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Para os diferentes pensamentos que você tem, seus circuitos cerebrais disparam sequências, padrões e combinações correspondentes que então geram níveis mentais iguais àqueles pensamentos. Quando essas redes específicas de neurônios são ativadas, o cérebro produz substâncias químicas específicas com a exata assinatura correspondente a esses pensamentos, a fim de que você possa sentir-se como estava pensando.

Portanto, quando tem pensamentos grandiosos, amorosos ou alegres, você produz substâncias químicas que o fazem sentir-se grandioso, amoroso ou alegre. O mesmo é válido se você tem pensamentos negativos, de temor ou impaciência. Em uma questão de segundos, você começa a se sentir negativo, ansioso ou impaciente.

Existe uma sincronia entre cérebro e corpo ocorrendo a cada instante. De fato, quando começamos a nos sentir do modo como estamos pensando – pois o cérebro está em constante comunicação com o corpo –, começamos a pensar do modo como o corpo está se sentindo. O cérebro monitora constantemente o modo como o corpo está se sentindo. Baseado na resposta química recebida, o cérebro gera mais pensamentos que produzem substâncias químicas correspondentes ao modo como o corpo está se sentindo, de modo que primeiro começamos a nos sentir de acordo com o que pensamos e a seguir pensamos conforme como nos sentimos.

Figura 3C. O relacionamento neuroquímico entre cérebro e corpo. Quando você tem certos pensamentos, o cérebro produz substâncias químicas que fazem com que você se sinta exatamente da maneira como estava pensando. Ao sentir-se da forma como pensa, você começa

a pensar conforme se sente. Esse ciclo contínuo cria um loop de retorno chamado “estado de ser”.

Vamos nos aprofundar nessa ideia ao longo do livro, mas considere que os pensamentos relacionam-se principalmente com a mente (e o cérebro), e os sentimentos estão conectados ao corpo. Portanto, quando os sentimentos do corpo alinham-se aos pensamentos de um estado mental particular, mente e corpo trabalham juntos como um só. E, como você vai lembrar, quando mente e corpo estão em uníssono, o produto final é denominado “estado de ser”. Poderíamos dizer ainda que o processo de continuamente pensar e sentir e sentir e pensar cria um estado de ser que produz efeitos em nossa realidade.

Um estado de ser significa que nos acostumamos a um estado mental- emocional, um modo de pensar e um modo de sentir que se tornaram parte de nossa autoidentidade. Assim, descrevemos quem somos pelo modo como pensamos (e, portanto, nos sentimos) ou somos no presente

momento. Estou furioso, estou sofrendo, estou inspirado, estou inseguro, estou pessimista…

No entanto, ao se passar anos tendo certos pensamentos e então sentindo-se do mesmo modo, e daí pensando igual a esses sentimentos (o hamster na roda), cria-se um estado de ser memorizado no qual podemos declarar enfaticamente nossa afirmação de eu sou como algo absoluto. Isso significa que estamos no ponto em que nos definimos como esse estado de ser. Nossos pensamentos e sentimentos fundiram-se.

Por exemplo, dizemos: sempre fui preguiçoso, sou uma pessoa ansiosa, sou normalmente inseguro de mim, tenho problemas para me dar valor, tenho pavio curto e sou impaciente, realmente não sou lá muito inteligente etc. E esses sentimentos particulares memorizados contribuem para todos os nossos traços de personalidade.

Aviso: quando os sentimentos tornam-se maneiras de pensar, ou se não conseguimos pensar maior do que nos sentimos, jamais podemos mudar. Mudar é pensar maior do que a forma como nos sentimos. Mudar é agir de forma maior do que os sentimentos do eu memorizado. Isso é ser maior do que o corpo.

Como exemplo prático, digamos que você está dirigindo para o trabalho de manhã e começa a pensar no encontro acalorado que teve uns dias atrás com um colega de trabalho. Ao ter pensamentos associados àquela pessoa e à experiência específica, seu cérebro começa a liberar substâncias químicas que circulam por seu corpo. Muito rapidamente, você começa a se sentir exatamente da forma como está pensando. Provavelmente você fica furioso.

Seu corpo envia uma mensagem de volta para o cérebro, dizendo: é sim, estou me sentindo realmente furioso. Claro que seu cérebro, que se comunica constantemente com o corpo e monitora sua organização química interna, é influenciado pela mudança súbita no modo como você se sente. Como resultado, você começa a pensar de modo diferente. (No momento em que você começa a se sentir do modo como pensa, começa a pensar do modo como se sente.) Inconscientemente, você reforça o mesmo

sentimento ao ter pensamentos contínuos de raiva e frustração, que então fazem você sentir-se ainda mais furioso e frustrado. De fato, seus sentimentos agora controlam seus pensamentos. Agora seu corpo dirige sua mente.

Com a continuidade do ciclo, seus pensamentos raivosos produzem mais sinais químicos para o corpo, que ativam as substâncias adrenais associadas aos sentimentos de raiva. Aí você fica enraivecido e agressivo. Você sente o rosto avermelhar, o estômago dá um nó, a cabeça lateja, e os músculos começam a se retesar. Quando todos esses sentimentos inflamados inundam o corpo e alteram sua fisiologia, o coquetel químico dispara um conjunto de circuitos no cérebro, fazendo que você pense igual às emoções.

Agora, na privacidade de sua mente, você está xingando seu colega de dez jeitos diferentes. Indignado, evoca uma ladainha de eventos passados que validam a incomodação atual, dá tratos à bola numa carta relatando todas as reclamações que sempre quis apresentar. Em sua mente, você já encaminhou a carta ao seu chefe antes mesmo de chegar ao trabalho. Sai do carro aturdido, enlouquecido, com vontade de matar. Está aí o modelo ambulante de uma pessoa furiosa… e tudo começou com um único pensamento. Nesse momento, parece impossível pensar maior do que a forma como você se sente – e por isso é tão difícil mudar.

O resultado dessa comunicação cíclica entre seu cérebro e seu corpo é que você tende a reagir de forma previsível nesse tipo de situação. Você cria padrões dos mesmos pensamentos e sentimentos familiares, comporta-se inconscientemente de modo automático e fica atolado nessas rotinas. É assim que o “você” químico funciona.

Sua mente controla seu corpo? Ou seu corpo