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2.1 Modelagem do processo de desenvolvimento de produtos

2.1.4 Métodos de modelagem do PDP

É possível encontrar algumas revisões de literatura sobre métodos de modelagem específicos para PDP. Smith e Morrow (1999) utilizam dois critérios na avaliação dos modelos que possuem relação com o seu propósito: o primeiro é se o modelo resultante da aplicação do método de modelagem atende questões gerenciais importantes, que envolvem decisões como agendamento de tarefas, alocação de recursos, lançamento de produtos, especificações meta, entre outras; o segundo é se o modelo é capaz de fornecer informações relevantes no momento

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certo para as tomadas de decisão durante o processo. À medida que descrevem e analisam os modelos, Smith e Morrow (1999) também indicam os pontos fortes e fracos dos métodos de modelagem. Eles concluem que todos os modelos analisados em sua revisão atendem ao critério de importância gerencial.

A análise realizada por O’Donovan et al. (2005) não faz uma avaliação baseada em critérios. Eles enfocam na descrição dos métodos de modelagem, suas origens, suas características e propósitos. Eles concluem que, apesar da grande variedade de arquiteturas de modelagem existentes, os métodos tendem a possuir um núcleo comum, baseado em uma sequência de atividades. Eles veem nesse fato a possibilidade de unificar alguns desses métodos de modelagem em um único método orientado a objetos. Eles identificam um descompasso entre os métodos oferecidos na literatura e os utilizados pela comunidade prática, que ainda se concentra nos mais simples. Indicam ainda uma lacuna no que diz respeito ao apoio oferecido pelos métodos de modelagem à tomada de decisão durante o processo.

Jun e Suh (2008) fazem uma breve revisão sobre os métodos de modelagem de PDP a fim de relacioná-las com as principais características do processo. Eles dividem os métodos em dois grandes grupos: métodos baseados em gráficos (ex: IDEF) e métodos baseados em matriz (ex: DSM). Eles levantam quais características do PDP cada método atende: negociação de iterações, efeito de aprendizagem, plano de projeto incerto e rotas alternativas, reuniões, feedback de iterações, refinamento das informações de projeto, análise, iteração de mudanças de engenharia, sobreposição de atividades e síntese. Eles concluem que os métodos de modelagem são limitados em relação à representação dessas características.

Browning et al. (2006) apresentam uma tabela síntese dos métodos de modelagem do PDP7. Essa tabela agrupa os métodos por tipos (por exemplo,

modelos baseados em fases, modelos de rede de atividades, etc.) e dá uma breve descrição dos pontos de vista dos processos, as premissas que os distinguem dos demais, seus propósitos típicos e as principais variáveis-chave e atributos. Ele chama a atenção para o fato de sua revisão não ser exaustiva e abordar apenas os principais métodos. A partir dessa revisão, Browning (2008) elabora uma matriz indicando quais atributos de objetos (atividades e entregas), cada método de

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Esta tabela está incorporada na tabela síntese dos métodos de modelagem, no Apêndice C - Tabela síntese dos métodos de modelagem de PDP.

modelagem representa. O seu objetivo principal é prover bases para a elaboração de uma arquitetura para vistas do processo.

Observa-se que nenhuma destas revisões sobre métodos de modelagem existentes na literatura tem intenção de esgotar o tema. É possível encontrar métodos descritos em uma revisão que não são descritos em outras, e nenhuma agrega todos os métodos descritos nas demais. Outro aspecto que se pode observar é que as revisões mais recentes encontradas já possuem mais de três anos e podem estar desatualizadas.

Dentre outros estudos sobre modelagem de processos encontrados na literatura, é importante destacar uma survey realizada por Vergidis, Turner e Tiwari (2008), com o propósito de identificar as práticas da indústria em relação à modelagem de processos de negócio, que indicou quais os métodos de modelagem de processos são mais utilizados. Os 25 participantes da survey eram oriundos de empresas de serviços como bancos, universidades e consultorias. Eles foram solicitados a indicar, dentre uma lista com os métodos de modelagem mais comuns, quais eles utilizavam e com que frequência. A lista de métodos que foi utilizada como ponto de partida foi elaborada a partir de revisão bibliográfica, que indicou fluxogramas, modelos IDEF, redes de petri e documentação (descrição textual) como as mais comuns. Os resultados, indicados na Figura 7, mostraram que a maioria dos participantes utiliza, com maior frequência, fluxogramas com notação informal para representar seus processos, seguidos por documentação. Por documentação pode-se entender principalmente planilhas e arquivos de texto, que podem servir para listar as atividades a serem realizadas bem como dar detalhes sobre procedimentos, entre outros.

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Figura 7 – Técnicas de modelagem de processos de negócio utilizadas pelas organizações (Adaptado de Vergidis, Turner e Tiwari, 2008)

Não é possível encontrar na literatura uma survey semelhante à realizada por Vergidis, Turner e Tiwari (2008) voltada para a análise de empresas de desenvolvimento de produtos. Porém, Heisig et al. (2009), em seu documento de desafios da modelagem de processos identificados a partir de workshops com a indústria, indicam de maneira geral os fluxogramas como o método de modelagem mais utilizado. Outros autores, como O’Donovan et al. (2005) e Browning et al. (2006), que realizaram revisões específicas sobre modelagem de processos de desenvolvimento de produtos, também indicam os fluxogramas como o método mais popular de modelagem para o PDP.

O fluxograma representa principalmente o fluxo de informações, e é um dos métodos de modelagem mais simples e flexíveis, o que talvez explique sua ampla aplicação pela comunidade prática (HEISIG et al., 2009). A documentação também é simples e flexível, mas não oferece a vista de fluxo de informações, o que, dependendo do propósito do usuário, pode ou não ser uma desvantagem (por exemplo, se o propósito for definir entregas padrão de um processo, talvez uma lista ordenada em um documento de texto seja mais eficiente do que um fluxograma). Apesar de suas vantagens, ambos os métodos possuem limitações sérias para atender a vários dos propósitos dos usuários de modelos de referência de PDP. A notação tradicional de fluxograma, por exemplo, possui objetos para representar

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apenas atividades e pontos de decisão. Não há objetos para entregas, papéis, ferramentas, o que não permite que o modelo seja usado para propósitos como:

 Definir entregas padrão e padrões de qualidade  Definir ferramentas e templates padrão

 Definir pessoal, papéis, responsabilidades e habilidades padrão

A documentação, por sua vez, pode até possuir informações suficientes para o atendimento de um número maior de propósitos, porém muitas vezes não oferece uma forma rápida e fácil para o usuário encontrar e visualizar estas informações. Ou seja, a informação está presente, mas não está evidente.

2.1.5 Ferramentas computacionais empregadas na representação de

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