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FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

3.3 – MÉTODOS E EQUIPAMENTOS PARA O DIAGNÓSTICO DA UMIDADE

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f) Água devido a causas fortuitas

A água derivada de causas fortuitas é muitas vezes deixada num plano secundário, devido ao fato de seu aparecimento estar na maioria das ocorrências ligado as precipitações pluviométricas e, quando este processo acaba, a mancha de umidade registrada, desaparece com uma certa facilidade. Neste caso as falhas mais determinantes podem ser oriundas de um processo construtivo inadequado, do uso incorreto do edifício e da ausência de manutenção. São mais evidentes nas coberturas, contínuas e descontínuas, que apresentam obstrução das calhas e condutores pluviais, telhas rompidas ou deslocadas, falhas de impermeabilização e platibandas com acabamento da superfície interna ou superior, ineficiente ou inexistente.

Não só as águas derivadas de chuvas caracterizam as causas fortuitas; ainda mais importantes são as àguas oriundas da ruptura de canalizações, quer do abastecimento de água quer da drenagem de águas residuais, que geralmente são inseridas no interior das alvenarias, determinando assim um problema de solução mais demorada e onerosa. No caso das canalizações de drenagem de águas residuais, existe ainda a agravante de que estas transportam matérias orgânicas, que penetram na parede juntamente com a água, causando sua contaminação com sais, ou acrescendo aos já existentes.

De todos os fatores, que podem determinar a presença de umidade fortuita no edifício, certamente os derivados da ruptura de canalizações são os mais gravosos, por imputarem um contato mais permanente da água com a parede. Porém, não devemos desprezar os efeitos da umidade oriunda das demais fontes, pois pela sucessão de ciclos de umidade e secagem, podem causar, também, patologia de eflorescências e criptoflorescências.

3.3 – MÉTODOS E EQUIPAMENTOS PARA O DIAGNÓSTICO DA UMIDADE

O conhecimento do teor de água contido nas paredes é um dado essencial para a determinação de um diagnóstico para os problemas de umidade. Para a medição dos teores de água das paredes podem-se utilizar métodos não-destrutivos e métodos destrutivos. A opção pelos métodos não-destrutivos, com a utilização de equipamentos especiais, muitas vezes é desconsiderada, devida basicamente ao alto custo dos aparelhos e aos resultados pouco precisos.

Capítulo 3 - Umidade nas construções 41

a) Procedimentos não-destrutivos

Nas medições pelos métodos não-destrutivos, utilizam-se equipamentos que avaliam a presença de umidade sem ferir as paredes. Em alguns casos, é necessária a realização de pequenos furos nas paredes analisadas, o que poderia ser considerado como um procedimento destrutivo. Porém, como estas intervenções produzem uma destruição mínima, de dimensões reduzidas e de fácil reparação, pode-se considerar em termos práticos, mesmo nesses casos, o método como não-destrutivo.

Dentre estes equipamentos, os mais utilizados são os umidímetros elétricos, compostos por agulhas de superfície ou por sondas de profundidade. Existem outros aparelhos de medição que utilizam princípios elétricos para quantificar a água contida no interior das paredes afetadas pela umidade; dentre eles encontram-se os equipamentos que utilizam a variação da constante dielétrica, os equipamentos que utilizam a variação da impedância de um semicondutor e os equipamentos que utilizam a emissão e recepção de ondas de neutrões ou micro-ondas.

a1) Umidímetros elétricos compostos por agulhas de superfície ou por sondas de profundidade

Estes aparelhos podem quantificar a água pela variação da resistência elétrica entre os elétrodos (é o método mais corrente). Sabe-se que, quanto maior o teor de água contido num material, menor a resistência elétrica oferecida; portanto, a partir deste conhecimento resistivo, pode-se determinar o valor aproximado do teor de água respectivo. Este tipo de medição apresenta facilidade e rapidez de utilização; no entanto é bastante impreciso e sujeito a erros, devido basicamente ao fato de os materiais de construção apresentarem constituição variada e, muitos deles, sais no seu interior, o que altera sensivelmente os resultados. Esta constituição heterogênea permite a medição mais precisa apenas nos estados extremos, ou seja, em materiais muitos secos ou muitos úmidos e, nesta última condição, só é valido o resultado obtido se os materiais constituintes estiverem isentos de sais.

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a2) Equipamentos que utilizam a variação da constante dielétrica

Sabe-se que a constante dielétrica da água é cerca de 30 a 40 volts mais elevada que a dos materiais utilizados na construção no estado seco, além de ser específica para cada tipo de material; portanto, necessita-se de tabelas especialmente preparadas, para se poder avaliar e quantificar as medições encontradas. Estes aparelhos possuem dois elétrodos que, colocados sobre o material a ser analisado, medem a constante dielétrica destes materiais onde qualquer teor de água presente é imediatamente identificado pelo considerável aumento dessa constante. Este tipo de equipamento é recomendado para ser utilizado em superfícies lisas ou com baixa rugosidade e mede apenas as variações superficiais; porém, propicia um trabalho bastante fácil e com rapidez de execução, pois necessita apenas ser apoiado sobre a superfície da parede a ser analisada além de apresentar baixa sensibilidade à presença dos sais que possam estar contidos nos materiais.

a3) Equipamentos que utilizam para medição a variação da impedância de um semicondutor

Com a utilização deste equipamento, a água contida na parede é avaliada pelo equilíbrio entre a umidade relativa do ar com o material constituinte da alvenaria. O aparelho possui um semicondutor sensível colocado dentro de um bolbo permeável ao ar e ao vapor de água, no qual a impedância varia em função da umidade relativa do ar.

O simples contato desse dispositivo com o material a ser avaliado produz a variação da umidade relativa do ar no seu interior e, no final de um certo período, registra-se um equilíbrio com o teor de água do material. Com base em diagramas que utilizam as informações referentes à umidade relativa do ar registrada para uma determinada temperatura, pode-se quantificar o teor de água contido no elemento analisado.

A utilização deste equipamento é bastante restrita para materiais de construção, pois, com exceção da madeira, o equilíbrio da quantificação da umidade relativa do ar no material é atingido, rapidamente, em valores equivalentes aos da saturação, mesmo que os teores de água sejam baixos; o que acaba por inviabilizar uma determinação precisa.

Capítulo 3 - Umidade nas construções 43 a4) Equipamentos que utilizam para medição a emissão e recepção de ondas de neutrões

ou micro-ondas

Estes aparelhos são constituídos por uma fonte emissora de ondas de neutrões ou de micro-ondas e outra fonte receptora dessas ondas. Para seu uso basta colocá-lo sobre a parede a ser avaliada e emitir as ondas. A intensidade dessas ondas será atenuada inversamente à quantidade de água contida no material; ou seja, quanto maior o teor de água, menor será a vibração da onda. Esta ressonância é registrada na fonte receptora e indicará os teores de água contidos.

Este equipamento é bastante caro e oferece alguma dificuldade de leitura em materiais heterogêneos além dos riscos decorrentes das radiações emitidas; porém, possui muita precisão na determinação do teor e na distribuição da água existente nos materiais.

b) Procedimentos destrutivos

As avaliações dos teores de água pelo uso de métodos destrutivos implicam procedimentos que necessitam da recolha de amostras para posteriores análise e avaliação. Dentre os métodos destrutivos os procedimentos mais utilizados são o método ponderal e a medição da umidade pela pressão de acetileno.

b1) Método ponderal

É o procedimento mais usual, onde são retiradas amostras da área a ser investigada. Estas amostras deverão ser extraídas com o uso de uma serra-copo acoplada a uma furadeira de baixa rotação, evitando assim o aquecimento e a conseqüente secagem do material retirado, o qual deve ser armazenado em invólucros estanques, que evitem a perda da umidade contida e não acresçam umidade exterior aos corpos de prova.

É um método bastante preciso e possibilita o uso das amostras recolhidas para outros ensaios, como permeabilidade à água, teor de sais e higroscopicidade. O principal inconveniente é a necessidade de extrair pequenas amostras do edifício, no caso a parede, o que, muitas vezes, torna-se impróprio, pois algumas construções antigas foram executadas com técnicas e materiais não mais usados, o que poderá dificultar a recuperação das zonas de

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onde foram extraídas as amostras para ensaio. Também apresenta a desvantagem de não poder ser realizado no local, necessitando de laboratório, o que demanda mais tempo.

b2) Método de medição da umidade pela pressão do acetileno

Este é um procedimento que pode ser realizado no próprio local onde são retiradas as amostras, bastando para tal a utilização de uma garrafa metálica estanque, munida de um manômetro. Nesta garrafa coloca-se a amostra juntamente com carboneto de cálcio e aguarda-se a reação entre a água contida na amostra e o carboneto. Esta reação produz acetileno na mesma proporção da água, a qual, registrada no manômetro, indica o teor de água da amostra ensaiada.

Este ensaio apresenta o inconveniente de ter algum perigo, devido à presença do acetileno e de não apresentar muita precisão nos resultados.