutor da postura da empresa e do desempenho do produto frente ao ambiente e à sociedade.”

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• ENGENHARIA DE MATERIAIS – esta voltada à SELEÇÃO DE MATERIAIS no setor produtivo e ao suporte interdisciplinar. A Engenharia de Materiais no trabalho (Seleção de Materiais), refere-se ao suporte técnico oferecido pela Engenharia de Materiais. Suporte este importante para o designer por possibilitar maior liberdade na concepção e desenvolvimento de novos produtos;

SOUZA (2002, p.2) destaca a relevância do design compreender os conceitos da engenharia com: “as definições de materiais e sistemas produtivos no design industrial estão, de modo geral, associadas à utilidade do objeto, à otimização da linha de montagem, à redução de custos e a uma forte orientação para o mercado, buscando, de um lado, a viabilidade técnico-construtiva, de outro, o sucesso na aceitabilidade do produto através das vendas.”

Para ASHBY (apud. ASSUNÇÃO, 1999, p.143), “os materiais são o que poderíamos, talvez, chamar de ‘recheio’ do design. Os processos são o que dá a forma à essa matéria prima do design.”

• MEIO AMBIENTE – este apresenta-se como um fator para uma maior e melhor otimização dos sistemas produtivos. O prefixo ECO tornou-se um forte aliado da sociedade por auxiliar na otimização dos recursos naturais. O conceito de Ecologia neste trabalho está diretamente ligado ao “ciclo de vida dos produtos”, bem como, na sua relação com à economia. Diretamente ligados, o binômio ECOLOGIA/ECONOMIA tem gerado uma série de mudanças no mercado mundial, apresentando forte demanda.

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Já no âmbito do design orientado ao ambiente, SOUZA (2002, p.2) define, “este conceito amplia-se, trazendo para a esfera do projeto as questões referentes aos impactos da produção em seus mais distintos estágios. Esta metodologia tem como foco, portanto, intervenções de design quanto à facilidade de reutilização e recondicionamento dos produtos, sua atualização (upgrading), identificação dos materiais, desmontagem, reciclagem, remanufatura e, sobretudo, outras possíveis destinações mais integradas às características do meio ambiente”.

NIEMEYER (1998, p.12), por sua vez, resume no seguinte, “(...) o design aparece como a coordenação, onde o designer tem a função de integrar os aportes de diferentes especialistas, desde a especificação de matéria-prima, passando pela produção à utilização e destino final do produto. Neste caso a interdisciplinaridade é a tônica”.

CARNEIRO (2001, p.91) coloca, “as mudanças na utilização dos recursos naturais estão ligadas por dois aspectos fundamentais. O primeiro diz respeito à crescente mobilização e conscientização da sociedade – principalmente nos países desenvolvidos – em torno da necessidade de proteção do meio ambiente e da busca de melhor qualidade de vida, sensibilizando a opinião pública e até mesmo o consumidor, cujas decisões de compra são cada vez mais influenciadas pelas informações acerca dos impactos ambientais associados ao ciclo de vida de um produto ou serviço. O segundo aspecto refere-se à percepção por parte das empresas de que a gestão ambiental pode render-lhes inúmeras vantagens competitivas, através da adequação dos processos produtivos, com a utilização mais racional dos recursos naturais disponíveis, associada a uma redução dos resíduos gerados e a um aumento da eficiência energética.”

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Suprir as necessidades geradas pelos “selos verdes” tornou-se um atributo estratégico na economia mundial, ora forçadas pelas normas ambientais, ora pela sociedade. Com a Declaração da ONU (Estocolmo – 1972) sobre Meio Ambiente, o mundo passou a olhar as questões industriais/sociais com novas indagações, desafio que está apenas iniciando.

DIAS (2000, p.226) apresenta a complexidade das questões ambientais com o seguinte: “os problemas de combustíveis e da emissão de poluição possuem componentes políticos (pelas decisões que têm que ser tomadas), tecnológicos (pelas soluções técnicas encontradas para os problemas), socioeconômicos (pelos reflexos que as decisões podem produzir); éticos (pelo tratamento diferenciado dado aos países pela mesma indústria), ecológicos (pelas conseqüências advindas ao ambiente) e culturais (em aceitar ou não o tratamento diferenciado, em perceber ou não o problema como componente de degradação de qualidade de vida, principalmente nos centros urbanos).”

Capítulo 2