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Capítulo 4 Métodos e procedimentos de recolha de dados

4.3. Métodos de recolha de dados

Para a concretização deste estudo foi importante que se procedesse à recolha de dados que são imprescindíveis para a análise, com vista a responder ao objetivo e questões de investigação. Assim, recorri aos seguintes métodos de recolha de dados: observação, recolha documental e entrevista.

4.3.1. Observação

Uma das técnicas mais usuais de pesquisa é a observação, sendo esta considerada uma ferramenta preponderante na investigação (Aires, 2011). Estando consciente que este método não é fácil e uma vez que não tinha possibilidade de fazer registos no decorrer da aula, por estar centrada no meu papel enquanto professora, recorri a um diário de bordo. Este registo permitiu-me anotar pequenas observações que fiz durante as aulas, as dificuldades e reflexões no percurso da investigação. Bogdan e Biklen (1994) consideram

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que é essencial que o observador crie uma empatia e uma relação de proximidade com os participantes, uma vez que será mais fácil recolher dados nesta situação. Dado que a minha interação com a turma decorreu desde o início do ano letivo, esta empatia já estava, à partida, garantida. Aires (2011) aponta a subjetividade como uma desvantagem na utilização deste método de recolha de dados, visto que está dependente de sentimentos e juízos do investigador.

A observação que decorreu neste estudo é naturalista, visto que se pretende relatar o que acontece recorrendo a narrativas detalhadas. Este tipo de observação é característica da observação participante (Aires, 2011).

Durante o momento de intervenção da prática letiva realizei o registo de áudio e vídeo para me auxiliar na análise de pequenos episódios da aula bem como para refletir sobre a minha prática profissional. O registo de áudio focou-se apenas nos quatro participantes do estudo. Por sua vez, o registo de vídeo incidiu sobre os momentos de trabalho coletivo. Este método permite captar diversos acontecimentos que decorrem em simultâneo e que muitas vezes o investigador não tem noção da sua ocorrência. Estou consciente que o registo de vídeo pode tornar-se bastante intimidatório para os alunos, mas estes já se encontravam acostumados a esta prática desde o 1.º período letivo, pela participação da turma num projeto de investigação do Instituto de Educação. Aquando da minha intervenção letiva, notei alguma resistência dos participantes relativamente à gravação de áudio, visto que este método foi, sem dúvida, novo para eles.

4.3.2. Recolha documental

Este método de recolha de dados é uma valiosa fonte de informação na pesquisa qualitativa. É um procedimento de fácil acesso, não exigindo nenhum treino específico para a sua recolha. Dado que o tempo para a realização deste estudo foi reduzido, a recolha documental tornou-se uma vantagem por não ser necessária qualquer transcrição como no caso das entrevistas (Creswell, 2012).

No início do mês de fevereiro, antes do início da unidade de ensino, apliquei uma tarefa diagnóstico a todos os alunos da turma (apresentada no capítulo anterior), de modo a verificar as suas intuições relativamente ao tópico em questão, auxiliando-me no planeamento e condução das aulas que lecionei. Os dados recolhidos forneceram-me informações importantes para o estudo.

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Posteriormente, também recolhi resoluções dos alunos do trabalho realizado em sala de aula, bem como do que realizaram em casa. Por fim, recolhi ainda a resolução da ficha de avaliação realizada, de igual forma, individual.

A recolha documental permitiu-me ter acesso às estratégias e representações utilizadas pelos alunos na resolução das tarefas, bem como as possíveis dificuldades que os alunos pudessem ter. Esta recolha foi essencial dado que é muito complexo acompanhar todos os alunos no momento de trabalho autónomo. No entanto, este método poderá revelar algumas limitações quanto ao acesso do investigador às perspetivas e explicações dos participantes.

Quando no 1.º período recolhi as resoluções dos alunos, estes sentiram necessidade de ter as respetivas resoluções para os apoiar no estudo, posteriormente à aula. Por isso, após cada aula, digitalizei as resoluções dos alunos das tarefas realizadas em sala de aula, para devolver rapidamente os documentos aos mesmos.

4.3.3. Entrevista

A entrevista é outro dos métodos mais importantes no decorrer de uma investigação. Para Bogdan e Biklen (1994), as entrevistas podem ser usadas de duas formas na investigação qualitativa: “Podem constituir a estratégia dominante para a recolha de dados ou podem ser utilizadas em conjunto com a observação participante, análise de documentos e outras técnicas” (p. 134). Neste estudo apliquei as entrevistas não como um procedimento único, mas sim juntamente com os outros métodos de recolha de dados.

Uma entrevista, seja ela de que natureza for, implica sempre que haja comunicação entre o entrevistador e o entrevistado (Aires, 2011). Assim sendo, é necessário que exista uma empatia, entre estes dois atores, para que o entrevistador consiga obter o máximo de informação que pretende por parte do entrevistado, como tal a entrevista não deve constituir “uma situação de interrogatório mas uma situação de “confissão” onde o que se pede ao entrevistado é confidência” (Aires, 2011, p.33).

Após a minha intervenção letiva realizei uma entrevista individual, com os participantes do estudo, de modo a verificar algumas estratégias, aprendizagens e dificuldades que os alunos pudessem ter desenvolvido durante a unidade didática.

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As entrevistas foram desenvolvidas, no dia 22 de março, num momento previamente acordado com o professor cooperante e com os alunos. Antes da realização das entrevistas, confirmei novamente com os participantes se teriam disponibilidade para participar na entrevista com duração de 30 minutos.

Os alunos mostraram-se rapidamente disponíveis para participar, não parecendo sentir-se inibidos pela situação. No entanto, dado que tinham recebido a ficha de avaliação realizada na aula anterior, um dos alunos sentia-se desmotivado e desgostoso dada a nota obtida na avaliação, pelo que tive algum receio que o aluno não desenvolvesse a sua argumentação ao longo da entrevista.

Apesar da tarefa realizada ser individual, a entrevista foi realizada aos pares, questionando-os acerca das suas resoluções. Ao longo da entrevista houve registo de áudio para, posteriormente, poder analisar todas as justificações dadas pelos alunos.

As entrevistas, do tipo clínico (Hunting, 1997), foram semi-estruturadas, visto que tive um guião (Anexo 1.10) que me apoiou, mas que paralelamente poderia sofrer algumas alterações no decorrer das mesmas. Dada a natureza desta entrevista, é necessário que o entrevistador, neste caso o investigador, tenha uma grande destreza a conduzir a mesma. É crucial que dê a devida atenção ao entrevistado, comunicando com ele para que sinta que estamos efetivamente a ouvi-lo.