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CAPÍTULO 3 – REABILITAÇÃO E REFORÇO ESTRUTURAL DE PONTES METÁLICAS

3.8 S OLUÇÕES DE R EABILITAÇÃO

3.8.1 Limpeza e decapagem da estrutura

Todas as superfícies metálicas, antes de qualquer outro trabalho de reabilitação ou reforço, deverão ser objeto de limpeza e decapagem, que remova todo e qualquer resquício de pintura, gorduras, óleos, tintas, calamina, carepas e outros produtos da corrosão, para permitir, em consequência, que seja possível com a máxima fiabilidade:

 Conhecer e reproduzir, graficamente, a geometria dos diversos elementos metálicos e dos seus conectores;

 Capacitar estas superfícies para serem protegidas contra a corrosão e, assim, bem receberem os elementos de reforço e reparação que sobre eles ou entre elas irão ser aplicados.

Para as intervenções de limpeza e decapagem da estrutura metálica os graus de preparação primária de superfície obtidos com decapagem, de acordo com as Normas EN ISO 8501-1:2007 [46] e EN ISO 8501-4:2006 [47] são os seguintes (Tabela 3.7):

Tabela 3.7 – Graus de preparação de superfície, de acordo com as Normas ISO 8501-1 [46] e ISO 8501-4 [47]

Método de

Preparação preparação Grau de Caraterísticas essenciais das superfícies preparadas

Decapagem por projeção de abrasivos

Sa 1 Decapagem ligeira por projeção de abrasivos

Quando analisada a olho nú, a superfície deve mostrar-se livre de óleos, gorduras e sujidade, assim como de calamina, ferrugem, tintas e matérias estranhas¹ pouco aderentes.

Reabilitação e Reforço de Pontes Metálicas Centenárias Rodoviárias em Portugal

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Sa 2 Decapagem cuidada por projeção de abrasivos

Quando analisada a olho nú, a superfície deve mostrar-se livre de óleos, gorduras e sujidade, assim como da maior parte de calamina, ferrugem, tintas e matérias estranhas¹.

Qualquer contaminação residual deverá estar bem aderente².

Sa 2½ Decapagem muito cuidada por projeção de abrasivos

Quando analisada a olho nú, a superfície deve mostrar-se livre de óleos, gorduras e sujidade, assim como de calamina, ferrugem, tintas e matérias estranhas¹.

Quaisquer vestígios de contaminação residual terão o aspecto de leves manchas na forma de pontos ou faixas.

Sa 3 Decapagem por projeção de abrasivos até aço visualmente limpo

Quando analisada a olho nú, a superfície deve mostrar-se livre de óleos, gorduras e sujidade, assim como de calamina, ferrugem, tintas e matérias estranhas¹.

Deve apresentar uma cor metálica uniforme.

Decapagem manual ou mecânica3

St 2 Limpeza manual e mecânica cuidada

Quando analisada a olho nú, a superfície deve mostrar-se livre de óleos, gorduras e sujidade, assim como de calamina, ferrugem, tintas e matérias estranhas pouco aderentes.

St 3 Limpeza manual e mecânica muito cuidada

Como para St 2, mas a superfície deve ser tratada com muito mais minúcia para se obter um brilho metálico.

Decapagem com jacto de

água a alta pressão

Wa 1 Decapagem ligeira com jacto de água a alta pressão

Quando analisada a olho nú, a superfície deve mostrar-se livre de óleos e gorduras, tinta pouco aderente ou em más condições, ferrugem solta e outras matérias estranhas. Qualquer contaminação residual deve encontrar-se dispersa aleatoriamente e firmemente aderente.

Wa 2 Decapagem cuidada com jacto de água a alta pressão

Quando analisada a olho nú, a superfície deve mostrar-se livre de óleos, gorduras e sujidade assim como da maioria da ferrugem, revestimentos por pintura anteriores e outras matérias estranhas. Qualquer contaminação residual deve encontrar-se dispersa aleatoriamente e pode consistir em revestimentos ou matérias estranhas, desde que firmemente aderentes, ou manchas de ferrugem existente previamente.

Wa 2½ Decapagem muito cuidada com jacto de água a alta pressão

Quando analisada a olho nú, a superfície deve mostrar-se livre de ferrugem, óleos, gorduras, sujidade, revestimentos por pintura anteriores e, com excepção de leves vestígios, de outras matérias estranhas. A superfície pode apresentar descoloração em zonas onde o revestimento original não se encontre intacto. A descoloração cinzenta ou castanha/negra, que se observar em aço corroído e com picadas, não se consegue eliminar prolongando a utilização deste sistema de limpeza.

Notas:

1. O termo “matérias estranhas” pode abranger sais solúveis em água e resíduos do processo de soldadura. Estes contaminantes nem sempre se conseguem remover na totalidade com decapagem por projeção de abrasivo, limpeza manual ou com ferramentas ou decapagem à chama; pode tornar-se necessário recorrer à decapagem húmida por projeção de abrasivos.

2. A calamina, a ferrugem e as tintas consideram-se pouco aderentes quando se levantam facilmente com uma espátula romba.

Capítulo 3 – Reabilitação e Reforço Estrutural de Pontes Metálicas As superfícies de aço que nunca antes tenham sido revestidas podem encontrar-se cobertas, em maior ou menor escala, por ferrugem, calamina e outros contaminantes (poeiras, gorduras, sais solúveis, resíduos, etc.). As condições iniciais em que se encontram essas superfícies estão definidas na Norma ISO 8501-1: “Preparação de superfícies de aço antes da aplicação de tintas e produtos similares – Avaliação visual da limpeza de superfícies” [46].

A Norma ISO 8501-1 [46] identifica 4 níveis (designados como “graus de oxidação”), que se encontram normalmente nas superfícies de aço não revestido e nas superfícies de aço armazenadas, como se pode observar na Tabela 3.8

Tabela 3.8 – Graus de oxidação, de acordo com a Norma ISO 8501-1 [46]

Grau de

Oxidação Padrões Fotográficos Caraterísticas essenciais das superfícies de aço

A Superfície de aço revestida por calamina aderente

e praticamente sem corrosão

B Superfície de aço com oxidação residual e onde a

calamina começa a desprender-se.

C Superfície de aço cuja calamina desapareceu pela ação da oxidação ou que pode eliminar-se raspando, mas com leves picadas visíveis.

D Superfície de aço cuja calamina desapareceu por ação da oxidação e em que se observam numerosas picadas.

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A norma ISO 8501-1 [46] identifica também certos graus de limpeza visual (designados como graus de preparação) após a preparação da superfície de aço não revestido e das superfícies de aço depois de eliminar totalmente qualquer revestimento anterior.

Para a decapagem de pontes metálicas centenárias recomenda-se habitualmente um grau de preparação Sa 2½ou Sa 3.

A Figura 3.46 mostra as condições iniciais e graus de preparação de substratos de aço após preparação de superfície por decapagem com jacto abrasivo.

Figura 3.46 – Condições iniciais e graus de preparação de substratos de aço após preparação de superfície por decapagem com jacto abrasivo [48]