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Capítulo 3 – A Linha de Cascais 33!

3.2. O método 34!

Como referido, este capítulo pretende ser essencialmente prático. Neste sentido, foram realizadas, inicial e sucessivamente, entrevistas exploratórias a elementos policiais das Divisões de Oeiras e Cascais, de modo a “ajudar a construir a problemática de investigação” (Quivy e Campenhoudt, 2008: 69) e a definir o guião das entrevistas seguintes. Neste sentido, as entrevistas exploratórias têm o fito de “revelar determinados aspectos do fenómeno estudado” (Quivy e Campenhoudt, 2008: 69), pelo que serviram para alinhavar o trilho da investigação subsequente.

Porque as entrevistas permitem ao investigador colher “informações e elementos de reflexão muito ricos e matizados” (Quivy e Campenhoudt, 2008: 192), consumou-se esta técnica de investigação em seis entrevistas feitas aos principais responsáveis pela segurança nas zonas balneares da Linha de Cascais, concretamente, das praias marítimas. A escolha dos entrevistados não foi feita ao acaso, “mas em função de características específicas que o investigador quer pesquisar” (Guerra, 2006: 43); daí a escolha dos principais responsáveis pela segurança e ordem públicas na zona constatada. Construiu-se

19 As informações explanadas podem ser consultadas no seguinte local:

http://www.infopedia.pt/$cascais.

20 A Câmara Municipal de Cascais disponibiliza no seu sitio da internet uma listagem das praias do

35 um único guião comum aos seis entrevistados. No que se refere à estrutura, teve-se em conta “começar por aspectos de carácter geral” (Santo, 2010: 30), dando lugar ao seu desdobramento.

A entrevista, enquanto método qualitativo de análise intensiva e de profundidade, obtém préstimo pela qualidade, visto que as respostas de cada entrevistado valem por si próprias, não sendo representativas de outros indivíduos ou comunidades (Santo, 2010: 31). A duração das entrevistas realizadas oscilou entre os vinte e os quarenta minutos. De modo a garantir a uniformidade, para além de ter sido usado sempre o mesmo guião, todas as entrevistas obedeceram ao mesmo protocolo. Assim, primeiramente foram agendadas as entrevistas, por via telefónica, umas, e presencialmente, outras. Antes de cada entrevista foi apresentado o tema ao entrevistado e solicitada autorização para gravar a entrevista. Posteriormente, as entrevistas foram transcritas na íntegra e foi efectivada a revisão do texto. De referir que todos os passos foram realizados por uma só pessoa, incluindo a entrevista, pois considera-se o “papel do entrevistador essencial como um dos garantes da fidelidade dos resultados” (Santo, 2010: 34), de forma a respeitar o tratamento igualitário do objecto.

Existiu, porém, uma entrevista que foi agendada de forma diferente: trata-se da realizada ao Subchefe Grilo, da Polícia Marítima. Inicialmente contactou-se o comando da Capitania do Porto de Lisboa, que acumula com o comando da Capitania do Porto de Cascais21. O Comandante Mónica de Oliveira, 2.º Comandante da Capitania, indicou para o efeito o Subchefe Grilo – o que vale por dizer que, neste caso, a escolha do entrevistado não dependeu directamente do autor.

De referir que a entrevista realizada constitui uma entrevista semidirectiva “no sentido em que não é inteiramente aberta nem encaminhada por um grande número de perguntas precisas” (Quivy e Campenhoudt, 2008: 192), pelo que nem sempre a ordem das questões foi respeitada, tendo estas sido introduzidas conforme o fluir do discurso do entrevistado. Foram respeitadas as regras que ditam que o entrevistador não deve condicionar ou influenciar o entrevistado. Para que o entrevistado se sinta o mais confortável e à vontade possível nas respostas, todas as entrevistas foram realizadas nos locais de trabalho dos entrevistados.

Assim, foram entrevistados: o Subintendente Miguel Coelho, Comandante da Divisão Policial de Oeiras; o Subintendente Rafael Marques, Comandante da Divisão

36 Policial de Cascais; o Subintendente Filipe Palhau, Director do Departamento de Polícia Municipal e Protecção Civil de Oeiras; o Subintendente Domingos Antunes, Director do Departamento de Polícia Municipal de Cascais; o Comissário Ribeiro, Comandante da Divisão de Segurança a Transportes Públicos do Cometlis; e, por fim o Subchefe Grilo, Adjunto do Comando da Polícia Marítima de Cascais e Chefe da Área de Fiscalização.

Seguidamente analisar-se-ão os principais temas das entrevistas, de modo a patentear o estado da segurança nas zonas balneares da Linha de Cascais.

Como se referiu inicialmente, neste último capítulo pretende-se essencialmente traçar uma abordagem prática e actual da Linha de Cascais. Para o efeito, solicitou-se ao Comando Metropolitano de Lisboa autorização para recolher os dados estatísticos da criminalidade na Linha de Cascais (Anexo 1). No presente capítulo analisar-se-ão os respectivos dados, colhidos junto do Núcleo de Operações do Cometlis.

Quando se conveio na recolha dos dados da criminalidade junto do Núcleo de Operações, pretendia-se circunscrever a análise à zona das praias marítimas dos concelhos de Oeiras e Cascais e em seu redor. No entanto, o Núcleo de Operações do Cometlis informou que apenas conseguia processar os dados estatísticos por unidades policiais, o que fez com que a pretendida georeferenciação se tenha desmoronado. No entanto, e apesar desta limitação, foi possível, ainda assim, levar por diante a análise. Neste sentido, foram fornecidos para a elaboração da presente dissertação os dados relativos à criminalidade registada nas Divisões Policiais de Oeiras e de Cascais e da Esquadra da DSTP, que faz a segurança à linha do comboio de Cascais – 3.ª Esquadra CP Oeiras. O período de tempo em análise corresponde aos anos de 2004 a 2009 inclusive, perfazendo um total de seis anos de análise.

Como os dados da criminalidade disponíveis são anuais, optou-se por pedir uma selecção dos crimes ocorridos apenas na época de Verão, onde tendencialmente as pessoas se deslocam com maior frequência para as zonas balneares. Foram, assim, escolhidos quatro meses: Junho, Julho, Agosto e Setembro. A análise realizada surgirá seccionada quer por anos, quer pelo indicado período de quatro meses. Procurou-se relacionar os dados estatísticos com a opinião dos entrevistados, de tudo retirando as devidas conclusões.

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