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Nesta pesquisa, qualitativa e exploratória, será utilizado o método de estudo de caso, “[...] apropriado nos estágios iniciais da pesquisa sobre determinado tópico ou para fornecer novas perspectivas a um tópico já pesquisado”. (EISENHARDT, 1989, p. 548).

O desenvolvimento de uma pesquisa pode ter diversas finalidades. Segundo Selltiz et al (1975), uma pesquisa pode atender a objetivos assim entendidos:

 Familiarizar-se como o fenômeno ou conseguir nova compreensão sobre ele – frequentemente para poder formular um problema mais preciso de pesquisa ou criar novas hipóteses;

 Apresentar precisamente as características de uma situação, um grupo ou um indivíduo específico;

 Verificar a frequência com que algo ocorre ou com que está ligado a alguma outra coisa;

Assim, a fim de familiarizar-se com o fenômeno, esta pesquisa possui um caráter exploratório, visando trazer maior compreensão sobre o tema, delimitando o problema com maior precisão e trazendo contribuições ao assunto para que ele possa ser explorado em pesquisas futuras.

Em estudos exploratórios, como o proposto, busca-se o entendimento de diferentes aspectos do fenômeno e de suas interações. As fontes de dados primárias são normalmente, qualitativas e, assim, precisam ser analisadas. A amostra tende a ser pequena e não-representativa. Entre os possíveis métodos para a coleta de dados, encontram-se as entrevistas com especialistas e a análise de dados secundários. (SELLTIZ et al, 1975).

De maneira similiar à Selltiz et al, Gil (2002) propõe uma classificação com base em objetivos gerais de pesquisa. Assim, o autor classifica as pesquisas em três grandes grupos:

 Pesquisas exploratórias. Proporcionam maior familiaridade com o problema, com vistas a torná-lo mais explícito ou a construir hipóteses. Têm como objetivo principal o aprimoramento de idéias ou a descoberta de intuições.

 Pesquisas descritivas. Têm como objetivo primordial a descrição das características de uma determinada população ou fenômeno ou, então, o estabelecimento de relações entre variáveis.

 Pesquisas explicativas. Têm como preocupação central identificar os fatores que determinam ou que contribuem para a ocorrência de fenômenos. É o tipo de pesquisa que mais aprofunda o conhecimento da realidade, porque explica a razão, o porquê das coisas.

Para Cooper e Schindler (2003), o estudo exploratório se aplica quando a área de investigação é muito nova e variáveis importantes podem não ser conhecidas ou não estar totalmente definidas.

Sampieri et al (2006, p. 99) recomendam o estudo exploratório “quando a revisão da literatura revela que há temas não pesquisados e idéias vagamente relacionadas com o problema de pesquisa”. O valor de uma pesquisa deste tipo está em obter informações para pesquisas mais completas sobre um contexto particular, identificar conceitos ou variáveis, estabelecer prioridades para pesquisas futuras ou sugerir afirmações e postulados.

No tocante ao método da pesquisa qualitativa, diversos tipos e estratégias de coleta e análise de dados podem ser adotados. Creswell (1998) apresenta cinco tradições na pesquisa qualitativa: estudo biográfico; estudo fenomenológico; grounded theory; etnografia; e estudo de caso.

1. Estudo biográfico. Consiste no estudo do indivíduo, de suas experiências, por meio de depoimentos, documentos e material arquivado. É a descrição de momentos significativos de um indivíduo por meio de documentos vitais. Reúne-se o material biográfico, organiza- se o material em torno de eixos, exploram-se os significados dessas histórias e definem-se estruturas para explicar os significados da interpretação.

2. Estudo fenomenológico. É uma descrição das experiências vividas de vários sujeitos sobre um conceito ou fenômeno, visando identificar a estrutura essencial ou os elementos invariantes do fenômeno, ou seja, seu significado central.

3. Teoria fundamentada (grounded theory). Tem por objetivo gerar ou descobrir uma teoria a partir de uma situação em que os indivíduos interagem. Coletam-se, primariamente, dados de entrevistas por meio de múltiplas visitas ao campo. A teoria é gerada durante o processo de pesquisa, concomitante a coleta de dados, ou seja, à medida que os dados vão sendo coletados. As hipóteses e os conceitos são trabalhados fora do curso do estudo.

4. Etnografia. É a descrição e a interpretação de um sistema cultural ou social a partir do exame dos padrões de comportamento observáveis. Envolve extenso trabalho de campo e pode ser aplicada em vários sistemas sociais. Pode ocorrer por meio de observações diretas das atividades do grupo estudado, comunicações e interações com pessoas e entrevistas formais e informais.

5. Estudo de caso. Refere-se à exploração de um sistema delimitado, partindo de uma coleta de dados detalhada, em profundidade, envolvendo fontes múltiplas de informação. Segundo Creswell (1998) os desafios inerentes a esse modelo são: a própria identificação do caso; a escolha de sua delimitação e suas fronteiras.

Quanto ao delineamento desta pesquisa, optou-se por realizar estudo de caso único. Segundo Yin (2005) os estudos de caso único e múltiplo são variantes de uma mesma estrutura metodológica.

O caso escolhido precisa ser um sistema específico, com limites bem definidos, sendo esses fatores críticos para seu entendimento (STAKE, 1994). O pesquisador pode decidir estudar vários casos simultaneamente, mesmo assim, no momento em que se busca a compreensão da complexidade de um caso, existe uma concentração da investigação nesse único caso. (Ibid.).

É importante lembrar que o propósito do estudo de caso não é representar a população e sim representar o caso em questão (STAKE, 1994; SCANDURA; WILLIAMS, 2000). Da mesma forma que em outros métodos qualitativos, os resultados não são necessariamente representativos da população, não possibilitando generalizações. Além disso, existe uma ambiguidade nos resultados, decorrente da característica básica dos métodos qualitativos, isto é, a flexibilidade do entrevistador direcionar as questões. (AAKER; DAY, 1990).

As pressões nas organizações nunca são exatamente as mesmas. Desta forma, nunca duas organizações passam pelos estágios organizacionais exatamente da mesma maneira e nem chegam precisamente ao mesmo padrão organizacional. “Mesmo assim, alguns padrões gerais acabam se desenvolvendo”. (KEEGAN; GREEN, 1999, p. 439).

A estratégia do estudo de caso busca a compreensão tanto do que é comum quanto do que é particular sobre o caso estudado (STAKE, 1994). Dessa forma, é comum levantar informações sobre: natureza do caso; fontes históricas; instalações físicas; contexto econômico, político e legal; outros casos relacionados; as pessoas através das quais o caso poderá ser compreendido. (Ibid.).

A qualidade do estudo de caso é uma questão importante a ser considerada. Atendendo a essa preocupação, no Quadro 15, YIN (2005) apresenta os quatro testes mais utilizados em projetos de pesquisas sociais empíricas, recomenda táticas do estudo de caso e detalha a fase da pesquisa em que cada tática deve ser aplicada.

Quadro 15 - Táticas do estudo de caso para quatro testes de projeto

Teste Tática do estudo de caso a tática deve ser aplicadaFase da pesquisa na qual

Validade do constructo

Utiliza fontes múltiplas de evidências Coleta de dados Estabelece encadeamento de evidências Coleta de dados O rascunho do relatório do estudo de caso é revisado por

informantes-chave Composição

Validade interna

Faz adequação ao padrão Análise de dados

Faz construção da explanação Análise de dados Faz análise de séries temporais Análise de dados Validade externa Replicação em estudos de casos múltiplos Projeto de pesquisa Confiabilidade Utiliza protocolo de estudo de caso Coleta de dados

Desenvolve banco de dados para o estudo de caso Coleta de dados FONTE: YIN, 2005, p. 55.

Yin (2005) acrescenta que um projeto de pesquisa ao utilizar o método de estudo de caso deve apresentar cinco componentes essenciais:

 Questões de pesquisa, provavelmente do tipo como e por quê;

 Suas proposições, ou seu propósito, no caso de estudos exploratórios;

 Suas unidades de análise, cuja definição está relacionada à maneira como as questões iniciais de pesquisa foram definidas;

 A lógica de ligação dos dados às proposições;  Os critérios para a interpretação dos dados.

Deve ficar claro que não se pode confundir estudos de caso para fins de ensino com o método de estudo de caso com fins de pesquisa – como proposto aqui. Na primeira situação, o objetivo é estabelecer um contexto didático para debates entre estudantes, não havendo preocupação essencial em refletir com precisão a abrangência e fenômenos reais e as suas interações com o seu contexto. (YIN, 2005).

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