• Nenhum resultado encontrado

Limites e Possibilidades de Obtenção de Informações Técnicas

Capítulo 2 O Fluxo de Informação na Rede de Relacionamentos do

2.5. Limites e Possibilidades de Obtenção de Informações Técnicas

No SOC, a formalização do conhecimento se dá através da identificação precisa, que permite a diferenciação entre os itens de suprimento e resulta do conhecimento das características dimensionais, mecânicas, elétricas, físicas e químicas referentes ao conceito do item; ou seja, consistem de detalhes da fabricação do item, como estrutura, materiais, composição química, dados elétricos, dimensões, formação ou arranjo dos componentes, princípios de operação, etc. Resulta, ainda, do conhecimento das características de desempenho, que consistem em ações ou serviços peculiares previstos a serem executados pelo item em virtude das suas características supra citadas.

A atribuição de um NSN, a partir do cumprimento de métodos de identificação padronizados e do uso de bancos de dados, permite acrescentar informações julgadas de utilidade gerencial para o planejamento, a implementação e o controle, relativas a todas as atividades logísticas presentes na rede de fornecimento, como: serviço ao cliente, previsão de volume de pedidos, comunicações, distribuição, controle de estoque, movimentação de materiais, processamento de pedidos, suporte, compras, embalagem, manuseio de devoluções, remoção de lixo industrial, tráfego e transporte, armazenagem e estocagem, e outras julgadas necessárias. Neste caso, a linguagem e as ferramentas logísticas comuns são essenciais para a troca de informações técnicas e operacionais entre os seus parceiros, permitindo a interoperabilidade das suas redes de fornecimento.

O uso do SOC poderia proporcionar redução de custos e elevação de eficiência em todos os estágios de aquisição e gerenciamento dos recursos, desde a compra inicial, passando pelo suprimento, até o armazenamento, distribuição, redistribuição, manutenção, reparo e descarte. Também permitiria a racionalização dos estoques, repassando o estoque de um item em particular, pertencente a um usuário específico, para outros usuários requerentes; ou consolidando

os pedidos de obtenção dos diversos usuários do item, promovendo a competição entre os fornecedores durante a obtenção, e reduzindo, portanto, o monopólio dos mesmos.

Esses benefícios são apontados por Pergolesi (2003:2), ao afirmar que a identificação e a codificação exercem um papel central dentro do conceito de Suporte Logístico Integrado (SLI), que busca maximizar a efetividade de qualquer sistema, desde a perspectiva operacional e financeira, até o conceito de ciclo de vida total, garantindo que o sistema está pronto para o uso durante a máxima quantia de tempo com o mínimo uso de recursos.

No entanto, a identificação de itens de suprimento só é possível após a obtenção destas informações de especificações dimensionais, mecânicas, elétricas, físicas, químicas e de desempenho do produto, necessárias para a codificação dos conceitos dos itens, além dos dados correspondentes às suas respectivas entidades organizacionais. Para tal, existem os STANAGs 4438 e 4177 a serem seguidos.

Considera-se que os dados para codificação, possíveis de serem obtidos, são compostos por dados relativos a(o):

a) Produto, sendo descritivos completos (aqueles aos quais estão contidas todas as características essenciais, presentes no “Federal Identification Information Guide” - FIIG), que proporcionam a distinção de um item de suprimento de todos os demais, inclusive entre itens com o mesmo Nome Aprovado de Item (nome padronizado pelo SOC), ou seja, o seu conjunto de características individualiza o produto em comparação a qualquer outro, constando descrições completas dos itens de suprimento para todas as suas especificações dimensionais, mecânicas, elétricas, físicas, químicas e de desempenho), descritivos parciais (pelo menos o nome e mais um outro quesito precisam ser respondidos.) e gerenciais (aqueles que apresentam informações que irão facilitar o manuseio, estocagem, obtenção, conservação, transporte, como: quantidade de itens na embalagem, resistência da embalagem, preço, exposição ao sol e a umidade, etc); e b) Entidades organizacionais, sendo chamados de referência e informando o código fabril/referência/"Part Number", os endereços e as formas de contato com as entidades organizacionais (compreendem as organizações privadas e governamentais que fabriquem ou detenham a especificação técnica utilizada em reparo, manutenção, revisão, certificação e/ou normalização dos itens de material e serviços), e se o item é fabricado sob licença, baseado em padronização, dentre outras.

O STANAG 4438 (Brasil, 2003a:89-90) estipula um Sistema Uniforme de Disseminação de Dados descritivos, gerenciais e referenciais associados aos NATO Stock Numbers. A troca de dados entre os NCBs sempre ocorre por intermédio da NAMSA, que deverá fazê-lo de acordo com o “Memorandum of Understanding” (MOU), pois o mesmo estipula os serviços a serem prestados pela NAMSA aos usuários do SOC. Assim, um país pode aceitar que os seus dados sejam disseminados, com alguma restrição ou não, por outros países ou pela NAMSA.

Este acordo, de um modo geral, prevê que os países OTAN mantenham as suas informações de dados descritivos, gerenciais e referenciais atualizados, de modo a serem disseminados livremente e de forma recíproca no âmbito da OTAN, só havendo a necessidade de acordos bilaterais nos casos excepcionais em que uma das partes os solicite.

Porém, a divulgação de informações descritivas e gerenciais entre países OTAN e não- OTAN, bem como entre os países não-OTAN que não foram previamente autorizadas no Memorandum of Understanding, pode ocorrer após acordos bilaterais “país per país”, onde, caso as partes queiram, os seus dados podem ser divulgados entre as mesmas. Segundo OTAN (2003:61), a Dinamarca, a França, a Alemanha, a Itália, o Reino Unido e os Estados Unidos exigem, para autorizarem a troca de dados, que seja feito um acordo em separado com os países não-OTAN. Ou seja, sem a presença desses acordos, um país só pode disseminar os seguintes dados pertencentes a outro país: o NSN, o nome do item e a sua referência.

Os demais dados, ou seja, as informações descritivas e gerenciais, extraídas da documentação dos fabricantes para efeito de catalogação, podem ser divulgados às agências governamentais nacionais e internacionais, com a finalidade de estabelecer um apoio logístico eficiente. Mas, também podem ser divulgados aos fornecedores de bens e serviços, sob acordos de confidencialidade, que necessitem dos mesmos para cumprir as exigências contratuais impostas pelos órgãos de obtenção; sendo que, as informações consideradas “segredo comercial”, em todo ou em parte, não poderão ser disseminadas fora destes círculos governamentais sem a autorização expressa e por escrito do fabricante.

O STANAG 4177 (Brasil, 2003a:87-88) estipula os princípios e as regras para um Sistema Uniforme de Aquisição de Dados no qual, sempre que aplicável, todos os seus signatários utilizarão cláusulas em seus contratos de aquisição de recursos, ou mesmo contratos equivalentes independentes, visando a obtenção, junto aos fornecedores, de informações descritivas, gerenciais e referenciais julgadas úteis a todas as atividades logísticas. Assim, nos

editais de licitações e nos contratos de aquisições de recursos que venham a ser introduzidos no acervo das Forças Armadas Brasileiras, deverão estar presentes tais mecanismos legais; o que, no futuro, com a possível expansão do SISMICAT para um Sistema Nacional de Catalogação, espera-se que aconteça, também, com todas as Organizações Públicas da União, as Autarquias e as Fundações Públicas Federais.

Nota-se, portanto, interesses nem sempre convergentes, havendo a necessidade de uma coordenação permanente, uma vez que quaisquer desenvolvimentos significativos, ou mudanças antecipadas feitas por um país, podem afetar a disseminação dos dados.

2.6.

Considerações Finais

As linguagens padronizadas, como a “linguagem do SOC” e do EAN-UCC, são a base para os meios de comunicação instituídos entre as redes de relacionamentos complexas e internacionalizadas e podem permitir o uso eficiente e eficaz da informação, melhorando as condições de percepção e assimilação das mesmas. O uso conjunto do SOC e do EAN-UCC pode proporcionar usufruir do melhor das duas linguagens, pois o primeiro resolve os fatores complicadores da linguagem, ou seja, os termos sinônimos e homônimos, enquanto o segundo dá rastreabilidade aos produtos.

Isso pode ajudar na formação de cadeias de valor em rede, com interoperabilidade entre os seus elos, resultando em vantagens competitivas e em impactos na forma de distribuição das riquezas. Para isso, a disseminação das informações de interesse, auxiliada pelas tecnologias de informação, pode significar um insumo estratégico para uma produção industrial menos custosa e com mais qualidade, que visa atender uma necessidade social correspondente à existência de um mercado final.

No entanto, os interesses nem sempre são convergentes, havendo a necessidade de uma coordenação permanente para a obtenção e disseminação das informações, num processo que, respeitados os acordos internacionais, depende fortemente do planejamento do comprador e da negociação entre ele e o seu fornecedor.