• Nenhum resultado encontrado

2.1 Modelagem do processo de desenvolvimento de produtos

2.1.2 Modelos e vistas

Um modelo é uma representação útil de algum assunto. É uma abstração mais ou menos formal da realidade (ou universo, ou discurso) expressa por meio de algum formalismo definido por construtos de modelagem para o propósito do usuário (DOUMEINGTS et al., 1995; VERNADAT, 1996; STEIGER, 1998; ENGWALL et al., 2005; BROWNING et al., 2006). Um construto de modelagem é um elemento básico de uma linguagem de modelagem definido por sua semântica. Eles podem ser símbolos gráficos, declarações textuais, ou expressões matemáticas e lógicas (VERNADAT, 1996; AMARAL, D.C., 2002). Exemplos clássicos de construtos de

modelos de PDP são atividades e entregas (BROWNING et al., 2006). Em um fluxograma comum, as atividades são representadas pelas caixas e as entregas pelas setas que ligam as caixas. Estes e outros construtos comuns em modelos de PDP estão descritos na Tabela 3.

Tabela 3 – Exemplos de construtos comuns em modelos de PDP

Construto Descrição

Atividade/ sub-processo

Uma unidade de trabalho definida por seus inputs, outputs, recursos utilizados e outros atributos potenciais (Tabela 4). Um elemento do processo, mas também um processo em si mesma. Nomeada como um verbo (BROWNING et al., 2006).

Entrega Qualquer input ou output de um elemento de processo. Nomeada como um

substantivo (BROWNING et al., 2006).

Qualquer resultado de um projeto que seja mensurável, tangível e que precise ser produzido para que o produto final do projeto seja alcançado (ROZENFELD et al., 2006).

Papel Referência genérica a um recurso humano ou grupo de recursos humanos

que realiza o trabalho (executa um elemento do processo) (BROWNING et al., 2006).Um papel é um conjunto de atribuições e responsabilidades que podem ser assumidas por um determinado ator do processo (ROZENFELD et al., 2006).

Ferramenta “Auxiliam na execução de uma tarefa. Definidas como pacotes de software

computacional para oferecer suporte a uma ou mais técnicas.” (PALVIA; NOSEK, 1993 apud KETTINGER et al., 1997)

Técnica “Um procedimento sistemático definido empregado por um recurso humano

para realizar uma atividade a fim de produzir um produto ou resultado ou entregar um serviço, e que pode empregar uma ou mais ferramentas.” (PMI, 2008)

Um modelo de processo normalmente é um conjunto organizado de blocos de construção. Um bloco de construção é um componente de um modelo definido como um conjunto de um ou mais construtos (VERNADAT, 1996). Vernadat (1996) faz um paralelo com a língua escrita que ajuda a esclarecer esses conceitos. Construtos de modelagem de empresas são equivalentes aos elementos básicos da linguagem. Blocos de construção são equivalentes a palavras ou expressões básicas da linguagem. Modelos parciais são sentenças padrão ou pré-definidas da linguagem. Por fim modelos de empresas são conjuntos completos de sentenças de uma linguagem descrevendo um sistema, situação ou fenômeno (VERNADAT, 1996). Exemplos de blocos de construção de um modelo de PDP, relacionados com o construto atividade, são os diferentes tipos de atividades. Por exemplo, atividades de construção e as atividades de avaliação (gates).

40

Cada bloco de construção pode ter uma série de atributos. Um atributo descreve uma característica ou propriedade de um objeto (ex. a cor de um carro, o nome de uma pessoa, a data de compra do carro pela pessoa). Um atributo pode ser total (seu valor é sempre definido), ou parcial (seu valor pode permanecer desconhecido). Ele é definido pelo seu nome e toma valores de um conjunto chamado domínio definido sobre um tipo de dado (VERNADAT, 1996; BROWNING, 2008). A caráter exemplar, os atributos mais utilizados para os construtos de atividades e entregas são listados na Tabela 4 (BROWNING et al., 2006).

Tabela 4 – Blocos de construção fundamentais de modelos de PDP e alguns de seus atributos (adaptado de Browning, 2010)

Atributos de Atividades/Processos Atributos de Entregas

 Nome  Processo pai  Constituintes (filhos)  Modo  Instanciação  Número da versão  Descrição breve  Entradas  Saídas  Critérios de entrada  Critérios de saída  Verificações

 Métricas do processo padrão  Métricas do processo instanciado  Ferramentas

 Papéis padrão  Papéis instanciados  Bases para requisitos  Regras

 Referências  Riscos padrão  Riscos instanciados  Descrição narrativa  Guia para adaptação

 Número de identificação do sistema

 Nome  Processo pai  Constituintes (filhos)  Modo  Instanciação  Número da versão  Descrição breve  Fornecedores  Consumidores

 Critérios chave e medidas de eficácia  Requisitos

 Critérios de aceite

 Métricas de processo padrão  Métricas de processo instanciado  Formato  Meio  Artefato  Regras  Referências  Descrição narrativa  Guia para adaptação

 Número de identificação do sistema  Associação de elementos da WBS  Histórico de mudanças

 Notificações de mudanças

A Figura 4 mostra a relação entre os conceitos explicados dentro de um exemplo de modelo de processo usando a notação de um fluxograma clássico.

Figura 4 - Exemplificação dos conceitos relevantes dentro de um exemplo de modelo de PDP

Como já explicado anteriormente, um modelo de processo sempre representa a realidade de forma simplificada; é impossível representar toda a complexidade de um processo real. O subconjunto de informações que será selecionado para constituir um modelo pode ser configurado de várias maneiras, dependendo do seu propósito, resultando em diferentes vistas desse modelo. Browning (2008) define as vistas de um modelo da seguinte forma:

Ao passo que um modelo de processo inclui todos os atributos ou conjecturas subjacentes consideradas suficientes para descrevê-lo, uma vista é um arranjo de símbolos, uma tabela, ou outra representação escolhida para mostrar um subconjunto selecionado desses atributos ou conjecturas.

As vistas têm por finalidade simplificar a compreensão de um modelo. São especialmente úteis para a compreensão de modelos complexos. Uma arquitetura de um sistema pode estruturar vistas sincronizadas para um processo, permitindo que cada usuário acesse o mesmo repositório de informações a partir do ponto da vista mais conveniente para ele (KRUCHTEN, 1995; BROWNING, 2008). A Figura 5

42

mostra a relação entre um processo, seus possíveis modelos direcionados a diferentes propósitos e as possíveis vistas de um dos modelos.

Figura 5 - Relação entre um processo, seus modelos e suas vistas (adaptado de Browning, 2010)

Documentos relacionados