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O CASO DO PORTUGUÊS POR ESTUDANTES ITALÓFONOS

NATURAL APPROACH

O Natural Approach nasce nos anos '70 nos EUA das várias pesquisas no âmbito da aquisição da LE por Stephen Krashen.

Fortemente influenciado pelas teorias de aprendizagem de Chomsky e pelos resultados dos morpheme studies240 este método compara o percurso de aprendizagem

de uma LM com o da L2, descobrindo a existência de uma ordem natural de aprendizagem comum seja pela LM ou pela L2.

Isso levou o linguista a julgar desnecessária na aprendizagem de uma LE uma instrução formal na língua estrangeira e o consequente desenvolvimento da competência metalinguística; o único objetivo do ensino, segundo Krashen, era fornecer inputs compreensíveis, inputs que poderiam não estar disponíveis fora de um contexto didático formal.

240 Os morpheme studies foram estudos conduzidos nos EUA na década de '70, para determinar o desenvolvimento da morfologia inglesa; o resultado comprovou que as sequências de aprendizagem da LM refletem as da LE. Os morpheme studies conseguiram demonstrar sequências de aprendizagem em grande parte universais sendo o desenvolvimento da morfologia independente da língua de partida e da idade dos aprendentes.

Com estes princípios elaborou, em conjunto Tracy Terral, o “método natural”, caraterizado por uma abordagem dedutiva à gramática, sendo possível desenvolver a competência gramatical também em ausência de uma cuidadosa atenção à forma e pondo um maior interesse nas atividades comunicativas241. Este método aproxima-se muito das hipóteses da aquisição da linguagem enunciadas pelo mesmo Krashen; a aprendizagem linguística é influenciada por fatores ambientais, externos ao aluno e por fatores internos, nomeadamente por três dinâmicas mentais, como o filtro afetivo, filtro organizador e monitor.

O método natural, como todos os outros métodos humanístico-afetivos, atribui um papel fundamental à compreensão oral, atrasando a produção até que o aluno se sinta capaz e seguro, ou seja, até que surja espontânea a necessidade de falar na LE.

A LE era empregue inicialmente apenas pelo professor, o qual deixava ao estudante o uso da LM até não se sentir suficientemente preparado para fornecer output em língua estrangeira.

Como afirmado anteriormente, as explicitações gramaticais e os exercícios estruturais cognitivos realizavam-se depois da aula; durante a lição, a partir do momento em que o aluno é capaz de utilizar a LE em exame sem obstáculos ou inibições, as atividades didáticas tornam-se atividades mais comunicativas, com uma forte atenção à dimensão fonológica.

Os materiais utilizados na apresentação do vocabulário e das estruturas da língua eram vários e favoreciam o desenvolvimento natural da competência comunicativa inconsciente.

O aspeto negativo deste método242 residia na dificuldade de adaptação ao ensino em classe por causa da necessidade de alcançar objetivos e pelos diferentes processos cognitivos dos aprendizes.

A SUGESTOPÉDIA

O método da sugestopédia243 nasceu na Bulgária nos anos '70, graças aos trabalhos do médico, educador e psicoterapeuta Georgi Lozanov; o nome atribuído a este método deriva do inglês “suggest” na sua acepção de sugerir, propor ou oferecer, não no sentido de manipulação.

241 Focus on meaning.

242 O mesmo Krashen sublinhou-o. 243 Ou Ipnopédia.

Esta metodologia bastante incomum tem origem nas técnicas de psicologia clínica, nas pesquisas soviéticas de perceção extra-sensorial e no ioga; o objetivo principal era modelar a criança para a tornar num adulto relaxado e bastante estimulado positivamente para que pudesse empregar a sua global capacidade recetiva entre o consciente e o subconsciente.

Os pilares científicos da sugestopédia eram três: 1. O estudo psico-físico dos hemisférios cerebrais 2. O estudo do efeito do stresse

3. O estudo do efeito psicológico do relaxamento.

Fator na base da sugestopédia era a aprendizagem multi-sensorial (na perspetiva visual, auditiva, cinestésica, olfativa e gustativa) possível apenas numa atmosfera positiva, calma, relaxante244 onde fosse possível reduzir bastante o filtro afetivo dos alunos, enorme obstáculo da aprendizagem, e favorecer assim os recursos inatos dos aprendizes. Este método apoiava-se na teoria de que o cérebro dispusesse de um enorme potencial e tivesse a capacidade de armazenar informações através da sugestão; portanto, o relaxamento era uma técnica usada pela memorização dos novos conceitos.

A sugestopédia era dividida em 4 fases:

1. Preparação do training → criação da atmosfera positiva para suscitar o estado físico e psíquico necessário.

2. Concerto Ativo de aprendizagem (Aktives Lernkonzert) → O professor ilustra uma quantidade massiva de argumentos através de uma apresentação, inserindo- a numa representação teatral ou numa história oral (Ouverture); a seguir, o professor continua lendo o texto anteriormente recitado com o auxílio da música. Os alunos recebem o texto com a tradução ao lado para o lerem em tom baixo. 3. Concerto Passivo de aprendizagem (Passives Lernkonzert) → Receção e

memorização das informações no estado de calma.

4. Fase ativa → Fase importante245 do processo da aprendizagem; o seu papel é favorecer nos aprendizes, através do jogo, das conversas e do ioga, a experimentação do uso da língua.

244 Lozanov demonstrou que no estado de relaxamento a velocidade de aprendizagem aumenta. 245 Esta fase ocupava quase 80% do dia.

A música, como ilustrado antes, desempenha um papel essencial neste método: o ritmo é o instrumento utilizado pelo professor para recriar o ambiente propedêutico e para buscar a harmonia entre a ação e o relaxamento, entre receção passiva e atividade, respeitando as necessidades dos alunos através da observação da atenção prestada. Por esta razão, era utilizada na sala de aula a música barroca para que os alunos alcançassem este estado.

A comunicação era sempre em LE, sendo o objetivo do ensino criar e fortalecer a competência comunicativa; as estruturas gramaticais tornam-se tools, meios para alcançar o objetivo e não focos da língua. O vocabulário adquiria muita importância e era introduzido por métodos “diretos”.

A LM é cada vez mais reduzida, relacionando-se com o grau de proficiência proposto; é apenas usada pelo professor para esclarecer o significado dos diálogos.

A figura do professor era autoritária, requerendo confiança e respeito por parte dos estudantes, para reduzir o filtro afetivo e as inibições.

Os erros eram corrigidos no fim da aula quando o professor entregava aos alunos as versões corretas.

As técnicas mais usadas eram a visualização, escolha de nova identidade e dramatização, atividades que interessavam a todo o grupo, mas existiam também trabalhos individuais, de par ou de pequenos grupos.

Os materiais didáticos usados eram vários; diagramas com cores, vídeo e áudio cassetes, projetor, rádio, textos teatrais, música e instrumentos musicais.