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Educação Musical. Prof.ª Débora Costa Pires Prof. Luiz Roberto Lenzi

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Academic year: 2021

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2016

E

ducação

M

usical

Prof.ª Débora Costa Pires Prof. Luiz Roberto Lenzi

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Elaboração: Débora Costa Pires Luiz Roberto Lenzi

Revisão, Diagramação e Produção:

Centro Universitário Leonardo da Vinci – UNIASSELVI

Ficha catalográfica elaborada na fonte pela Biblioteca Dante Alighieri UNIASSELVI – Indaial.

780

L575e Pires; Débora Costa Pires

Educação musical / Débora Costa Pires; Luiz Roberto Lenzi :

UNIASSELVI, 2016.

218 p. : il.

ISBN 978-85-515-0021-7

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a

prEsEntação

Caro acadêmico! Este Caderno de Estudos tem como objetivo apresentar os conteúdos referentes à Educação Musical. Para isso, é importante que você conheça como a música percorreu o seu desenvolvimento histórico.

Na Unidade 1, você irá (re)descobrir a orquestra sinfônica, com os seus mais variados instrumentos musicais e também conhecer um pouco mais sobre a história destes instrumentos. Verá também que a voz humana faz referência como um eficiente instrumento musical e meio para classificar as vozes dos instrumentos. Ainda, nesta unidade, você conhecerá as propriedades do som e os elementos da música, ferramentas com as quais os compositores constroem suas obras, moldadas em um gênero e uma forma musical.

Na Unidade 2, você mergulhará na história da música, desde os primeiros registros arqueológicos, atravessando séculos de desenvolvimento musical, com alguns dos compositores mais significativos de cada período histórico.

Na Unidade 3, você conhecerá um pouco sobre a educação musical, seus objetivos e algumas importantes propostas. A trajetória do ensino musical no Brasil pela história também será mostrada. Além disso, você poderá entender a inserção do ensino musical desde a educação infantil até o ensino médio, passando pelo ensino fundamental. Você poderá também conhecer outros espaços para atuação, como as escolas de música, bandas e fanfarras.

Durante o transcorrer das leituras você encontrará exercícios e dicas para apreciação musical. É importante que, além de estudar os conteúdos deste caderno, você, caro leitor, procure pesquisar na web interpretações e performances das obras aqui sugeridas. Em música é essencial que você exercite uma escuta mais refinada. Da mesma forma que você deve apreciar atentamente uma obra de artes visuais. Na música, você precisa ampliar seu repertório sonoro e exercitar a sua escuta musical para perceber e compreender os detalhes que poderiam passar despercebidos. Este caderno vai ajudá-lo a “ouvir musicalmente”, desenvolvendo uma escuta ativa.

Ao escrever este caderno, procuramos ser objetivos para que você possa compreender os fundamentos que tornam possíveis a organização dos sons em música, a sua inserção na vida cultural e social e, como consequência, a importância do seu ensino. Em outras palavras, se a música é hoje da maneira como a conhecemos, é porque existe uma história e conhecer esta trajetória amplia nossa visão de mundo e transforma a nossa realidade. Como a artista Fayga Ostrower já disse, “a arte é uma forma de crescimento para a liberdade, um caminho para a vida”.

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Você já me conhece das outras disciplinas? Não? É calouro? Enfim, tanto para você que está chegando agora à UNIASSELVI quanto para você que já é veterano, há novidades em nosso material.

Na Educação a Distância, o livro impresso, entregue a todos os acadêmicos desde 2005, é o material base da disciplina. A partir de 2017, nossos livros estão de visual novo, com um formato mais prático, que cabe na bolsa e facilita a leitura.

O conteúdo continua na íntegra, mas a estrutura interna foi aperfeiçoada com nova diagramação no texto, aproveitando ao máximo o espaço da página, o que também contribui para diminuir a extração de árvores para produção de folhas de papel, por exemplo. Assim, a UNIASSELVI, preocupando-se com o impacto de nossas ações sobre o ambiente, apresenta também este livro no formato digital. Assim, você, acadêmico, tem a possibilidade de estudá-lo com versatilidade nas telas do celular, tablet ou computador.

Eu mesmo, UNI, ganhei um novo layout, você me verá frequentemente e surgirei para apresentar dicas de vídeos e outras fontes de conhecimento que complementam o assunto em questão.

Todos esses ajustes foram pensados a partir de relatos que recebemos nas pesquisas institucionais sobre os materiais impressos, para que você, nossa maior prioridade, possa continuar seus estudos com um material de qualidade.

Aproveito o momento para convidá-lo para um bate-papo sobre o Exame Nacional de Desempenho de Estudantes – ENADE.

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UNIDADE 1 - INSTRUMENTOS MUSICAIS E PARTITURAS ... 1

TÓPICO 1 - A ORQUESTRA, SEUS INSTRUMENTOS E VOZES ... 3

1 INTRODUÇÃO ... 3

2 VOZ HUMANA COMO INSTRUMENTO MUSICAL ... 4

3 CLASSIFICAÇÃO DOS INSTRUMENTOS ... 6

3.1 INSTRUMENTOS DE CORDAS ... 7

3.2 INSTRUMENTOS DE SOPRO ... 11

3.3 INSTRUMENTOS DE PERCUSSÃO ... 17

RESUMO DO TÓPICO 1 ... 24

AUTOATIVIDADE ... 25

TÓPICO 2 - A OBJETIVIDADE MUSICAL ... 27

1 INTRODUÇÃO ... 27 2 PROPRIEDADES DO SOM ... 27 2.1 ALTURA ... 27 2.2 DURAÇÃO ... 34 2.3 INTENSIDADE ... 36 2.4 TIMBRE ... 38 3 ELEMENTOS DA MÚSICA... 39 3.1 MELODIA ... 39 3.2 HARMONIA ... 40 3.3 RITMO ... 43 RESUMO DO TÓPICO 2 ... 46 AUTOATIVIDADE ... 47

TÓPICO 3 - AS FORMAS E OS GÊNEROS MUSICAIS ... 49

1 INTRODUÇÃO ... 49 2 FORMAS MUSICAIS ... 49 2.1 FORMA BINÁRIA ... 56 2.2 FORMA TERNÁRIA ... 57 2.3 RONDÓ ... 58 2.4 TEMA E VARIAÇÕES ... 58 2.5 FORMA SONATA ... 60 3 GÊNEROS EM MÚSICA ... 61

3.1 GÊNEROS DA MÚSICA INSTRUMENTAL ... 61

3.2 GÊNEROS DA MÚSICA VOCAL ... 64

LEITURA COMPLEMENTAR ... 66

RESUMO DO TÓPICO 3 ... 68

AUTOATIVIDADE ... 70

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TÓPICO 1 - MÚSICA ANTIGA E MÚSICA NA IDADE MÉDIA ... 73

1 INTRODUÇÃO ... 73

2 MÚSICA ANTIGA ... 73

3 MÚSICA NA IDADE MÉDIA ... 79

RESUMO DO TÓPICO 1 ... 86

AUTOATIVIDADE ... 88

TÓPICO 2 - MÚSICA RENASCENTISTA E BARROCA ... 89

1 INTRODUÇÃO ... 89

2 MÚSICA RENASCENTISTA ... 89

3 MÚSICA BARROCA ... 96

RESUMO DO TÓPICO 2 ...102

AUTOATIVIDADE ...104

TÓPICO 3 - CLASSICISMO E ROMANTISMO ...105

1 INTRODUÇÃO ...105

2 MÚSICA CLÁSSICA ...105

3 MÚSICA ROMÂNTICA ...111

RESUMO DO TÓPICO 3 ...119

AUTOATIVIDADE ...121

TÓPICO 4 - MÚSICA MODERNA...123

1 INTRODUÇÃO ...123

2 UMA NOVA LINGUAGEM MUSICAL ...123

3 ROMPENDO TRADIÇÕES ...131

LEITURA COMPLEMENTAR ...135

RESUMO DO TÓPICO 4 ...137

AUTOATIVIDADE ...139

UNIDADE 3 - MÚSICA E EDUCAÇÃO ...141

TÓPICO 1 - EDUCAÇÃO MUSICAL ...143

1 INTRODUÇÃO ...143

2 OBJETIVOS DA EDUCAÇÃO MUSICAL ...144

3 PROPOSTAS EM EDUCAÇÃO MUSICAL ...147

4 PROPOSTAS EM EDUCAÇÃO MUSICAL DA PRIMEIRA METADE DO SÉCULO XX ...149

4.1 ÉMILE JAQUES-DALCROZE ...149

4.2 EDGAR WILLEMS ...151

4.3 CARL ORFF ...152

4.4 ZOLTÁN KODÁLY ...154

4.5 HEITOR VILLA-LOBOS ...155

5 PROPOSTAS EM EDUCAÇÃO MUSICAL DA SEGUNDA METADE DO SÉCULO XX ...157

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TÓPICO 2 - HISTÓRIA DA EDUCAÇÃO MUSICAL NO BRASIL ...167 1 INTRODUÇÃO ...167 2 PERÍODO JESUÍTICO ...169 3 PERÍODO IMPERIAL ...172 4 REPÚBLICA ...173 4.1 CANTO ORFEÔNICO ...175

4.2. CANTO ORFEÔNICO E A REVOLUÇÃO DE 30...176

5 DITADURA ...179

6 EDUCAÇÃO MUSICAL NA CONTEMPORANEIDADE ...181

RESUMO DO TÓPICO 2 ...182

AUTOATIVIDADE ...184

TÓPICO 3 - MÚSICA NA SALA DE AULA ...185

1 INTRODUÇÃO ...185 2 EDUCAÇÃO INFANTIL ...187 3 ENSINO FUNDAMENTAL ...189 4 ENSINO MÉDIO ...191 5 ESPAÇOS ALTERNATIVOS ...193 5.1 ESCOLAS DE MÚSICA ...194 5.2 BANDAS E FANFARRAS ...195 6 REPERTÓRIO MUSICAL ...197 LEITURA COMPLEMENTAR ...199 RESUMO DO TÓPICO 3 ...204 AUTOATIVIDADE ...206 REFERÊNCIAS ...207

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UNIDADE 1

INSTRUMENTOS MUSICAIS E

PARTITURAS

OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM

PLANO DE ESTUDOS

A partir desta unidade, você será capaz de:

• identificar e classificar os mais variados instrumentos musicais de acordo com a produção de som;

• entender as propriedades do som e seus registros em música;

• compreender como uma obra musical é construída por meio das formas e dos gêneros musicais.

Esta unidade está dividida em três tópicos. No decorrer desta unidade você encontrará atividades que irão lhe auxiliar na compreensão dos conceitos em questão.

TÓPICO 1 – A ORQUESTRA, SEUS INSTRUMENTOS E VOZES TÓPICO 2 – A OBJETIVIDADE MUSICAL

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TÓPICO 1

UNIDADE 1

A ORQUESTRA, SEUS INSTRUMENTOS E VOZES

1 INTRODUÇÃO

Se você observar qualquer agrupamento musical, irá perceber que normalmente estarão usando instrumentos para expressar sua musicalidade, ou então, apenas a própria voz como instrumento. Nesta unidade você primeiramente estará familiarizado com os mais variados instrumentos musicais e como eles estão organizados de acordo com sua construção e produção sonora.

Desde as mais populares bandas de rock até as grandes orquestras sinfônicas, você irá perceber que é utilizada uma grande diversidade de instrumentos musicais, para produzir aquele som desejado.

FIGURA 1 – INSTRUMENTOS MUSICAIS DIVERSOS PROPORCIONAM UM SOM DIFERENCIADO

FONTE: Disponível em: <http://www.hollywoodreporter.com/review/under-covers-yo-la-tengo-832206>. Acesso em: 5 abr. 2016.

Para melhor compreender este universo, vamos iniciar este percurso falando sobre o equipamento musical mais natural: a voz humana.

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2 VOZ HUMANA COMO INSTRUMENTO MUSICAL

Como a própria palavra diz, “instrumento” é um meio para uma finalidade. É algo que você utiliza ou manuseia para exercer a atividade que se propôs a fazer. No entanto, musicalmente falando e de acordo com Dourado (2004, p. 167), trata-se de

qualquer artefato, dispositivo, aparelho ou qualquer objeto construído, adaptado pelo homem ou encontrado na natureza, que é utilizado para produzir sons determinados ou indeterminados, os quais, organizados ou não, são passíveis de serem identificados como música sob o ponto de vista de alguma concepção artística ou social [...].

Assim, podemos conceber um violão como um instrumento musical, por exemplo, e da mesma forma um tambor, um violino ou mesmo uma comum caixa de fósforos no batucar de um chorinho. A voz humana está inserida neste contexto, pois além dela própria ser um instrumento musical, é um eficaz meio natural para classificar o registro dos demais instrumentos. Mas de que forma se dá esta classificação?

Podemos organizar a voz humana em vozes femininas (agudas) e vozes masculinas (graves). Nas femininas encontramos vozes que são ainda mais agudas, e a estas denominamos como “soprano”, enquanto que naquelas que não são tão agudas (ou mais graves que a soprano) denominamos de “contralto”. No mesmo raciocínio, as vozes masculinas também são organizadas como “tenor” para mais agudo e “baixo” para mais grave. O quadro a seguir mostra essa classificação e ainda algumas subclassificações, em vista do amplo alcance da voz humana nas mais tênues diferenças.

QUADRO 1 – CLASSIFICAÇÃO DAS VOZES HUMANAS

Vozes femininas Soprano Sopra ligeiro Soprano lírico Soprano dramático Mezzosoprano Contralto Alto ligeiroAlto

Alto dramático Vozes masculinas Tenor Contratenor Tenor ligeiro Tenor lírico Tenor dramático Tenor heroico Barítono Barítono "Martin" ou francês Barítono verdiano Barítono-baixo Mais agudo

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Cabe ressaltar que aspectos que diferenciam uma cantora soprano para contralto não é apenas o alcance de notas mais agudas ou mais graves, mas sim toda a complexidade e heterogeneidade do corpo humano no que diz respeito à massa corporal, estrutura muscular e estrutura óssea na emissão do som. Da mesma forma para com os cantores tenores e barítonos, barítonos e baixos.

FIGURA 2 – CANTORA LÍRICA (SOPRANO) RENÉE FLEMING EM SOLO COM ORQUESTRA

FONTE: Disponível em: <http://www.cleveland.com/musicdance/index.ssf/2016/01/ cleveland_orchestra_pulls_out.html>. Acesso em: 5 abr. 2016.

Entendendo a voz humana como um meio de expressar a música, e, sobretudo para aqueles que desejam aprimorar sua técnica vocal, faz-se necessário compreender melhor o funcionamento deste complexo instrumento em sua anatomia e sua fisiologia. Esta compreensão permite que o cantor utilize métodos eficazes de projeção de voz, respeitando os limites físicos pessoais. Também os professores de canto, com base nestes conhecimentos, “podem corrigir as falhas de seus alunos e ensinar a eles a técnica vocal que se fundamente na natureza anatômica e fisiológica humana”, (MARTINEZ, 2000, p. 155).

DICAS

Você pode encontrar vários exemplos de cantores da atualidade no portal Youtube. Sugerimos aqui alguns para as principais vozes: Diana Damrau (soprano ligeiro), Renée Fleming (soprano), Jose Carreras (tenor), Bryn Terfel (baixo-barítono) e Robert Lloyd (baixo).

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3 CLASSIFICAÇÃO DOS INSTRUMENTOS

Ao observarmos uma grande orquestra sinfônica moderna, de 80 até 120 músicos instrumentistas num mesmo palco, perceberemos uma grande variedade de instrumentos, com formatos que nos são familiares e outros, um tanto estranhos.

Os instrumentos musicais da orquestra sinfônica podem ser classificados em grandes famílias e, numa visão geral e simplista, podemos diferenciá-los em três categorias: cordas, sopros e percussão.

FIGURA 3 – DISPOSIÇÃO GERAL DOS INSTRUMENTOS NA ORQUESTRA SINFÔNICA percussão

maestro cordas sopros

FONTE: Luiz Lenzi (2016)

Existem métodos de classificação de instrumentos que são muito precisos quanto aos critérios de produção sonora. Um dos mais eficientes é o método desenvolvido pelos musicólogos europeus Erich Moritz van Hornbostel (1877-1935) e Curt Sachs (1881-1959), chamado de método “Hornbostel & Sachs”.

NOTA

A Figura 3 mostra a disposição dos instrumentos da orquestra diante do maestro, com a família das cordas logo à frente, família dos sopros logo atrás e

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[...] indicava onde o coro deveria dançar e cantar. Em meados do período Barroco francês, orquestra passou a denominar-se o local do palco onde trabalham os músicos. Atualmente, uma orquestra é um conjunto de instrumentos de cordas, ao qual podem ser agregadas madeiras, metais, harpa, percussão, teclados e outros, dependendo da partitura. Costuma-se creditar a Monteverdi a organização de um dos primeiros grupos que poderiam ser definidos como orquestras, da forma como conhecemos hoje. O número de instrumentistas e formações variou enormemente até o final do século XX, quando, após as instrumentações grandiosas de Wagner, Strauss, Berlioz, Mahler e Bruckner, o conjunto terminou por estabilizar-se em uma média de cem instrumentistas. A orquestra sinfônica moderna completa ainda conserva o padrão do final do século XIX: violinos, violas, violoncelos e contrabaixos (em números aproximados: 32, 12, 12 e 8, respectivamente), oboés, flautas, clarinetas e fagotes (em grupos de quatro cada, incluindo músicos que costumam alternar com oboé e corne inglês, flauta e Piccolo, clarineta e clarone, e fagote e contrafagote), 4 trompetes, 3 trombones, 5 a 8 trompas, 1 tuba, tímpanos, percussão miscelânea, harpa e piano. (DOURADO, 2004, p. 238-239).

Outra denominação que acabou se tornando sinônimo de orquestra é o termo “filarmônica”. Em sua origem, significa “amantes da música”, ou ainda representava um grupo de instrumentistas de caráter amador. Na atualidade, tanto orquestra como filarmônica possuem o mesmo sentido.

Como você pode ver, a orquestra sinfônica da atualidade abrange uma imensa variedade de instrumentos, e em algumas obras, compositores utilizam novas e exóticas fontes sonoras, como instrumentos amplificados eletronicamente, instrumentos orientais e até objetos ou máquinas.

3.1 INSTRUMENTOS DE CORDAS

A família dos instrumentos de cordas pode ser subdividida em duas: • cordas friccionadas e

• cordas tangidas (dedilhadas).

Na primeira, o som é produzido pela fricção de outro objeto nas cordas, o que normalmente é feito pelo arco, e na segunda, as cordas são apenas dedilhadas. Vamos nos ater, neste primeiro momento, aos instrumentos de cordas friccionadas, pois são estes os que formam o maior corpo da orquestra.

Ao vermos uma orquestra sinfônica interpretando alguma obra, imediatamente à nossa frente está o regente e a grande família das cordas

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FIGURA 4 – A FAMÍLIA DO VIOLINO

FONTE: Luiz Lenzi (2016)

Pode-se dizer que a família do violino é uma família completa, pois seus instrumentos abarcam todas as possibilidades de vozes, desde os sons mais agudos com o violino até os mais graves com o contrabaixo. Assim temos o violino como soprano, a viola como contralto, o violoncelo como tenor e, obviamente, o contrabaixo como baixo. No entanto, não é uma regra arbitrária, pois qualquer destes instrumentos em algum momento pode exercer uma função de voz mais próxima.

Vale ressaltar que, com exceção da voz humana, os instrumentos não são femininos por serem classificados como mais agudos ou masculinos por emitirem sons mais graves. Instrumentos musicais não têm gênero! Na verdade, eles têm um alcance de notas muito maior que a voz humana.

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Assim como o instrumento, o arco é feito de madeira e fios de crina de cavalo ou mesmo material sintético, que são presos e esticados no arco, a fim de produzir o som por meio de fricção. No entanto, o instrumentista pode dispensar o uso do arco em algum momento específico e fazer uso de “pizzicato”, ou seja, dedilhar as cordas.

DICAS

Pesquise na internet a obra de Johann e Josef Strauss, “Pizzicato-Polka”, para ver e ouvir o som do dedilhado na família do violino. Para o uso do arco, pesquise no mesmo portal “Pequena Serenata Noturna”, do compositor Wolfgang Amadeus Mozart.

O instrumentista movimenta o arco em direções opostas e a isto chamamos de “arcada”. Este termo, segundo Dourado (2009), refere-se ainda a sinais gráficos que orientam o músico acerca do trecho musical de cada arcada, como as ligaduras de arco. As técnicas de manuseio do arco possuem tradições antigas, que culminaram em tendências educativas, mais conhecidas como “escolas de arco” e ensinam sobre os “golpes de arco” que orientam como articular as notas. Finalmente, nós temos a “articulação”, e para melhor exemplificar este conceito, imagine o som como as vogais do nosso alfabeto: “a, e, i, o, u”. As vogais estão para o som assim como as consoantes do alfabeto estão para a articulação. As consoantes são como “sons mudos” e servem para dar forma ao som. Da mesma maneira como a acentuação das articulações difere em cada idioma, assim também a articulação difere em cada estilo musical. Trata-se de um aspecto comum a todos os instrumentos.

Entre os instrumentos da família do violino, destacam-se os famosos instrumentos construídos pelo luthier italiano Antônio Stradivari (1644-1737). Considerado o melhor artista na construção destes instrumentos em todos os tempos, Stradivari ainda é insuperável em termos de qualidade (SADIE, 1994). Apesar de estes exemplares datarem do início do século XVIII, muitos deles ainda estão em atividade, utilizados por virtuoses, e seu valor é estimado em milhões de dólares.

Um dos instrumentos mais antigos de que se tem notícia, tanto na família das cordas dedilhadas como também nas demais famílias, parece ser o arco musical (MASSIN, 1997), datando do século III a.C. Atualmente encontramos seus derivados, como a harpa e o violão. A história da música através dos séculos nos mostra que a harpa passou por um grande desenvolvimento, tanto no Oriente como no Ocidente, assumindo formatos diferentes. No antigo Egito já havia harpas “com quatro cordas e medindo dois metros de altura” (MASSIN, 1997, p. 16). Houve um período em que o instrumento caiu em desuso e retornou na Idade Média. Mais adiante na História, precisamente na segunda metade do

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século XVIII, o instrumento foi aperfeiçoado e difundido. Foi na França, por volta de 1800, que a harpa foi aperfeiçoada definitivamente, utilizando sete pedais que permitem ao harpista tocar em todas as tonalidades possíveis. A partir do Romantismo os compositores passaram a utilizar este instrumento em suas composições envolvendo grupos maiores. Normalmente usa-se de uma a duas harpas numa grande orquestra.

Outro parente do arco musical é a lira, usada na Mesopotâmia e no Egito. Na antiga Grécia é que surgiu este instrumento, com uma pequena caixa de ressonância e cordas presas a ela (MASSIN, 1997).

Encontramos outros instrumentos de cordas dedilhadas na música popular, como o violão, a guitarra e o contrabaixo elétrico. O parente mais antigo destes é o alaúde, encontrado já no Egito e Mesopotâmia no século II a.C. Foi, sobretudo, na Europa dos séculos XVI e XVII que o alaúde desempenhou importante papel na música instrumental. Compositores como Monteverdi (1567-1643) e Haendel (1685-1759) utilizaram a tiorba (ou arquialaúde), um sucessor do alaúde usado para acompanhar outros instrumentos. No século XVII foi desenvolvido outro modelo, com um braço de aproximadamente dois metros, usado como instrumento na voz do baixo: o Guitarrone. Também o bandolim é muito comum mesmo nos tempos atuais, em diversos formatos e modelos.

FIGURA 5 – FAMÍLIA DAS CORDAS DEDILHADAS

FONTE: O autor

Cavaquinho

Contrabaixo elétrico

Violão Banjo

Guitarra elétrica Harpa moderna Viola caipira

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Entre os mais conhecidos popularmente estão a guitarra elétrica e o violão. A guitarra elétrica (assim como o contrabaixo) é amplamente difundida na música popular, especialmente no gênero rock e seus derivados, com as distorções e pedais de efeitos. O violão, especialmente no Brasil, é instrumento essencial para gêneros como samba e seus derivados, como a bossa-nova e o chorinho, assim como a viola caipira em seu particular gênero musical.

3.2 INSTRUMENTOS DE SOPRO

Na grande família dos sopros, o som se dá pela coluna de ar que passa pelo interior do instrumento. No entanto, apenas a emissão do ar não é suficiente para gerar som, é preciso de um corpo que vibre para que o instrumento amplifique este som. Assim como nos violinos o som é produzido pela fricção do arco na corda, no violão o som é gerado quando sua corda é dedilhada. Já os instrumentos de sopro necessitam de um corpo vibrante específico. É justamente esta a questão que faz com que os sopros sejam subdivididos em duas famílias:

• metais e • madeiras.

A subfamília das madeiras possui uma grande variedade de instrumentos e utiliza uma palheta presa na boquilha do instrumento para vibrar conforme o sopro e assim produzir o som. Assim são os instrumentos como clarinetes e saxofones. Nos clarinetes nós encontramos tamanhos diversos, como o clarinete em Eb (mi bemol – mais agudo), o clarinete em Bb (si bemol), o clarinete em A (lá – mais grave), o

clarinete baixo em Bb (uma oitava mais grave) e o clarinete alto em Eb (mi bemol),

englobando as quatro vozes: soprano, alto, tenor e baixo. O clarinete deriva da

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Já os saxofones possuem uma história bem mais recente. Na década de 1840, o inventor belga Adolphe Sax (1814-1894), entre tantos inventos, desenvolveu uma família de instrumentos que levou seu próprio nome: os saxofones. O saxofone tem o corpo de metal e pertence à família das madeiras, devido ao seu timbre e produção sonora, a palheta (SADIE, 1994). Sax criou uma família completa: sax soprano, sax alto, sax tenor, sax barítono e sax baixo. Atualmente é muito difundido nas big bands, em gêneros como jazz e também no repertório sinfônico.

FIGURA 6 – FAMÍLIA DOS SOPROS: MADEIRAS

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FIGURA 7 – FAMÍLIA DOS SOPROS: MADEIRAS. OS INSTRUMENTOS DE ADOLPHE SAX

FONTE: Luiz Lenzi (2016)

A flauta transversal e o flautim (ou flauta picollo) são instrumentos que diferem dos demais, pois não utilizam palhetas e sim o que chamamos de embocadura livre. Atualmente feita de metal, originalmente era construída em madeira e está entre os instrumentos mais antigos de que se tem notícia. Estudos revelam que este instrumento desapareceu da “arte ocidental após a queda de Roma, ressurgindo nos séculos X e XI” (SADIE, 1994, p. 331). Existe um número muito grande de instrumentos desta espécie, como a flauta de pã, a flauta doce e a flauta vaso (mais conhecida como ocarina).

Existem ainda os instrumentos de palheta dupla, como os da família do oboé, o que inclui o oboé d’amore, o corne-inglês, o fagote e o contrafagote. Assim como a flauta, também possui uma história que nos remete ao antigo Egito. Na Idade Média era comum o uso de instrumentos de formatos diversos, mas com a mesma produção de som: a palheta dupla. Naquela época, estes instrumentos foram denominados como “hautbois” (madeira alta). Somente a partir de 1660, o oboé passou a ter as dimensões atuais, porém, necessitava de aperfeiçoamento. Juntamente com a flauta transversal, é um instrumento amplamente utilizado no repertório de compositores clássicos como Mozart, Haydn e Beethoven, assim como do Romantismo.

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O fagote representa o tenor desta família e o contrafagote o baixo. Estes dois diferem dos oboés por possuírem um tubo metálico e curvo unindo as palhetas ao corpo do instrumento. Seu antecessor provavelmente foi a dulçaína, na Europa do século XVII. Compositor do Barroco, Antonio Vivaldi (1678-1741) escreveu 37 concertos para o fagote como instrumento solista, acompanhado por uma pequena orquestra de cordas. Também foi amplamente utilizado no repertório do Classicismo e Romantismo.

DICAS

Para ver e ouvir as madeiras, pesquise no portal Youtube o “Quinteto Villa-Lobos”, formado por uma flauta transversal, um oboé, um clarinete, um fagote e uma trompa. Perceba a diferença de timbres com os instrumentos mais agudos e graves.

Voltando ao nosso quadro que ilustra a formação da orquestra sinfônica (Figura 3), chegamos agora em uma seção de instrumentos que fica situada atrás dos violinos e das madeiras: trata-se da seção dos metais. Estes instrumentos são os responsáveis pelas partes mais intensas (ou mais fortes) no repertório sinfônico. Assim como nas madeiras, os metais também são numerosos em variedade, com instrumentos que alcançam as notas mais agudas e outros que contrastam em notas muito graves. A produção sonora destes instrumentos se dá pela vibração dos lábios e o instrumento irá amplificar esta vibração. Entre os metais, podemos encontrar os seguintes instrumentos:

• Trompete picollo • Trompete • Flügelhorn • Trompa • Trombone tenor • Trombone baixo

• Euphonium (Tenorhorn, baritone, bombardino) • Tuba, souzafone

Entre os instrumentos mais agudos desta família está o trompete e suas origens remetem-nos ao antigo Egito, Assíria e Israel. Seu formato era curto, numa peça de madeira, bronze ou prata (SADIE, 1994). Trata-se de um instrumento que passou por muitas mudanças ao longo da história, tanto no seu formato e acessórios quanto à sua função social. “Em sua forma moderna, tem um tubo que mede 130cm (para o instrumento em Bb) de diâmetro e cilíndrico, até se alargar

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DICAS

Você pode ver e ouvir divertidos exemplos dos metais em ação, pesquisando no portal Youtube o quinteto de metais “Canadian Brass” (ou mesmo outros grupos). Ali você encontrará formações com dois trompetes, um trombone, uma trompa e uma tuba, contemplando as vozes soprano, alto, tenor e baixo.

O trompete tem suas variantes, com o menor deles, o trompete piccollo (com afinações em Si bemol e Lá). Trompetes um pouco maiores são mais comuns, principalmente nas afinações de Si bemol (Bb), Dó (C) e Mi bemol (Eb). Nas orquestras normalmente são utilizados três trompetes, dependendo da obra.

O trombone (Bb) possui o dobro de comprimento do trompete em Bb e um bocal mais largo, assim como a campana. Não utiliza pistos no seu manuseio e sim uma vara flexível, que faz com que o comprimento do instrumento se alongue, tornando possível a execução de todas as notas, num alcance aproximado à voz do tenor e barítono. O trombone tem suas origens no século XV, mais conhecido como sacabuxa (SADIE, 1994), e no século XVII já estava consolidado na música sacra, acompanhando o coro. Esta função social perdurou até o século XVIII e compositores utilizavam o trombone nas obras em que desejavam um toque mais religioso ou mesmo espiritual. O formato deste instrumento pouco foi alterado, apenas ampliou-se a campana e o tubo, proporcionando um som mais encorpado. Embora com pouquíssimo uso, há ainda o trombone picollo, que com frequência é confundido como um “trompete de vara”, assim como o trombone de válvulas (ou de pistos), que é confundido como “trompete baixo”.

Tanto o trombone como o trompete são amplamente utilizados em outros gêneros musicais, como o jazz, nas grandes big bands americanas e também nas bandas militares.

Já a trompa possui origens mais remotas: segundo Sadie (1994), trompas eram feitas de conchas, chifres de animais etc. É um formato diferente do trompete e do trombone, pois é curvilíneo e vai gradativamente aumentando o diâmetro. Isto permite ao instrumentista a possibilidade de uma gama maior de notas musicais sem o uso de válvulas. Amplamente utilizada nas orquestras do século XVIII e XIX, a trompa ainda tinha a sua forma natural, porém, possuía acessórios para que o instrumentista pudesse tocar outras notas. Pequenos tubos podiam ser colocados entre o bocal, deixando o instrumento mais curto ou mais longo, permitindo maior alcance de notas, mas com o inconveniente de parar de tocar para fazer a troca do tubo.

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FIGURA 8 – FAMÍLIA DOS SOPROS: METAIS

Em 1818, Stölzel e Blühmel resolveram este problema com a invenção das válvulas para as trompas, tornando a trompa um instrumento mais versátil, possibilitando tocar todas as notas dentro de seu alcance. Na orquestra sinfônica moderna é comum observarmos a presença de quatro a seis trompas.

O instrumento mais grave (e consequentemente o maior) da família dos metais é a tuba e é utilizado como o baixo da seção dos metais. A região em que a tuba normalmente toca localiza-se abaixo do trombone. O som é mais aveludado, mais se aproximando da trompa do que do trompete e trombone. Mais jovem dos metais, a tuba foi desenvolvida somente nos anos de 1820, 1830. O instrumento que antecede a tuba é o “oficleide”, que se assemelha com um saxofone baixo, porém, com bocal. Curiosamente, o oficleide acabou em desuso, cedendo lugar à tuba. Compositores como Richard Wagner (1813-1883), Gustav Mahler (1860-1911) e Richard Strauss (1864-1949) utilizaram esses instrumentos (oficleide e tuba) em sinfonias, não só como acompanhamento e reforço sonoro, mas como instrumento com partes solísticas.

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O compositor e maestro militar americano John Philip Sousa (1854-1932) desenvolveu uma variante da tuba especialmente para o uso nas bandas militares. A tuba convencional não é um instrumento confortável para ser usado num desfile, por exemplo. Com um formato completamente diferente, de modo que o instrumentista pudesse apoiar o instrumento no ombro, o assim chamado “sousafone” resolveu esta questão com eficiência, sendo muito popular nos Estados Unidos e também no Brasil.

Desta forma, o trompete, a trompa, o trombone e a tuba abarcam as vozes respectivamente como soprano, contralto, tenor e baixo. Além destes, outros instrumentos são usados especificamente em algumas obras para orquestra, como o “euphonium”, que muito se assemelha com a tuba, porém soa na altura do trombone. Da mesma forma, o trompete encontra outro instrumento equivalente com um som mais aveludado, trata-se do “Flügelhorn”.

3.3 INSTRUMENTOS DE PERCUSSÃO

Já vimos uma série de instrumentos de cordas e sopros e quem são os personagens destas grandes famílias. Finalmente, veremos a seção que fica no fundo da orquestra, mas nem por isso é menos numerosa: a seção da percussão.

Até aqui, a nossa compreensão acerca dos instrumentos da orquestra sinfônica já está mais elaborada e o nosso gráfico da orquestra também pode ser aprimorado.

FIGURA 9 – DISPOSIÇÃO APRIMORADA DOS INSTRUMENTOS NA ORQUESTRA SINFÔNICA percussão violoncelos baixos 2º violinos 1º violinos maestro violas madeiras metais

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Os instrumentos de percussão sempre foram muito populares, desde a Idade Média até o século XVII, com grande diversidade. Eram utilizados principalmente nas danças. O ritmo sempre foi algo muito intenso nestes períodos. No entanto, no Classicismo musical, a busca pela melodia colocou a percussão num segundo plano. A exceção fica com os tímpanos, mas sempre com um moderado uso. A partir do Romantismo, a percussão começou a ganhar espaço nas orquestras.

O tambor pode ser considerado como um dos mais antigos instrumentos, presente em várias culturas e em várias épocas históricas. Os tambores podem ser percutidos com baquetas ou mãos. Podem ser sacudidos, dedilhados ou friccionados e podem possuir os mais diversos formatos: “semiesféricos, cilíndricos, em forma de barril, de cone duplo, de ampulheta (cintados), cônicos ou caliciformes”. (SADIE, 1994, p. 921). Na verdade, existe uma quantidade gigantesca de instrumentos nesta família. São tantos, que alguns deles podem ter nomes diferentes.

Nos instrumentos de percussão, o som é produzido pelo choque de dois corpos, por exemplo, uma baqueta atingindo a pele de um tambor. Muito simples, não é? Acontece que após esse toque, a pele continua vibrando e a caixa deste tambor funciona como objeto ressonante, faz com que a vibração seja amplificada, justamente pela forma do tambor. Se tirarmos a pele deste tambor e a tocássemos com a baqueta, não teremos o som do tambor, pois não haverá ressonância suficiente.

O princípio é muito simples: imagine um instrumento que você viu anteriormente, um violão. Nele, a corda dedilhada produz uma vibração e a caixa do violão funcionará como um amplificador deste som. Se tirarmos a corda do instrumento e a esticarmos na mesma tensão que estava no violão e dedilhá-la, também não teremos aquele som característico. Assim, sempre precisamos de um corpo vibrante e ao mesmo tempo um objeto ressonante.

Nós já falamos que existem vários critérios para classificar os instrumentos. No caso da percussão, poderíamos classificar desta forma:

• Idiofones percutidos – o instrumento vibra como um todo. Ex.: afuxê, pratos, xilofone.

• Membranofones percutidos – o instrumento utiliza uma membrana, uma pele que é esticada no instrumento. Ex. bumbo, atabaque, tímpanos.

Outra maneira mais simples seria uma classificação também em duas categorias: • Instrumentos que têm entonação definida.

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A entonação (ou entoação) é a maneira pela qual um som é emitido. Se tivermos um som definido, significa que podemos identificá-lo como uma nota específica (um Dó, por exemplo). No caso de um som com entoação indefinida, seria extremamente difícil reconhecer uma nota, é o caso de um prato sendo percutido com baqueta, por exemplo.

Em termos de percussão, um dos instrumentos mais utilizados em todas as orquestras é o tímpano. Tratam-se de tambores semiesféricos com uma membrana, uma pele, normalmente de material sintético ou couro. Esta membrana é esticada no corpo do instrumento e um mecanismo acionado por um pedal faz com que essa membrana seja tensionada sobre o instrumento. Quanto mais tensão, mais agudo se torna o som ao tocar. Dessa forma, o músico pode acionar o pedal para alcançar a nota dó, por exemplo. No entanto, apenas um tímpano não é suficiente para todas as notas, além de que o acionamento do pedal não é rápido.

Faz-se necessário o uso de outros tímpanos de tamanhos diferentes para as demais notas. Normalmente, se usa um par central, mas em obras mais complexas são necessários até cinco tímpanos.

FIGURA 10 – INSTRUMENTOS DE PERCUSSÃO COM ALTURA DE SOM DEFINIDA

FONTE: Luiz Lenzi (2016)

Os instrumentos de teclado representam uma subclassificação na família da percussão. Ali encontramos o xilofone, que tem as teclas de madeiras e tubos acoplados imediatamente abaixo das teclas, para amplificar o som. O nome vem do grego (xylo = madeira, phone = som) e “sua origem não é clara, podendo ter ancestralidade africana ou asiática” (SADIE, 1994, p. 1037). Nestas culturas ainda são usados instrumentos primitivos, com teclas amarradas. Da mesma família deste instrumento encontramos a Marimba, que tem um som um pouco mais aveludado.

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DICAS

Um exemplo musical interessante para ouvir o som do xilofone está na obra do compositor francês Camile Saint-Saëns (1835-1921), “O Carnaval dos Animais”, no movimento intitulado “Dança Macabra”. O som do xilofone nos dá a impressão de que usam ossos ao invés de teclas...

Outro instrumento de teclas é o Glockenspiel (do alemão, “sinos que tocam”, ou mesmo “carrilhão”). Muito similar ao xilofone, este instrumento tem dimensões reduzidas e suas teclas são de metal. Assim como o xilofone, é necessário o uso de baquetas para tocá-lo. O vibrafone segue na mesma família de teclas percutidas, porém, é utilizado um pequeno motor elétrico capaz de amplificar o som numa espécie de vibrato (MASSIN, 1997).

Ainda nos instrumentos com entoação definida, nós temos o Gongo. Trata-se de “um disco metálico, em geral de bronze, ligeiramente abaulado, com uma saliência arredondada no centro, que pode estar em posição horizontal ou suspensa...” (MASSIN, 1997, p. 32).

Outro importante personagem deste universo instrumental da música é o piano, onde o som é obtido na percussão de suas cordas. Desta maneira, alguns teóricos defendem o piano como instrumento de cordas, enquanto que outros o defendem como instrumento de percussão. Ao tocar nas teclas do piano, o teclado aciona um martelo que percute uma corda, produzindo assim o som correspondente à tecla. O piano, como o conhecemos atualmente, tem uma história que remonta a 1770. No entanto, o mais antigo ancestral é o Dulcimer, utilizado na Idade Média. Evoluindo na sua construção, nos tempos de Johann Sebastian Bach (1685-1750), o clavicórdio, de som mais fraco, porém suave, era muito utilizado. Já o cravo, por exemplo, era muito similar, mas ao acionar as teclas, pinças beliscavam as cordas. Assim, o princípio de produção sonora é diferente (MASSIN, 1997).

Ao final do século XVIII, muitas inovações foram aperfeiçoando o piano: o instrumento podia tocar de maneira forte (do italiano forte) e também fraca (piano). Por isso, o instrumento era chamado de forte-piano, mas logo a denominação seria simplificada em “piano”. No século XIX inventores ingleses criaram o piano de armário, uma versão vertical do piano. Instrumento muito versátil, é utilizado como instrumento solo, ou acompanhamento em diversos gêneros musicais, desde o jazz, o samba, a música de câmara ou como solista com acompanhamento de orquestra.

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FIGURA 11 – O PIANO E SEUS FAMILIARES

FONTE: Luiz Lenzi (2016)

DICAS

Ouça a Sonata Nº 21 “Waldstein”, Op. 53 em Dó maior, de Ludwig van Beethoven. Você vai perceber a versatilidade do piano nesta magnífica obra.

Nos instrumentos de entoação indefinida, existe um número gigantesco. Após o período Clássico, a partir do Romantismo, compositores como Ludwig van Beethoven (1770-1827) e Hector Berlioz (1803-1869) introduziram em suas composições para grande orquestra, instrumentos de percussão que até então não eram utilizados, ou mesmo que não faziam parte da tradição musical daquela época. Além do uso comum dos tímpanos, Beethoven introduziu bumbo e pratos na sua 9ª Sinfonia, e Berlioz foi ainda mais audacioso: a percussão passou a marcar presença no repertório da orquestra sinfônica (MASSIN, 1997). Nascido na França, Berlioz foi um dos pioneiros nesse sentido e é autor dos critérios que adotamos aqui para classificar os instrumentos de percussão em entoação definida e indefinida.

Na figura a seguir, mostramos alguns instrumentos de percussão utilizados nas orquestras e também na música popular.

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FIGURA 12 – INSTRUMENTOS DE PERCUSSÃO SEM ENTOAÇÃO DEFINIDA

FONTE: Luiz Lenzi (2016)

Finalizando este tópico, segundo Philippe Beaussant (MASSIN, 1997), os instrumentos de percussão com entoação indefinida têm uma diversidade que parece sempre aumentar. O autor, parafraseando o próprio Berlioz, diz que

...qualquer corpo sonoro pode tornar-se instrumento de música, desde que haja a intenção de encará-lo como tal. O potencial instrumental nutriu-se, ao longo deste século, mais de objetos incorporados à execução musical do que propriamente de instrumentos inventados. (MASSIN, 1997, p. 33).

Um divertido exemplo de um corpo sonoro sendo utilizado como instrumento musical pode ser visto na obra intitulada “The Typewriter” (a Máquina de Escrever), do compositor americano Leroy Anderson (1908-1975), que utiliza uma máquina de escrever como instrumento solista.

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FIGURA 13 – A MÁQUINA DE ESCREVER, DE LEROY ANDERSON

FONTE: Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=nW8dGwa2zRw>. Acesso em: 5 abr. 2016.

Até aqui, você viu um grande número de instrumentos musicais, divididos nas três grandes famílias. Agora podemos compreender melhor a estrutura de uma grande orquestra sinfônica.

FIGURA 14 – A FILARMÔNICA DE BERLIM

FONTE: Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=j2Hk2SZGrRY>. Acesso em: 6 jun. 2016.

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Neste tópico vimos que:

• A voz humana pode ser considerada um instrumento musical e é um meio natural e eficaz para classificar o registro de altura dos sons dos instrumentos musicais, por exemplo, do mais agudo para o mais grave em: soprano, contralto, tenor, barítono e baixo.

• Os demais instrumentos musicais podem ser classificados em cordas, sopros e percussão.

• Podemos subclassificar as cordas em friccionadas (família do violino) e tangidas (harpa, violão, guitarra...).

• Os sopros se dividem em madeiras (flauta, oboé, clarinete, fagote, saxofone...) e metais (trompete, trombone, trompa, euphonium, tuba...).

• A percussão pode ser subclassificada em instrumentos que não possuem entoação definida, como: afuxê, ganzá, triângulo, pratos, tantã, bateria, congas, pandeiro, castanhola, reco-reco, etc., e instrumentos com entoação definida, como Glockenspiel, tímpanos, xilofone, campanas tubulares, vibrafone etc. • Segundo o compositor Berlioz, qualquer corpo sonoro pode tornar-se

instrumento de música, desde que haja a intenção de encará-lo como tal.

RESUMO DO TÓPICO 1

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1 Um exemplo muito eficiente para você ver e ouvir os mais variados instrumentos da orquestra sinfônica moderna está na obra do compositor francês Maurice Ravel (1875-1937), “Bolero”. Você ouvirá muitos instrumentos fazendo solos e uma grande sonoridade no final. Procure esta obra no Youtube e faça uma escuta atenta, buscando reconhecer, com o auxílio das imagens, os sons emitidos por cada instrumento.

2 Ao ouvir as suas músicas preferidas, faça o exercício de “escutar mais além”, para identificar quais instrumentos musicais estão presentes. Faça uma lista dos instrumentos que você conseguiu identificar em cada música.

3 Na mesma música que você ouviu, quais instrumentos estão em evidência? Você pode descrever?

4 Palavras Cruzadas Musicais.

AUTOATIVIDADE

o maior dos metais Sou ancestral foi o sacabuxa Beethoven usou este instrumento na sonata "Waldstein" L Inst. da família das madeiras Renée (?), cantora soprano Abreviatura de Violoncello Da família do violino Cordas, (?) e Percussão Usado para friccionar as

cordas do violino Inst. criado porJohn P. Sousa

Voz mais aguda Invenção de uma

belga,Instrumento de metal da família das madeiras

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TÓPICO 2

A OBJETIVIDADE MUSICAL

UNIDADE 1

1 INTRODUÇÃO

Neste tópico iremos tratar dos elementos musicais presentes no som e suas maneiras de registrá-los em partituras. Veremos que os aspectos técnicos da arte musical dialogam com outras áreas de estudo, como a física acústica. As quatro propriedades do som, a altura, a duração, a intensidade e o timbre, são os personagens que jogam com os elementos musicais que compreendem a melodia, a harmonia e o ritmo.

Você verá que, apesar da música ser uma arte, existem fundamentos técnicos e científicos que dão objetividade aos sons quando combinados de forma artística, resultando em música.

2 PROPRIEDADES DO SOM

Quando falamos em música, estamos nos referindo a um campo da arte que acontece num plano temporal. A obra de arte musical só existe quando está sendo interpretada, quando músicos estão tocando seus instrumentos ou cantando a composição. Assim, é necessário aprimorar nossa fruição musical para percebermos os sutis detalhes de uma obra musical, para que não passem despercebidos. Neste primeiro momento vamos estudar o som e suas propriedades, ou seja, vamos entender como percebemos os sons musicais.

2.1 ALTURA

Quando falamos em altura em música, num primeiro momento podemos pensar que estamos nos referindo ao volume do som ou sua intensidade. Popularmente, altura tem o significado de “aumentar o som”. No entanto, o termo refere à frequência de um som determinável, uma nota musical. Exemplificando, se começamos uma escala com a nota dó, seguimos com ré, mi, fá, sol e assim por diante, estamos subindo com os sons.

Tudo o que ouvimos se dá graças às ondas sonoras, vibrações que chegam ao nosso ouvido interno e posteriormente codificadas no cérebro. Porém, podemos classificar o que ouvimos em dois aspectos: som e ruído.

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De maneira geral, tanto som quanto ruído consistem num fenômeno que a física explica. No entanto, caro leitor, estamos tratando da arte da música e, dessa forma, quando falamos em som, estamos nos referindo a algo que é desejável, algo que podemos determinar e identificar como uma nota musical, com uma altura definida.

O físico alemão Heinrich Hertz (1857-1894) estudou este campo da física demonstrando a existência das ondas sonoras. Por meio de seus estudos, Hertz quantificou as ondas sonoras determinando frequências para os sons. As “unidades de medida das ondas sonoras”, a partir de então chamadas de Hertz (abreviatura Hz) são determinadas por ciclos por segundo (DOURADO, 2004). Assim, ficou convencionado que a nota lá (situada no meio do teclado do piano) possui uma frequência de 440 Hz. Ao aumentar este número, ou seja, ao subir a frequência gradativamente, teremos um “lá” um pouco mais agudo, mais alto, até que chegue na nota “si”. Cada nota musical possui sua frequência específica e uma pequena oscilação é normal, nada impede uma orquestra inteira tocando com um lá ajustado para 443 Hz, por exemplo.

Por isso o som é algo que podemos determinar, identificar como frequência e então classificar como uma nota musical.

DICAS

Se você prestar atenção ao cotidiano, vai perceber que existem muitos sons determináveis: um liquidificador, um cortador de grama ou qualquer motor por vezes emitem sons com frequência suficiente para identificarmos como uma nota musical!

Quando falamos em ruído, queremos dizer que se trata de um som (ou mais sons ao mesmo tempo) que possui uma frequência indefinida, dificultando ou tornando quase impossível o reconhecimento da frequência como uma ou mais notas musicais. Musicalmente falando, ruído é um som indesejável!

Na figura a seguir, você pode conferir a frequência de algumas notas musicais.

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FIGURA 15 – ALGUMAS NOTAS MUSICAIS E SUAS FREQUÊNCIAS

261 Hz Mais Grave Mais Agudo Ré 293 Hz Mi 329 Hz Fá 349 Hz Sol 391 Hz Si 493 Hz Lá 440 Hz

SOL

SI

MI

FONTE: Disponível em: <http://www2.eca.usp.br/prof/iazzetta/tutor/acustica/introducao/ tabela1.html>. Acesso em: 26 abr. 2016. Diagramação: Luiz Lenzi.

Veja que, quanto mais alta a frequência, mais alta (mais aguda) fica a nota musical. Quanto mais baixa a frequência, mais baixa (mais grave) a nota. Entre as notas Lá e Si temos uma diferença de apenas 53 Hz, isso significa que estes dois sons estão muito próximos. Quanto maior a diferença entre Hertz em duas notas, mais distantes estes sons estarão um do outro.

Quando uma orquestra sinfônica (ou qualquer grupo musical) vai se apresentar ou mesmo ensaiar, primeiramente os músicos ajustam a afinação de seus instrumentos, para que estejam “afinados” uns com os outros. Os músicos utilizam a nota Lá (440Hz) para afinar os seus instrumentos. Segundo Dourado (2004, p. 25), “em 1960 estabeleceu-se internacionalmente o padrão de 440 Hz, mas apesar disso as sinfônicas atuais costumam afinar entre 440 e 445 Hz. O diapasão mais frequente empregado nas orquestras vibra em 442 Hz”. O termo diapasão é usado para definir a altura da afinação e também se refere ao equipamento para afinar. Existem diapasões eletrônicos dotados com um pequeno microfone embutido e um visor que orienta o músico a fazer esse ajuste. É o que se chama “afinar o instrumento”, para que todos toquem na mesma afinação e não “desafinados”. O diapasão mais simples é em formato de garfo (Figura 16), que “quando percutido contra uma das mãos ou objeto, produz som de altura determinada, estabelecendo um padrão de afinação”. (DOURADO, 2004, p. 107).

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Os instrumentos musicais são construídos com uma afinação específica, cada qual dentro de seu contexto histórico. Na família das cordas, o violino, por exemplo, possui quatro cordas que são afinadas por meio de tensão. Quanto mais tensão, mais agudo o som que a corda emitirá. Cada corda é ajustada para emitir as seguintes notas:

FIGURA 17 - A AFINAÇÃO DO VIOLINO

Mi (659 Hz) Lá (440 Hz) Ré (293 Hz)

Sol (195 Hz)

O múscio usa as cravelhas para

chegar na tensão necessária para

ajustar a afinação. Micro afinadores em cada corda permitem um ajuste preciso

FONTE: Luiz Lenzi (29016)

Em instrumentos de outras famílias, como os metais, a afinação é feita por meio de ajuste do comprimento do instrumento. Os metais possuem “voltas de afinação” (ou bomba de afinação) que podem ser ajustadas deixando o instrumento um pouco mais comprido. Dessa forma, o som que o instrumento emite se torna mais grave (mais baixo), pois aumentamos o comprimento dele. Normalmente, os instrumentos de sopro são construídos com uma afinação mais alta. Ao puxar a volta de afinação, teremos um instrumento que entoará as notas musicais com uma afinação mais baixa. Estaremos, assim, alterando a altura de todas as notas que o instrumento poderá fazer.

FIGURA 18 - AFINAÇÃO DO TROMBONE

Bomba de afinação permite abertura e assim, toma o trombone um pouco mais comprido. O som, como consequência, terá a frequência mais baixa, no ajuste da afinação desejada.

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Você pode se perguntar: “Por que o instrumento já não vem com a afinação ajustada de fábrica?” O que acontece é que a frequência do som oscila de acordo com condições ambientais como frio, calor e a umidade relativa do ar. O material de que o instrumento é construído reage nestas diferentes situações ambientais. Numa determinada situação climática, a madeira do violino reage de maneira diferente do metal do trombone e, assim, os ajustes não serão os mesmos. Uma diferença de apenas 1 ou 2 Hz de afinação numa orquestra interfere na qualidade de uma obra musical.

IMPORTANTE

Nos instrumentos como o violino e o trombone e tantos outros não é possível “ver” as notas musicais. Se observarmos um instrumento de teclado (piano, Glockenspiel, xilofone...) você poderá ver as teclas que correspondem a todas as notas e ter uma melhor noção do alcance em relação à altura. O teclado do piano moderno representa um bom exemplo para entendermos melhor a grafia das notas musicais quanto à altura. Estes teclados possuem uma extensão de sete oitavas (uma oitava representa a sequência dó, ré, mi, fá, sol, lá, si e dó) e ¼ (SADIE, 1994), sendo que cada tecla representa uma nota totalizando 88 teclas. A nota mais grave é a primeira da esquerda para a direita, Lá – 27 Hz e a mais aguda, a última, Dó – 4.186 Hz. Basta comparar os números para perceber que a distância entre estes dois sons é enorme, tratam-se de notas extremas.

FIGURA 19 - O TECLADO DO PIANO E AS NOTAS MUSICAIS

1 oitavaDÓ1 oitavaDÓ CENTRALRÉ MI FÁ SOL LÁ SI CENTRAL 261 Hz 293Hz 329Hz349Hz 391Hz440Hz 493Hz

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Segundo Bohumil Med (1996), até o século XI a altura dos sons era a única propriedade a ser escrita como orientação. As informações então eram muito vagas e pouco se sabia quanto tempo deveria durar tal nota na sua altura. O sistema de notação como conhecemos hoje foi o resultado de um longo desenvolvimento histórico. O uso do pentagrama, ou a pauta de cinco linhas para a notação musical, data do século XIII, mas foi a partir do século XVII que o pentagrama se consolidou como um padrão para a escrita musical (SADIE, 1994).

O pentagrama, no entanto, não suporta toda a gama de notas musicais. Conforme a necessidade de uma maior altura ao se escrever a música na pauta, linhas suplementares são adicionadas acima (mais agudas, altas) e abaixo (mais graves, baixas) do pentagrama.

FIGURA 20 – LOCALIZAÇÃO DAS NOTAS MUSICAIS NO PENTAGRAMA

MI FÁ SOL SI FONTE: Luiz Lenzi (2016)

Observe que no pentagrama as notas musicais são colocadas nas linhas e nos espaços. O símbolo que lembra um “S” logo no começo da pauta é chamado de Clave de Sol. Da mesma forma, utiliza-se uma segunda pauta, com um símbolo diferente, chamado de Clave de Fá.

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FIGURA 21 – CLAVE DE SOL E CLAVE DE FÁ

SOL

mais grave mais agudo

DÓ CENTRAL DÓ RÉ MI MI LÁ SI DÓ RÉ MI FÁ SOL SOL SOL SI SI SI CLAVE DE SOL CLAVE DE FÁ

FONTE: Luiz Lenzi (2016)

A figura seguinte coloca o teclado do piano com suas 88 notas (teclas) e apresenta o alcance em relação à altura de uma série de instrumentos musicais, tanto de sopros, cordas, percussão e também na voz humana. A figura contempla ainda a grafia no pentagrama, possibilitando verificar e comparar as regiões de alcance de altura de cada instrumento e voz.

FIGURA 22 – EXTENSÃO DAS VOZES E DOS INSTRUMENTOS

violino soprano mezzo-soprano clarinete baixo oboé corne inglês flautim trombone trompete trompa flauta clarinete contrafagote fagote tuba contratenor baritono baixo contralto contrabaixo violoncello harpa CORDAS MADEIRAS METAIS CENTRAL VOZES viola tenor

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Assim, quando falamos em altura, também nos referimos às notas dó, ré, mi, fá, sol, lá e si, pois cada uma possui uma altura definida.

2.2 DURAÇÃO

Agora que você já viu a primeira propriedade que é a altura, vamos refletir sobre outra das quatro propriedades do som: a duração.

Se você pode tocar notas musicais no seu instrumento, significa que estas notas ocuparão um espaço de tempo. O conceito é muito simples: a duração, como propriedade do som, define que um som pode ser curto ou longo. Citando Bohumil Med (1996, p. 12), duração é a “extensão de um som; é determinada pelo tempo de emissão das vibrações”. Mas como os músicos sabem quanto tempo devem sustentar as notas musicais? Historicamente, a música era tocada ou cantada e posteriormente alguma forma de registro era feita. Estes registros nem sempre eram eficientes, pois a carência de uma simbologia gráfica mais precisa tornava a interpretação difusa entre os intérpretes. Não obstante, a tradição e a cultura se encarregaram de sustentar o desenvolvimento da escrita musical.

ESTUDOS FUTUROS

Você verá na Unidade 2 como foi o desenvolvimento da escrita musical através dos séculos e como este processo ainda é dinâmico!

Usaremos um artifício simples para demonstrar a lógica dos sinais gráficos que irão nos orientar acerca do tempo que as notas devem ser sustentadas: o relógio. Ao adotar os segundos como referência de tempo, você logo perceberá que esta pulsação é estável, são exatas sessenta pulsações por minuto. Imagine a figura em seguida, representando um espaço de tempo equivalente a quatro segundos. Dividindo a figura pela metade e assim sucessivamente, você terá figuras de formatos diferentes fazendo referência à duração de tempos também diferentes.

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FIGURA 23 - EXEMPLO DE DURAÇÃO DOS SONS 4 segundos 2 segundos

1 segundos 1/2 segundo FONTE: Luiz Lenzi (2016)

Desta maneira, nós temos quatro sinais gráficos diferentes que orientam sobre a duração de um som. Sabemos aqui que as figuras dobram de tamanho, indicando o dobro de tempo (de baixo para cima). A menor figura ocupa metade de uma pulsação do relógio, ou seja, ocupa o espaço de tempo de meio segundo, enquanto que a maior figura possui quatro pulsações ou quatro segundos.

A lógica que queremos demonstrar é de que essas figuras sempre têm o dobro ou a metade de tempo em relação à sua figura vizinha. O critério dos segundos que utilizamos é apenas referência como exemplo.

ESTUDOS FUTUROS

Ainda neste tópico voltaremos a falar sobre a notação gráfica dos sons em forma de partituras!

Na partitura musical você verá que o som, ou melhor, as notas musicais têm seus sinais gráficos distintos que representam a sua duração. No entanto, os sons podem ser grafados de várias maneiras. Um simples exercício demonstra a duração dos sons:

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FIGURA 24 – SONS CURTOS E SONS LONGOS

sons mais

curtos curtossons longossons sons maislongos longos, simultâneossons curtos e FONTE: Luiz Lenzi (2016)

Saberemos se um som é curto ou longo ao compararmos com outro som. Se não tiver a mesma duração, será ou mais curto ou mais longo em relação ao outro. O conceito de duração em música se dá pela relação dos sons. A figura a seguir explica esta ideia:

FIGURA 25 – RELAÇÃO DE DURAÇÃO CURTO X LONGO

Estes dois sons têm o mesmo tamanho. Porém, em relação com outro som, pode ser mais curto

ou mas longo.

curto longo curto longo

FONTE: Luiz Lenzi (2016)

2.3 INTENSIDADE

A próxima propriedade do som que veremos é a intensidade. Esta propriedade trata da “amplitude das vibrações; é determinada pela força ou pelo volume do agente que a produz. É o volume sonoro”. (MED, 1996, p. 12).

A ideia de volume nos remete à extensão, ao tamanho, é uma grandeza que tem relação com a amplitude do som. Assim como a frequência define a altura de um som, a amplitude da onda sonora irá determinar a intensidade, se este som será forte ou fraco.

No cotidiano, percebemos que sons mais fortes necessitam de uma fonte sonora que libere muita energia. É o caso de um grito, uma explosão, um avião decolando, um intenso tráfego de veículos e assim por diante. Fontes sonoras que emitem sons fracos necessitam pouca energia: murmúrios, o som da respiração em repouso etc.

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FIGURA 26 – A AMPLITUDE DO SOM

FONTE: Luiz Lenzi (2016)

Segundo a Figura 26, quanto maior a amplitude da onda, mais forte será o som. Vemos claramente três picos de amplitude, os pontos fortes da esquerda para direita. Em seguida, sons ritmados com amplitude menor, porém, mais compactos, densos. Ao final, o som diminui em intensidade.

Quando necessitamos expressar intensidade na música escrita, ou seja, nas partituras, algumas abreviaturas são colocadas logo abaixo do trecho a que se refere. O compositor, ao escrever, assinala se determinado trecho deve ser tocado ou cantado de maneira forte ou fraca. Como já colocamos, o desenvolvimento das partituras é um longo processo histórico e assim também é na questão da grafia da intensidade. A gama de sons que vai do muito fraco ao muito forte é assinalada na partitura com abreviaturas no idioma italiano, convencionadas historicamente. Foi a partir de 1750 que esta prática de notação gráfica começou a ser adotada pelos compositores (MED, 1996).

FIGURA 27 – INDICATIVOS DE INTENSIDADE EM MÚSICA

fff

molto fortíssimo, com a máxima força.

ff

fortíssimo, muito forte.

f

forte, forte.

mf

mezzoforte, meio forte.

mp

mezzopiano, meio fraco.

p

piano, fraco, suave.

pp

pianíssimo, muito suave.

ppp

molto pianíssimo, o mais suave possível.

FONTE: MED (1996, p. 214)

Numa orquestra sinfônica, quando os músicos interpretam um trecho musical em mezzoforte, por exemplo, o regente é quem vai orientar sobre o grau de força utilizado para esta dinâmica. Isto porque a concepção de intensidade é algo muito particular, subjetivo. Assim, o regente irá controlar a dosagem de força, irá equilibrar a emissão das notas pelos músicos para que encontrem o tal “mezzo-forte” comum.

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2.4 TIMBRE

Nossa última propriedade do som, o timbre, refere-se, segundo Dourado (2004, p. 331), ao que “diferencia a qualidade de sons de igual intensidade e frequência devido à presença maior ou menor de determinados harmônicos e sua relação com a fundamental”. Para exemplificar este conceito, se você ouvir um trompete e um acordeão tocando a mesma nota, vai perceber que ainda assim há uma diferença na qualidade dos sons. Você vai perceber que se trata de sons de qualidades diferentes – mas a mesma nota!

O que acontece quando identificamos uma nota musical tocada por um trompete é que estamos ouvindo e identificando o timbre deste instrumento. Como já vimos, as notas musicais possuem suas frequências particulares, mas o que acontece é que outras frequências “soam” junto com a principal. Estas frequências múltiplas presentes num som gerador é o que chamamos de harmônicos. Mais adiante, na Figura 30, estaremos falando novamente sobre os harmônicos.

Se um clarinete tocar o dó central, estaremos ouvindo um determinado número de harmônicos, muito diferente da quantidade de harmônicos de um violoncelo. No primeiro, o som é produzido pela vibração da palheta e, no segundo, pela fricção da corda. Condições diferentes de produção sonora irão determinar a quantidade de harmônicos presentes no som e, desta forma, iremos identificar o timbre destes instrumentos. A combinação de instrumentos (madeiras, metais, cordas e percussão) resulta em variedade de timbres, enriquecendo a proposta musical. Na Figura 28 vemos diferentes instrumentos resultando na variedade de timbres característica do jazz: o contrabaixo, guitarra, saxofone tenor e bateria.

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3 ELEMENTOS DA MÚSICA

Agora que você já conhece as propriedades do som, poderá vislumbrar os elementos musicais utilizados pelos compositores ao criarem suas obras: a

melodia, a harmonia e o ritmo.

3.1 MELODIA

De acordo com Dourado (2004, p. 200), a melodia é, “de forma genérica, certa sequência de notas organizada sobre uma estrutura rítmica que encerra algum sentido musical”. Encontraremos melodias muito diferentes nas várias culturas do nosso planeta, cada qual com suas tradições que lhes são particulares. De forma popular, ouve-se dizer que o canto dos pássaros também representa uma melodia, o que é discutível. Não há na natureza a melodia, trata-se de uma invenção humana. É correto afirmar que os pássaros emitem sons determináveis, como as notas musicais. No entanto, o canto das aves representa no máximo um “motivo” ou um “inciso”. O “motivo” refere-se à menor parte reconhecível de uma melodia. Uma melodia é formada a partir de motivos.

Podemos fazer uma analogia de melodia com o texto escrito: uma combinação de três ou quatro palavras já começa a fazer algum sentido, o que poderia representar um “motivo”. Outras combinações de palavras podem acrescentar mais sentido e, da mesma forma, uma combinação de motivos irá criar uma frase musical.

Normalmente, você pode até esquecer a letra de uma música, mas vai lembrar-se da melodia, pois é um elemento muito marcante. A melodia normalmente é o elemento mais evidente e pode ter mais de uma voz, como nas duplas sertanejas onde cantam a primeira e a segunda voz. A primeira é a melodia em si, enquanto que a segunda complementa e reforça harmonicamente a melodia.

Você pode ter ainda um contracanto, uma segunda melodia que faz contraste com a primeira. As melodias normalmente possuem pontos de repouso, que equivalem às vírgulas que colocamos nos textos. Servem para dar sentido e também para literalmente respirar, e os pontos finais representam os finais de frases. O final de uma frase musical nos traz uma sensação de que a música acabou ou que terá continuidade. A organização das melodias como frases musicais acontece de forma métrica, como se cada frase de nosso texto escrito possuísse a mesma quantidade de palavras. A organização de frases musicais se dá no tempo, por isso a organização métrica do tamanho das frases musicais nos auxilia em sua compreensão.

Cada nota de uma melodia, quando escrita na partitura, terá o seu devido lugar. Se a melodia sobe e depois desce, também a posição escrita das notas irá subir e descer, e assim por diante.

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FIGURA 29 – EXEMPLO DE MELODIA

FONTE: Luiz Lenzi (2016)

3.2 HARMONIA

Outro elemento da música é a harmonia. Assim como a melodia, a harmonia é resultado de um desenvolvimento humano, portanto, não encontramos a harmonia musical na natureza. Não encontramos na natureza um acorde de dó maior, ou uma cadência perfeita. Entretanto, a harmonia musical como a conhecemos é fruto de um contínuo desenvolvimento histórico. A palavra harmonia significa um acordo entre partes de um todo, uma organização equilibrada destas partes. Assim, podemos afirmar que um grupo de jazz numa bela performance musical é um grupo harmonioso. No sentido objetivo da música, harmonia é a combinação de sons de acordo com um sistema. A combinação dos sons origina-se da série harmônica, como já falamos neste tópico.

Reforçando este conceito, Med (1996, p. 92) nos ensina que “Um som musical não se constitui de apenas uma nota. Juntamente com o som principal soam sons secundários, bem fracos e quase imperceptíveis. O som principal é chamado som fundamental e os sons que o acompanham são os sons harmônicos”.

Imagine uma corda de um instrumento musical sendo tangida: haverá a vibração da corda inteira e também uma vibração nas metades. Além disso, a vibração também ocorrerá em terços de maneira menos intensa, em quartos e assim sucessivamente. São os sons harmônicos que acompanham o som fundamental.

Referências

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