Análise da sustentabilidade agrícola na produção familiar: o caso dos produtores de hortifrutigranjeiros da associação ECOVÁRZEA – Paraíba,
MÁXIMOS Qualidade dos produtos e do território
Enfoque de qualidade B1 10
Valorização do patrimônio construído e paisagem B2 08 Tratamento dos resíduos não orgânicos B3 05
Acessibilidade do espaço B4 05
Implicação social B5 06
Empregos e serviços
Valorização do setor B6 07
Autonomia e desenvolvimento dos recursos locais B7 10
Serviços e pluriatividades B8 05
Contribuição a geração de empregos B9 06
Trabalho coletivo B10 05
Sustentabilidade provável B11 03
Ética e desenvolvimento humano
Contribuição ao equilibro alimentar e gestão sustentáveldo planeta
B12 10
Bem estar animal B13 03
Formação B14 06
Intensidade do trabalho B15 07
Qualidade de vida B16 06
Isolamento B17 03
Saúde, casa e segurança. B18 04
FONTE: Adaptado de Vilain et al., 2008.
Quadro 3: Indicadores do eixo Econômico EIXO ECONÔMICO
COMPONENTES E INDICADORES SIGLA VALORES MÁXIMOS
Viabilidade
Viabilidade econômica C1 20
Taxa de especialização C2 10
Independência
Autonomia financeira C3 15
Sensibilidade às cotas e subsídios C4 10
Transmissibilidade
Transmissibilidade C5 20
Eficiência
Eficiência do processo produtivo C6 25 FONTE: Adaptado de Vilain et al., 2008.
2.2.4. Objetivos dos indicadores do método IDEA
Vilain et al. (2008) aponta que é através da combinação destes indicadores que o sistema se caracteriza, pois cada indicador em sua individualidade não fornece resultado suficiente para avaliação do sistema. Cada indicador é composto de um ou mais objetivos, definindo uma característica, cada qual atribuída de um valor que pode tender a zero (sustentabilidade mais baixa) e um valor máximo (sustentabilidade excelente). Esses objetivos aparecem por diversas vezes nos indicadores, podendo ser repetidos, em qualquer que seja o eixo.
Quadro 4: Os objetivos, códigos usados, e quantidades de vezes que aparece nas dimensões
OBJETIVOS CODIGO Eixo agroambiental Eixo socioterritorial Eixo econômico
Coerência COH 15 08 06
Autonomia AUT 13 03 03
Proteção e Gestão da Biodiversidade
BIO 15 - -
Proteção das Paisagens PAY 08 02 -
Proteção do Solo SOL 12 - -
Proteção e Gestão da Água H2O 09 03 -
Proteção da Atmosfera PAR 04 - 01
Gestão Econ. dos Rec. não Renováveis
RNR 07 04 -
Bem Estar Animal BEA 03 02 -
Qualidade dos Produtos QLP 05 02 -
Ética ETH - 07 - Desenvolvimento Humano DVH - 10 - Desenvolvimento Local DVL - 10 02 Qualidade de Vida QLV 04 12 03 Cidadania CID 01 08 - Adaptabilidade ADA - 01 05 Emprego EMP - 05 01
FONTE: Adaptado de Vilain et al., 2008.
3. PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS
Metodologicamente, precisaram-se conhecer algumas de preliminares ao objeto – a análise do nível da sustentabilidade das práticas agroecológicas. Ou seja, a necessidade de um prévio conhecimento da realidade local, bem como das pessoas no processo em questão envolvidas.
Os instrumentos de coleta dos dados: a pesquisa de campo, através de entrevista com a aplicação de um questionário; a documentação indireta; a observação não-participante, onde se assumiu o papel de observador exterior. Para tal, foram escolhidos 11 produtores da Zona da Mata paraibana, os quais integram a Associação dos Agricultores Agroecológicos da Várzea Paraibana - ECOVÁRZEA, nos municípios de Sapé, Cruz do Espírito Santo e Conde.
Após a exclusão de indicadores irrelevantes para o contexto local, o método apresentou- se em eixos: agroambiental (13 indicadores); socioterritorial (17); e, econômico (3). Foram excluídos: Valorização e conservação dos recursos genéticos e Valorização do território - pouco representativos no contexto local; Gestão da superfície forrageira e Tratamento
Veterinário - relativos à produção animal, que neste trabalho não foi o foco; Dependência Energética, Sensibilidade a auxilio e cotas, Transmissibilidade econômica, Autonomia financeira– por falta de informações dos atores sociais. Para efeito da classificação do nível de
sustentabilidade utilizou-se a análise percentual dos indicadores considerados favorável ou
Tabela 1: Escala de níveis de sustentabilidade
Índice (valores %) Nível de sustentabilidade
0 – 25 % Crítico
25,1 – 50 % Alerta
50,1 – 75 % Aceitável
75,1 – 100% Ideal
FONTE: Elaboração dos autores, 2015.
4. APRESENTAÇÃO E ANÁLISE DOS RESULTADOS DOS INDICADORES SELECIONADOS
Gerado os resultados, apresentam-se os quadros com a síntese sobre a sustentabilidade de cada indicador dentro dos eixos, avaliados segundo uma escala de valores percentuais que correspondem a quatro níveis de sustentabilidade, o crítico, o alerta, o aceitável, e o ideal.
Quadro 5: Resultados dos indicadores do eixo Agroambiental
INDICADOR FAVORÁVEL DESFAVORÁVEL
A1 – Diversidade de Culturas Anuais e Temporárias A2 - Diversidade de Culturas Perenes
A3 – Diversidade Animal A5 – Rotação de Culturas A6 – Dimensão das Parcelas A7 – Gestão de Materiais orgânicos
A8 - Zona de Regulação Ecológica A9 – Contribuição para as Questões Ambientais
A12 – Fertilização A13 – Tratamento de Efluentes
A14 – Pesticidas
A16 – Proteção dos Recursos do Solo A17 – Gestão de Recursos Hídricos
FONTE: elaboração dos autores, 2015.
Avaliado os indicadores do eixo agroambiental, observa-se que 85% deles apresentam favorável no nível de sustentabilidade e 15% desfavorável. Segundo a escala percentual e seus respectivos níveis, o mesmo se enquadra no nível ideal de sustentabilidade. Observamos que alguns indicadores se sobressaíram acima do nível do indicador, como por exemplo:
Diversidade de culturas anuais, rotação de culturas e Dimensão das parcelas, por serem
indicadores que no contexto local têm relevância, devido às práticas realizadas, a exemplo da diversidade de produtos e da boa utilização do espaço produtivo.
Avaliado os indicadores que norteiam o eixo socioterritorial, observou-se que 71% deles apresentam um valor favorável no nível de sustentabilidade, e 29% apresentam-se desfavorável. Segundo a escala percentual e seus respectivos níveis, o mesmo se enquadra no
com valores desfavoráveis, a exemplo do: Valorização do Patrimônio Construído e Paisagem, por serem lugares obtidos na condição de assentamentos.
Quadro 6: Resultados dos indicadores do eixo Socioterritorial
INDICADOR FAVORÁVEL DESFAVORÁVEL
B1 – Enfoque de Qualidade B2 –Valorização do Patrimônio Construído B3 – Tratamento dos Resíduos Não Orgânicos
B4 – Acessibilidade do Espaço B5 – Implicação Social B6 – Valorização por Setor
B7 – Autonomia e Desenvolvimento de Rec. Naturais B8 –Serviços e Pluriatividades
B9 – Contribuição à geração de empregos B10 – Trabalho Coletivo B11 – Sustentabilidade Provável
B13 – Bem estar animal B14 – Formação B15 – Intensidade do Trabalho
B16 – Qualidade de vida B17 – Isolamento B18 – Saúde, Casa e Segurança.
FONTE: Elaboração dos autores, 2015.
Quadro 7: Resultados dos indicadores do eixo Econômico
INDICADOR FAVORÁVEL DESFAVORÁVEL
C1 – Viabilidade Econômica C2 – Taxa de Especialização C6 – Eficiência do Processo Produtivo
FONTE: Elaboração dos autores, 2015.
Avaliado os indicadores que norteiam o eixo econômico, observa-se que 100% deles apresentam valor favorável no nível de sustentabilidade. Segundo a escala percentual e seus respectivos níveis, o eixo econômico se enquadra no nível ideal de sustentabilidade. Ao final do estudo, representado no gráfico 1 a seguir, verificamos que cada eixo, em suas especificidades, apresentou-se em valores percentuais bastante favoráveis. O eixo socioterritorial (71%) que apresentou menor valor em seus indicadores justifica-se pelo fato dos produtores se encontrarem na condição de assentados, desfavorecendo-os em alguns quesitos do eixo socioterritorial. No entanto, apesar de terem apresentado valores um pouco abaixo dos eixos agroambiental e econômico, foram considerados ideais para o nível de sustentabilidade. O valor percentual de 85,33% refere-se ao conjunto dos eixos representado.
Gráfico 1: Resultado final de todos os eixos
FONTE: elaboração dos autores, 2015.
5. CONSIDERAÇÕES FINAIS
Destacamos que, apesar de ser uma associação que já carrega consigo o selo de qualidade de uma produção agroecológica, é indispensável que se continue a realizar estudos, os quais possam afirmar ou não se todas as atividades realizadas seguem em equilíbrio entre os eixos agroambiental, socioterritorial e econômico, para que se mantenha o nível ideal de sustentabilidade. Os resultados obtidos apresentaram valores percentuais bastante positivos e favoráveis, permitindo-nos concluir que as atividades agrícolas praticadas pelos produtores participantes da Associação ECOVÁRZEA, são realmente sustentáveis.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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perspectivas para uma nova Extensão Rural.
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Martins, M.F & Cândido, G. A. (2008). A influência dos índices de desenvolvimento sustentável
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Agronomia) – UFPel/RS.
Vilain, L. (1999). De l’exploitationagricole à l’agriculturedurable: aide méthodologique à la
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