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Depois de atravessarmos o estreito entre as duas ilhas, chegamos a Sete Torres sendo recebidos pelos samurais que nos escoltaram até o castelo.

Chegando lá, encontramos um jovem imberbe chamado Shinpi Yugami, que se identificou como o filho mais velho de Yaku que gentilmente nos levou até a sala do trono.

O castelo por dentro era tão impressionante como o de Yoko, mas com a diferença de ser um pouco mais, digamos, relaxado.

Já Shinpi Yaku era um pouco extravagante em suas atitudes, as vezes fazendo-me lembrar de Marcel Guignol.

Mais pelo fato de estar rodeado de lindas mulheres trocando segredinhos com ele e tocando aqueles banjos esquisitos que os locais chamam de shamisen.

Ao lado dele, estava um conselheiro que geralmente tem um papel muito importante nesse lugar, as vezes chega até mesmo a ser braço-direito do daimyo.

Fizemos novamente o ritual de sangue e Nikolai usou sua habilidade de liderança para arrancar informações de Yaku.

Pouco conseguimos de importante com ele, mas ainda assim descobrimos que ele também ouviu o mesmo sussurro do pai o induzindo a lutar pelo poder e derrotar os outros irmãos na guerra pelo trono de Rokushima Taiyoo.

Depois de uma rápida reunião, Vareen e Caleb concluíram que a resposta estava nas ruínas do castelo do pai deles localizado mais ao norte, no território de Shinpi Yake, mais conhecido pela sua temida alcunha: o Dragão Vermelho.

Só tinha uma coisa a fazer.

Ir as ruinas setentrionais o mais rápido possível.

* * *

Depois de passarmos por neblina e algumas rochas, chegamos as ruinas e lá Caleb tentou chamar pelo espírito do antigo daimyo sem resposta.

Através das ruinas, descobrimos sinais de rachadura o que significa que o castelo foi arrasado por um terremoto.

De repente, senti um perigo iminente vindo da encosta.

Era uma chuva de flechas de fogo disparadas pelas tropas de Shinpi Yake. Realmente a recepção foi bastante calorosa para nós.

Tentei acalmá-los dando um tiro para o alto, mas como diz um velho ditado dementliano, o tiro saiu pela culatra e as flechas vieram ainda mais fortes.

No fim das contas, tivemos mesmo que nos render devido a minha mancada e, enquanto meus companheiros olhavam feio pra mim com Caleb chamando-me de idiota e dando um tapa na minha cabeça, os guardas nos levaram até o castelo Yoake Shiro.

E ao terceiro daimyo de nossa lista.

O temido Dragão Vermelho.

* * *

O castelo do Dragão Vermelho era praticamente igual ao de Gaudrin em Sithicus, ou seja, uma autêntica fortaleza.

Assim que entramos na sala do trono, vimos um homem mascarado e com os olhos fechados como se estivesse se concentrando para uma luta.

Era Shinpi Yake, o Dragão Vermelho com toda sua imponência.

Fizemos novamente o ritual e como seus irmãos, Yake também ouviu o mesmo sussurro do seu pai dizendo que ele é o herdeiro legítimo do domínio.

O selo nos foi entregue pelo conselheiro e Caleb foi a um dos templos para colocar arroz e saquê seguindo sua “penitência” por supostamente ter blasfemado os deuses.

O ritual foi feito e nada de anormal ocorreu.

William então começou sua invocação pedindo novamente a ajuda da barqueira para passar no teste que Yake propôs a nós.

A barqueira convocou um Kami do Fogo, uma espécie de monstro usando uma armadura pontiaguda para nos ajudar a passar pelas lavas sem nenhuma dificuldade.

Graças a tudo isso, conseguimos entregar de novo o selo para Shinpi Yake, que em um rompante de arrogância, entregou o selo ao próprio deus e as brumas o levaram para outro lugar.

A missão de paz era mais difícil do que imaginávamos, mas não podíamos desistir.

Esse tratado tinha que ser feito a qualquer custo, pois nossa sobrevivência estava em jogo.

Bem como a minha vingança contra aquele crápula do Leclerc que agora estava nas mãos de quatro irmãos que se odeiam.

Agora só resta encontrar Shinpi Yami e convencê-lo a se juntar a reunião de paz com os outros três irmãos numa desesperada tentativa de acabar com a guerra que assola Rokushima Taiyoo por anos a fio.

Mas nossos sofrimentos estavam apenas começando.

Parte III – Sonhos, Ilusões e Uma Ilha Convertida

Como teríamos que passar pelo Monte Gélido para chegar até o castelo Shiro Koori, onde encontra-se Shinpi Yami, Vareen sugeriu que retornássemos a Yoosai Kurai para não só conseguir informações sobre a montanha como também renovar nosso estoque de provisões que estava quase no fim.

A viagem estava sendo feita quando adormecemos após um dia tão agitado.

Tivemos um sonho muito estranho e que parecia bem real onde estávamos no casamento de Lucianinho com nossas melhores roupas.

Lembro-me de que estava ouvindo um grito de acorda, mas nem dei bola pra isso porque estava feliz com Charlotte e os gêmeos.

Mas vi que minha barriga estava roncando e a boca bastante seca, o que não era normal em um sonho.

Havia mesmo algo de estranho, mas estava bom demais pra ser verdade. Um tempo sem aventuras loucas nem caçadas sem sentido.

Nesse momento senti uma forte dor no peito como se estivesse levado um soco e o grito foi tão alto que consegui acordar.

Eu estava muito confuso quando vi meus companheiros em uniforme de expedição e Vareen nos explicou que ficamos por uma semana no barco sem comida e água.

Alguém provavelmente colocou um feitiço em nós e certamente pagará caro por isso.

E esse alguém deve ser um opositor ferrenho da nossa missão de paz, provavelmente um membro de uma das quatro facções que quer sabotar nossos esforços para continuar essa guerra insana e cruel.

* * *

Após todos despertarmos, a neblina saiu e surgiu uma mulher misteriosa vinda do fundo do lago.

Era a Dama do Lago que falou para nós sobre a situação reinante em Yoosai Kurai.

Lá, Shinpi Yoko havia se convertido a nova fé trazida pelos gaijins da Nova Hispânia três dias atrás e o povo desta ilha começou a sofrer as consequências deste ato.

Como se já não bastasse tudo isso, agora teremos que lidar com problemas religiosos que poderiam prejudicar ainda mais nossa missão que já era difícil por si só.

Era hora de irmos a Yoosai Kurai o mais depressa possível para ver o que estava acontecendo com nossos próprios olhos.

Bem como encontrar o responsável pela magia que nos fez dormir por uma semana.

* * *

Chegando ao castelo, meus companheiros e eu notamos algo estranho.

Os soldados aboliram as espadas e passaram a usar os arcabuzes como armas principais e os conselheiros de Yoko estavam agora usando trajes parecidos com os nossos.

Encontramos pelo caminho um desses conselheiros que ficou consternado com nosso estado deplorável e nos deu comida e água.

Identificou-se como Rafael e disse que viu sua mulher morrer depois de uma longa luta contra a doença e acrescentou defendendo seu povo com unhas e dentes e acima de tudo, valorizando a chegada do conhecimento pelos hispanos.

Eu, como bom dementliano que sou, defendo que o conhecimento precisa ser compartilhado com todos os povos, mas pergunto se vale a pena fazer isso sem esquecer suas tradições e crenças e sem destruir totalmente a cultura local?

Por sorte, tínhamos encontrado Matheus Motoyama que se ofereceu para nos levar até a filha de Yoko comentando o quanto a mudança repentina de religião está afetando o povo em Yoosai Kurai e arredores.

Assim que entramos no quarto, Caleb notou algo estranho nas mãos dela. Estavam repletas de estigmas e seu semblante havia mudado muito.

Ela havia invocado a Nossa Senhora da Lagoa e fez terríveis previsões, entre outras coisas, como a morte do pai dela e de seus três tios nessa guerra provocada por eles mesmos.

Vareen perguntou a ela quem foi o responsável por nos fazer dormir naquele barco e ficamos bastante surpresos com a resposta.

A filha de Shinpi Yami também fazia feitiços e ela nos fez dormir para impedirmos de chegar ao pai dela e convoca-lo a reunião de paz.

Não podíamos perder mais tempo e resolvemos nos dividir em dois grupos para cumprirmos essas missões.

Vareen e eu iriamos arriscar a travessia do Monte Gélido para chegar ao Castelo Shiro Koori onde encontraríamos Shinpi Yami e entregar a carta a ele da reunião de paz enquanto que Nikolai, Caleb e William iriam para as ruínas em busca do espirito do lorde negro.

Isso não foi necessário.

William começou a sentir-se mal e caiu contorcendo-se em fortes dores.

Seus olhos ficaram vermelhos e ele balbuciava palavras ininteligíveis.

Era o espirito do lorde negro que havia possuído William.

E enfim, veio a grande oportunidade para saber como tudo começou.

* * *

Por sorte, Ruy Cantábria tinha ouvido os gritos de William e veio pra jogar um balde de água nele causando uma dor horrenda no espírito.

Mas o lorde negro ameaçou atacar Caleb e Vareen e não tive escolha a não ser apontar a arma na cabeça de William a fim de dar tempo suficiente para Caleb fazer o ritual de aprisionamento da granada.

E com a ajuda fundamental de Vareen, o plano foi um sucesso e William voltou ao normal.

O lorde negro havia reconhecido o erro que cometeu em incitar seus filhos a guerra onde o máximo que conseguiram foi o caos e prometeu nos ajudar em nossos esforços de trazer a paz em Rokushima Taiyoo.

As coisas estavam cada vez mais confusas.

Mas agora já sabemos qual seriam nossos próximos passos.

Voltar as ruinas setentrionais e depois atravessar o Monte Gélido chegando a Shiro Koori antes que a filha de Yami pudesse fazer algo contra seu próprio pai.

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