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A OBJETIVIDADE MUSICAL

UNIDADE 1

1 INTRODUÇÃO

Neste tópico iremos tratar dos elementos musicais presentes no som e suas maneiras de registrá-los em partituras. Veremos que os aspectos técnicos da arte musical dialogam com outras áreas de estudo, como a física acústica. As quatro propriedades do som, a altura, a duração, a intensidade e o timbre, são os personagens que jogam com os elementos musicais que compreendem a melodia, a harmonia e o ritmo.

Você verá que, apesar da música ser uma arte, existem fundamentos técnicos e científicos que dão objetividade aos sons quando combinados de forma artística, resultando em música.

2 PROPRIEDADES DO SOM

Quando falamos em música, estamos nos referindo a um campo da arte que acontece num plano temporal. A obra de arte musical só existe quando está sendo interpretada, quando músicos estão tocando seus instrumentos ou cantando a composição. Assim, é necessário aprimorar nossa fruição musical para percebermos os sutis detalhes de uma obra musical, para que não passem despercebidos. Neste primeiro momento vamos estudar o som e suas propriedades, ou seja, vamos entender como percebemos os sons musicais.

2.1 ALTURA

Quando falamos em altura em música, num primeiro momento podemos pensar que estamos nos referindo ao volume do som ou sua intensidade. Popularmente, altura tem o significado de “aumentar o som”. No entanto, o termo refere à frequência de um som determinável, uma nota musical. Exemplificando, se começamos uma escala com a nota dó, seguimos com ré, mi, fá, sol e assim por diante, estamos subindo com os sons.

Tudo o que ouvimos se dá graças às ondas sonoras, vibrações que chegam ao nosso ouvido interno e posteriormente codificadas no cérebro. Porém, podemos classificar o que ouvimos em dois aspectos: som e ruído.

De maneira geral, tanto som quanto ruído consistem num fenômeno que a física explica. No entanto, caro leitor, estamos tratando da arte da música e, dessa forma, quando falamos em som, estamos nos referindo a algo que é desejável, algo que podemos determinar e identificar como uma nota musical, com uma altura definida.

O físico alemão Heinrich Hertz (1857-1894) estudou este campo da física demonstrando a existência das ondas sonoras. Por meio de seus estudos, Hertz quantificou as ondas sonoras determinando frequências para os sons. As “unidades de medida das ondas sonoras”, a partir de então chamadas de Hertz (abreviatura Hz) são determinadas por ciclos por segundo (DOURADO, 2004). Assim, ficou convencionado que a nota lá (situada no meio do teclado do piano) possui uma frequência de 440 Hz. Ao aumentar este número, ou seja, ao subir a frequência gradativamente, teremos um “lá” um pouco mais agudo, mais alto, até que chegue na nota “si”. Cada nota musical possui sua frequência específica e uma pequena oscilação é normal, nada impede uma orquestra inteira tocando com um lá ajustado para 443 Hz, por exemplo.

Por isso o som é algo que podemos determinar, identificar como frequência e então classificar como uma nota musical.

DICAS

Se você prestar atenção ao cotidiano, vai perceber que existem muitos sons determináveis: um liquidificador, um cortador de grama ou qualquer motor por vezes emitem sons com frequência suficiente para identificarmos como uma nota musical!

Quando falamos em ruído, queremos dizer que se trata de um som (ou mais sons ao mesmo tempo) que possui uma frequência indefinida, dificultando ou tornando quase impossível o reconhecimento da frequência como uma ou mais notas musicais. Musicalmente falando, ruído é um som indesejável!

Na figura a seguir, você pode conferir a frequência de algumas notas musicais.

FIGURA 15 – ALGUMAS NOTAS MUSICAIS E SUAS FREQUÊNCIAS

261 Hz Mais Grave Mais Agudo Ré 293 Hz Mi 329 Hz Fá 349 Hz Sol 391 Hz Si 493 Hz Lá 440 Hz

SOL

SI

MI

FONTE: Disponível em: <http://www2.eca.usp.br/prof/iazzetta/tutor/acustica/introducao/ tabela1.html>. Acesso em: 26 abr. 2016. Diagramação: Luiz Lenzi.

Veja que, quanto mais alta a frequência, mais alta (mais aguda) fica a nota musical. Quanto mais baixa a frequência, mais baixa (mais grave) a nota. Entre as notas Lá e Si temos uma diferença de apenas 53 Hz, isso significa que estes dois sons estão muito próximos. Quanto maior a diferença entre Hertz em duas notas, mais distantes estes sons estarão um do outro.

Quando uma orquestra sinfônica (ou qualquer grupo musical) vai se apresentar ou mesmo ensaiar, primeiramente os músicos ajustam a afinação de seus instrumentos, para que estejam “afinados” uns com os outros. Os músicos utilizam a nota Lá (440Hz) para afinar os seus instrumentos. Segundo Dourado (2004, p. 25), “em 1960 estabeleceu-se internacionalmente o padrão de 440 Hz, mas apesar disso as sinfônicas atuais costumam afinar entre 440 e 445 Hz. O diapasão mais frequente empregado nas orquestras vibra em 442 Hz”. O termo diapasão é usado para definir a altura da afinação e também se refere ao equipamento para afinar. Existem diapasões eletrônicos dotados com um pequeno microfone embutido e um visor que orienta o músico a fazer esse ajuste. É o que se chama “afinar o instrumento”, para que todos toquem na mesma afinação e não “desafinados”. O diapasão mais simples é em formato de garfo (Figura 16), que “quando percutido contra uma das mãos ou objeto, produz som de altura determinada, estabelecendo um padrão de afinação”. (DOURADO, 2004, p. 107).

Os instrumentos musicais são construídos com uma afinação específica, cada qual dentro de seu contexto histórico. Na família das cordas, o violino, por exemplo, possui quatro cordas que são afinadas por meio de tensão. Quanto mais tensão, mais agudo o som que a corda emitirá. Cada corda é ajustada para emitir as seguintes notas:

FIGURA 17 - A AFINAÇÃO DO VIOLINO

Mi (659 Hz) Lá (440 Hz) Ré (293 Hz)

Sol (195 Hz)

O múscio usa as cravelhas para

chegar na tensão necessária para

ajustar a afinação. Micro afinadores em cada corda permitem um ajuste preciso

FONTE: Luiz Lenzi (29016)

Em instrumentos de outras famílias, como os metais, a afinação é feita por meio de ajuste do comprimento do instrumento. Os metais possuem “voltas de afinação” (ou bomba de afinação) que podem ser ajustadas deixando o instrumento um pouco mais comprido. Dessa forma, o som que o instrumento emite se torna mais grave (mais baixo), pois aumentamos o comprimento dele. Normalmente, os instrumentos de sopro são construídos com uma afinação mais alta. Ao puxar a volta de afinação, teremos um instrumento que entoará as notas musicais com uma afinação mais baixa. Estaremos, assim, alterando a altura de todas as notas que o instrumento poderá fazer.

FIGURA 18 - AFINAÇÃO DO TROMBONE

Bomba de afinação permite abertura e assim, toma o trombone um pouco mais comprido. O som, como consequência, terá a frequência mais baixa, no ajuste da afinação desejada.

Você pode se perguntar: “Por que o instrumento já não vem com a afinação ajustada de fábrica?” O que acontece é que a frequência do som oscila de acordo com condições ambientais como frio, calor e a umidade relativa do ar. O material de que o instrumento é construído reage nestas diferentes situações ambientais. Numa determinada situação climática, a madeira do violino reage de maneira diferente do metal do trombone e, assim, os ajustes não serão os mesmos. Uma diferença de apenas 1 ou 2 Hz de afinação numa orquestra interfere na qualidade de uma obra musical.

IMPORTANTE

Nos instrumentos como o violino e o trombone e tantos outros não é possível “ver” as notas musicais. Se observarmos um instrumento de teclado (piano, Glockenspiel, xilofone...) você poderá ver as teclas que correspondem a todas as notas e ter uma melhor noção do alcance em relação à altura. O teclado do piano moderno representa um bom exemplo para entendermos melhor a grafia das notas musicais quanto à altura. Estes teclados possuem uma extensão de sete oitavas (uma oitava representa a sequência dó, ré, mi, fá, sol, lá, si e dó) e ¼ (SADIE, 1994), sendo que cada tecla representa uma nota totalizando 88 teclas. A nota mais grave é a primeira da esquerda para a direita, Lá – 27 Hz e a mais aguda, a última, Dó – 4.186 Hz. Basta comparar os números para perceber que a distância entre estes dois sons é enorme, tratam-se de notas extremas.

FIGURA 19 - O TECLADO DO PIANO E AS NOTAS MUSICAIS

1 oitavaDÓ1 oitavaDÓ CENTRALRÉ MI FÁ SOL LÁ SI CENTRAL 261 Hz 293Hz 329Hz349Hz 391Hz440Hz 493Hz

Segundo Bohumil Med (1996), até o século XI a altura dos sons era a única propriedade a ser escrita como orientação. As informações então eram muito vagas e pouco se sabia quanto tempo deveria durar tal nota na sua altura. O sistema de notação como conhecemos hoje foi o resultado de um longo desenvolvimento histórico. O uso do pentagrama, ou a pauta de cinco linhas para a notação musical, data do século XIII, mas foi a partir do século XVII que o pentagrama se consolidou como um padrão para a escrita musical (SADIE, 1994).

O pentagrama, no entanto, não suporta toda a gama de notas musicais. Conforme a necessidade de uma maior altura ao se escrever a música na pauta, linhas suplementares são adicionadas acima (mais agudas, altas) e abaixo (mais graves, baixas) do pentagrama.

FIGURA 20 – LOCALIZAÇÃO DAS NOTAS MUSICAIS NO PENTAGRAMA

MI FÁ SOL SI FONTE: Luiz Lenzi (2016)

Observe que no pentagrama as notas musicais são colocadas nas linhas e nos espaços. O símbolo que lembra um “S” logo no começo da pauta é chamado de Clave de Sol. Da mesma forma, utiliza-se uma segunda pauta, com um símbolo diferente, chamado de Clave de Fá.

FIGURA 21 – CLAVE DE SOL E CLAVE DE FÁ

SOL

mais grave mais agudo

DÓ CENTRAL DÓ RÉ MI MI LÁ SI DÓ RÉ MI FÁ SOL SOL SOL SI SI SI CLAVE DE SOL CLAVE DE FÁ

FONTE: Luiz Lenzi (2016)

A figura seguinte coloca o teclado do piano com suas 88 notas (teclas) e apresenta o alcance em relação à altura de uma série de instrumentos musicais, tanto de sopros, cordas, percussão e também na voz humana. A figura contempla ainda a grafia no pentagrama, possibilitando verificar e comparar as regiões de alcance de altura de cada instrumento e voz.

FIGURA 22 – EXTENSÃO DAS VOZES E DOS INSTRUMENTOS

violino soprano mezzo-soprano clarinete baixo oboé corne inglês flautim trombone trompete trompa flauta clarinete contrafagote fagote tuba contratenor baritono baixo contralto contrabaixo violoncello harpa CORDAS MADEIRAS METAIS CENTRAL VOZES viola tenor

Assim, quando falamos em altura, também nos referimos às notas dó, ré, mi, fá, sol, lá e si, pois cada uma possui uma altura definida.

2.2 DURAÇÃO

Agora que você já viu a primeira propriedade que é a altura, vamos refletir sobre outra das quatro propriedades do som: a duração.

Se você pode tocar notas musicais no seu instrumento, significa que estas notas ocuparão um espaço de tempo. O conceito é muito simples: a duração, como propriedade do som, define que um som pode ser curto ou longo. Citando Bohumil Med (1996, p. 12), duração é a “extensão de um som; é determinada pelo tempo de emissão das vibrações”. Mas como os músicos sabem quanto tempo devem sustentar as notas musicais? Historicamente, a música era tocada ou cantada e posteriormente alguma forma de registro era feita. Estes registros nem sempre eram eficientes, pois a carência de uma simbologia gráfica mais precisa tornava a interpretação difusa entre os intérpretes. Não obstante, a tradição e a cultura se encarregaram de sustentar o desenvolvimento da escrita musical.

ESTUDOS FUTUROS

Você verá na Unidade 2 como foi o desenvolvimento da escrita musical através dos séculos e como este processo ainda é dinâmico!

Usaremos um artifício simples para demonstrar a lógica dos sinais gráficos que irão nos orientar acerca do tempo que as notas devem ser sustentadas: o relógio. Ao adotar os segundos como referência de tempo, você logo perceberá que esta pulsação é estável, são exatas sessenta pulsações por minuto. Imagine a figura em seguida, representando um espaço de tempo equivalente a quatro segundos. Dividindo a figura pela metade e assim sucessivamente, você terá figuras de formatos diferentes fazendo referência à duração de tempos também diferentes.

FIGURA 23 - EXEMPLO DE DURAÇÃO DOS SONS 4 segundos 2 segundos

1 segundos 1/2 segundo FONTE: Luiz Lenzi (2016)

Desta maneira, nós temos quatro sinais gráficos diferentes que orientam sobre a duração de um som. Sabemos aqui que as figuras dobram de tamanho, indicando o dobro de tempo (de baixo para cima). A menor figura ocupa metade de uma pulsação do relógio, ou seja, ocupa o espaço de tempo de meio segundo, enquanto que a maior figura possui quatro pulsações ou quatro segundos.

A lógica que queremos demonstrar é de que essas figuras sempre têm o dobro ou a metade de tempo em relação à sua figura vizinha. O critério dos segundos que utilizamos é apenas referência como exemplo.

ESTUDOS FUTUROS

Ainda neste tópico voltaremos a falar sobre a notação gráfica dos sons em forma de partituras!

Na partitura musical você verá que o som, ou melhor, as notas musicais têm seus sinais gráficos distintos que representam a sua duração. No entanto, os sons podem ser grafados de várias maneiras. Um simples exercício demonstra a duração dos sons:

FIGURA 24 – SONS CURTOS E SONS LONGOS

sons mais

curtos curtossons longossons sons maislongos longos, simultâneossons curtos e FONTE: Luiz Lenzi (2016)

Saberemos se um som é curto ou longo ao compararmos com outro som. Se não tiver a mesma duração, será ou mais curto ou mais longo em relação ao outro. O conceito de duração em música se dá pela relação dos sons. A figura a seguir explica esta ideia:

FIGURA 25 – RELAÇÃO DE DURAÇÃO CURTO X LONGO

Estes dois sons têm o mesmo tamanho. Porém, em relação com outro som, pode ser mais curto

ou mas longo.

curto longo curto longo

FONTE: Luiz Lenzi (2016)

2.3 INTENSIDADE

A próxima propriedade do som que veremos é a intensidade. Esta propriedade trata da “amplitude das vibrações; é determinada pela força ou pelo volume do agente que a produz. É o volume sonoro”. (MED, 1996, p. 12).

A ideia de volume nos remete à extensão, ao tamanho, é uma grandeza que tem relação com a amplitude do som. Assim como a frequência define a altura de um som, a amplitude da onda sonora irá determinar a intensidade, se este som será forte ou fraco.

No cotidiano, percebemos que sons mais fortes necessitam de uma fonte sonora que libere muita energia. É o caso de um grito, uma explosão, um avião decolando, um intenso tráfego de veículos e assim por diante. Fontes sonoras que emitem sons fracos necessitam pouca energia: murmúrios, o som da respiração em repouso etc.

FIGURA 26 – A AMPLITUDE DO SOM

FONTE: Luiz Lenzi (2016)

Segundo a Figura 26, quanto maior a amplitude da onda, mais forte será o som. Vemos claramente três picos de amplitude, os pontos fortes da esquerda para direita. Em seguida, sons ritmados com amplitude menor, porém, mais compactos, densos. Ao final, o som diminui em intensidade.

Quando necessitamos expressar intensidade na música escrita, ou seja, nas partituras, algumas abreviaturas são colocadas logo abaixo do trecho a que se refere. O compositor, ao escrever, assinala se determinado trecho deve ser tocado ou cantado de maneira forte ou fraca. Como já colocamos, o desenvolvimento das partituras é um longo processo histórico e assim também é na questão da grafia da intensidade. A gama de sons que vai do muito fraco ao muito forte é assinalada na partitura com abreviaturas no idioma italiano, convencionadas historicamente. Foi a partir de 1750 que esta prática de notação gráfica começou a ser adotada pelos compositores (MED, 1996).

FIGURA 27 – INDICATIVOS DE INTENSIDADE EM MÚSICA

fff

molto fortíssimo, com a máxima força.

ff

fortíssimo, muito forte.

f

forte, forte.

mf

mezzoforte, meio forte.

mp mezzopiano, meio fraco.

p

piano, fraco, suave.

pp

pianíssimo, muito suave.

ppp molto pianíssimo, o mais suave possível.

FONTE: MED (1996, p. 214)

Numa orquestra sinfônica, quando os músicos interpretam um trecho musical em mezzoforte, por exemplo, o regente é quem vai orientar sobre o grau de força utilizado para esta dinâmica. Isto porque a concepção de intensidade é algo muito particular, subjetivo. Assim, o regente irá controlar a dosagem de força, irá equilibrar a emissão das notas pelos músicos para que encontrem o tal “mezzo-forte” comum.

2.4 TIMBRE

Nossa última propriedade do som, o timbre, refere-se, segundo Dourado (2004, p. 331), ao que “diferencia a qualidade de sons de igual intensidade e frequência devido à presença maior ou menor de determinados harmônicos e sua relação com a fundamental”. Para exemplificar este conceito, se você ouvir um trompete e um acordeão tocando a mesma nota, vai perceber que ainda assim há uma diferença na qualidade dos sons. Você vai perceber que se trata de sons de qualidades diferentes – mas a mesma nota!

O que acontece quando identificamos uma nota musical tocada por um trompete é que estamos ouvindo e identificando o timbre deste instrumento. Como já vimos, as notas musicais possuem suas frequências particulares, mas o que acontece é que outras frequências “soam” junto com a principal. Estas frequências múltiplas presentes num som gerador é o que chamamos de harmônicos. Mais adiante, na Figura 30, estaremos falando novamente sobre os harmônicos.

Se um clarinete tocar o dó central, estaremos ouvindo um determinado número de harmônicos, muito diferente da quantidade de harmônicos de um violoncelo. No primeiro, o som é produzido pela vibração da palheta e, no segundo, pela fricção da corda. Condições diferentes de produção sonora irão determinar a quantidade de harmônicos presentes no som e, desta forma, iremos identificar o timbre destes instrumentos. A combinação de instrumentos (madeiras, metais, cordas e percussão) resulta em variedade de timbres, enriquecendo a proposta musical. Na Figura 28 vemos diferentes instrumentos resultando na variedade de timbres característica do jazz: o contrabaixo, guitarra, saxofone tenor e bateria.

3 ELEMENTOS DA MÚSICA

Agora que você já conhece as propriedades do som, poderá vislumbrar os elementos musicais utilizados pelos compositores ao criarem suas obras: a

melodia, a harmonia e o ritmo.

3.1 MELODIA

De acordo com Dourado (2004, p. 200), a melodia é, “de forma genérica, certa sequência de notas organizada sobre uma estrutura rítmica que encerra algum sentido musical”. Encontraremos melodias muito diferentes nas várias culturas do nosso planeta, cada qual com suas tradições que lhes são particulares. De forma popular, ouve-se dizer que o canto dos pássaros também representa uma melodia, o que é discutível. Não há na natureza a melodia, trata-se de uma invenção humana. É correto afirmar que os pássaros emitem sons determináveis, como as notas musicais. No entanto, o canto das aves representa no máximo um “motivo” ou um “inciso”. O “motivo” refere-se à menor parte reconhecível de uma melodia. Uma melodia é formada a partir de motivos.

Podemos fazer uma analogia de melodia com o texto escrito: uma combinação de três ou quatro palavras já começa a fazer algum sentido, o que poderia representar um “motivo”. Outras combinações de palavras podem acrescentar mais sentido e, da mesma forma, uma combinação de motivos irá criar uma frase musical.

Normalmente, você pode até esquecer a letra de uma música, mas vai lembrar-se da melodia, pois é um elemento muito marcante. A melodia normalmente é o elemento mais evidente e pode ter mais de uma voz, como nas duplas sertanejas onde cantam a primeira e a segunda voz. A primeira é a melodia em si, enquanto que a segunda complementa e reforça harmonicamente a melodia.

Você pode ter ainda um contracanto, uma segunda melodia que faz contraste com a primeira. As melodias normalmente possuem pontos de repouso, que equivalem às vírgulas que colocamos nos textos. Servem para dar sentido e também para literalmente respirar, e os pontos finais representam os finais de frases. O final de uma frase musical nos traz uma sensação de que a música acabou ou que terá continuidade. A organização das melodias como frases musicais acontece de forma métrica, como se cada frase de nosso texto escrito possuísse a mesma quantidade de palavras. A organização de frases musicais se dá no tempo, por isso a organização métrica do tamanho das frases musicais nos auxilia em sua compreensão.

Cada nota de uma melodia, quando escrita na partitura, terá o seu devido lugar. Se a melodia sobe e depois desce, também a posição escrita das notas irá subir e descer, e assim por diante.

FIGURA 29 – EXEMPLO DE MELODIA

FONTE: Luiz Lenzi (2016)

3.2 HARMONIA

Outro elemento da música é a harmonia. Assim como a melodia, a harmonia é resultado de um desenvolvimento humano, portanto, não encontramos a harmonia musical na natureza. Não encontramos na natureza um acorde de dó maior, ou uma cadência perfeita. Entretanto, a harmonia musical como a conhecemos é fruto de um contínuo desenvolvimento histórico. A palavra harmonia significa um acordo entre partes de um todo, uma organização equilibrada destas partes. Assim, podemos afirmar que um grupo de jazz numa

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