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Anexo X: Matriz Curricular da EFAGO (Ensino Fundamental)

FOTO 9: Módulo da Educação Profissional com o monitor Clayton Turma: 2 º ano do ensino

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Educação Profissional – Curso Técnico: Habilitação em Agropecuária – tem como proposta capacitar profissionalmente os jovens para suprir as demandas de assistência técnica em agropecuária nas comunidades rurais locais e regionais.

Educação Profissional – Curso Básico nas áreas voltadas para a Agricultura Familiar e o Desenvolvimento Rural Sustentável – a intenção destes cursos como cooperativismo, associativismo e outros nas áreas técnicas, bem como, cursos voltados para a formação humana ainda não estão totalmente implantados.

É uma proposta da EFAGO. A EFAGO tem como filosofia: oferecer uma educação que procure preparar os jovens para a vida. Proporcionando uma formação que conduza o educando/a ao desenvolvimento de suas habilidades cognitivas, tanto nos conhecimentos gerais e técnicos quanto no plano de educação para cidadania. Estes cursos visam o fortalecimento das cooperativas de assentamentos e dos pequenos agricultores/as a fim de que possam estar se formando numa perspectiva de trabalho coletivo voltado para o melhor desenvolvimento da Agricultura Familiar Camponesa, assumindo os princípios da sustentabilidade.

Foto 10: Área de experimento da plantação do milho criolo na Escola Família Agrícola de Goiás. Responsável: Monitor

Alcenir José da Silva8 e Equipe Diocesana da CPT. Nascimento (2003).

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O monitor Alcenir foi em 2004 convidado para dar palestras sobre a experiência do Milho Criolo num encontro no Chile, promovido pela Via Campesina e pelos Movimentos Sociais do Campo da América Latina.

Foto 11: Plantação de Maracujá nos fundos da Escola Família Agrícola de Goiás.

Nascimento (2003).

A proposta pedagógica9 da Escola busca propiciar uma formação integral, visando o aperfeiçoamento dos conhecimentos técnicos e gerais e uma formação humana, pela recriação das raízes culturais e do senso crítico. Através da Pedagogia da Alternância se consegue essa interação entre o conhecimento teórico vivido na escola e o conhecimento prático enriquecido na família e na comunidade. Assim, há uma combinação entre conhecimento científico e o conhecimento do senso comum, o que leva o educando/a a ter uma formação voltada para a sua realidade, permitindo que ele contribua para o enriquecimento da sua comunidade.

Com essa pedagogia a escola desenvolve uma filosofia de educação que tem como finalidade a formação de cidadãos/as conscientes de seus direitos e deveres para que sejam participativos na construção de uma sociedade mais igualitária, democrática e justa.

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4.2.3 Os instrumentos pedagógicos na EFAGO

A metodologia da Pedagogia da Alternância utiliza-se de instrumentos que são necessários para que se possa compreender o desenvolvimento do processo formativo dos educandos/as. Os instrumentos pedagógicos utilizados na Escola Família Agrícola de Goiás são:

O Plano de Estudo10 (PE) é o instrumento chave para se conhecer a realidade do educando/a. Alguns temas (aspectos sociais, econômicos, religiosos, técnicos, profissionais e culturais) são levantados pelos educandos/as e monitores/as que elaboram o Plano de Formação no início do ano letivo. No final das sessões11 aplica-se o PE onde são levantadas algumas questões ao qual chamar-se-á de roteiro de pesquisas para que sejam respondidas na família, na comunidade ou em organizações da sociedade civil no período em que os educandos/as se encontrarem no meio sócio-profissional.

Estes, por sua vez, sabem que irão partilhar e socializar as informações na próxima sessão. O PE é um dos instrumentos que está em vigor na EFAGO. Mesmo assim, percebe-se que determinados educandos/as e alguns poucos monitores/as não acreditam no PE por tomar tempo demais para aplicá-lo e demais para socializa-lo. Um dos problemas que estava tendo é que o PE tinha sido reduzido a 4 por ano em 2002. Para 2003, este reducionismo foi corrigido e passou-se para 8 por ano com temas diferenciados para cada turma.

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Cf. ANEXO I e II – PE (Plano de Estudo) dos alunos: Vanessa Braga e Isaías Rodrigues da Silva (3º ano do Ensino Médio e Educação Profissional em 2003) sobre Cultura Camponesa.

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Foto 12: Aplicação do Plano de Estudo aos educandos/as do 3ª ano do Ensino Médio e Educação Profissional da Escola Família Agrícola de Goiás. Tema: Cultura Camponesa. Monitoras: Ana Maria e Sara Melo. Nascimento (2003).

A Colocação em Comum é um instrumento pedagógico que visa a socialização e a organização dos conhecimentos recolhidos a partir das respostas do PE. Este instrumento propicia o educando/a a crescer na arte da participação com a ocorrência de debates, problematizações, levantamento de questões etc. Propicia também a interação grupal a partir da respeitabilidade dialógica do coletivo. Na EFAGO, este instrumento juntamente com o PE estão sendo os instrumentos onde os educandos/as mais participam, mesmo existindo aqueles/as que não respondem ao PE, que não participam dos debates da Colocação em Comum.

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Foto 13: Colocação em Comum dos educandos/as do 3ª ano do Ensino Médio e Educação Profissional da Escola Família Agrícola de Goiás. Tema: Reforma Agrária. Monitoras: Ana Maria, Sara Melo e Eliane Vieira. Nascimento (2003).

O Caderno da Realidade (CR) é um instrumento pedagógico onde o jovem é convidado a registrar sua vida como educando/a. No CR ele anota as suas reflexões, os seus estudos e aprofundamentos a respeito dos temas dos PEs e daquilo que foi discutido e debatido nas Colocações em Comum. Na Escola Família Agrícola de Goiás ficou claro que há uma certa dificuldade dos educandos/as se expressarem por meio do Caderno da Realidade, no entanto, é outro instrumento onde não há sérios problemas de ordem econômica ou social para que não possa ser realizado. Na verdade, o CR torna-se o retrato do educando/a e de todo e qualquer educando/a de EFAs, pois nele pode-se perceber a evolução dos educandos/as com a aquisição dos conhecimentos empíricos e teóricos. Além do PE e da Colocação em Comum, outras observações podem ser acrescentadas ao CR como os relatórios das Visitas de Estudo, a avaliação das Visitas as Famílias realizada pelos monitores/as e as Intervenções Externas.

Foto 14: Motivação do Caderno da Realidade no 1ª ano do Ensino Médio e Educação Profissional. Monitora: Adriana Regina. Nascimento (2003).

As Visitas e Viagens de Estudo são instrumentos utilizados para fazer com que o educando/a se motive em conhecer, confrontar e comparar as experiências. As viagens de estudo e visitas deveriam ser organizadas a partir dos temas dos PEs. Seria comum as visitas e viagens em Associações, Cooperativas, granjas, apiculturas, aviculturas, suinoculturas, pomares, inseminação artificial etc. Na Escola Família Agrícola de Goiás há um sério problema para que se possa realizar com êxito este instrumento. O problema gira em torno da questão financeira como bem será atestado no decorrer deste capítulo. Outro fator importante é que depois das Visitas e Viagens de Estudo há a Colocação em Comum para socializar a aprendizagem.

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Foto 15: Visita e Viagem de Estudo das turmas do Ensino

Fundamental sobre Meio Ambiente e Vegetação no Parque Serra Dourada em Goiás – GO. Nascimento (2003).

As Visitas as Famílias são o instrumento pedagógico onde há a interação entre o monitor/a com a família. Com este instrumento, conhece-se a realidade dos educandos/as, em todos os aspectos, além de estreitar a relação dialógica entre a escola e a família. É um momento onde o monitor/a é chamado a tirar as sandálias e deixá-las na estrada, pois o solo em que irá entrar é um solo (cultural, social e familiar) sagrado. A família é a expressão mais singela da comunidade. As Visitas as Famílias estão em situação de calamidade na EFAGO. A questão é novamente de ordem econômica. A escola não tem recursos para combustível e, em 2002, encerrou-se o convênio de muito tempo que mantinha com a SIMFR. Poucos educandos/as estão recebendo a Visita as Famílias. O Estado não apóia em nada. O Município acha que a escola é partidária e, por ter ocupado a Prefeitura junto com o MPA, não recebe ajuda em nada que possa vir suprir esta necessidade de ordem pedagógica. Talvez, o instrumento que une as duas realidades (escolar e a familiar), esteja numa situação de crise profunda dentro da EFAGO. Os parceiros/as da Escola poderiam ajudar, mas também estão em situação de crise. Sabe-se que as famílias estão nos assentamentos e nas comunidades rurais e a Visita poderia servir para conscientizar os pais da importância de estarem participando mais da vida da escola já que, ultimamente, há pouca participação.

Foto 16: Visita a Família dos educandos/as: Flávio José (2ª ano), Fernando (8ª série), Feliciano (6ª série), Simoni (5ª série), Ana Flávia e Silvani (ex-alunas da EFAGO). Comunidade: P.A. Bom Sucesso. Arquivos da EFAGO (2002).

Foto 17: Visita a Família da educanda Elisângela, hoje, monitora

da Escola Família Agrícola de Goiás. Comunidade: Uru. Arquivos da EFAGO (2002).

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O Estágio é um instrumento que possibilita o educando/a confrontar a situação concreta da realidade com a teoria apresentada. É o momento de observar, vivenciar, experimentar e praticar a teoria desenvolvida durante o semestre na escola. Na EFAGO os estágios acontecem sempre nos meses de Julho. Na 5ª série os educandos/as realizam o estágio na família. Na 6ª série o estágio social acontece nos sindicatos, movimentos sociais e entidades que trabalham na perspectiva da promoção humana. Na 7ª série acontece o estágio profissional em alguma área em que o educando/a se sente chamado vocacionalmente. Na 8ª série são realizados estágios profissionais dando continuidade à sua descoberta vocacional. Já o Ensino Médio, é convocado a realizar os estágios na área técnica em agropecuária, bem como, nos movimentos sociais ligados na luta pela terra.

As Intervenções Externas são palestras que acontecem na Escola como meio de aprofundar o tema do PE que já fora partilhado na Colocação em Comum. As pessoas são convidadas voluntariamente a partilhar com os educandos/as um determinado assunto da realidade dos jovens, no entanto, numa ótica mais científica. Também, a partir dos temas dos PEs podem estar surgindo cursos ou mini-cursos, como por exemplo: PE sobre Gado Leiteiro, o curso com intervenção externa sobre Derivados do Leite. É um instrumento pedagógico que não vem sendo utilizado com freqüência na EFAGO devido a dois fatores: o primeiro, os monitores/as estão desmotivados com a questão da redução salarial e com o atraso dos salários e ainda ter a preocupação de procurar pessoas para dar palestras voluntárias se torna difícil; o segundo, é que já não se encontram pessoas que tenham disponibilidade de tempo em estar indo à Escola para contribuir. Além disso, a Escola não prepara um cronograma anual das intervenções externas o que dificulta as pessoas estarem assumindo as intervenções de última hora.

Foto 18: Intervenção Externa com a turma do 1ª ano do Ensino Médio e Educação Profissional. Tema: Cartilha da CPT sobre a Luta pela Terra. Intervencionista: Bento Rixen – CPT/Diocese de Goiás. Nascimento (2003).

A Avaliação é um instrumento contínuo que se apresenta em todos os momentos da vida da EFAGO. Avaliar é um ato complexo, porém, necessário. Desde que seja feito com o princípio da eticidade e da democracia. Avalia-se todos os atores/as do processo: pais e mães, educandos/as, monitores/as, a Associação, os cursos, os intervencionistas, os parceiros/as etc. A avaliação das disciplinas e dos módulos da Educação Profissional fica a encargo dos monitores/as com a turma. Há a avaliação de todo o final de Sessão onde os educandos/as se reúnem no coletivo para partilhar os aspectos que foram positivos, os negativos e se levantam propostas para a próxima sessão. E, também, existe a auto-avaliação realizada por turma onde o educando/a é convidado a perceber os fatores que limitam o seu processo de ensino-aprendizagem, o que limita ou não o relacionamento com o outro etc. É um momento onde todos/as se colocam numa dinâmica de auto conhecer-se a si próprio a fim entender os conflitos, as angústias, os medos que existem em sua vida de educando/a dentro da escola.

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Foto 19: Avaliação realizada por grupos no final de Sessão para ser

coletivizada posteriormente. Ensino Médio e Educação Profissional. Nascimento (2003).

O Serão não é visto como instrumento pedagógico pela maioria dos teóricos e pedagogos das EFAs do Brasil. Por ser uma atividade complementar uma vez que os educandos/as pernoitam na escola, usa-se o serão para várias finalidades: momentos de lazer, completar a carga horária exigida pela Secretaria de Educação, debates, jornais televisivos, teatros, dança, momentos de mística e espiritualidade da terra. Usa-se o serão costumeiramente, na EFAGO, para as intervenções externas que são realizadas pelos agricultores/as, monges, padres, agentes de pastoral, agrônomos, professores/as, veterinários etc. A grande dificuldade de se entender a finalidade do Serão encontra-se no fato de não vê-lo como um instrumento pedagógico. Por que? Exatamente, porque não sendo um instrumento pedagógico transformam o Serão em aulismo bancário para o complemento de carga horária.

Foto 20: Serão na Escola Família Agrícola de Goiás. Tema: Mística e

Espiritualidade. Este Serão foi realizado na Semana de Adaptação (Educandos/as novatos). Monitora: Aparecida da Neiva. Arquivos da EFAGO (2002).

Outra atividade que não é vista como instrumento pedagógico da Escola é o Trabalho

prático, no entanto, pode ser considerado um instrumento da alternância já que realiza uma

conscientização educativa principalmente na área técnica. O Trabalho Prático era realizado até 2002 uma hora por dia com todos os educandos/as da Sessão que se dividiam por setores. Com a realização do Plano de Formação em 2003 percebeu-se a necessidade de se realizar o Trabalho Prático por turma e vem dando certo. Nos horários de aulas sempre tem alguma turma realizando o trabalho prático seja na horticultura, apicultura, avicultura, suinocultura, jardim ou em outro setor da propriedade da escola. Percebe-se que com o Trabalho Prático os educandos/as se mostram como atores/as da construção desta proposta diferenciada da EFAGO. Por isso, não seria exagero afirmar que o trabalho prático é um instrumento pedagógico da alternância desde que se entenda por pedagogia o ato de compreender todas as coisas como práxis educativa, logo, trabalhar na propriedade e na horta significa aprender também. E isso, tem sido feito com muita freqüência na EFAGO. Nas fotos abaixo podemos perceber alguns momentos de trabalho prático realizado na Escola Família Agrícola de Goiás.