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CAPÍTULO II – PLANIFICAÇÃO CONCEPTUAL E MODELO DE JOGO

2.6. PRINCÍPIOS DE JOGO

“Para jogar corretamente, diz Teissie (1970 citado por Quina, 2001, p. 57), é necessário compreender. Para compreender é necessário saber. Para compreender e saber é necessário definir princípios de jogo”.

“Os princípios de jogo são as condições a respeitar durante o jogo para que os comportamentos técnico-táticos dos jogadores resultem eficazes” (Grehaigne, 1992 citado por Quina, 2001, p. 57). Para Castelo (1994 citado por Quina, 2001, p. 57), “são as normas básicas que orientam as atitudes e os comportamentos técnico-táticos individuais e coletivos dos jogadores durante o jogo”.

2.6.1. PRINCÍPIOS DE JOGO DEFENSIVO

Segundo Quina (2001, p. 72) “todos os jogadores em processo defensivo devem orientar as suas atitudes e comportamentos por três princípios fundamentais:

– Princípio da contenção;

– Princípio da cobertura defensiva; – Princípio do equilíbrio defensivo”

28 O princípio da contenção, a ação de oposição do jogador da defesa ao portador da bola, com um posicionamento entre a bola e a própria baliza, de forma a orientar a progressão do portador da bola, restringindo as possibilidades de passe a outros adversários, assim como impedir a finalização. (Dias, 2009, p. 14).

Com a marcação permanente e agressiva aos sucessivos portadores da bola pretendem-se alcançar quatro objetivos fundamentais:

- Recuperar a posse da bola.

- Impedir o relançamento do processo ofensivo da equipa adversária quer seja através de um ataque rápido, quer seja através do contra-ataque (é importante fazer com que a equipa adversária renuncie ao contra-ataque).

- Ganhar o tempo suficiente para a recuperação e organização do método defensivo utilizado pela equipa.

- Desviar o centro do jogo para espaços de menor perigo para a baliza da equipa que defende e de mais fácil recuperação da bola (corredores laterais). (Quina, 2001, p. 72)

O princípio da cobertura defensiva está relacionado com as ações de apoio de um jogador nas costas e na diagonal ao defesa que está em contenção, ou seja, “a organização do processo defensivo deve prever que quando um defesa entra numa ação de contenção ao possuidor da bola, deve receber imediatamente, por parte dos seus companheiros, ações de cobertura defensiva”. (Quina, 2001, p. 76).

“No princípio do equilíbrio defensivo, os jogadores em processo defensivo, uma vez assegurada a cobertura ao companheiro em contenção, devem vigiar e acompanhar os atacantes em mobilidade, respeitando, assim, o 3º princípio da defesa: o princípio do equilíbrio defensivo” (Quina, 2001, p. 78). E, “equilíbrio defensivo refere-se à organização defensiva da equipa possuindo superioridade numérica ou no mínimo igualdade numérica de jogadores de defesa”. (Dias, 2009, p. 15).

29 O princípio da concentração pauta-se nas movimentações dos jogadores em direção à zona do campo de maior risco à baliza, com o intuito de aumentar a proteção defensiva, de reduzir espaço disponível de realização das ações ofensivas do adversário no “centro de jogo” e de facilitar a recuperação da posse de bola. (Bangsbo;Peitersen, 2002 citado por Costa, 2010, p. 47)

As diretrizes desse princípio orientam-se na tentativa de direcionar o jogo ofensivo adversário para zonas menos vitais do campo e de minimizar a amplitude ofensiva na sua largura e profundidade, evitando que surjam espaços livres, principalmente, nas costas dos jogadores que realizam a contenção, a cobertura e o equilíbrio defensivo. (Costa, 2010, p. 47).

2.6.2. PRINCÍPIOS DE JOGO OFENSIVO

Para Quina (2001, p. 61) “o objetivo fundamental de uma equipa em processo ofensivo é o de fazer progredir a bola em direção à baliza adversária o mais segura e rapidamente possível para tentar criar situações de finalização e marcar golos”. O mesmo autor refere que, “a concretização deste objetivo implica que os jogadores que estão no centro do jogo ofensivo orientem, sistematicamente, os seus comportamentos técnico-táticos por três princípios fundamentais que são os princípios da:

- Penetração

- Cobertura ofensiva - Mobilidade”

O princípio da penetração caracteriza-se pela evolução do jogo, em situações onde o portador da bola consegue progredir em direção à baliza ou à linha de fundo adversária, em busca de áreas do campo que oferecem maior risco ao adversário e são susceptíveis à continuidade da ação ofensiva, à finalização ou à marcação do gol. (Costa, Silva, Greco & Mesquita, 2009, p. 661).

O princípio da cobertura ofensiva está relacionado com as ações de aproximação dos companheiros de equipe ao portador da bola, de forma que ele tenha opções ofensivas

30 para dar sequência ao jogo, através do passe ou por uma ação de penetração na defesa adversária. (Costa, Silva, Greco & Mesquita, 2009, p. 661)

No decurso do processo ofensivo, sempre que um jogador recebe a bola deve receber igualmente e de forma imediata, por parte dos seus companheiros mais próximos, ações de apoio (à frente da linha da bola) e de cobertura (atrás da linha da bola), de modo a proporcionar-lhe várias opções de solução da situação momentânea de jogo. (Quina, 2001, p. 65)

“O princípio da mobilidade está relacionado à iniciativa do(s) jogador(es) de ataque, sem a posse da bola, na procura de posições ótimas para receber a bola” (Costa, Silva, Greco & Mesquita, 2009, p. 661). Ou seja, “em todos os momentos e em todos os locais do terreno de jogo, os atacantes devem estar permanentemente ativos de modo a colocarem a cada instante problemas acrescidos à defesa contrária”. (Quina, 2001, p .69)

Costa, Silva, Greco & Mesquita (2009) ainda referem o princípio do espaço:

O princípio do espaço que, se configura a partir da busca incessante dos jogadores, sem a posse da bola, por posicionamentos mais distantes do portador da bola, criando dificuldades defensivas à equipa adversária que diante da ampliação transversal e/ou longitudinal do campo de jogo, deverá optar por marcar um espaço vital de jogo ou o adversário. (Worthington, 1974 citado por Costa, Silva, Greco & Mesquita, 2009, p. 662)

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