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GRÀFICO 5 Distribuição setorial do IED no Brasil no período: 2000 – 2010

2. FLUXO DE INVESTIMENTO EXTERNO DIRETO NO MUNDO

2.2 TEORIAS SOBRE FLUXO DE INVESTIMENTO EXTERNO DIRETO

2.2.2 Localização da produção

Essa corrente é decorrente da teoria do comércio internacional que sugere que a localização da produção internacional se baseia em vantagens específicas a partir do custo de fatores. Acredita-se que a firma se estabelece em locais que obtenham menores custos de produção. Nesse sentido, a possibilidade de captar os recursos desejados no exterior per si é capaz de orientar a internacionalização de uma empresa que tem o intuito de melhorar a sua cadeia de valor. O movimento de IED, contudo, não pode ser reduzido a um método para ultrapassar barreiras comerciais e reduzir custos trabalhistas.

Dunning (1993) revisitou o termo "vantagens locacionais". Segundo o autor, os determinantes para a orientação do IED são complexos e abarcam não apenas o debate sobre acesso a recursos – que podem ser tanto de cunho tecnológico, financeiro, como sobre recursos naturais, desde que sejam abundantes na economia hospedeira. Outro aspecto que Dunning ressalta são as características do mercado da economia hospedeira. Segundo Lima (2005), os fatores de localização estão associados a características do país receptor. Assim, os fatores determinantes para o fluxo de IED são o sistema econômico do país de destino, os aspectos sociais e culturais, o ambiente político e legal, as características do mercado interno e a disponibilidade de recursos no país.

As vantagens de custos de produção são um componente importante da localização nas decisões em setores com baixos custos de transporte. Normalmente, há uma análise entre produtividade versus custo da força de trabalho. Dessa forma, há vários fatores que influenciam a produtividade e orientam o fluxo de IED, tais como: transporte e infraestrutura de telecomunicações de qualidade; capital humano, por exemplo, educação e motivação dos funcionários; qualidade, confiabilidade e os custos dos fornecedores locais, além dos recursos naturais.

As características do mercado têm sido consideradas cada vez mais importantes, especialmente quando a proximidade da produção se torna uma necessidade. Note o que pode ocorrer dentre as situações abaixo:

 O IED pode ser uma ferramenta para burlar as políticas protecionistas (tarifas, cotas, barreiras administrativas ao comércio). Além disso, as CTNs que se instalam em regiões protecionistas podem se beneficiar no acesso a mercados, especialmente, quando atua dentro de um bloco comercial.

 Para reduzir custos de transporte, barreira natural para o comércio, apesar das grandes melhorias advindas da revolução tecnológica, determinados setores se mostram mais promissores quando estão próximos aos seus mercados de destino, a exemplo dos de alimentos frescos ou serviços industriais.

 Do ponto de vista da logística, a aquisição de redes de distribuição já existentes pode ser utilizada para facilitar as exportações para a economia de destino.

Modelo das fases de Desenvolvimento

A teoria gradualista considera que os maiores desafios para a internacionalização são a falta de conhecimento e de recursos. Haveria, portanto, um processo gradual que ocorre em quatro fases: i) a atividade exportadora esporádica, ii) a atividade exportadora regular através de agentes independentes, iii) abertura de filiais comerciais no exterior, iv) abertura de filiais de produção no exterior. Tendo em vista a redução de riscos e a sua atividade internacional, as firmas buscariam, inicialmente, os países que oferecessem um maior grau de semelhança ao cenário nacional. Esse modelo, contudo, foi muito criticado por seu cunho determinístico.

A partir de estudo sobre a liderança tecnológica de produtos da economia americana do pós-guerra, Vernon (1966) foi o primeiro teórico a fazer uma relação direta entre comércio

internacional e IED em sua teoria do ciclo do produto. A teoria fazia uma descrição da sequência de expansão das empresas, as quais, inicialmente, estariam voltadas para o mercado doméstico e, paulatinamente, passariam a atender o mercado externo.

De acordo com o autor, inicialmente, a produção e a venda das firmas seria totalmente doméstica, uma vez que, no primeiro estágio, não há uma padronização do produto. Já no segundo estágio, as firmas passam a optar por exportar seus produtos, devido à combinação das vantagens de produção e inovação oferecidas pela economia doméstica. Por fim, no terceiro estágio, com a padronização do produto, o amadurecimento da tecnologia e a rotinização da produção, as empresas passam a optar por abrir subsidiárias em outros países.

Além da simplificação do processo produtivo com o amadurecimento tecnológico, a entrada de novos participantes na economia doméstica também seria um fator que favoreceria o IED. De acordo com Vernon (1966), optar pelo IED como modo de ingresso em uma economia específica se dá não só pela redução dos custos de produção no exterior, mas também pela ameaça das perdas com a entrada de novos concorrentes na economia de origem. E como a análise dá importância fundamental ao elemento de inovação, Vernon defende que esses movimentos tenderiam a surgir em economias intensivas em capital e não em economias intensivas em mão de obra.

O trabalho de Vernon foi muito criticado por seu aspecto determinístico e, segundo algumas interpretações, a teoria do ciclo do produto legitima o imperialismo da expansão das CTNs americanas da década de 1960.

Muitos conflitos entre multinacionais e governos são apontados por Vernon como as necessidades de adaptação da economia hospedeira ante a possibilidade de benefícios futuros com o IED. O autor, contudo, aponta que a decisão sobre a entrada do IDE em um país em desenvolvimento depende da política adotada pelo PED. Segundo Vernon (1972, p. 29):

Qualquer nação que tenha pensado muito sobre a sua política em relação ao investimento direto externo como a Índia tem, em geral, que realizar um malabarismo entre três objetivos. Um dos desejos é o rápido crescimento. o segundo é o desejo para a realização de uma distribuição eqüitativa da renda (...). Um terceiro objetivo é controlar o próprio destino nacional, na medida em que as condições da sociedade permitirem.23 (tradução livre).

23

Any nation that has thought very much about its policy toward foreign direct investment, as India clearly has, generally finds itself juggling with three sets of objectives. One of these is the desire for rapid growth. A second is the desire for the achievement of an equitable distribution of income(…). A third objective is to control one's own national destiny, to the extent that the conditions of world society permit. (VERNON, 1972, p. 29)

Nesse sentido, as consequências da entrada de IED em um país não são meramente fruto da expansão do capitalismo, tais consequências são o resultado das políticas públicas empregadas.

Geografia Econômica

A disposição geográfica da atividade econômica tem sido vastamente analisada. Alfred Marshall, antes de 1920, já havia analisado as possíveis causas da aglomeração econômica, o mercado se vale: a) da mão de obra especializada concentrada na região; b) do nível de desenvolvimento do comércio e de fornecedores que abasteçam insumos intermediários; c) da intensidade do fluxo de informações, especialmente, o fluxo de tecnologia, know-how entre firmas. De acordo com a terminologia moderna, Marshall defendia que os aglomerados econômicos se formavam devido ao spillover de mercados especializados e à integração entre firmas forward e backward com o mercado local.

Krugman (1991) fez um estudo cujo enfoque era a construção de modelos para análise processo de aglomeração – produtores e consumidores tendem a se concentrar – com ênfase nos ganhos de economia de escala com relação ao mercado de trabalho e mercado de insumos. Ao modelar as fontes de rendimentos crescentes para a aglomeração, pode-se compreender como e quando os rendimentos podem mudar, trazendo consequências para o comportamento econômico dos atores.

Custos fixos na indústria, a disposição regional dos mercados e os custos de transporte determinam o processo de concentração. Os padrões locacionais, contudo, não são fixos. Uma vez que se atinge uma massa crítica de capital associada à acumulação da infraestrutura específica de uma indústria, há uma migração do investimento para novos centros. Há, portanto, uma tensão entre forças centrípetas – decorrentes de ganhos com economia de escala – que favorecem a concentração e as forças de mercado centrífugas que induz a aplicação de IED em outro aglomerado econômico.

Nesse sentido, a estrutura existente industrial pode ser um importante determinante para a atratividade de IED. Fornecedores de bens intermediários e de força de trabalho de especialização tecnológica são algumas das vantagens locacionais para a atração de empresas.

 O advento de indústrias de serviços, como bancos e consultores, que seguem os seus clientes, e, uma vez estabelecidos, prestam serviços e fornecem informações para outros potenciais investidores.

 No caso específico da indústria automotiva, os fornecedores de insumos intermediários acompanham seus clientes.

 Tanto o mercado de trabalho deve se qualificar para atender as exigências da CTN, quanto as instituições locais passam a se adaptar às novas necessidades e atualizam seus padrões de qualidade.

 Os processos de inovação tendem a ser localizados e o conhecimento, em estágios iniciais de desenvolvimento, tende a se manter na região. O empreendedorismo inovador concentrado em uma área contribui para a competitividade das empresas, além de potencializar a entrada adicional de investidores na região.