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6.1 –– LOCAL E PARTICIPANTES

Participaram destapesquisa 150 crianças, na faixa etária entre dez a doze anos, da 5ª série do Ensino Fundamental de uma escola estadual da zona leste da cidade de São Paulo.

A grade curricular do horário dos cursos, dentro da escola, é dividida da seguinte forma:

• Período matutino: Ensino Médio;

• Período vespertino: Ensino Fundamental II; e • Período noturno: Ensino Médio e Suplência.

Por meio da coleta de informações, utilizando a leitura do Projeto Político Pedagógico da escola (2005), foi constatado de que se tratava de uma escola que atendia prioritariamente uma população de nível sócioeconômico médio, conforme dados abaixo:

• 34% apresentam um nível sócioeconômico baixo; • 61% apresentam um nível sócioeconômico médio; e • 05% apresentam um nível sócioeconômico alto.

Referente à escolaridade dos pais:

• 12% são considerados semi-analfabetos; • 19% cursaram Ensino Fundamental I; • 56% cursaram Ensino Médio; e • 13% cursaram Ensino Superior.

Todos os dados que serão apresentados a seguir referem-se às condições dos alunos na data da coleta de dados, realizada no período de 5/5/2005 à 13/6/2005.

A escola possui quatro salas de alunos que estão matriculados na 5ª série, conforme Tabela 10:

TABELA 10 –– DISTRIBUIÇÃO DOS ALUNOS NA DATA DA APLICAÇÃO DO

INSTRUMENTO DE COLETA DE DADOS –– 1º semestre/2005

Salas Total de alunos da

sala data da aplicaçãoTotal de faltas na Alunos presentes na datada aplicação

5ª série A 41 03 38

5ª série B 41 04 37

5ª série C 40 04 36

5ª série D 42 03 39

TOTAL 164 14 150

FONTE: Dados levantados pela autora

Como se pode perceber, as quatro salas são compostas aproximadamente pelo mesmo número de crianças, o que sugere que a divisão das salas é feita basicamente distribuindo as crianças numa mesma proporção. Também coincidiram as faltas na data de aplicação, o que acabou por trazer um número aproximado de participantes em cada sala.

A Tabela 11 mostra a distribuição dos sujeitos da pesquisa no que se refere ao sexo.

TABELA 11 –– DISTRIBUIÇÃO DOS PARTICIPANTES DA PESQUISA NO QUE

SE REFERE AO SEXO –- Mai.-Jun./2005

Sexo Total de alunos

Feminino 84

Masculino 66

TOTAL 150

Nessa tabela é possível perceber que, no total de alunos participantes da pesquisa, existe um número relativamente maior de meninas em relação ao de meninos. As meninas representam 57% da totalidade dos alunos, enquanto os meninos representam 43%.

Os dados que serão ilustrados nas Tabelas 12 e 13 foram coletados na escola por meio do levantamento dos prontuários dos alunos no período de 15 a 19/5/2006.

A idade das crianças varia de dez a doze anos, conforme Tabela 12.

TABELA 12 –– DISTRIBUIÇÃO DOS PARTICIPANTES DA PESQUISA NO QUE

SE REFERE À IDADE –– Mai.-Jun./2005

Idade Total de alunos

10 anos 49

11 anos 87

12 anos 14

TOTAL 150

FONTE: Dados levantados pela autora

É possível perceber, por meio dos dados da Tabela 12, que mais da metade dos alunos (58%) estão na faixa etária de onze anos. Isso mostra que a maioria das crianças, participantes da pesquisa, está com a idade que é basicamente prevista para a série. Um número considerável de crianças encontra-se na idade de dez anos (33%) e uma minoria encontra-se na idade de doze anos (9%), o que também é justificável por se tratar de uma idade considerada elevada para a série em questão.

É importante ressaltar que a escola onde foi feita a coleta de dados não possui o Ensino Fundamental I em sua grade curricular. Portanto, todas as crianças que participaram desta pesquisa vieram de outras escolas, conforme distribuição apresentada na Tabela 13.

TABELA 13 –– DISTRIBUIÇÃO DOS PARTICIPANTES DA PESQUISA NO QUE

SE REFERE À ESCOLA DE ORIGEM (Fund. I) –– Mai.-Jun./2005

Escola Total de alunos

Escola A 01 Escola B 60 Escola C 73 Escola D 08 Escola E 02 Escola F 01 Escola G 01 Escola H 01 Escola I 01 Escola J 02 TOTAL 150

FONTE: Dados levantados pela autora

Na tabela acima, verifica-se que a maioria das crianças são provenientes das escolas B e C, o que representa, respectivamente, 40% e 49% sobre o total de escolas.

6.2 –– INSTRUMENTOS E PROCEDIMENTOS DE COLETA DE DADOS

Instrumento:

Foi utilizado como instrumento de coleta de dados o seguinte ditado, construído e utilizado por Zanella (2005), conforme reproduzido a seguir:

O Futebol

Os brasileiros são craques nos esportes. Adoram a Copa do mundo, as olimpíadas e os campeonatos. Entre todos, o futebol é o nosso preferido.

Temos atletas famosos em toda a terra. Suas jogadas são uma beleza, verdadeiros guerreiros da pelota.

Neste país joga-se em qualquer lugar. Em campos enormes como o Maracanã, Morumbi, Beira Rio, ou até mesmo em ruelas, barrancos ou ladeiras.

Os garotos se juntam e nem precisa de goleiro. Ninguém fica no banco, todos são bambas. Até mesmo sem bola, serve lata, fruta ou papel amassado.

Não é necessário ser sócio de clubes. É gostoso participar dessa brincadeira, assim como também é prazeroso assistir pela televisão.

Não é necessário ser um clássico, nada importa, na hora do jogo não há tristeza e apenas uma certeza: Não há seleção melhor, pode ser francesa, alemã ou inglesa, só mesmo a fabulosa brasileira é pentacampeã.

Esse instrumento constitui-se de um ditado de 145 palavras, distribuídas em 6 parágrafos, que contêm especificidades ortográficas definidas por Zanella (2005), que são:

Palavras cuja representação fonema-grafema é biunívoca (há apenas

uma possibilidade dessa representação).

Palavras cuja grafia depende de regras específicas como:

Regras de posição: palavras que possuem sons (fonemas) que

podem ser representados por diferentes grafemas (letras). Podem ser dos seguintes tipos:

a) a escolha do grafema a ser utilizado depende da posição

deste na palavra. Exemplo: o som nasalizado das vogais pode ser representado com o acréscimo de “M” ou “N”. Nas palavras CAMPEONATO, OLIMPÍADAS, BAMBAS, este som deverá ser grafado com “M”, pois precede as letras “P” e “B”. No entanto, esse mesmo som antecedendo as demais letras, deverá ser grafado com a letra “N”, como nas palavras MUNDO, NINGUÉM, BANCO , FRANCESA.

b) caso semelhante ocorre com o som vibrante do fonema

“R” (por exemplo o som inicial da palavra “RUELAS”), a utilização de “R” ou de “RR” depende da posição deste som na palavra. Se no início ou final das palavras, grafa-se com um único “R”, exemplo: RUELAS, ASSISTIR, PARTICIPAR.

c) se, no entanto este som estiver no interior da palavra entre

duas vogais, deverá ser grafado com “RR”, como em: GUERREIROS, BARRANCOS.

d) por fim, se este som no interior da palavra não for

intervocálico deverá ser grafado com apenas um “R”, como em: HONRA, GENRO, ENRAIZAR.

Em todos esses casos é dito que há uma regra de posição que determina qual grafema deve ser utilizado. Tais regras implicam que o aprendiz analise mentalmente a palavra como um todo e também o contexto geral em que está inserida para, então, escolher a letra que utilizará.

Regras gramaticais ou morfossintáticas: palavras

cuja escolha da letra ou morfema adequado para sua grafia depende de regras gramaticais, por exemplo:

a) o

sufixo que acrescentado ao substantivo o transforma em adjetivo (OSO) grafa-se com “S”: FAMOSOS, GOSTOSO, PRAZEROSO.

b) o

sufixo “EZA”, formador de substantivo derivado de um adjetivo, é grafado com “Z” como em: BELEZA, TRISTEZA.

c) já

o sufixo “ESA”, formador de substantivos femininos, é grafado com “S” como em: FRANCESA, INGLESA.

d) Há

ainda uma sutil diferença presente na formação do tempo verbal da 3ª pessoa do singular no pretérito perfeito e no futuro do presente, como em: JUNTAM e JUNTARÃO, AMARAM e AMARÃO, PARTIRAM e PARTIRÃO etc. O conhecimento de afixos será útil para agilizar a escrita com correção ortográfica.

Essas categorias não esgotam as possibilidades de uso de morfemas na língua portuguesa, porém dão uma noção da importância da morfologia para uma escrita ortográfica correta.

Regras etimológicas: palavras cuja

grafia correta depende da língua de origem, como em “SELEÇÃO” que tem seu som inicial grafado com “S” e não com “C” ou “PRECISA” que é grafada com “c” e não com “SS” E “S” e não “Z”. Não há uma regra passível de ser resgatada facilmente que ajude o escritor nesses casos, pois essas “regras etimológicas” dependem de um conhecimento histórico da língua. Dizemos que tais casos dependem da memorização da grafia correta das palavras.

Coleta de dados:

Foi feita uma aplicação coletiva do ditado, pela própria pesquisadora, em cada uma das quatro turmas da 5ª série da escola. O critério de aplicação foi igualmente usado para todas as quatro salas que compõe a 5ª série da referida escola.

A primeira aplicação do ditado foi realizada no dia 5/5/2005 na 5ª série B. A sala possui 41 alunos, mas nesta data apenas 37 alunos estavam presentes e participaram da pesquisa. Nesta mesma data, foi aplicado o ditado para a 5ª série D, e 39 alunos participaram da pesquisa, dos 42 alunos que compõe a sala. A terceira aplicação do ditado ocorreu no dia 8/6/2005 na 5ª série A. Participaram um total de 38 alunos, sendo que a sala possui 41 alunos. No dia 13/6/2005, foi aplicado o ditado para a 5ª série C e 36 alunos participaram da pesquisa, sendo que a sala tem um total de 40 alunos.

As instruções iniciais dadas aos alunos, para a realização do ditado, foram para que utilizassem uma folha de caderno em branco e colocassem na folha o nome, número e série em que se encontravam.

Os alunos ficaram cientes, após explicação da aplicadora, que fariam um ditado de algumas frases e que o objetivo era o de verificar como estavam escrevendo. Foi explicado que o ditado não seria utilizado como avaliação ou teria nota em determinada disciplina, e, sim, que seria apenas uma forma de evidenciar a escrita deles.

Foi dito que a atividade seria individual e sem consulta, assim, não poderiam consultar qualquer tipo de material ou o colega.

O procedimento utilizado na aplicação do ditado consistiu em:

• Ditar o texto bem devagar, de modo que todos pudessem acompanhar; • Ditar a palavra claramente, ou seja, da mesma forma que é escrita,

pronunciando as letras;

• Não ditar a acentuação, de modo que esse item também pudesse ser avaliado; e

• Repetir ou retornar o texto quantas vezes se fizessem necessárias para que todos compreendessem e não se sentissem perdidos no texto por não ouvirem uma ou outra palavra.

É importante ressaltar que, o fato de ter ditado claramente as palavras, ou seja, da forma como são escritas, provavelmente facilitou ou criou uma condição de boa escrita para algumas crianças. Ao fornecer pistas ortográficas do ditado, as crianças poderiam indicar número menor de erros ou solucionar alguns problemas de possíveis erros.

Cada aplicação teve duração de aproximadamente 50 minutos, o que equivale à duração de uma hora/aula para cada sala.

6.3 –– PROCEDIMENTOS DE ANÁLISE DOS DADOS

Inicialmente, a escrita das 150 crianças foi organizada e foi feita uma leitura cuidadosa de todas elas, classificando-se a freqüência de erros e tipos de violações ortográficas presentes nas palavras.

Foi feita a análise da escrita de cada um dos participantes, contando-se afreqüência de erros em cada palavra, baseado em trabalho anterior realizado por Zanella (2005).

Os tipos de erros considerados foram:

Palavras hipersegmentadas foram consideradas como 1 palavra errada; Palavras hiposegmentadas foram consideradas como 2 palavras erradas;

Palavras sem acentuação ou com acentuação incorreta; Palavras escritas erradas no plural/singular;

Palavras escritas erradas quanto ao gênero (masculino/feminino); Palavras escritas a mais;

Omissão de palavras;

Erros que infringem a fonologia; Erros que infringem regra de posição; Erros que infringem regra morfológica; e Erros que infringem regra etimológica.

É importante salientar que, numa mesma palavra, pode ter ocorrido mais de um tipo de erro ortográfico. Sendo assim, foram computados todos os erros cometidos, em todas as palavras.

Após a contagem do número de erros, para cada um dos participantes da pesquisa, foi verificada a freqüência de erros ortográficos comparando-se as diferenças apresentadas por meninos e meninas e também verificando a relação entre a escrita e a idade dos participantes da pesquisa.

Após a contagem da freqüência de erros na produção de cada um dos participantes, foi feita uma análise dos tipos de erros apresentados. Mas, numa primeira verificação dos textos escritos pelos participantes da pesquisa, pôde-se perceber uma enorme dispersão. Embora estejam na mesma série, a diferença de erros ortográficos é muito grande entre eles. Por esse motivo, foram identificados e separados para fins de análiseos extremos, ou seja, os protocolos de escritas consideradas como muito ruins e de escritas muito boas, conforme descrição abaixo:

Eliminamos e classificamos como insuficiente os participantes que apresentaram mais de 68 palavras erradas no texto (n=7); e

Eliminamos e classificamos como muito bom os participantes que erraram de 0 a 2 palavras, sendo que esses erros apresentados não se referem a erros que infringem a fonologia (n=7).

Seguindo nossos critérios, o extremo inferior, classificado como insuficiente, não foi analisado porque são textos (n=7) que apresentam uma escrita que não pode ser considerada como escrita ortográfica. Esses textos demonstram que se trata de crianças que não adquiriram competências básicas na escrita e, também, que não compreenderam suficientemente o uso do sistema alfabético.

No entanto, também foram encontradas escritas sem nenhum tipo de erro ou com pouquíssimas infrações. Esses textos (n=7) também não foram analisados porque, ao utilizar-se como critério um “corte dos extremos”, definiu-se como muito bom um tipo de escrita que apresenta, no máximo, dois erros.

Foram tomados como unidades de análise para verificação da escrita ortográfica, conforme os objetivos da pesquisa, os protocolos de 136 participantes.

Nos limites deste trabalho, foram escolhidas, do conjunto do texto ditado, 16 palavras que seriam analisadas quanto ao tipo de violação ortográfica. A escolha dessas palavras e os tipos de erros que foram analisados basearam-se em trabalho anterior realizado por Zanella (2005). Os critérios utilizados foram:

Seis palavras cuja ortografia apóia-se em alguma das regras de posição –– ninguém, goleiro, bambas, olimpíadas, campeonatos e guerreiros.

Seis palavras cuja ortografia apóia-se em regras morfológicas –– fabulosa, inglesa, francesa, prazeroso, tristeza e certeza.

Quatro palavras cuja ortografia apóia-se em regras etimológicas –– precisa, seleção, clássico e sócio.

Durante a análise detalhada dessas 16 palavras selecionadas acima, verificou-se também os erros que infringem a fonologia. Inclui-se aqui todo erro que infringe a relação sonora entre fonema/grafema.

Dessas 16 palavras analisadas, foram selecionadas cinco palavras para verificar a acentuação –– ninguém, olimpíadas, seleção, sócio e clássico. É importante ressaltar que foi feita a análise da produção de cada criança colocando todos os tipos de erros cometidos em cada palavra. (Ver modelo de tabela no Anexo 3.)

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