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2. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

2.6 MÉTODOS DE SELEÇÃO DE MATERIAIS

A seleção de materiais, segundo Ashby (2012), é muito mais do que simplesmente combinar requisitos de um produto com o objetivo de escolher um único material que seja o melhor para a situação encontrada. No âmbito da engenharia, a seleção dos materiais contempla aspectos técnicos, de resistência e desempenho. No mundo ambiental a seleção converge para a sustentabilidade, energia incorporada, emissão de poluentes, preservação das fontes de insumo etc. Atualmente, em virtude da visão e conceito de preservação do meio ambiente, esses requisitos estão lado-a-lado.

A utilização do Método de Multicritérios no processo de tomada de decisão objetiva analisar os diferentes modelos desenvolvidos, possibilitando a comparação de critérios, definindo os mais assertivos para apoiar a tomada de decisão. Ressalta- se que o uso deste método dentro da teoria da decisão, tem se constituído em uma importante área de estudo. Reforça-se, desse modo, o posicionamento de Shimizu (2006) quando afirma que o processo de formular alternativas de decisão e escolher a melhor delas é quase sempre caótico e complexo. Caótico pelo fato dos indivíduos não possuírem uma visão clara e completa dos objetivos. Complexo devido à incerteza, à falta de estruturação do problema que pode inviabilizar a aplicação de qualquer metodologia de decisão. Assim sendo, deve-se seguir o modelo que envolva multicritérios, principalmente no caso de complexas decisões.

Esse processo de decisão em um ambiente complexo normalmente envolve dados imprecisos e/ou incompletos, pois a presença de múltiplos critérios associada a vários agentes de decisão e múltiplos objetivos, muitas vezes, se mostram conflitantes entre si. Portanto, a tomada de decisão deve buscar a opção que apresente o melhor acordo entre as expectativas do “decisor” e as suas disponibilidades em adotá-la considerando a relação entre os elementos objetivos e subjetivos (BELDERRAIN, 2005).

Os atores deste processo são identificados como “falicitadores” e “decisores”. O “falicitador” tem como objetivo esclarecer o processo de avaliação e/ou negociação construindo um modelo que considere os pontos de vistas dos atores e seus juízos de valores. Os “decisores” são aqueles a quem delegamos o poder de

decisão podendo intervir na construção e na utilização do modelo como ferramenta de avaliação (BELDERRAIN, 2005).

2.6.1 Conceito sobre os Metódos de Análise e Apoio à Decisão

As abordagens multicritérios modelam os processos de decisão que envolvem uma decisão a ser tomada, eventos desconhecidos e possíveis cursos de ação e resultados que irá refletir o juízo de valores dos decisores. Estas abordagens foram desenvolvidas para problemas que incluem aspectos qualitativos e/ou quantitativos. Sabendo-se que é fundamental a experiência e o conhecimento das pessoas que é tão valioso quanto os dados utilizados na tomada de decisão como sendo a parte subjetiva dos atores (BELDERRAIN, 2005).

Estes métodos multicritérios de apoio de decisão permitem avaliar critérios que não podem ser transformados em valores financeiros, podendo estimar as possíveis implicações de cada curso de ação de modo a obter uma melhor compreensão entre suas ações e seus objetivos. Consequentemente, segundo Soares (2003), os resultados obtidos pela análise multicritérios dependem do conjunto de ações consideradas, das qualidades dos dados, da escolha e estruturação dos critérios, dos valores de ponderação atribuídos aos critérios, o método de agregação utilizado e da participação dos diferentes atores.

2.6.1.1 Métodos da Escola Americana

Rossoni (2011) apresenta que os métodos mais difundidos da Escola Americana são:

 MAUT (MutiattributeUtilityTheory – Teoria da Utilidade Multiatributo): consiste em uma extensão natural da Teoria da Utilidade, para o contexto no qual cada alternativa seja descrita por uma lista de atributos. Essa teoria assume que o decisor deseja fazer uma escolha que corresponde ao maior nível de satisfação (ou utilidade). A

satisfação ou preferência do decisor perante o risco é representada por uma função matemática chamada função utilidade. E este método é o único que utiliza a Utilidade Agregada, condicionada a verificações que somente este método se propõe realizar;

 TODIM (Tomada de Decisão Interativa Multicritério): incorpora em sua formulação padrões de preferência dos decisores em presença de risco, baseado na Teoria dos Prospectos, que utiliza funções de valor para explicar a aversão e a propensão ao risco na tomada de decisão. Prospecto é entendido como um jogo aonde o decisor prefere ganhar menos, diante do risco de perder, ou, correr o risco de ganhar, na certeza de perder;

 SMART (Simple Multi-Attribute Rating Techique): neste método para conseguir obter os pesos de cada um dos critérios, explorou a noção intuitiva de importância e a ideia de um modelo aditivo nos quais os pesos representam a importância relativa de um atributo em relação aos outros. É um procedimento simples no qual os decisores julgavam o grau de importância de cada atributo em relação aos outros e esses julgamentos podiam ser facilmente colocados num conjunto de pesos normalizados;

 AHP (Analitic Hierarquic Process): é uma ferramenta muito útil por ser uma boa medida da hierarquia dos princípios, critérios, indicadores e verificadores. Ela aborda a tomada de decisão arranjando os componentes importantes de um problema dentro de uma estrutura hierárquica similar a uma árvore genealógica. O método de análise de decisão AHP se fundamenta na comparação de alternativas de escolhas, duas a duas, onde o decisor realiza pares de comparações relativas a duas alternativas da estrutura de decisão, questionando-se qual elemento satisfaz mais e quanto mais.

2.6.1.2 Métodos da Escola Francesa ou Europeia

O MCDA (Multiple Criteria Decision Aid – Auxilio à Decisão por Múltiplos Critérios) tem origem na Europa e foram denominados a princípio por Escola Francesa de apoio à decisão com múltiplos critérios. Permitem a elaboração de um modelo mais flexível do problema sem precisar fazer uma comparação entre alternativas e obrigar o analista de decisão a criar uma estrutura hierárquica dos critérios. Os métodos mais conhecidos, segundo Rossoni (2011), são:

 ELECTRE (Elimination and Choice Translating Reality): método que produz índices de concordância e de discordância para determinar relações de dominância entre as alternativas e categorizá-las;

 PROMÉTHEÉ (Preference Ranking Method for Enrichment Evaluation): método que utiliza índices de preferência para determinar a intensidade global de preferência entre as alternativas, com o objetivo de se obter uma categorização parcial ou completa;

 MACBETH (Measuring Attractiveness by a Categorical based Evaluation Technique): é um método que agrega conceitos da escola americana e francesa, no qual modelos de problemas de programação linear são utilizados para descrever o grau de preferência das alternativas. Permite agregar os diversos critérios de avaliação em um critério único de síntese, por meio da atribuição de pesos aos vários critérios, respeitando as opiniões dos decisores. Mediante a comparação par a par da atratividade das alternativas, são atribuídos os pesos aos critérios: dadas duas alternativas, o decisor deve dizer qual a mais atrativa (deve receber a maior nota) e qual o grau desta atratividade em escala semântica que tem consequência com uma escala ordinal;

 SAW (Simple Additive Weighting) consiste em quantificar os valores dos atributos (critérios) para cada alternativa, construindo a Matriz de Decisão contendo estes valores, derivando a Matriz de Decisão normalizada, nomeando a importância (pesos) para os critérios e calculando a contagem global para cada alternativa. Então, a

alternativa com a contagem mais alta é selecionada com a preferida (melhor);

 TOPSIS (Technique for Order Preference by Similarity to Ideal Solution): é uma técnica para avaliar a melhor alternativa seria aquela é a mais próxima à solução ideal positiva. É uma solução que maximiza os critério de benefícios e minimiza os critérios de custos; já a solução ideal negativa maximiza os critérios de custos e minimiza os critérios de benefícios. A solução ideal positiva é composta de todos os melhores valores atingíveis dos critérios de benefício; já a solução ideal negativa consiste em todos os piores valores atingíveis dos critérios de custos. Ao aprofundar esta metodologia, encontra-se respaldo para verificar se os pontos positivos do material são coerentes com o custo.

2.6.2 Vantagens e Desvantagens

Os métodos multicritérios de análise de decisão apresentam duas vantagens decisivas que são: i) definir e evidenciar a responsabilidade do “decisor”; ii) melhorar a transparência do processo de decisão. Outras vantagens que podem ser citadas são: a construção de uma base para o diálogo entre analistas e decisores que fazem uso de diversos pontos de vista comuns; a facilidade em incorporar incertezas aos dados sobre cada ponto de vista; interpretar cada alternativa como um acordo entre objetivos e conflito; a divisão do processo de construção de modelos em duas fases distintas (ROSSONI, 2011).

As abordagens multicritérios proporcionam uma melhor adaptação aos contextos decisórios encontrados na prática. Elas permitem que um grande número de dados, interações e objetivos sejam avaliados de forma integrada (BELDERRAIN, 2005). Esse fato é apontado como a maior vantagem em relação aos modelos monocritérios tradicionais, dos quais se destaca a analise custo benefício (ROSSONI, 2011).

Por outro, a maior desvantagem dessas abordagens é a inexistência de uma metodologia única que supera as deficiências dos inerentes a cada um dos métodos. Outra desvantagem é que no Método de Multicritérios são estabelecidas metas para

cada objetivo visando minimizar a soma dos desvios dos níveis realizados por cada variável para a qual há uma meta. Consequentemente, é gerada uma imensa matriz com diferentes objetivos, metas e pesos, que evidenciam as diferentes perspectivas dos agentes envolvidos na escolha (ROSSONI, 2011).

O problema é que a minimização ocorre com uma série de restrições que refletem a demanda por recursos e fazem surgir conflitos entre a simultânea maximização e minimização de todos os objetivos. Além disso, o nível de informações requeridas é muito grande e o estabelecimento das metas pode ser outro problema.