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CAPÍTULO II – PLANIFICAÇÃO CONCEPTUAL E MODELO DE JOGO

2.4. MÉTODOS DE JOGO DEFENSIVO

“Os métodos de jogo defensivo estabelecem a forma de organização geral das ações dos jogadores na defesa tendo em vista assegurar a realização dos objetivos do processo defensivo e que são a defesa da baliza e a recuperação da posse da bola”. (Quina, 2001, p. 46)

O mesmo autor refere que, de acordo com a generalidade dos autores, existem quatro métodos fundamentais de organização do processo defensivo:

– A defesa individual – A defesa zona – A defesa mista

– A defesa zona pressionante

2.4.1. DEFESA INDIVIDUAL

Para Amieiro (2004, p. 41) “parecem existir diferenças muito significativas entre a «defesa à zona» e a «defesa homem-a-homem»”, ou seja, “se na primeira temos como grande «referência-alvo» de «marcação» de espaços considerados valiosos, na segunda temos os adversários diretos”. (Amieiro, 2004, p. 41)

Segundo Quina (2001, p. 51) a defesa individual assenta na aplicação de dois princípios fundamentais:

A “lei” do um contra um (1x1). Cada defesa marca um atacante procurando impedi-lo de receber a bola sejam quais forem as circunstâncias e evidenciando uma maior agressividade à medida que o adversário direto se aproxima da baliza.

24 O princípio da responsabilidade individual ao mais alto nível. Neste método de defesa não pode haver falhas individuais. A falha de um só defesa pode ocasionar uma situação muito difícil de resolver.

Castelo (1996, citado por Batista, 2006, p. 23) “refere que, a defesa individual reduz a capacidade de iniciativa ao jogador alvo da marcação, induzindo-lhe um desgaste muito intenso (físico, técnico, tático e psicológico), assim como prevalece o 1x1 com elevada responsabilidade individual, onde o sistema defensivo fica comprometido quando um defesa é ultrapassado”.

Pereni & Di Cesare (1998 citado por Amieiro, 2004, p. 33) sumariam a defesa individual da seguinte forma:

i) baseiam-se na marcação homem-a-homem; ii) cada defesa tem total responsabilidade por um adversário em particular, tendo que o ter sob controlo a todo o momento; iii) a posição do defesa depende estritamente da posição do adversário pelo qual é responsável; iv) permite-se, assim, que a equipa adversária conduza o jogo e tenha iniciativa.

2.4.2. DEFESA À ZONA

Segundo Amieiro (2004, p. 32) a defesa à zona baseia-se nos seguintes pressupostos: i)os espaços são a «grande referência» alvo de «marcação»; ii) a grande preocupação é, por isso, «fechar como equipa» os espaços de jogo mais valiosos (os espaços próximos da bola), para assim condicionar a equipa adversária; iii) a posição da bola e, em função desta, a posição dos companheiros são a grande as grandes «referências de posicionamento»; iv) cada jogador, de forma coordenada com os companheiros, deve fechar diferentes espaços, de acordo com a posição da bola; v) existência permanente de um «sistema de coberturas sucessivas», é uma caraterística vital, o qual é conseguido pelo escalonamento das diferentes linhas; vi) é importante pressionar o portador da bola para assim se ver condicionado em termos de tempo e espaço para pensar e executar; vii) é a ocupação cuidada e inteligente dos

25 espaços mais valiosos que permite por arrastamento «controlar» os adversários sem bola; viii) qualquer «marcação próxima» a um adversário sem bola, é sempre circunstancial e consequência dessa ocupação espacial racional.

Valdano (2002, citado por Amieiro, 2004, p, 43) “sublinha que as equipas ordenadas à zona repartem de forma racional o espaço e o esforço.” Com isto, “ficamos com a ideia, de que a «defesa à zona» se trata de uma forma de organização defensiva mais económica em termos energéticos”. (Amieiro, 2004, p. 43).

2.4.3. DEFESA MISTA

A defesa mista expressa-se pela síntese dos métodos zona e individual. Cada jogador é responsável por uma certa zona do campo marcando individualmente osadversários que nela penetrem, contudo, a sua intervenção não se confina apenas à sua zona. Uma vez iniciada a marcação ao portador da bola, este deve ser acompanhado para onde quer que se desloque, só o deixando quando o atacante se desfizer da bola ou um outro defesa assumir as funções de contenção. (Quina, 2001, p. 53)

2.4.4. DEFESA ZONA PRESSIONANTE

“Relacionado com a criação de superioridade numérica e o constrangimento espaço-temporal está também, para além da defesa à zona, o pressing“ (Amieiro, 2004, p. 47). Aprofundando a sua ideia, o mesmo autor esclarece:

não concordamos quando se diz que a defesa adiantada seja um requisito da zona pressionante, isto é, defender na primeira fase de construção de jogo da equipa adversária, associa-se a zona pressionante. Mas uma equipa que pretenda recuar para o seu meio campo defensivo e começar a pressionar a partir do momento em que a bola aí entra, já não se trata de uma zona pressionante? Nós consideramos que sim. (p. 49)

Segundo Trapattoni (1999 citado por Amieiro, 2004) a pressão é uma ação de grupo na qual todos os jogadores atuam ao mesmo tempo, não importa quão perto ou longe estão da bola. É, por isso, “a melhor expressão da ideia de organização”. Para o autor,

26 a pressão deve ser aplicada, por um determinado número de jogadores, sobre o portador da bola, juntamente com a ocupação dos espaços próximos.

“À semelhança do que acontece com «a defesa à zona», na «zona pressionante» a grande preocupação é fechar coletivamente os espaços de jogo mais valiosos, contudo, a diferença está na agressividade com que se atacam esses espaços e o portador da bola”. (Amieiro, 2004, p. 52).

Defender à zona e fazer uma zona pressionante acabam por ser situações bem distintas, uma coisa é defender à zona onde, pelo posicionamento em campo e pela adaptação posicional de todos os jogadores em função da posição da bola quando esta está em posse do adversário, tem-se como objetivo encurtar espaços, criar dificuldades e esperar pelo erro. Defender zonalmente, mas de uma forma pressionante, significa, da mesma forma, um bom jogo posicional, mas com uma iniciativa no sentido de intensificar ao máximo as dificuldades do adversário e de tentar recuperar a bola o mais rapidamente possível. (Mourinho, 2003 citado por Batista, 2006, p. 30)

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