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CAPÍTULO 1: CIRCUNSCREVENDO O FENÔMENO ESTADO CIRCUNSCREVENDO O FENÔMENO E O ESTADO DA ARTE

1.1.1 O (Macro)Domínio Funcional TAM

O conceito de domínio funcional emerge no contexto dos estudos tipológicos associados a uma perspectiva funcionalista de gramática (cf. Capítulo 2). Segundo Givón (2001), esses estudos foram fortalecidos na década de 1960, com os trabalhos pioneiros de Greenberg7, que observou que diferentes línguas apresentavam diferentes tipos estruturais passíveis de serem agrupados como membros do que Givón chama de metatipos mais gerais – não de estruturas, mas de funções (GIVÓN, 2001, p. 20). Em outros termos, a partir de evidências empíricas, o que se depreende é que, nas diferentes línguas, diferentes recursos gramaticais codificavam as mesmas funções que, por isso, são compreendidas, nos estudos funcionalistas, como funções universais ou tendências gerais de uso da língua.

É a esses metatipos de uso da língua que se designa domínio funcional,

[...] caracterizado como uma área coberta por (macro)funções/significações gramaticais que se projetam, via codificação, em mecanismos linguísticos que se articulam de forma mais, ou menos recorrente e regularizada em diferentes níveis (GÖRSKI; TAVARES, 2017: p. 49).8 Aplicando esse conceito intralinguisticamente, tem-se como tarefa identificar “os principais meios estruturais pelos quais diferentes recursos codificam um mesmo domínio funcional” (GIVÓN, 2001, p.

7

O linguista norte-americano Joseph Harold Greenberg é considerado pioneiro nos estudos de universais sintáticos, estudos que compararam usos empíricos de diferentes línguas, chegando à conclusão de que certas características gramaticais numa língua implicam certas outras características (Cf. FLEISCHMAN, 1982, p. 3-5).

8

Alguns domínios funcionais codificados por diversas línguas são TAM (tempo,

aspecto e modalidade), negação, referencialidade, irrealis, topicalidade, definitude, concordância, atos de fala, entre outros (HOPPER, 1991; GIVÓN,

23), assumindo-se que diferentes formas de um domínio codificam a mesma ou similar função (HOPPER, 1991). Trata-se, portanto, de um conceito no âmbito dos estudos funcionalistas para a investigação da correlação entre formas e funções.

Porém, como domínios funcionais caracterizam-se (i) por serem complexos e multidimensionais, (ii) por distribuírem-se num contínuo, (iii) por apresentarem dimensões subjacentes, além de (iv) poderem ter algumas porções mais codificadas que outras (GIVÓN, 2001, p. 25-26), a identificação das fronteiras de um domínio, bem como a identificação das formas que o codificam, não é tarefa banal. O primeiro aspecto a se considerar é que, como domínios funcionais se configuram em termos de escopo funcional gradiente, eles podem ser vistos como um fenômeno superordenado: macrofunção/macrodomínio > funções/domínios > subfunções/subdomínios (GÖRSKI et al. 2003; GIBBON, 2014; GÖRSKI; TAVARES, 2017).

Assim, é possível falar em “(sub)funções de um domínio funcional”, no sentido de que diferentes valores semântico-pragmáticos podem ser abrigados no interior de um domínio, a depender do foco da lente do observador, que define a abrangência e os limites do domínio que quer investigar. TAM, por exemplo, é um domínio funcional complexo (macrofunção) ou um macrodomínio em que as categorias de tempo, aspecto e modalidade atuam articuladamente. Cada uma dessas categorias pode ser considerada, no entanto, um domínio funcional específico, como o domínio funcional de tempo, o domínio funcional de aspecto e o domínio funcional de modalidade, embora todas elas compartilhem, em alguma medida, traços umas das outras.

O domínio funcional de tempo, que mais diretamente interessa a esta tese, recobre os subdomínios ou subfunções de anterioridade, simultaneidade e posterioridade; a posterioridade recobre a futuridade (cf. 1.1.2), que envolve tanto o domínio do futuro do presente quanto o do futuro do subjuntivo. Gibbon (2014) considera ainda que o domínio funcional da futuridade, por exemplo, abrange (i) o domínio funcional do futuro do presente, (ii) contextos de habitualidade e (iii) atos de fala diretivos ou de comando.

Como todos esses (sub)domínios estão sob o escopo de TAM, todos eles codificam, concomitantemente, tempo, aspecto e modalidade, embora cada (sub)domínio possa marcar, mais proeminentemente, uma dessas (sub)funções: a expressão do futuro do presente, por exemplo, aciona, prototipicamente, em sua definição, a (sub)função tempo, embora também abarque as (sub)funções aspecto e modalidade. Assim, nas palavras de Gibbon,

[e]nquanto no domínio funcional do futuro [do presente] estão imbricadas as noções de tempo,

modalidade e aspecto, na habitualidade reconhecemos as noções de aspecto e, em menor grau, de tempo (futuro); e no comando, as noções de modalidade e também em menor grau, de tempo (futuro). Em outras palavras, a macrofunção de expressar uma situação projetada a partir do momento de fala é basicamente realizada pelo domínio funcional do futuro, sendo perifericamente compartilhada pelos

domínios da habitualidade e do comando. (GIBBON, 2014, p. 21; grifos nossos).

A seguir, retoma-se a representação do domínio funcional da futuridade, conforme Gibbon (2014):

Figura 1: Diagrama representacional do escopo da futuridade e de suas relações

com habitualidade e imperativo/comando

Fonte: Gibbon (2014, p. 61)

Destaca-se que o diagrama proposto pela autora faz ver que diferentes (sub)domínios funcionais, além de correlacionados, podem se referir ao mesmo conjunto de (sub)funções: a questão, no entanto, é que cada (sub)domínio pode assegurar com mais proeminência uma dada função. Assim é que, embora tanto o domínio da habitualidade quanto o domínio de comando compartilhem com o domínio do futuro a função temporal, é nesse último que essa função é mais proeminente.

O ponto que interessa a esta tese, considerando esse escopo conceitual, é que a relação entre diferentes domínios funcionais (que podem se sobrepor ou se interligar parcialmente), bem como a complexidade de cada domínio, justifica o fato de várias formas serem acionadas para dar conta da codificação das (sub)funções de um domínio, ao mesmo tempo em que uma forma pode codificar (sub)funções de diferentes domínios. A construção ir + infinitivo, por exemplo, pode atualizar, em cada contexto de uso, diferentes (sub)funções (tempo-aspecto-modalidade) de um mesmo domínio e até de diferentes domínios, como se ilustra a seguir.

Considere-se, inicialmente, o primeiro conjunto de dados: (1)

a) Marido da ministra das Finanças vai ser julgado por cinco crimes.9

b) Recriada Comissão Especial que analisará revogação do Estatuto do Desarmamento.10

c) Campo Grande recebe nesta semana duas etapas do projeto “SED vai às Escolas”.11

Nesses dados, ilustra-se o fato de que uma língua pode codificar o mesmo domínio funcional por mais de um meio estrutural (GIVÓN, 2001): construção perifrástica, forma verbal de futuro sintético e forma verbal de presente do indicativo, respectivamente, codificam, nesses dados, o domínio funcional do futuro do presente. Hopper (1991) explica que

[e]ssa diversidade formal acontece porque quando uma forma ou um conjunto de formas emerge em um domínio funcional, não substitui de imediato o conjunto de formas funcionalmente equivalente já existente imediatamente (e talvez nunca), mas os dois conjuntos de formas coexistem. Eles podem

9

Disponível em: <http://observador.pt/2015/07/16/marido-da-ministra-das- financas-vai-julgado-cinco-crimes>. Acesso em: 18 ago. 2015.

10

Disponível em: <http://www.jornalnortesul.com/ci/noticias/noticia/463>. Acesso em: 18 ago. 2015.

11

Disponível em: <http://jornaldiadia.com.br/campo-grande-recebe-nesta- semana-duas-etapas-do-projeto-sed-vai-as-escolas>. Acesso em: 18 ago. 2015.

ser especializados para determinados itens lexicais ou construções, ou registos sociolinguísticos; eles podem ter significados ligeiramente diferentes, ou, simplesmente, podem ser reconhecidos como alternativas"estilísticas". (HOPPER, 1991, p. 23; grifos do autor).12

Por essa afirmação de Hopper, já se indica por que ocorre variação na expressão do (domínio funcional) do futuro do presente, bem como se depreende que, para o estudo da variação no âmbito de um domínio funcional, (i) itens lexicais ou construções típicas, (ii) registro sociolinguístico/estilístico e (iii) significado (social e linguístico) da variação são aspectos que devem ser investigados.

Observe-se agora o segundo conjunto de dados: (2)

a) Polícia Federal vai investigar explosão de bomba no Instituto Lula, diz Cardozo.13

b) Sempre que vou falar sobre a questão dos jornais na sala de aula, começo contando um pouco da minha história porque é ela que explica o porquê de eu ter me tornado uma jornalista e também, anos depois, ter me especializado na área da

educação.14

c) Com o tema "Vamos cuidar do Brasil?", o governo pretende formular novas propostas para o Sisnama, Sistema Nacional do Meio Ambiente, e quer a participação da sociedade.15

12

“This formal divers

;

ty comes about because when a form or set of forms emerges in a functional domain, it does not immediately (and may never) replace an already existing set of functionally equivalent forms, but rather the two sets of forms co-exist. They may be specialized for particular lexical items, particular classes of constructions, or sociolinguístic registers; they may have slightly different meanings, or simply be recognized as "stylistic" alternatives”.

13

Disponível em: <http://www.jb.com.br/pais/noticias/2015/07/31/policia- federal-vai-investigar-explosao-de-bomba-no-instituto-lula-diz-cardozo>. Acesso em: 18 ago. 2015.

14

Disponível em: <http://alb.com.br/arquivo-morto/anais- jornal/jornal1/MesasRedondas/Januaria.htm>. Acesso em: 18 ago. 2015.

15

Disponível em: <http://g1.globo.com/jornalhoje/0,,MUL1142002-16022,00- CONFERENCIA+DO+MEIO+AMBIENTE.html>. Acesso em: 18 ago. 2015.

Com esse segundo conjunto de dados, ilustra-se o fato de que uma mesma estratégia estrutural pode codificar mais de um domínio ou função (LEHMANN, 2011): a construção perifrástica, nos três dados apresentados, codifica, respectivamente: (i) o domínio funcional do futuro do presente, (ii) contexto de habitualidade e (iii) contexto de atos de fala diretivo, nos termos de Gibbon (2014).

Caracterizando ainda a complexidade do domínio funcional do futuro do presente, há o fato de que uma das características comuns à categorização gramatical das formas de futuro é justamente a instabilidade da relação entre formas e funções, tendo em vista que a “característicaquaseuniversaldas formas de futuroé a sua propensãopara a mudançasemântica”16

(FLEISCHMAN, 1982, p. 23).

A consequência disso é uma constante dinamicidade entre formas e funções, no âmbito desse domínio funcional, em particular, mas também na língua, em geral, de modo que, segundo a perspectiva funcionalista, mudança e variação são movimentos constantes na língua. Disso se conclui que as categorias linguísticas não podem ser vistas como discretas, mas como distribuídas num continuum, no âmbito do qual, entre uma categoria e outra, no processo de mudança, pode haver ocorrências ambíguas ou com traços sobrepostos. Sob essa ótica, opera-se, então, com o conceito de distribuição categorial escalar, segundo o qual os membros de uma categoria, num modelo gradiente de organização, podem ser mais, ou menos, prototípicos a depender de um conjunto de fatores – cf. Givón (2001, p. 32).

Nesse contexto, Gibbon (2014) e Görski e Tavares (2017) vêm chamando atenção para usos que podem ser duplamente interpretados como futuro ou como habitual. A título de exemplificação, observe-se o excerto a seguir:

(3) Entenda o processo de impeachment

O presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), decide acolher uma das denúncias por crime de responsabilidade da presidente da República [...] Após a decisão do presidente da Câmara, é instalada uma comissão especial para analisar o pedido, com deputados de todos os partidos, em número

16

“[...] a quasi-universal characteristic of future forms is their propensity toward semantic change”.

proporcional ao tamanho da bancada de cada legenda. [...] Instalada a comissão, a presidente da Repúblicatem, depois de notificada, prazo de dez sessões para se manifestar [...] Após a manifestação da defesa, a comissão tem prazo de cinco sessões para votar o relatório final, com parecer a favor ou contra a abertura do processo.17

Em (3), as formas verbais destacadas podem indicar (i) tanto uma situação habitual/ritual (no sentido de que, para todo processo de impeachment, esse é o procedimento – acolhe-se uma denúncia; instala- se uma comissão especial; confere-se ao presidente da República prazo de dez sessões para se manifestar; confere-se, em seguida, um prazo de cinco sessões para votação do relatório final) e, nesse caso, a codificação das formas em destaque seria referente ao domínio funcional da habitualidade; (ii) quanto uma sequência de situações futurasprevistas para esse impeachment em particular (o presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), decide/decidirá/vai decidir acolheruma das denúncias; é/será/vai ser instalada uma comissão especial para analisar o pedido; a presidente da Repúblicatem/terá/vai terprazo de dez sessões para se manifestar; a comissão tem/terá/vai ter prazo de cinco sessões para votar o relatório final) e, nesse caso, a codificação seria referente ao domínio funcional do futuro do presente: “[t]rata-se, pois, de um uso que se situa nos limites interconectados de dois domínios funcionais, ilustrando um caso de continuum categorial” (GÖRSKI; TAVARES, 2017, p. 60).

A partir dessa compreensão, assume-se, portanto, que, intralinguisticamente, há um constante movimento de acomodação entre formas e funções, de modo que uma categoria pode passar a deslizar para outra, por meio de um processo lento e gradual de mudança.

A consequência teórica de assim se compreender as categorias linguísticas, tendo em vista a complexidade que envolve a codificação de um domínio funcional, é “relativizar a noção de ‘categoria’ em relação ao discurso18 e, portanto, ver a adesão de uma forma a uma categoria como sendo algo não determinado com antecedência, mas

17

Disponível em: http://especiais.g1.globo.com/politica/2015/entenda-o- processo-de-impeachment/. Acesso em 03 de abr. de 2017.

18

Discurso, no âmbito do funcionalismo, refere-se à língua em uso (cf. Capítulo 2), podendo evocar aspectos tanto textuais quanto pragmáticos (cf. Capítulo 3).

secundário dependente do uso da forma no discurso [...]” (HOPPER, 1991, p. 30; grifos nossos).19

No excerto precedente, em (3), o conhecimento pragmático sobre o processo de impeachment, considerando-o do ponto de vista jurídico, por exemplo, poderia desfazer a ambiguidade – uma vez que se saberia se o que está descrito se refere ao procedimento de todo impeachment (o que poria em primeiro plano a leitura de habitualidade das formas em destaque) ou se se refere ao procedimento adotado apenas para esse impeachment (o que poria em primeiro plano a leitura da temporalidade das situações, projetadas numa sequenciação temporal).

Num caso e outro, as formas verbais em destaque dirigem a própria organização textual, uma vez que, caso a sequenciação fosse desfeita, haveria, no texto, incoerência pragmática (porque não se pode instalar uma comissão especial para analisar pedido de impeachment, antes de o presidente da Câmara decidir se acolhe (ou não) uma denúncia contra o presidente da República), quer a leitura seja de habitualidade quer seja de temporalidade. Disso se depreende que há motivações discursivas para a emergência de formas e de funções (bem como de correlações entre elas) na expressão do futuro do presente (especificamente), tal como a necessidade de se garantir certas noções aspectuais e/ou modais, além de temporais.

Dessa última consideração, destaque-se, por fim, que no âmbito do domínio funcional do futuro do presente, por exemplo, cada uma das funções (tempo-aspecto-modalidade) se especifica ainda em outras subfunções. Assim, para citar alguns exemplos, a função tempo recobre as subfunções futuro determinado ou não determinado20; afunção aspecto recobre, por exemplo, as (sub)funções perfectivo semelfactivo, imperfectivo iterativo, imperfectivo inceptivo semelfactivo etc.; e a função modalidade, as (sub)funções modalidade orientada para o agente, modalidade orientada para o falante, modalidade epistêmica, havendo ainda, casos ambíguos (i) no interior de uma (sub)função (há

19

“The theoretical consequence of seeing categories in this way is to relativize the notion of "category" to discourse, and hence to see membership in acategory as being, not determined in advance for a form, but secondary to the deployment of the form in discourse [...]”.

20

Essas subfunções aparecem também na literatura com os termos futuro

caso ambíguos entre modalidade orientada para o agente e modalidade orientada para o falante) ou mesmo (ii) entre funções (como nos casos em que há ambiguidade entre aspecto e modalidade, por exemplo, o que reflete justamente o processo (gradual) de mudança funcional das formas, no âmbito do domínio do futuro do presente (cf. 1.1.3). O ponto a ser destacado aqui é que, para garantir a expressão de cada uma dessas funções e subfunções, estabelece-se uma complexa relação entre essas e as formas do domínio.

Uma representação das noções apresentadas nesta subseção sobre o (macro)domínio funcional TAM, considerando apenas a (macro)função T (tempo), que define mais diretamente o domínio funcional do futuro do presente, até chegar às (sub)funções que esse domínio codifica, pode ser assim exposta21:

21

Destaque-se, no diagrama, que a futuridade pode ainda recobrir outros (sub)domínios funcionais, como o do presente do subjuntivo, em contextos de projeção futura da situação – tal como no seguinte dado: “Espero que você traga o material amanhã”. Nesta tese, o diagrama apresentado cumpre apenas o papel de sintetizar as discussões da subseção, e não de apresentar todos os (sub)domínios e (sub)funções sob o escopo de TAM.

Figura 2: Especificação do (macro)domínio funcional TAM a partir de T

(tempo) até chegar ao (sub)domínio funcional do futuro do presente e suas (sub)funções

Fonte: Elaboração própria

Dessas discussões,destaca-se, então, a visão de que a noção de mesmo domínio funcional não é absoluta, mas relativa:

um grande domínio [como no caso de TAM] frequentemente se subdivide em subdomínios que se interconectam e interagem [como ocorre com os subdomínios futuro do presente, contextos de

habitualidade e atos de fala diretirvos, por

exemplo].Nesse sentido, o domínio funcional pode ser visto como superordenado, recobrindo áreas funcionais gerais [como Tempo, Posterioridade e Futuridade] ou mais restritas

[como futuro do presente, contextos de habitualidade e atos de fala diretivos], a depender

do ajuste de foco da lente do analista (GÖRSKI; TAVARES, 2017, p. 46).

E, porque os domínios funcionais são multidimensionais, escalares e se distribuem num continuum, ou seja, não são discretos,ao passo quea estrutura sintática é discreta, a própria estrutura linguística, enquanto unidade de codicação funcional, precisa ser reconhecida como flexível – o que explica, assim, tanto o fato de uma forma codificar

funções de diferentes domínios quanto o fato de diferentes formas serem agenciadas para codificar os diferentes matizes funcionais (como futuro determinado/não determinado; aspecto perfectivo semefalctivo/imperfectivo iterativo; modalidade orientada para o agente/ para o falante) de um domínio.

Descrita, em termos de TAM, a complexidade funcional que envolve a expressão do futuro do presente, especifica-se, a seguir, um fator adicional que confere complexidade a esse domínio funcional: sua constituição temporal.

1.1.2 A complexidade da expressão gramatical de tempo e de