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A metodologia de investigação consiste na determinação das etapas, procedimentos e estratégias utilizadas na recolha de dados. Compreende pois a tomada de decisões pelo investigador sobre quais os métodos a utilizar para responder às questões da investigação a que se pretende dar resposta, bem como aos objetivos traçados (Pires, 2008). Nesta fase, há uma descrição ao longo de todo o processo e planificação relativa à recolha de dados, uma vez que essa planificação apresenta implicações na qualidade, integridade e interpretação dos resultados encontrados, tendo em ênfase o método usado.

Segundo Dias (2015), toda a atividade de investigação está sujeita a métodos e técnicas apropriadas para atingir o objetivo preconizado. Estes métodos e técnicas são adotados com base nas necessidades adequadas de cada temática a investigar. Consideramos o método como um corpo de ideias e técnicas coordenadas que nos permite atingir um determinado objetivo. Embora o método trate de caso geral e as técnicas tratem de caso particular dos métodos, em caso de funcionabilidade, ambos se complementam.

Existem dois tipos de classificação de métodos: qualitativo e quantitativo. Ambos, tradicionalmente, estão associados a paradigmas. A diferença entre paradigmas verifica-se na produção do conhecimento e no processo de investigação, e também essa diferença entre os paradigmas consiste no método a empregar, pois cada método de investigação está relacionado com uma perspetiva pragmática diferente e única. Efetua-se essa distinção principalmente no relacionamento de recolha de dados e na maneira como são tratados, rigistados e analisados.

Os objetivos da investigação qualitativa eleita neste trabalho, residem na descrição rigorosa, de tal forma que a descrição venha a resultar diretamente dos dados recolhidos. Estes dados incluem transcrições de entrevistas, registos de observações, documentos escritos, fotografias e algumas gravações de vídeos. Neste tipo de investigação, tenta-se que os dados

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recolhidos estejam de acordo com o que os indivíduos dizem e fazem (Carmo & Ferreira, 1998). As técnicas mais utilizadas em investigação qualitativa são a observação qualitativa, a observação participante, a entrevista em profundidade e a análise documental.

Os métodos tradicionais não têm resolvido de forma satisfatória os problemas no domínio das ciências sociais. Eles pressupõem uma extensa recolha de dados durante um período de tempo mais ou menos longo, sem que o investigador interfira na situação que está a estudar, nem procure compreender o comportamento dos sujeitos através dos seus pontos de vista, mas do ponto de vista daqueles que observa. Este tipo de pesquisa usa-se na cultura, no conjunto de padrões de comportamentos e crenças dos elementos de um determinado grupo, classe ou etnia.

A investigação etnográfica utiliza, fundamentalmente, a técnica da observação participante, o que implica que o investigador deve fazer o trabalho de campo de forma a estar inserido na cultura em estudo. É um tipo de estudo que, por um lado, tem sido utilizado há bastante tempo por antropólogos para estudar culturas de povos de economia que depende essencialmente da pastorícia; por outro, o investigador tem a possibilidade de recorrer a outras técnicas: questionários, entrevistas, escalas de atitudes, análise documental, recolha de artefactos, gravações vídeo e áudio, de forma complementar a recolha de dados.

A opção metodológica conduz-nos num trabalho de cunho científico. Como descreve Carvalho (2009), a ciência é um conjunto organizado de conhecimentos sobre os mecanismos de causalidade dos factos observáveis, obtidos através do estudo e dos fenómenos empíricos. Visto que a ciência tem como objetivo descobrir, explicar e predizer os factos do mundo em que vivemos, as suas afirmações têm que ser confrontadas com os factos da experiência e só aceites se verificadas experimentalmente.

O nosso trabalho tem como base de orientação a consulta de variadas obras já existentes, observação, conversação, registos fotográficos de artefactos dos subgrupos étnicos

Mucubais e Himbas, e notas de campo. Delineou-se, desde o pré-projeto deste trabalho, a

conversação com indivíduos ligados aos povos em referência, para colher informações sobre vários assuntos relativos a práticas culturais, tradições, hábitos e costumes dos povos deste grupo Helelo, tendo como ênfase os saberes e saberes-fazer relativos aos conhecimentos matemáticos. Passámos o maior tempo com as famílias desta tribo em aldeias, bairros e outros locais, procurando viver e entender questões educativas aplicadas nas famílias, explorar os nomes do artesanato da cultura, aplicando diversos métodos de coleta e levantamento de

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dados, como a observação direta, entrevistas com informantes, bem como o uso de câmaras fotográficas para obter imagens e alguns vídeos.

De salientar que as informações obtidas através de conversas informais foram efetuadas com os povos Mucubais e Himbas, professores e também alguns alunos, para saber sobre a ligação entre estes saberes com a matemática. Foi desta forma que recorremos ao paradigma qualitativo, valorizando o emprego de métodos qualitativos e observação naturalista. Como relata Dias (2016, p. 84):

Pretendemos conhecer a cultura deste grupo com foco nas atividades e artefactos que envolvem saberes e saberes-fazer matemáticos, efectuamos uma observação participante durante certos períodos de tempo, quanto habitualmente um estudo desta natureza exige, em virtude de o investigador ser oriundo e ter vivido durante muito tempo da sua infância e adolescência nesta cultura

No nosso caso, vivemos quase toda a nossa infância e adolescência com a tribo em causa. Daí a facilidade de penetração no seio do grupo, para adquirirmos os dados, recorrendo aos métodos já frisados atrás.

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