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O CASO DO PORTUGUÊS POR ESTUDANTES ITALÓFONOS

O MÉTODO COMUNICATIVO (MC)

A abordagem comunicativa nasceu nos anos '60 na Europa e monopolizou toda a cena da glotodidática até aos anos '80. Focaliza-se no ensino da língua estrangeira em situações de comunicação; de facto, trata-se de ensinar o aluno a exprimir-se em língua estrangeira até adquirir uma sólida “competência comunicativa”.

Nasce como reação contra o Estruturalismo de Bloomfield e foi manifesto do conceito de língua como fator de interação e comunicação. As teorias de referência deste método foram: a antropolinguística de Malinowsky, Firth e Halliday, a sociolinguística de Hymes, a teoria mentalista de Chomsky, a pragmalinguística de Austin e Searle e a Hipótese da Interlíngua de Corder e Selinker.

O termo “competência comunicativa” foi elaborado pelo estudioso Dell Hymes em 1972, como resposta à distinção não apropriada entre “competência” e “performance” enunciada por Noam Chomsky; isso não está ligado apenas à habilidade de aplicação de regras gramaticais na língua alvo para criar enunciados, mas também ao

234 A qualidade do som era de extrema importância para se ter um bom resultado. 235 Dicotomia entre Langue e Parole do facto linguístico de F. Saussure.

236 Para evitar esta problemática, escolhiam-se imagens, nomeadamente desenhos fixos em branco e preto; com o passar do tempo optou-se por as substituir com materiais parcialmente áudio-visuais.

reconhecimento do momento adequado no qual usar estes enunciados. Segundo Hymes, de facto, uma pessoa dotada de competência comunicativa sabe escolher quando falar e

quando se calar, sobre o quê, a quem, onde e em que forma e consegue extrapolar o

maior número de informações possíveis compreendendo apenas poucas palavras, interpretando o contexto em que as frases se colocam e desfrutando uma sabedoria geral do mundo. O estudioso afirma que cada comunidade possui duas competências: um saber linguístico e um saber sociolinguístico, ou seja, um saber elaborado por formas gramaticais e normas de uso.

No caso da LM, a aquisição destes dois sistemas de regras acontece conjuntamente e implicitamente; a partir desta visão de Hymes, a noção de competência de comunicação foi rapidamente utilizada na didática dos anos '80.

Segundo o estudo Theoretical bases of communicative approaches to second

language teaching and testing de Canale e Swain (1980), a competência comunicativa é

composta por quatro dimensões: .

1 Competência gramatical → Reconhecimento dos sinais linguísticos no âmbito lexical, morfológico, sintático, semântico e fonológico. Além disso, a competência gramatical requer também o conhecimento e a aplicação das regras gramaticais da língua alvo.

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2 Competência sociolinguística → Trata-se da perceção do contexto social onde se encontra a comunicação da LE.

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3 Competência discursiva → Aplicação das regras do discurso, como as da coesão e da coerência.

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4 Competência estratégica → Esta competência contém as estratégias verbais e não-verbais empregues na comunicação e na aprendizagem das línguas estrangeiras.

Nos processos da aprendizagem de uma língua estrangeira a componente comunicativa desloca-se como meta final do percurso, como objetivo último, em contraposição às precedentes posições que davam prioridade à competência gramatical.

O estudioso Nunan (BROWN 200: 85) descreve cinco características da abordagem comunicativa:

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1 Importância da ênfase na aprendizagem da LE através da interação com a língua alvo.

.

2 Uso de textos autênticos como materiais de aprendizagem; .

3 Provisão de oportunidades para os alunos, seja na linguagem, seja no processo de aprendizagem;

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4 As experiências pessoais do aluno desenvolvem um papel central na aprendizagem em sala de aula;

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5 Ligação contínua entre a aprendizagem da língua em sala de aula e o uso da mesma em contextos extra-escolares.

A metodologia comunicativa não dá um valor elevado às formas da língua descritas nas gramáticas para o ensino da LE, embora não deixe de existir a possibilidade de criar na sala de aula explicações a partir das regras mecânicas da gramática. Os exercícios formais e repetitivos tornaram-se exercícios interativos de comunicação real ou simulada.

Focalizava-se nos interesses e necessidades do aluno, para que pudesse dominar a língua nas suas interações; o aluno era autónomo, livre das regras e normas, levado a descobrir sozinho as regras de funcionamento da língua através da reflexão e elaboração de hipóteses, o que exige uma maior participação sua no processo de aprendizagem.

A aprendizagem é centrada no aluno, não só em termos de conteúdo como também de técnicas usadas em sala de aula; qualquer produção em língua estrangeira é fundamental e amplamente favorecida pelos professores, necessária para vencer possíveis bloqueios.

Várias são as estratégias e os materiais didáticos utilizados na MC, como o trabalho em grupo, que permite a comunicação entre os alunos, métodos de criatividade e dramatização (jeux de rôle) que permitem uma expressão mais livre, leitura silenciosa de textos autênticos e também o trabalho individual auto-gerado, como meio para desenvolver a capacidade de auto-aprendizagem. Importantes são também os vídeos que mostram o quotidiano e as áudio-cassetes, para acompanhar os livros.

O erro é visto de maneira positiva, como marca de uma contínua tentativa de formulação de hipóteses que o aprendente coloca sobre a língua237.

O professor já não ocupa o centro do processo de ensino-aprendizagem mas desenvolve o papel de orientador e de participante na comunicação em sala de aula; é um tutor que apresenta ao lado da língua também a cultura e as regras sociais do País onde a língua é falada.

Um outro fator relevante na MC é a atmosfera que reina na classe; um ambiente caloroso, familiar, tolerante e flexível é necessário para inspirar confiança nos alunos e baixar assim o filtro afetivo favorecendo, em consequência, a aprendizagem. Por estas razões é considerado o melhor método didático até agora.

AS METODOLOGIAS DOS ANOS '70; A ABORDAGEM HUMANÍSTICA-