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O MÉTODO DE ESTUDO DE CASO

Como processo metodológico, será utilizado nesse trabalho o método de estudo de caso, usualmente aplicado em campos das ciências sociais e que contribui para aprimorar o conhecimento de fenômenos individuais, grupais, organizacionais, sociais, políticos, entre outros. Yin (2015) afirma que para entender fenômenos sociais complexos exige-se uma abordagem diferenciada de pesquisa e o estudo de caso permite o enfoque necessário no objeto de estudo de forma a elucidar as questões elaboradas. O método de estudo de caso possui tanto o objetivo de analisar um episódio único, como também analisar diversos objetos, além de poder ser utilizado como método único, mas também em participação de estudos com múltiplos métodos.

Yin (2015) elabora três condições básicas que devem ser respondidas para definir se deve-se utilizar o método de estudo de caso, ou algum outro método de estudo como: Experimento, levantamento (survey), análise de arquivo ou uma pesquisa histórica.

As três condições são:

a) O tipo de questão de pesquisa;

b) A extensão do controle que o pesquisador tem sobre os eventos comportamentais reais;

c) O grau de enfoque sobre eventos contemporâneos em oposição a eventos estritamente históricos.

De forma a responder o tipo de questão que está relacionada com a pesquisa, podem ser formulados questionamentos como: Quem? Como? Onde? Por quê? Yin (2015) explica que, caso aplicáveis questionamentos “como?” ou “por quê?” é mais provável que o método de estudo mais recomendável seja o estudo de caso, experimento ou pesquisa histórica devido a necessidade de se explicar esses questionamentos.

Quanto ao controle sobre os eventos comportamentais, o pesquisador somente encontrará espaço para exercê-lo caso o estudo tenha como método experimentos, pois no ambiente de “laboratório” existe a possibilidade de se manipular o comportamento diretamente, através das variáveis envolvidas. No método de estudo de caso o pesquisador não terá controle das variáveis necessárias para influenciar comportamentos no objeto de estudo.

Por fim, para diferenciar o uso do estudo de caso de pesquisa histórica, observa-se que eventos estritamente históricos estão isolados no passado, não recorrendo de forma contemporânea, logo, se aplicaria o método de pesquisa histórica. No caso de eventos que são recorrentes e passíveis de serem observados de forma cotidiana, mesmo que tenham como ponto de partida um evento ocorrido no passado, será aplicável um estudo de caso como melhor método de pesquisa. Dessa forma, um estudo de caso terá como objetivo responder questões que necessitem de um enfoque explicativo, em fenômenos contemporâneos, porém, sem possibilidade de exercer controle comportamental nas variáveis envolvidas.

A partir da definição de Yin (2015) conclui-se que um estudo de caso é uma investigação empírica que visa investigar fenômenos contemporâneos em profundidade e o seu contexto no mundo real, ajudando a entendê-lo, sem segregá-lo de seu contexto, como seria feito em um experimento.

Com efeito, o contexto é de suma importância para interpretar eventos e fenômenos, de forma a compreender a possível causalidade que há em seus acontecimentos, algo muito complexo para desvendar a partir de métodos de estudo como experimentos ou levantamentos. Outro ponto importante para destacar no método de estudo de caso, é sua vantagem em compreender diversas variáveis diferentes de um contexto, e múltiplas fontes de evidências, porém o autor define que para isso, é de grande importância o desenvolvimento de proposições teóricas e revisão de pesquisas e estudos para o correto desenvolvimento das questões pertinentes.

Uma questão importante que é levantada em consideração ao estudo de caso é a generalização de suas descobertas. Yin (2015) aduz que em ciências as generalizações raramente são baseadas em um único experimento, e sim em múltiplos experimentos que buscam replicar os mesmos fenômenos em condições diferentes. Contudo, afirma que no estudo de caso pode ter a mesma abordagem a partir de projetos de pesquisa adequados.

A resposta curta é que os estudos de caso, como os experimentos, são generalizáveis às proposições teóricas e não às populações ou aos universos. Nesse sentido, o estudo de caso, como o experimento, não representa uma “amostragem” e ao realizar o estudo

de caso, sua meta será expandir e generalizar teorias (generalização analítica) e não inferir probabilidades (generalização estatística). (YIN, 2015, p. 22)

Para partir de um ponto, que são os questionamentos levantados sobre um fenômeno, e chegar ao ponto de se obter conclusões sobre as causas desse fenômeno, deve-se elaborar um projeto de estudo de caso. Yin (2015) se refere ao projeto de pesquisa como a sequência lógica que conecta a evidência empírica às questões iniciais levantadas e em seguida, às conclusões. Philliber, Schwab e Samsloss (1980, apud Yin, 2015, p. 31) também definem o projeto como um mapa para a pesquisa, onde irá tratar das questões estudadas, dados relevantes, coleta dos dados e a análise dos resultados.

Após definidas as questões de estudo, partindo da ideia de se entender “como”, ou “por quê” de algo, Yin (2015) elenca os demais componentes para o projeto de pesquisa. Com a questão definida, há de se pensar nas proposições de estudo, que é o conteúdo que o estudo definirá no final como verdadeiro ou falso.

Outro componente é a unidade de análise, ou seja, o caso a ser estudado. Há dois passos a serem considerados, a definição do caso e a delimitação do caso. A definição do caso pode ser realizada em tópicos como indivíduos, decisões, grupos, eventos, entre outros. O estudo de caso clássico é comumente reconhecido por analisar um único tópico, no entanto, o método de estudo de caso também permite que sejam agregadas diversas unidades, desde que devidamente delimitadas para a pesquisa.

A delimitação do caso é fundamental para definir o escopo correto de coleta de dados, por exemplo, se a unidade de estudo for o mercado acionário ou algum fenômeno que ele apresenta, deve-se ter delimitado aspectos como: quais ações serão estudadas ou que período de tempo será analisado. Dessa forma, o pesquisador tende ser mais bem direcionado aos dados que melhor interessam ao seu estudo e o foco nos personagens certos para o estudo de caso.

Após definição da unidade de estudo, se faz necessário encontrar a conexão entre as proposições estabelecidas e os dados. “Por exemplo, o conhecimento de que algumas ou todas as suas proposições cobrem uma sequência temporal significa que, eventualmente, algum tipo de análise de série temporal pode ser usada.” (YIN, 2015, p. 38)

Para alcançar os resultados do estudo, também é necessário que os critérios sejam bem definidos para a interpretação dos achados. Tanto em estudos em que há o uso de estatística como em estudos em que a análise não conta com a estatística, exigem o estabelecimento dos critérios corretos. Nos estudos em quem não há ferramentas estatísticas para interpretação do material coletado, podem ser utilizadas explicações rivais para confrontar sua análise, de forma

que quanto mais explicações rivais observadas e rejeitadas, mais relevantes serão os seus resultados.

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