• Nenhum resultado encontrado

3.2 Manutenção naval

3.2.1 Métricas da manutenção naval

Da mesma forma que em outras áreas, o que se deseja na área naval é concluir o período de manutenção do sistema, seja ele qual for, no menor espaço de tempo possível. Para que isto ocorra, diz-se que o sistema deve ter uma alta mantenabilidade.

Conforme a norma brasileira NBR-5462/1994 (ABNT, 1994, p.3), mantenabilidade pode ser entendida como sendo “a capacidade de um item ser mantido ou recolocado em condições de executar suas funções requeridas, sob condições de uso especificadas quando a manutenção é executada sob condições determinadas e mediante procedimentos específicos”.

Ou conforme apresentado por MATOS (1999), é o conjunto de parâmetros de projeto que proporcionam a habilidade de um sistema ser mantido.

Existem diversos parâmetros (qualitativos e quantitativos) que, coletados junto à manutenção, podem ser usados para a avaliação da mantenabilidade de um sistema. Para facilitar a explanação e seguindo a classificação adotada por BLANCHARD et al. (1995), estes parâmetros estão sendo divididos em grupos, que a partir de agora estarão sendo chamados de fatores. Serão apresentados os de maior relevância para a área naval, quais sèjam: fatores de confiabilidade, de mantenabilidade, de disponibilidade, humanos, de suporte logístico e fatores econômicos.

3.2.1.1 Fatores de confiabilidade

A freqüência com que um sistema passa por intervenções de manutenção está diretamente ligada aos fatores de confiabilidade. Neste grupo, as medidas mais comuns são a taxa de falhas (X ) e o tempo médio entre falhas (TMEF). Outra medida importante, e que freqüentemente é confundida com TMEF é TMPF, que é uma medida mais adequada a sistemas não reparáveis, como por exemplo, aqueles que contém componentes eletrônicos.

A validade da análise de confiabilidade está diretamente ligada à legitimidade do conjunto de amostras que representam a realidade do comportamento das falhas (DIAS, 1996).

SANNEMANN (1997), afirma que seja qual for a filosofia de manutenção adotada, as informações obtidas a partir do registro de dados históricos de equipamentos têm uma importância fundamental. No entanto admite serem observadas várias dificuldades para compor este conjunto de informações, o que resulta muitas vezes em históricos pouco confiáveis.

3.2.1.2 Fatores de mantenabilidade

A mantenabilidade é freqüentemente medida em termos do tempo requerido para realizar a tarefa de manutenção. A Figura 3.3 apresentada por BLANCHARD et al. (1995) apresenta estes tempos. MEDIDAS DE TEMPO DE MANUTENÇÃO Tempo não requerido Tempo requerido Tempo de prontidão Tempo de operação Tempo de manut. efetiva Tempo de manutenção Tempo de atraso logístico Tempo de atraso administrativo

Tempo de manut. Tempo de manut. corretiva preventiva Baseada na condição Baseada no tempo ...

ï

... Tempo de preparação para monitoramento Tempo de monitoramento Tempo de preparação (atraso logístico)

Tempo de manutenção efetiva

Tempo Tempo Tempo de inspeção de serviço de checagem

Tempo de preparação (atraso log. e adm.) Tempo de Tempo de diagnóstico desmontagem e localização (obter da falha acesso) Tempo de reparo do item no campo Tempo de remoção do e troca por sobressalentes

Tempo Tempo Tempo — de - de ajuste de

montagem checagem

Figura 3.3 - Tempos de manutenção

• TMMC (Tempo médio de manutenção corretiva): é o tempo necessário para restabelecer as condições normais de operação, uma vez surgida uma falha inesperada;

• TMMP (Tempo médio de manutenção preventiva): é o tempo necessário para a execução de atividades cujo objetivo é manter o sistema em um nível de desempenho desejado;

• TmedMC (Tempo mediano de manutenção corretiva): corresponde a 50% dos maiores e menores tempos de intervenções corretivas;

TmedMP (Tempo mediano de manutenção preventiva): semelhante ao TmedMC;

• AAdm (Atraso administrativo): tempo durante o qual uma intervenção de manutenção deveria estar sendo executada, mas não está devido a razões administrativas;

• AL (Atraso logístico): tempo durante o qual uma intervenção de manutenção deveria estar sendo executada, mas não está devido a falta de recursos, que não os administrativos e;

• TM (Tempo de manutenção): é a soma dos tempos totais requeridos para reparo e restauração. E função dos tempos médios de intervenções preventivas e corretivas.

3.2.1.3 Fatores de disponibilidade

Considera-se como principal medida de disponibilidade na área naval, a DOp (disponibilidade operacional). Esta é a medida mais próxima da realidade, pois contempla tanto os tempos de atraso administrativo como os relativos a atraso logístico. Pode ser calculada pela expressão (3.4):

DOp= __ ™ EM___ (3.4)

TMEM + TEP

Para um bom entendimento da expressão (3.4) faz-se necessário definir os termos TMEM eTEP.

TMEM representa a freqüência de ações programadas ou não. Pode ser calculada pela expressão abaixo:

T M E M = --- --- l--- --- (3.5),

TMEM„ + TMEM.P c

TEP representa a soma dos tempos totais requeridos para reparo e restauração. É normalmente expresso em valores médios e função dos tempos médios de manutenção corretiva e preventiva.

3.2.1.4 Fatores humanos

Dentre os diversos fatores humanos (antropométricos, fisiológicos e etc.) que influenciam a mantenabilidade de um sistema, são especialmente importantes os fatores psicológicos (atitude de resposta, iniciativa e comportamento), principalmente quando se trata da adoção de novas técnicas ou ferramentas tais como SE.

No contexto tradicional da manutenção naval, a tripulação tem que interagir com técnicos de manutenção para resolver problemas que surgem nos PM. Estes problemas estão principalmente relacionados com informação técnica, por exemplo sobressalentes, sintomas de equipamento, ações de manutenção corretas e etc.

Cabe neste ponto apresentar pesquisa citada em SMITH e FARQUHAR (2000), que aponta como principal impedimento para se transferir conhecimento a cultura corporativa da organização industrial. Cita também que a principal dificuldade para administrar o conhecimento de uma organização industrial é a mudança de comportamento das pessoas.

3.2.1.5 Fatores de suporte logístico

Os fatores de suporte logístico incluem como medidas principais as medidas de suprimento, de equipamento de suporte e de testes, de transporte e manuseio e as medidas de documentação.

As medidas de suprimento são aquelas que influenciam a duração e eficácia das intervenções programadas ou não, na medida que são afetadas pela capacidade de fornecimento de sobressalentes. Estas medidas são de fundamental importância na área naval, dada à quantidade de interferências presente nos PM dos navios.

As medidas de equipamento de suporte e testes, referem-se à disponibilidade e quantidade mínima destes equipamentos para assegurar uma manutenção eficaz.

As medidas de transporte e manuseio também são importantes e referem-se à necessidade de trânsito de material e de pessoas entre os vários locais de operação e instalação, envolvendo assim o deslocamento de equipes e recursos para a realização das tarefas de manutenção. Tais

medidas não podem ser desconsideradas em função da grande área que normalmente os estaleiros ocupam e da longa duração dos PM.

As medidas de documentação referem-se entre outras coisas às atualizações de procedimentos técnicos, desenhos e etc. que, quando não executadas corretamente, podem causar atrasos bastante significativos.

3.2.1.6 Fatores econômicos

Fatores econômicos são aqueles fatores responsáveis pela definição dos custos de manutenção de um sistema. Na maioria das vezes, estes fatores acabam tendo o peso maior nas decisões tomadas.