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NÚMERO ESTRATÉGIA DESCRIÇÃO

2.4 Método Ator-Rede

Ao analisar sistemas de informação, podem ser realizadas tanto uma pesquisa qualitativa como quantitativa (CHEN & HIRSCHHEIM, 2004). Contudo, o objetivo do presente trabalho não é quantificar os resultados da implantação do Projudi como ferramenta de acesso à Justiça por meio de processo eletrônico, mas sim de acompanhar atores e redes e entender como e porque os fatos se desenrolaram. Por isso, a presente pesquisa é de natureza qualitativa.

Para poder utilizar a ANT em todo o seu potencial, a pesquisa tem que obedecer alguns requisitos determinados pela ANT como teoria e utilizar as ferramentas oferecidas pela ANT como método. Em essência, a estratégia de pesquisa deve levar o pesquisador ao encontro das evidências. Conforme recomendação de Ciborra (1998), há que se praticar mais contemplação do que cálculo.

19 Ainda que sucesso e insucesso sejam controversos (ver ANDRADE, FORNAZIN e

CAVALHEIRO (2013), há forte correlação na literatura sobre Sistemas de Informação entre alta coesão e sucesso na implantação de sistemas, bem como seu inverso.

65 Na prática, a ANT consiste em “seguir os atores”, tarefa esta dificultada tanto pela profusão de atores, quanto pela natureza instável dos mesmos (LATOUR, 2005) . Atores se multiplicam em uma rede, proporcionalmente a quão longe o pesquisador queira olhar. Saindo do centro da rede, os atores periféricos são quase incontáveis. Além disso, os atores aparecem e desaparecem do contexto de uma rede, de forma “desordenada”, sem respeitar qualquer fronteira do tempo e espaço (LATOUR, 2005). Assim, atores não são; atores estão.

Por isso, a estratégia de uma pesquisa orientada pela ANT passa por seguir os “construtores de redes”, ou seja, os atores centrais que, em grande parte, levam à formação de uma rede, mobilizam outros atores em torno de seus interesses ou impelem anti-programas que levam à “destruição” de uma rede e formação de uma nova (LATOUR, 2005). No caso da presente pesquisa, essa estratégia leva o pesquisador a seguir atores determinantes na trajetória do Projudi – o próprio sistema e suas versões, os seus desenvolvedores, os adotantes etc.

Outro problema é identificar o que é ator e o que é rede (LATOUR, 2005). O próprio nome da teoria mostra esta dualidade: ator-rede. Assim, quando se está diante de um ator ou de uma rede? Depende do olhar do pesquisador. Como bem aponta Callon: “Um ator-rede é simultaneamente um ator cuja atividade é formar redes de elementos heterogêneos e uma rede que é capaz de redefinir e transformar aquilo da qual é feita” (CALLON, 1987, p.93). A escolha por tratar um elemento como ator ou rede depende, portanto, do foco ou escopo de análise.

Outro ponto crucial da estratégia de uma pesquisa orientada pela ANT é a descrição. Latour (2004) declara que a ANT é essencialmente descritiva e que não há um critério objetivo para encerrar uma descrição, na medida em que não há o objetivo de explicar a realidade ou testar uma teoria. Sendo assim, a pesquisa é do tipo descritivo, posto que busca descrever as redes formadas durante o ciclo de vida do

66 Projudi e suas respectivas trajetórias. A pesquisa descritiva analisa e correlaciona os fatos, sem manipular os mesmos, posto que fazem parte de uma história passada, que não pode ser influenciada pelo pesquisador.

Para Latour (2005), a descrição inclui alguma forma de explicação, na medida em que o relato sobre os fatos medeia a relação entre estes e o leitor. A descrição é uma tradução da realidade e, nesse sentido, uma interpretação sobre a mesma. Utilizando a ANT realizamos uma pesquisa de caráter interpretativista que:

(...) declara que a realidade, assim como nosso conhecimento dela, são produtos sociais e, por isso, incapazes de serem entendidos independentemente dos atores sociais (incluindo os pesquisadores) que constroem e fazem sentido da realidade20. (ORLIKOWSKY e

BAROUDI, 1991, pg. 13, tradução do autor).

Em uma pesquisa interpretativista, dependemos dos atores e da forma como eles nos contam as histórias, para apreender a realidade. O objeto é uma construção social de determinados atores, em determinados locais e tempos (POZZEBON, 2004). Ao interpretar a realidade, o pesquisador sobrepõe a sua construção acima da construção previamente realizada pelos atores.

Por isso, o pesquisador precisa tomar alguns cuidados para que sua interpretação não faça desaparecer a realidade. Para Orlikowsky e Baroudi (1991), são estudos interpretativistas aqueles que: possuem uma perspectiva não determinista; o pesquisador procura ampliar seu conhecimento sobre o objeto de estudo; o objeto de estudo é examinado onde ocorre e sob a perspectiva dos atores; e o pesquisador não transfere para o objeto sua interpretação a priori.

20 Interpretativism asserts that reality, as well as our knowledge thereof, are social products

and hence incapable of being understood independent of the social actors (including the researchers) that construct and make sense of that reality

67 Pesquisas interpretativistas em Sistemas de Informação costumam realizar estudos de caso em profundidade (WALSHAM, 1995; POZZEBON, 2004; e MITEV, 2006). Para Walsham (1995), estas pesquisas procuram responder “como” e por quê?”. Este é exatamente o objetivo enfrentado na presente pesquisa. Entender como e por que se desenvolveram as trajetórias do Projudi.

Importante ressaltar que o estudo de caso a que nos referimos aqui não é uma opção metodológica de acordo com o proposto por Yin (2005), mas sim uma opção pelo objeto a ser estudado, como descrito por Stake (1988). O foco é no objeto de estudo – o Projudi –, interesse este despertado por motivos que já foram antes explicitados. O Projudi é um caso único por se tratar da primeira tentativa coordenada de implantação do processo eletrônico no Poder Judiciário brasileiro, representando uma mudança radical frente à abordagem anterior de desenvolvimento e implantação descentralizadas de sistemas. Por se tratar de uma história que se desenrola ao longo do tempo e na qual se procura observar como as condições mudam, a trajetória do Projudi constitui um estudo de caso longitudinal (YIN, 2005).

É sabido que o Projudi foi implementado em diversos tribunais, em versões diferentes (ATHENIENSE, 2010). Cada uma dessas implementações poderia ser considerada um caso diferente, com sua própria riqueza de detalhes e informações. Considerados múltiplos casos, poderia ser possível realizar análises comparativas ou mesmo quantitativas. Contudo, a opção foi considerar o Projudi como uma política pública nacional de informatização do Poder Judiciário brasileiro, o que pode levar a um alto grau de abstração, em se comparado à abordagem de examinar detalhadamente as experiências locais.

Estudos de caso interpretativistas têm seus próprios critérios para avaliar a qualidade da pesquisa. No presente trabalho, iremos utilizar os quatro critérios

68 definidos por Pozzebon (2004): autenticidade, plausibilidade, crítica e reflexibilidade. Para o autor, a autenticidade é garantida pela ida a campo, ocasião em que o pesquisador interage com os participantes e tem acesso a documentos. A plausibilidade é obtida pela lógica dos resultados da pesquisa e sua contribuição para os leitores. A crítica é a motivação aos leitores a repensar as próprias premissas do trabalho. Por fim, a reflexibilidade é a revelação do papel do autor da pesquisa e o seu próprio viés.

No caso do Projudi, é importante notar que, ao longo da história, o pesquisador não desempenhou qualquer papel relevante, mas teve contato, em alguns breves momentos, com o sistema, por conta de seu trabalho como consultor de gestão junto ao Poder Judiciário. Se, por um lado, o pesquisador é visto pelos envolvidos no caso do Projudi como um elemento neutro, por outro ele também não teve a oportunidade de estar presente em momentos reveladores, ter acesso a documentos internos que poderiam esclarecer fatos obscuros ou sob os quais há uma falta certeza. Há vantagens e desvantagens em cada uma dessas situações, mas o pesquisador não pode, por maior que seja seu interesse no objeto de pesquisa, reverter seu passado e se inserir na história do Projudi. Assim, só lhe resta observar, ainda que a distância.

No curso da pesquisa, o autor se apoiou em múltiplas fontes de evidência. Distante no tempo e espaço das trajetórias do Projudi, o pesquisador não pode realizar observação direta, nem tampouco observação participante. Ainda assim, frente a essas limitações, procurou explorar a técnica de coleta de dados através de entrevistas não-estruturadas. Além das entrevistas, foram realizadas pesquisas em documentos, arquivos e artefatos físicos.

Latour (2000) divide o trabalho de pesquisa no contexto da ANT entre “Literatura” (análise de discursos e textos) e “Laboratório” (observação dos agentes nos seus locais de trabalho). Ainda que estes momentos sejam complementares, uma

69 pesquisa que utilize a ANT não precisa conter ambos. Santos (2005), analisando a obra de Latour, identificou dois tipos de abordagens:

Em trabalhos que classificamos, em sua maior parte, de observação, etnográficos, antropológicos, o autor acompanha seus personagens, foco do seu estudo, em ação. (...) Em outro conjunto de pesquisas, Latour acompanha fatos e artefatos olhando para o passado, onde não é possível seguir os personagens em ação, literalmente, mas somente investigar os fatos através de relatórios, entrevistas, artigos, citações, documentos, etc (SANTOS, 2005, pg. 67).

Latour (2005) indica, ainda, cinco ocasiões em que o pesquisador pode observar os fatos. A primeira ocasião é estudar as inovações no local de trabalho do invento. A segunda ocasião é quando os usuários fazem uso da tecnologia em seu cotidiano. A terceira ocasião é proporcionada por falhas ou interrupções, quando as tecnologias deixam de ser invisíveis. A quarta ocasião é quando se pode estudar a tecnologia por meio de arquivos ou memória. A quinta ocasião ocorre quando, impossíveis as anteriores, recorre-se à ficção.

A presente pesquisa utiliza a segunda abordagem identificada por Santos (2005) na obra de Latour, por meio da “Literatura”, e observa os fatos na quarta ocasião indicada por Latour quando a tecnologia é estudada por meio de arquivos e memória.

Ainda que por meio de arquivos e memória, há que se seguir os atores, humanos e não-humanos. Nesse sentido, há que se pesquisar os intermediários descritos por Callon (1991): textos, artefatos técnicos e, claro, seres humanos. Os textos incluem leis, normas, planos, metodologias, relatórios e outros documentos materializados ou digitais. Os artefatos se resumem a equipamentos e sistemas, mas incluem, além destes, códigos, manuais, licenças, treinamentos e outros, ou seja, documentos que acompanham os artefatos. Os seres humanos que foram seguidos eram aqueles

70 que desempenharam papel relevante nas trajetórias do Projudi, seja por terem sido protagonistas de decisões importantes, porque sua opinião foi considerada em qualquer momento em que houve uma tomada de decisão, por seu envolvimento com a implantação do Projudi ou por seu papel como usuário do Projudi, de tal forma que pudessem contribuir para esclarecer as trajetórias de implantação do sistema.

Se a classificação como ator ou rede é arbitrária, a classificação como ator ou intermediário também o é (LATOUR, 2005). Se, a partir do olhar do pesquisador, o elemento é parte de uma rede, é visto como ator, por outro lado, se está interessado nas redes por trás do elemento, ele é um intermediário.

A estratégia de pesquisa foi seguir os atores “como se fôssemos sombras” deles (LATOUR, 2000, p. 106), por meio do método bola de neve (BIERNARCKI e WALDORF, 1981). De acordo com este método, um entrevistado leva ao outro, aumentando o número de entrevistas, como se fosse uma bola de neve. Por isso, não havia definição prévia dos atores a serem seguidos, apenas adotou-se como ponto de partida os criadores do Projudi. Os demais atores foram revelados no curso da pesquisa de campo e da análise das informações obtidas (HARDY e WILLIAMS, 2008).

Para seguir os atores, foram realizadas entrevistas com os atores humanos e pesquisa com os atores não-humanos. Nesse sentido, as entrevistas foram orientadas por perguntas simples, em que se privilegiou o ato de ouvir os autores, permitindo que eles se expressassem e revelassem mais atores, redes e trajetórias.

O pesquisador que se propõe a utilizar a ANT deve estar disposto a seguir todas as trilhas que os atores deixam em seu caminho (LATOUR, 2000). Contudo, pode-se perseguir trilhas que coloquem o pesquisador muito fora do seu rumo, o qual é definido pela delimitação do estudo a ser empreendido. Neste sentido, pode-se dizer

71 que o pesquisador, apesar de seguir os atores, escolhe os caminhos pelos quais os segue. Assim, o relato fornecido pelo pesquisador, imbuído de sua visão de mundo e da própria parcialidade dos atores seguidos, é apenas um entre os muitos relatos possíveis sobre um dado fenômeno.

Por outro lado, atores ouvidos também são parciais. Eles possuem (como o pesquisador) visões parciais do fenômeno estudado e transferem para seus relatos suas próprias visões de mundo (LATOUR, 2005). Múltiplas fontes amenizam o problema, mas não são capazes de fazê-lo desaparecer. É importante lembrar que os atores que não são ouvidos, por problemas do pesquisador ou recusa do próprio ator em participar da pesquisa, influenciam, com seu silêncio, a forma como a história é descrita. Além da parcialidade do autor e dos atores, Latour (2005) alerta para a existência do plasma, um grande espaço vazio que envolve a rede revelada ao longo da pesquisa. Ao largo das situações observadas pelo pesquisador, existe uma grande quantidade de outras situações que são desconhecidas e, uma vez observadas, levariam possivelmente a uma diferente descrição do fenômeno.

Ainda no contexto da ANT, deve-se reconhecer que esta teoria-método demanda grande esforço, em tempo e dedicação, para seguir e analisar atores e redes. Ainda que o conceito de saturação teórica de Eisenhardt (1989) tenha sido utilizado, as redes poderiam levar o pesquisador para longe ou, ao contrário, deixá-lo preso em um pequeno número de atores e redes – seja pela atratividade destes, seja pelo medo em aventurar-se para mais longe do seu núcleo central.

A aplicação da metodologia bola de neve (BIERNARCKI e WALDORF, 1981) levou o pesquisador a percorrer grandes distâncias. A bola de neve tem que começar de algum ponto. O ponto inicial selecionado para esse processo não é bem um ponto, no sentido de que não é representado por uma só pessoa. O ponto inicial é a gênese do Projudi e, por isso, o ponto inicial é representado pelos seus três criadores, ou ao menos os que entraram para a história como tal: André Moreira, Antonio Silveira e

72 Leandro Lira21. Por isso, foram agendadas entrevistas com os três atores em dias

subseqüentes. A partir deles a bola de neve foi agregando novos entrevistados.

Leandro Lira recomendou André Moreira e Antonio Silveira, que seriam ouvidos nos dias seguintes.

André Moreira recomendou Antonio Silveira, que seria ouvido no dia seguinte, Max Veras, que foi servidor do CNJ, e o Secretário de Tecnologia do CNJ, que depois se descobriu ser Declieux Dantas.

Antonio Silveira recomendou: Sérgio Tejada, Juiz do TRF da 4ª Região; José Guilherme Vasi Werner, Juiz do CNJ (que não aceitou ser entrevistado); e Cláudio Lucena, professor da Universidade Federal de Campina Grande, este como estudioso do processo eletrônico.

Sérgio Tejada recomendou procurar o Tribunal de Justiça do Paraná, o de Goiás e o da Bahia. Recomendou entrevistar André Moreira, Antonio Silveira e Leandro Lira, que já haviam sido entrevistados. Recomendou, ainda, Pedro Vieira, que foi servidor do CNJ.

No Tribunal de Justiça da Bahia (TJBA), Elizabeth Lourenço (que não aceitou ser entrevistada) recomendou André Pinho, servidor do TJBA, que recomendou Samuel Cersósimo, também do TJBA, e Pedro Vieira.

Samuel Cersosimo recomendou: Raimundo Nonato, Juiz do TJBA; Elizabeth Lourenço, servidora do TJBA (que já havia se recusado a ser entrevistada): Alex

21 A ordem aqui é tão somente a alfabética. Em outros casos, onde os nomes não aparecem

em ordem alfabética, é seguida a ordem na qual os nomes foram sugeridos pelos entrevistados.

73 Campos, servidor do TJBA; Edvaldo, servidor do TJBA; Eurípedes Brito Cunha Junior, da OAB-BA; e Da Paz, funcionário da OAB-BA.

Pedro Vieira recomendou: Alexandre Atheniense, da OAB-MG; Antonio Costa, antigo Diretor de Tecnologia do Tribunal de Justiça de Goiás (TJGO); Antonio Rolla, servidor do Tribunal de Justiça de Minas Gerais (TJMG); Victor Brunno, servidor do Tribunal de Justiça de Roraima (TJRR); Alexandre Azevedo, Juiz do Trabalho (e que foi encontrado como responsável pela área de informática do Conselho Superior da Justiça do Trabalho); Aloisio Spadeto, servidor do Tribunal de Justiça de Rondônia (TJRO); e Alex Campos, servidor do Tribunal de Justiça do Paraná. José Carlos Abelaira Filho, antigo Diretor de Tecnologia do CNJ, aparece na fala de Pedro Vieira, que o sucedeu no próprio CNJ

Declieux Dantas, antigo Secretário de Informática do CNJ e hoje no Tribunal de Justiça do Distrito Federal (TJDF) e Territórios (e que não aceitou ser entrevistado) recomendou Luiz Alberto, servidor do próprio TJDFT.

Alexandre Azevedo recomendou: Marivaldo Dantas, Juiz do CNJ; Sérgio Tejada (que já havia sido entrevistado); Paulo Cristóvão, Juiz do TRF da 4ª Região, Paraná; e Alexandre Libonati, Juiz do TRF da 2ª Região, Rio de Janeiro.

Eurípedes Brito Cunha recomendou: Ricardo Albuquerque, da OAB-PR; Eduardo Krüel, de Goiás; Maria Amélia Mena Barreto, da OAB-RJ; Frederico Duarte, de Pernambuco; Mauro Leonardo, advogado de Salvador; e José Carlos Almeida, advogado e professor do Rio de Janeiro.

74 Algumas dessas trilhas foram perdidas ao longo do tempo. A causa mais óbvia foi a recusa de alguns indicados em serem entrevistado (tanto explícita quanto implícita). Além disso, houve pessoas citadas cujos contatos não foram fornecidos ou cujos contatos fornecidos não foram suficientes para encontrá-las. A Figura 7 mostra os nomes indicados e os efetivamente entrevistados, começando pelo canto superior esquerdo.

75 Leandro Lira André Moreira Antonio Silveira Declieux Dantas Max Veras Cláudio Lucena Wasi Werner Sérgio Tejada TJPR TJGO TJBA (Elizabeth Lourenço) Pedro Vieira Samuel Cersosimo André Pinho Da Paz Raimundo Nonato

Edvaldo CamposAlex

Eurípedes Brito Cunha Alexandre Atheniense Antonio Costa Antonio Rolla Victor Brunno Aloisio Spadeto Alexandre Azevedo Carlos Abelaira Luiz Alberto Marivaldo Dantas Paulo Cristóvão Alexandre Libonati José Carlos Almeida Mauro Leonardo Eduardo Kruel Maria Amélia Frederico Duarte Ricadro Albuquerque

N.R.: Em verde os entrevistados e em vermelho os que foram indicados, mas não entrevistados.

Em alguns casos, tempo e distancia separaram os possíveis caminhos a serem seguidos do foco do pesquisador. Por fim, o próprio foco e o encaminhamento da

76 pesquisa, na medida em que o pesquisador se encanta por um ou mais caminhos, o distraem de outros que poderiam ser seguidos, entrevistando outros atores- humanos. Afinal, ainda que utilizando o método bola de neve para orientar a seleção de entrevistados, trata-se de uma pesquisa com múltiplas fontes, as quais sofrem influencia recíproca.

Documentos levam a pessoas e pessoas levam a documentos. Assim, o grande número de documentos nos Anexos 2, 3 e 4, bem como fotos e quadros fornecidos pelos entrevistados mostram o entrelaçamento das fontes.

No total, foram 12 entrevistas, com cerca de 8 horas, no total, de duração, resultando em quase 300 páginas de transcrição, material este disponível no Anexo 1. Somente a entrevista com Alexandre Azevedo não pode ser gravada, tendo sido feito um registro manual da mesma, que durou 30 minutos, com três páginas de anotações. A todos os entrevistados foi solicitado que fornecessem eventuais documentos que possuíssem sobre o Projudi, a fim de somar aos obtidos junto a fontes oficiais.

As entrevistas foram analisadas em conjunto com os documentos e sistematizadas. A partir destas entrevistas e da interpretação do pesquisador, foi definida a macro- divisão temporal das trajetórias do Projudi em três fases: de Campina Grande a João Pessoa; de João Pessoa a Brasília; e de Brasília para o Brasil. Essas fases, apresentadas nos capítulos 4, 5 e 6, respectivamente, marcam trajetórias diversas pelas quais o Projudi ultrapassa pontos de passagem obrigatórios para atingir seus objetivos. A partir dessa macro-definição, foram organizadas as informações sobre cada um dessas fases, sistematizando o conhecimento obtido no processo de pesquisa na forma de texto descritivo.

77 Para Latour (2005), no contexto da ANT, o bom texto é aquele que traça uma rede, em que os atores agem e não simplesmente estão presentes. Esse é o propósito de cada seção em isolado, de cada capítulo e do conjunto de capítulos que descreve as trajetórias do Projudi. O texto procurou capturar e explicitar os movimentos de atores e redes.

Ao contrário de um grande número de trabalhos que utilizam ANT, a presente pesquisa separa a descrição da análise das trajetórias. Dessa forma, cada leitor pode fazer sua própria análise, descobrir e “montar” suas próprias redes, além de interpretar a história a seu modo, sem se deixar influenciar pela tradução realizada pelo pesquisador.

A partir da sistematização em fases e do texto preliminar, foi possível dividir as fases