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Capítulo 3 Metodologia

4.8. Sugestões de melhoria

Tendo em conta os resultados obtidos, a autora deste estudo conclui que apesar dos esforços que têm vindo a ser efectuados ao longo dos anos pela Gestão de Topo da empresa, nomeadamente no investimento efectuado a nível de meios humanos, equipamentos de trabalho e formação específica (trabalhos em altura, trabalhos em tensão, etc.), os resultados revelam a ineficácia do mesmo. Tendo em conta o referido, o “problema” poderá encontrar-se ao nível da gestão intermédia e das incompatibilidades de objectivos entre a produção e as questões relacionadas com a segurança. Os trabalhos realizados pela empresa são normalmente projectos com tempos de execução curtos e prazos de difícil cumprimento, o que torna difícil a gestão não só ao nível da produção, como também ao nível da gestão da segurança.

Assim são sugeridas as seguintes propostas de melhoria com vista a inverter a situação verificada nos dois últimos anos e tornar mais eficazes, todas as medidas que já estão implementadas na empresa ao nível da segurança:

 Os indicadores de segurança são calculados trimestralmente, comunicados à gestão de topo, e afixados em placards de informação para toda a empresa. No entanto, deverá existir uma comunicação formal dos mesmos às chefias intermédias dos diferentes departamentos, os quais deverão acompanhar a evolução da sinistralidade, tornando-os assim responsáveis por um acompanhamento e solicitando-lhes que proponham acções para a diminuição dos índices no que se refere aos seus departamentos, uma vez que conhecem as limitações existentes (cumprimento de prazos, meios humanos, meios materiais, etc.);

 Para assegurar um controlo adequado dos perigos existentes, deverão efectuar-se mais inspecções/auditorias aos locais de trabalho. Estas devem permitir não só incrementar as medidas de prevenção, mas também mantê-las efectivas ao longo do tempo, devendo ser realizadas pelos Encarregados, Gestores de Obra e pelos Técnicos de Segurança da empresa. As auditorias realizadas pelos Encarregados deverão concentrar-se na verificação dos procedimentos implementados na empresa e na identificação de potenciais factores de risco, devendo ainda averiguar se os equipamentos e materiais presentes em obra

Capítulo 4 - Estudo da sinistralidade da empresa utilizando o processo RIAAT

de documentação de segurança em obra, nomeadamente: Plano de Segurança e Saúde - PSS, Ficha de Procedimentos de Segurança - FPS, verificação de equipamentos de trabalho, verificação de utilização de EPI obrigatórios etc.). Devem verificar se os perigos e os factores de risco identificados são efectivamente aqueles que são encontrados em obra, se os trabalhadores têm conhecimento dos mesmos e mais importante, se todos os trabalhadores conhecem as medidas de prevenção que deverão adoptar;

 Para que as auditorias efectuadas pelos Encarregados e pelos Gestores de Obra possam trazer mais-valias, é aconselhável que seja reforçada a formação ao nível dos conhecimentos de SST dos mesmos, devendo para isso serem realizadas acções de formação específicas, mais direccionadas para que sejam interiorizadas as regras de prevenção e proporcionar o desenvolvimento da cultura de segurança que se pretende;

 Como referido anteriormente a empresa possui procedimentos de segurança para a quase totalidade das tarefas realizadas, que definem prescrições mínimas de segurança e saúde aplicável, tendo em conta os perigos e os factores de risco inerentes às mesmas. Estes procedimentos não sofrem alterações há alguns anos, pelo que se sugere a sua revisão, devendo para isso ser solicitada a participação dos trabalhadores, incentivando-os a apresentarem sugestões de melhoria;

 Ao nível da formação dos trabalhadores, dever-se-ão efectuar mais acções de formação no domínio da SST, e medir a eficácia das mesmas. Deverão ainda ser efectuadas acções de sensibilização sobre os acidentes de trabalho ocorridos. Tal como previsto no novo procedimento baseado no RIAAT devem utilizar-se casos concretos (acidentes ou incidentes) para complementar as próprias acções de formação;

 Os trabalhos realizados apesar de normalmente terem prazos de realização curtos, são projectos de alguma dimensão. Assim dever-se-á, sempre que possível antes do início dos mesmos, proceder-se a reuniões conjuntas com o Dono da Obra, as Coordenações de Segurança, os Gestores de Obra e os Técnicos de Segurança da empresa e do Cliente, com vista a efectuar o correcto planeamento dos trabalhos, identificar possíveis factores de risco não contemplados na matriz de identificação de perigos e avaliação de factores de risco e a proceder à implementação das medidas de prevenção adequadas;

 A prevenção tem como objectivo essencial evitar ou diminuir os riscos emergentes dos acidentes de trabalho mediante a eliminação das causas que os desencadeiam. Para se atingir esse objectivo é necessário ter conhecimento de todas as situações potencialmente perigosas. Constata-se actualmente que os incidentes ou as situações potencialmente perigosas não são reportados. Assim dever-se-á incentivar os trabalhadores a comunicarem

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todas as anomalias detectadas ao Gestor de Obra e aos Técnicos de Segurança, para que possam ser tomadas medidas preventivas;

 Relativamente à análise dos acidentes/incidentes ocorridos, a mesma deverá ser efectuada por uma equipa multidisciplinar que inclua não só os Técnicos de Segurança da empresa e os Serviços de Medicina do Trabalho, como também os Encarregados e as Chefias directas dos acidentados (tal como previsto no novo procedimento baseado no RIAAT), uma vez que estes conhecem o trabalho e a maneira como é executado, conhecem os trabalhadores porque lidam diariamente com eles e são os responsáveis pela aplicação das medidas de prevenção definidas;

 Para finalizar, este estudo foi efectuado tendo em conta somente os dados da empresa; no entanto e visto que a empresa possui várias empresas subcontratadas, o processo deverá ser “estendido” a toda a cadeia de subcontratação.

A implementação do novo procedimento Registo, Investigação e Análise de Incidentes/Acidentes de Trabalho deverá, no futuro, constituir uma mais-valia na implementação de algumas das propostas de melhoria acima apresentadas.