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GRÀFICO 5 Distribuição setorial do IED no Brasil no período: 2000 – 2010

2. FLUXO DE INVESTIMENTO EXTERNO DIRETO NO MUNDO

2.2 TEORIAS SOBRE FLUXO DE INVESTIMENTO EXTERNO DIRETO

2.2.3 Organização Industrial

O IED é mais comum em indústrias que se favorecem com ganhos de economias de escala; ativos diferenciados e intangíveis, com diferenciação de produtos e estrutura de mercado de oligopolístico. Isto é, há uma tendência maior de se testemunhar investimento entre as economias de alta renda (IED horizontal), em detrimento de IED vertical, que ocorre quando se explora as diferenças de custos de fatores.

Segundo a abordagem da concorrência oligopolista, acredita-se que a relação entre investimento direto e tempo de investimento, no curto prazo, está muito mais orientada por ações estratégicas das CTNs, do que os diferenciais do lugar de destino do investimento. As multinacionais consideram suas posições estratégicas em mercados importantes em relação a seus principais concorrentes. Só então há uma decisão sobre as formas de entrada em um mercado.

Fontes de vantagem competitiva

Os investidores estrangeiros têm uma desvantagem competitiva em relação aos concorrentes locais devido à falta de informação sobre as condições do mercado local e aos

custos mais elevados de comunicação e transporte. Para superar estas desvantagens e operar em mercados estrangeiros, as empresas multinacionais devem ter algum tipo de vantagem específica.

Nesse sentido, as empresas multinacionais exportariam essencialmente a capacidade de reprodução de seus ativos diferenciais. Os ativos corporativos relevantes incluem os ativos físicos, direitos de propriedade intelectual e os ativos intangíveis incorporados no capital humano da empresa, tais como gestão, marketing, engenharia e recursos financeiros. As vantagens competitivas surgem de "núcleo competências”, tais como know-how tecnológico e a capacidade de criação de valor. Dunning (1993) distingue vantagens de que as CTNs se valem para fundamentar a internacionalização de suas atividades:

 Vantagem com relação a recursos – quando a firma possui vantagem com base nos seus ativos, o que inclui direitos de propriedade e ativos intangíveis,

 Vantagens de governança – quando a empresa multinacional já instalada possui vantagens em relação a entrada de um de novo participante,

 Vantagens decorrente da multinacionalidade – ao atuar em vários países, a CTN tem acesso a informações preciosas o que gera aprendizado que é internalizado pela firma.

Hymer (1968) apresentou a primeira obra contrária aos postulados clássicos e com capacidade de isolar a teoria do IDE das teorias de comércio. Ao contrário da abordagem que compreende o fluxo de IED em função das taxas de retorno, Hymer ressalta que os fatores determinantes para explicar o investimento internacional são as operações internacionais das empresas - unidade de análise da teoria. Dessa forma, para se compreender o IED, é necessário analisar as operações internacionais e o seu financiamento.

Hymer (1968) verificou que os setores que mais promoviam IED, na época, estavam concentrados em poucos segmentos industriais marcados por uma estrutura oligopolizada e de concorrência imperfeita. Nesse contexto, o IED se torna viável quando a firma possui vantagens competitivas únicas cuja origem pressupõe falhas de mercado.

Para operar internacionalmente, as firmas deveriam ter posse de diferenciais como patentes, de produtos específicos, de melhores conhecimentos técnicos, de maiores facilidades de financiamento, etc. Só assim poderiam competir com as empresas locais. O acesso a fatores de produção de custo reduzido, a tecnologia superior, o acesso à logística diferenciada por meio de canais de distribuição chave, a oferta de produtos diferenciados, todos são fontes de vantagens que viabilizariam a internacionalização da produção. Tais vantagens únicas

possibilitariam o retorno do investimento da CTN frente aos custos de ser uma firma estrangeira.

Hymer (1968) ainda analisou as vantagens e desvantagens da atuação das CTNs. De um lado, as empresas multinacionais tendem a contribuir com a difusão tecnológica e contribuir para a integração econômica por meio do acesso a mercados internacionais de bens, serviços e capitais. Por outro lado, o autor apresenta questionamentos acerca das externalidades negativas do IED como a tendência à oligopolização da produção internacional, o que pode provocar sérios problemas econômicos pela eliminação da concorrência; além de conflitos políticos com governos, já que, com a concentração de poder financeiro, as CTNs podem contribuir para a erosão do poder tradicional dos Estados.

Segundo Kindleberger (1969), em um mundo de competição perfeita de bens e fatores, o IED não seria viável. Assim como Hymer, Kindleberger entende que, nas condições de concorrência perfeita e sem intervenção governamental, as firmas locais sempre teriam uma vantagem em relação às firmas estrangeiras. Nesse sentido, a firma estrangeira precisa de vantagens compensatórias para conseguir concorrer com o investidor local.

Conforme Kindleberger (1969), para que o investimento direto exista deveria haver algumas imperfeições nos mercados de bens ou fatores, ou alguma interferência na competição por parte do governo ou por parte das firmas.

A estrutura de certos mercados – competição monopolística – orienta o aparecimento do investimento direto estrangeiro. Segundo Lima (2005), as vantagens monopolísticas poderiam ser identificadas nas seguintes situações: i) concorrência imperfeita no mercado de bens, dada por diferenciação de produto, habilidades especiais de marketing, preços administrados, etc; ii) competição imperfeita no mercado de fatores, incluindo discriminação no acesso de capital, tecnologia não disponível, existência de patentes, etc; iii) intervenção governamental, como por exemplo, através da imposição de tarifas que encorajem a entrada de novas firmas estrangeiras; iv) economias de escalas internas e externas, incluindo as dadas por integração vertical.

Para Caves (1971), a diferenciação de produto, patente e as barreiras à entrada de novas firmas são condições de existência de IED. O investimento externo orientado pelas estruturas do mercado poderia ser de dois tipos: investimento horizontal, quando caracterizado pela produção dos mesmos bens produzidos na matriz, e investimento vertical, caracterizado pela produção de matérias-primas.

Nova Teoria do Comércio Internacional

Orientados por uma linha de pensamento semelhante aos trabalhos de Hymer (1968), Kindleberger (1969) e Caves (1971), Markusen e Venables (1995) elaboraram um modelo sobre as firmas multinacionais para as novas teorias de comércio. Diferentemente das teorias clássicas do comércio, esses autores defendem que quanto mais parecidos o nível de desenvolvimento dos países e o padrão da demanda, mais fácil é o comércio entre os mesmos. As explicações relativas a esse comércio podem vir de duas hipóteses: a) pode-se atribuir tal padrão de comércio à existência de economias de escala; b) existem teorias que procuram enfatizar o lado da demanda, a fim de explicar esse comércio intraindustrial.

A semelhança dos bens produzidos facilita o atendimento às demandas de potenciais importadores, de modo que a concorrência entre os países é exercida a partir de um processo de diferenciação do produto. Os resultados encontrados pelos autores mostraram que a introdução das CTNs elevava o bem estar de ambos os países, nos casos em que são semelhantes com relação à renda, de dotação de fatores e de tecnologia, e se os custos de transporte fossem relativamente elevados.

Entretanto, com baixo custo de transporte e alta diferença entre as economias, a presença da CTN tenderia a beneficiar a economia hospedeira. Segundo essa abordagem, a empresa multinacional poderia ser instrumento de transferência de benefícios para as nações pobres.