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MÉTODOS E INSTRUMENTOS DE COLETA DE DADOS

No documento LEONARDO MAGELA LOPES MATOSO (páginas 83-86)

Para caracterizar o perfil dos profissionais do HMAC, foi utilizado um questionário sociodemográfico. Este questionário contemplou alguns itens que se fizeram necessário para descrever a amostra. Tais como, idade, gênero, estado civil, categoria profissional, função exercida, renda individual mensal, carga horária semanal, atuação em outra organização, setor de atuação nesta outra organização e o motivo que o levou a trabalhar na saúde.

Destaca-se que a idade foi considerada, em anos completo, sendo assim uma variável ordinal. Quanto ao gênero, constava neste quesito masculino ou feminino. Com relação ao estado civil, este item foi categorizado em solteiro, casado ou em união estável e outros. Já o quesito categoria profissional referiu-se à profissão dos participantes dentro da organização. O item função exercida no ambiente hospitalar, diz respeito ao cargo ocupado, como por exemplo, chefia, coordenação, assistência, e etc. No que tange a renda individual mensal, esta foi categorizada por faixas salariais. Essa variável intervalar foi dividida em até 1 salário mínimo; mais de 1 a 2 salários mínimos; mais de 3 a 4 salários mínimos e mais de 5 salários mínimos; considerando o valor do salário mínimo na época da coleta de dados. O item referente à carga horaria semanal foi descrita numericamente pelos participantes e se configurou como uma variável ordinal, por exemplo, 30 horais semanais. Com relação ao questionamento se o profissional trabalhava em outra atividade, foi considerada uma variável nominal e contemplou os itens “sim” ou “não”. Caso o participante marcasse “sim”, informaria qual era a outra atividade realizada.

No tocante ao setor de atuação, este quesito foi dividido em Acolhimento, Centro-Cirúrgico, Unidade de Terapia Intensiva e Outros. O quesito outros serviria para o participante descrever qual setor de atuação o mesmo exercia suas funções. Por fim, tem-se o questionamento acerca do motivo que levou o profissional a trabalhar na saúde. Os motivos elencados nesta variável nominal foram afinidade, oportunidade de emprego, influência familiar, satisfação profissional e outros. O quesito outros foi introduzido para que o participante pudesse descrever outros motivos se não os elencados anteriormente (Apêndice A).

De forma simultânea, para avaliar o nível de estresse, foi utilizado o Inventário de Sintomas de Stress para Adultos de Lipp (IssL). Segundo Sadir, Bignotto e Lipp (2010), o IssL foi validado e padronizado por elas, em uma pesquisa experimental cuja amostra foi de

1853 adultos, obtendo um Alfa de Cronbach10 de 0,9121, na análise de confiabilidade dos itens, o que significa que o instrumento tem alta confiabilidade. Frisa-se que foi acrescido no instrumento um código (matrícula institucional do profissional). Tal código se fez necessário apenas para auxiliar na replicação do instrumento, após a aplicação da musicoterapia, e possibilitar o pareamento dos dados.

Para Lipp (2010), o IssL tem por objetivo diagnosticar e reconhecer os níveis de estresse do indivíduo, mostrando onde a pessoa é mais vulnerável a ele, se é no aspecto psicológico ou físico e, indicando o nível de estresse do indivíduo em cada fase. As fases podem ser caracterizadas de alerta, resistência, quase-exaustão ou exaustão, ressaltando os sintomas e as particularidades de cada uma dessas fases.

O IssL é composto por 37 itens de natureza somática e 19 itens de natureza psicológica, totalizando 53 itens, que revelam os sinais e sintomas frequentes do estresse. O instrumento divide-se em três quadros, cada quadro corresponde a uma fase do estresse e deve ser marcada pelo respondente de acordo com os sinais e sintomas vivenciados por ele; nas últimas 24 horas, na última semana e no último mês, respectivamente (SADIR; BIGNOTTO; LIPP, 2010). A sucessão dos itens do IssL segue uma sequência, já que é comum os sintomas aparecerem na fase de alerta, desaparecerem na fase de resistência e reaparecerem nas fases de exaustão com maior intensidade. A razão disso é que na fase de exaustão alguns sinais e sintomas que eram característicos da fase de alerta voltam com maior grau de comprometimento, devido à queda da resistência. O IssL pode ser encontrado no Anexo A.

Destaca-se que o primeiro quadro (alerta) do IssL possui 12 sinais e sintomas somáticos e 3 psicológicos experimentados nas últimas 24h. O segundo quadro (resistência e quase-exaustão) é composta de 10 sinais e sintomas somáticos e 5 psicológicos experimentados na última semana. Já o terceiro quadro (exaustão) contém 12 sinais e sintomas somáticos e 11 psicológicos, referentes à sintomatologia vivenciada no último mês (LIPP, 2000). O Tabela 2 sintetiza as informações relacionadas ao instrumento.

Conforme apontaram Sadir, Bignotto e Lipp (2010), cada quadro do instrumento refere-se a um achado relacionado ao estresse, onde o mesmo evidencia a existência ou não do estresse e suas fases indicam qual a área de maior manifestação dos sinais e sintomas, se é a somática e/ou a psicológica.

10 O coeficiente Alfa de Cronbach foi apresentado por Lee J. Cronbach, em 1951, como uma forma de estimar a confiabilidade de um questionário aplicado em uma pesquisa. Quando o valor é mais próximo de 1,0 maior a confiabilidade do instrumento (MONTEIRO; HORA, 2014).

Tabela 2 – Síntese dos quadros IssL com base nas sintomatologias somáticas e psicológicas

Quadros Sinais e Sintomas Somáticos Sinais e Sintomas Psicológicos Total de Sintomas

1 12 3 15

2 10 5 15

3 12 11 23

Fonte: Elaborado pelo autor (2018)

Por fim, o IssL é um instrumento que pode ser respondido por qualquer pessoa acima de 15 anos de idade, não havendo a necessidade de alfabetização, já que seus itens podem ser lidos pelo aplicador. Além disso, a aplicação pode ser coletiva ou individual, sendo preferível a última, por oferecer oportunidade de observação do respondente. O tempo de aplicação é de aproximadamente 10 minutos (LIPP, 2000).

Para identificar a Iso, ou seja, o gosto musical individual dos profissionais que sofreram ação da musicoterapia, foi utilizada a ficha musicoterápica. Essa ficha foi elaborada de forma conjunta pelo autor deste trabalho e um musicoterapeuta, e foi constituída de questões relacionadas ao histórico musical como também as vivências, as preferências e as recusas musicais. A ficha musicoterápica encontra-se no Apêndice B deste trabalho.

Além da ficha musicoterápica utilizada para nortear a experienciação musical e para elaboração do repertório foi utilizado um roteiro para auxiliar na observação sistemática, não participante, individual e realizada na vida real. Esse roteiro se fez necessário para captar situações ou episódios onde o profissional demonstrasse comentários, incidências, reações e sentimentos que pudessem ser relevantes à questão do estudo. A observação foi realizada com base em um esquema desenvolvido pelo autor. Este esquema foi adaptado de outro instrumento elaborado por Zanini, Munari e Costa (2007), com base no Protocolo para Observação de Grupos em Musicoterapia (POGM). O esquema de observação pode ser localizado no Apêndice C desse estudo.

Outro instrumento utilizado nesta pesquisa foi a entrevista episódica que visou identificar como se deu a relação dos profissionais com a experiência musical no ambiente de trabalho com base no roteiro da observação sistemática. Flick (2008) defendeu que a entrevista episódica permite a apresentação relativa do fenômeno estudado por meio de seu contexto, na forma de uma narração. Essa abordagem se aproxima mais das experiências e de seus contextos gerativos do que outras formas de apresentação. Ela parte de formas episódicas-situacionais do conhecimento experimental. Na entrevista episódica dá-se atenção a uma situação ou episódios nos quais o entrevistado tenha vivenciado durante a pesquisa.

Sendo assim, a entrevista episódica (Apêndice D) foi constituída de duas questões abertas. A primeira questão visava extrair dos participantes como foi a experiência da escuta musical no local de trabalho. Já a segunda questão objetivava verificar se durante o período de musicoterapia percebeu-se, por parte dos profissionais, alguma mudança relevante (positiva ou negativa), no âmbito pessoal ou profissional. Destaca-se que o critério de seleção dos participantes para a realização da entrevista episódica deu-se mediante análise observacional durante a experienciação musical, onde a amostragem foi por saturação teórica dos dados.

Frisa-se que foi utilizada a técnica de saturação teórica dos dados. Esta é uma abordagem conceitual utilizada para estabelecer ou delimitar o tamanho final de uma amostra em estudo, interrompendo a captação de novos participantes. Segundo Glaser e Strauss (1967), a saturação teórica é compreendida como a suspensão dos dados de inclusão de novos participantes quando os dados obtidos passam a apresentar, na avaliação do pesquisador, certa redundância ou repetição, não sendo considerado relevante persistir na coleta de dados.

No documento LEONARDO MAGELA LOPES MATOSO (páginas 83-86)