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Método WAIT – Work Accidents Investigation Technique

Capítulo 2 Literatura de Referência

2.2. Revisão de alguns métodos de análise de acidentes de trabalho

2.2.3. Método WAIT – Work Accidents Investigation Technique

O Método WAIT foi desenvolvido entre 2000 e 2003 tendo em conta o enfoque dado, em muitos países e em particular a União Europeia, às questões de Gestão de Segurança e Saúde do Trabalho (SST) e as imposições legais cada vez mais restritivas no âmbito da SST. Baseia-se no modelo teórico de causalidade de acidentes proposto por Reason (1997) denominado “Modelo dos Acidentes Organizacionais”, no que se refere à análise do erro humano e inclui teorias e esquemas de classificação de Hollnagel (1998). Para além dos esquemas de classificação referidos, integra algumas das variáveis harmonizadas do Eurostat (2001) respeitantes ao acidente e ao sinistrado (Jacinto, 2005).

É um método para proceder à investigação de acidentes de trabalho de uma forma estruturada e sistemática. Foi desenvolvido especificamente para ser aplicado aos acidentes ocupacionais e os

Capítulo 2 - Literatura de Referência

 Fornecer uma metodologia, estruturada e sistemática para a execução de uma análise detalhada e rigorosa de acidentes, contribuindo assim para o ciclo de melhoria contínua de uma dada organização;

 Garantir uma interligação sistemática entre a análise de acidentes e a identificação de perigos e avaliação de factores de risco;

 Efectuar recomendações de melhoria, eficazmente;

 Acrescentar uma nova filosofia na investigação de acidentes ao tentar identificar factores de influência positiva;

 Contribuir para a harmonização europeia das novas variáveis do Eurostat aumentando a compatibilidade dos dados recolhidos;

 Ajudar as organizações a dar cumprimento às obrigações legais estabelecidas. O método contempla duas fases principais, cada uma com vários passos:

1. Investigação simplificada – análise das causas e circunstâncias imediatas, cobrindo os requisitos legais mínimos;

2. Análise aprofundada – identificação e análise de outros factores de causalidade tais como possíveis “pontos fracos” ao nível da organização e do sistema de gestão. Vai além das exigências legais e tem como objectivo fornecer às organizações uma ferramenta de análise que lhes permita identificar oportunidades de melhoria independentemente de terem um Sistema de Gestão de SST formalizado.

O processo WAIT estabelece três níveis de preocupação, tal como o modelo teórico que lhe serve de suporte:

 A organização;  O local de trabalho;  O indivíduo.

A investigação evolui gradualmente a partir da identificação das falhas activas que provocaram a cadeia de acontecimentos que antecederam o acidente e estende-se até às possíveis condições latentes que lhes possam estar associadas, i.e. as condições organizacionais e de gestão.

Entre os dois extremos são identificados outros factores contribuintes:

 Factores influenciadores (relacionados com o ambiente ou condições do local de trabalho);  Factores individuais (a pessoa/o indivíduo);

 Factores de trabalho (o trabalho em si).

A aplicação completa do método efectua-se em 9 passos:

Fase 1 (processo simplificado) 1. Recolha de informação;

Capítulo 2 - Literatura de Referência

3. Estabelecimento dos factores contribuintes de cada falha activa ao nível dos factores influenciadores;

4. Utilização dos resultados obtidos nos passos 1-3 para rever e corrigir (se necessário) a matriz de identificação de perigos e avaliação de factores de risco;

Fase 2 (análise aprofundada)

5. Análise dos factores individuais e de trabalho; 6. Análise das condições organizacionais e de gestão;

7. Relação entre os resultados obtidos e o Sistema de Gestão de SST; 8. Recomendações e atribuição de prioridades;

9. Procura de factores de influência positiva.

No passo 1 os dados são recolhidos por observação directa e através da realização de entrevistas a cada um dos envolvidos na ocorrência. O passo 2 consiste na identificação das falhas activas, crítico no processo de investigação, uma vez que se não for executado adequadamente, poderá comprometer a restante análise. Para esta identificação o WAIT não sugere a aplicação de nenhum método em particular, fornecendo no entanto algumas sugestões, e.g. codificação da informação.

O WAIT utiliza três variáveis para caracterizar e codificar os possíveis modos de falha: modo de falha, modo de erro e desvio, sendo esta última uma das variáveis do Eurostat.

Para garantir uma busca sistemática de todas as falhas possíveis num determinado acidente ou incidente, o WAIT, considera cinco categorias diferentes, em função da natureza da falha (Jacinto, 2011):

 HUM (para seres humanos);

 E&E (para equipamentos ou ferramentas e edifícios);

 PRG (para perigos vários – e.g.: energias, materiais ou substâncias perigosas);  ORV (para organismos vivos);

 NAT (para fenómenos da natureza).

No passo 3 a identificação dos factores influenciadores de cada uma das falhas activas permite completar o contexto específico onde as falhas identificadas ocorreram. Para efeitos de codificação dessa informação, o WAIT inclui uma lista de possíveis factores influenciadores relacionados com o Local e o Ambiente de Trabalho.

Capítulo 2 - Literatura de Referência

No passo 6 o objectivo é identificar as falhas latentes ao nível organizacional e de gestão. Este é importante para garantir a “Revisão pela Gestão” e a melhoria geral dos factores organizacionais. No passo 7 relacionam-se os resultados obtidos com o Sistema de Gestão de SST, por forma a se tomarem acções correctivas ou a identificar oportunidades de melhoria ao nível das práticas e políticas de gestão da organização. No caso de a empresa não possuir um sistema de gestão implementado, as acções correctivas resultam do passo 6.

No passo 8 procede-se à realização de um plano de acção, onde são identificadas as acções, responsabilidades, meios e prazos de execução.

Por fim, no passo 9 identificam-se os factores de influência positiva, ou seja tenta encontrar-se ou perceber se existe algum factor/acção que contribuiu para que um incidente não chegasse a acidente, ou no caso da ocorrência de um acidente que o mesmo não tenha tido consequências mais graves.

Como referido anteriormente, os passos 1 – 4 constituem a investigação simplificada, os passos 5 – 9 constituem a análise aprofundada.

Vantagens – Simples e rápido de aplicar. Tem incorporado sistemas de classificação para os diversos factores de causalidade, permitindo a uniformização e fiabilidade dos resultados. Permite codificar a informação para a realização de estatísticas, e opcionalmente permite a classificação de acordo com as variáveis do Eurostat (Jacinto, 2005). De acordo com a autora desta dissertação a classificação das falhas activas em cinco categorias de acordo com a sua natureza é uma mais-valia do método, uma vez que “sistematiza” os tipos de falhas.

Desvantagens – Adequado apenas à indústria, uma vez que o sistema de classificação está adaptado a ambientes de trabalho industriais, devendo ser adaptado para os restantes sectores de actividade (Jacinto, 2005).