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Métodos de estudo de análise de marcha

No documento Análise da Marcha na Artroplastia da Anca (páginas 48-52)

2.1 Aspectos biomecânicos para o estudo da marcha

2.1.1 Métodos de estudo de análise de marcha

Nesta secção é feita uma breve caracterização dos métodos de análise da marcha, dando mais ênfase aos utilizados nesta investigação para analisar a fase de apoio de um ciclo de marcha. A avaliação do movimento na marcha humana para fins terapêuticos ou outros pode ser efectuada por recurso à cinética e à cinemática.

Para Kreighbaum e Barthels (1996) a mecânica do movimento divide-se em duas categorias: a estática e a dinâmica. A primeira destaca-se pelo estudo de factores associados aos sistemas sem movimento. A segunda estuda os factores que estão associados a sistemas com movimento. A dinâmica reporta- se à cinemática e à cinética, duas áreas da biomecânica que têm por objecto de estudo o movimento humano.

2.1.1.1 Análise Cinemática

Uma das grandes áreas de estudo utilizadas na análise da marcha humana é a cinemática. Enoka (1994) descreve a cinemática como um conjunto de métodos apurados e precisos que permitem a determinação da posição e orientação dos segmentos corporais em cada momento de determinada tarefa, com o objectivo de calcular as variáveis dependentes dos dados observados nas imagens isto é, a posição, a orientação, a velocidade e a aceleração do corpo.

A cinemática preocupa-se com as descrições espaciais e temporais do movimento dum corpo em termos de trajectória, velocidade, e aceleração, abstraindo-se das forças postas em jogo. Deste modo podemos obter dados cinemáticos lineares e angulares dos movimentos executados durante a marcha. As variáveis cinemáticas a serem observadas e analisadas podem ser: deslocamentos, ângulos e tempo. A partir destas variáveis pode-se derivar o valor da velocidade linear ou angular de deslocamento instantâneo, aceleração linear ou angular. No âmbito da cinemática podemos contar com procedimentos da cinemetria. Esta, consiste num conjunto de métodos que permitem, a partir da aquisição de imagens durante a realização do movimento que ocorre em determinadas articulações de um membro, determinar parâmetros cinemáticos desse movimento. Possibilita efectuar análises qualitativas, a partir da observação das imagens obtidas através de fotografia, filme, película ou vídeo de todas as fases do ciclo de marcha. Além destes

procedimentos cinemáticos ainda podemos considerar os acelerómetros, os velocímetros e os goniómetros.

O registo vídeo do movimento é feito usando uma câmara de alta sensibilidade, capaz de registar um elevado número de imagens por segundo (o número de imagens a avaliar por segundo, deve estar de acordo com a velocidade do movimento). Existem vários processos de análise cinemática tais como cinematografia, estroboscopia, cronociclografia e cineradiografia. Contudo, na actualidade o processo mais frequente na análise cinemática é a Videografia. Neste processo é usado um sistema vídeo analógico de medição do movimento com recurso a meios computorizados. Na selecção e utilização das técnicas de registo e processamento, é importante definir o número e disposição da(s) câmara(s), afim de permitir análises cinemáticas, bidimensionais (2D) usando apenas uma câmara no plano sagital, ou tridimensionais (3D) usando no mínimo uma câmara no plano sagital e outra no plano frontal (Amadio, 1996).

O procedimento desta metodologia inclui, na fase inicial, a colocação de 2 ou mais câmaras se quisermos obter a avaliação do movimento de vários ângulos, obtendo uma imagem tridimensional num sistema computorizado. A análise computorizada das imagens recolhidas é realizada recorrendo a um sistema de referência, que não é mais do que um cubo de calibração onde é definido um sistema de coordenadas espaciais.

De forma a facilitar a digitalização, são usados marcadores reflectores colados à pele do indivíduo, em pontos estratégicos do corpo, que normalmente coincidem com proeminências ósseas (ombro espinhas ilíacas antero- superiores, côndilos fémurais, maléolos tibiais, etc), que determinam os eixos internos do movimento (Amadio e Barbanti, 2000). Estes marcadores (activos ou passivos) são visíveis no registo vídeo, e a sua posição pode posteriormente ser lida e trabalhada em computador para criar um modelo do movimento que será utilizada para o cálculo dos ângulos articulares realizados. Este tipo de registo implica que exista no laboratório o sistema de coordenadas pré-estabelecidas que servirá de parâmetro de comparação.

Neste estudo a aplicação da cinemetria (análise 2D) na avaliação cinemática da marcha em indivíduos com Prótese Total da Anca e normais permitiu a recolha das amplitudes articulares durante a marcha, o que faz com que este método seja de extrema importância na determinação e indicação de tratamentos de reabilitação.

2.1.1.2 Análise Cinética

Por seu lado a cinética, reporta-se ao estudo das forças que geram o movimento podendo estas ser classificadas de forças internas e externas, ou seja, estuda as forças actuantes num corpo associadas ao movimento desse corpo. Sendo que as forças internas têm origem em elementos contrácteis (músculos), as forças externas a serem consideradas, correspondem à força da gravidade e à força de reacção do solo, que ocorre quando o pé está em contacto com o solo.

Este método diz respeito a todo o tipo de processos que permitem a medição de forças e da distribuição de pressões. Deste modo podemos dizer que a dinamometria consiste no estudo das forças que originam o movimento englobando todos os tipos de medidas de força (Amadio, 1996; Adrian e Cooper, 1995).

Este método de análise mede os parâmetros dinâmicos da marcha tais como a medição de forças externas, a área e a distribuição da pressão plantar durante a fase de apoio, podendo interpretar as respostas de comportamentos dinâmicos e estáticos do movimento humano. As forças externas são mensuráveis, e correspondem àquelas forças que são transmitidas entre o corpo e o ambiente, isto é, forças de reacção (Adrian e Cooper, 1995; Amadio, 1996). Das forças a que mais frequentemente estamos expostos destaca-se a força de reacção do solo, podendo esta ser mensurada por meio das plataformas de força. Já as forças internas são normalmente calculadas indirectamente através da dinâmica inversa; são forças produzidas pelos

grupos musculares e pelas resistências inter-musculares, peri-articulares e intra-articulares.

No documento Análise da Marcha na Artroplastia da Anca (páginas 48-52)

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