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7. Dark Camps of Genocide – Campos de Genocídio Negros

2.2.5. Cemitérios do Mundo

2.2.5.1. O Caso de Lisboa

Sinalizámos na cidade de Lisboa a utilização de alguns cemitérios como objeto de interesse turístico. Vejamos quais.

2.2.5.1.1.Cemitério Municipais: O Cemitério dos Prazeres e o Cemitério Alto do S. João

O Cemitério dos Prazeres encontra-se na parte ocidental da cidade, onde se localizavam as residências de moradores, alguns dos mais ilustres da sociedade, daí encontrarem-se sepultadas várias pessoas de grande importância histórica.

No talhão dos Artistas estão inumados, entre outros: Antonio Tabucchi (escritor), Cândida Branca Flor (cantora), Carlos Paredes (guitarrista), Cesário Verde (poeta), Henrique Mendes (apresentador e ator), Mário Cesariny (pintor e poeta), Raúl Indipwo (pintor), Zita Duarte (atriz).

Para além dos artistas, os visitantes querem visitar o Mausoléu de D. Pedro de Sousa Holstein, Duque de Palmela, onde se encontram inumados cerca de 200 corpos e restos mortais pertencentes à família e aos criados, sendo considerado o maior mausoléu particular da Europa. O seu interior representa um Templo Maçon e a capela incorpora várias estátuas de escultores importantes como Canova, Teixeira Lopes e Calmels.

Para além disto, desde novembro de 2001, na capela encontra-se o Centro de Interpretação dos Cemitérios Municipais de Lisboa, no âmbito do Projeto de Valorização Cultural dos Cemitérios de Lisboa.

No dia 28 de junho de 2013, deslocamo-nos até este cemitério para o conhecer, onde nos foi disponibilizado um funcionário para nos acompanhar. A visita foi guiada pelo técnico Daniel Oliveira, coveiro e fotógrafo freelancer, cujo nome artístico é Daniel Pedrogam e tornou-se conhecido, em 2010, pelas fotografias a preto e branco que tirava ao túmulos e gatos que vagueavam pelo Cemitério dos Prazeres.

O Centro de Interpretação dos Cemitérios Municipais de Lisboa encontra-se neste cemitério por ser considerado o mais monumental da cidade e o seu espólio advém da

48 recolha de capelas e jazigos abandonados. O início da visita dá-se na antiga sala das autópsias que deixou de funcionar em 1889. Em seguida dirigimo-nos à sala expositiva, onde se encontram os primeiros livros de registos dos cemitérios, terminando no primeiro piso, dividido em cinco salas temáticas: "A Fé", com objetos de culto e brinquedos; "A Luz", onde se encontram objetos para iluminarem os entes-queridos na vida eterna; "As Flores", que contém os jarros que serviam para ornamentar, pois as flores perfumavam o jazigo10; "A Ostentação", que reúne alguns dos mais importantes objetos do espólio e a sala da “Reflexão”, onde é possível encontrar a informação sobre a evolução do sentido da morte na sociedade.

Relativamente ao cemitério, a visita foi guiada pela Dra. Brígida que destacou que é cemitério que tem o maior número de ciprestes, transformando o lugar mais agradável, em dias de imenso calor. Além disto, a secção do Regimento de Sapadores Bombeiros permite uma vista deslumbrante sobre a Ponte 25 de Abril, tendo já sido alvo de filmagens para novelas e filmes. Quanto aos cerca de 71 mil jazigos, foram alvo de um levantamento exaustivo, estando alguns identificados sobre a sua situação com letras A (abandonado) ou P (prescrito). Os mais interessantes estão identificados com uma placa e encontram-se destacados nos folhetos que o cemitério tem disponível para dar, divididos em diversos temas: Arquitetura Funerária; Estatuária; Grandes Homens; Heráldica; Morte e Imortalidade e Símbolos Profissionais.

No caso do Cemitério do Alto S. João, apesar de no contacto feito por e-mail, terem- nos informado que estaria uma pessoa ao dispor para nos acompanhar, tal não foi possível.

Este cemitério possui o primeiro forno crematório do país, que data de 1925. Como pessoas ilustres sepultadas/cremadas podemos destacar: Alfredo Costa (jornalista), Álvaro Cunhal (político e escritor), António José de Almeida (6º Presidente da República), António Botto (poeta), Fernando de Lacerda (médium), Manuel Buíça (regicida que alvejou o Rei D. Carlos I e o Príncipe Real D. Luís Filipe), Óscar Monteiro Torres (1º aviador português a morrer em combate), sendo talvez o mais conhecido o poeta José Saramago, que fora aqui cremado.

Os visitantes normalmente são estrangeiros provenientes da França, Alemanha, Holanda, Inglaterra e Itália. Os ingleses e holandeses são conhecidos por serem ariscos

10 O Sr. Daniel Oliveira destacou que agora quase ninguém coloca flores nos jazigos, até mesmo já nem floristas existem perto dos cemitérios municipais, sendo agora mais para turistas do que para familiares.

49 e quererem tirar a chapa de zinco que tapa aos túmulos abandonados, para espreitarem lá para dentro. No caso do Cemitério dos Prazeres, os italianos pretendem conhecer o túmulo do escritor Antonio Tabucchi e muitos dos turistas acabam por visitar acidentalmente porque fazem o percurso do elétrico 28 que termina à frente do cemitério.

2.2.5.1.2 Cemitério Britânico

A visita guiada foi realizada no dia 29 de junho de 2013, pelo técnico responsável pela gestão dos espaços verdes, o Sr. Francisco Espirito Santo. De acordo com este senhor as visitas de estudo são escassas e normalmente provêm de escolas inglesas de Lisboa, sendo que de vez em quando aparecem cerca de 40 turistas, provenientes dos cruzeiros.

Quem visita o cemitério são pessoas que têm aqui a sua família sepultada e como estão no estrangeiro há 30, 40 anos, muitas vezes informam previamente a sua visita e solicitam alguém que os guie junto das campas dos familiares.

Caso o Sr. Francisco esteja presente no cemitério não se importa de o mostrar, sendo que começa com uma apresentação da história, mostrando depois o túmulo de Francis La Roche (primeiro do cemitério, data de 1724); a placa em memória de Thomas Barclay (1º Consul do Estados Unidos, que veio a falecer num duelo em Lisboa a 1793); o túmulo do escritor Henry Fielding; o da funcionária Adelina Pires (morreu em 2011 com 100 anos e trabalhou durante 73 anos para o cemitério, tendo sido condecorada pela Rainha Isabel II em 2006) e terminando no dos Ex-Combatentes da II Grande Guerra.

Relativamente à igreja, só abre em casos excecionais, dependendo do tipo de visitantes. No seu interior, foi-nos explicado que como a acústica da igreja é de elevada qualidade, já a tinham alugado para aí serem gravados as músicas para alguns filmes. No entanto, estas situações são raras, dependendo a igreja financeiramente dos funerais e doações ou da venda do livro “History of the Lisbon Chaplaincy” que custa 3€. Este livro, de 1965 contém um mapa com a identificação dos túmulos mais interessantes (Hampton, 1989:66).

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3. Porto: na rota do turismo cemiterial

Este capítulo e sub-capítulos têm por objetivo inserir o turismo cemiterial num espaço concreto, a cidade do Porto, justificá-lo no âmbito da área respetiva de turismo e analisar as potencialidades de atratividade. Por isso se inicia por uma brevíssima caracterização da cidade, a descrição das potencialidades gerais do turismo local e o encaixe do tipo de turismo que temos apresentado na oferta turística global.