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Capítulo VI Intervenção Pedagógica em Contexto Pré-Escolar

6.2. Intervenção Pedagógica na Sala de Transição

6.2.2. Atividades desenvolvidas

6.2.2.1. Magia com as cores

A presente atividade surgiu com o intuito de introduzir a temática alusiva às cores primárias, sendo que esta consistiu o ponto de partida para a introdução da Semana das

Cores. A atividade tinha como objetivo, não só iniciar a exploração das cores primárias,

mas também, proporcionar o contacto com experiências químicas, de uma forma lúdica e informal. Segundo Oliveira-Formosinho, Andrade & Formosinho (2011), as observações permitem que as crianças aprofundem conhecimentos sobre o mundo, proporcionam o estabelecimento de semelhanças e de diferenças, para além de que, ajudam a identificar e a compreender determinados processos.

Primeiramente, e de modo a contextualizar a atividade experimental, foi

apresentada a história, intitulada Cores, cuja temática incidia, essencialmente, na exploração das cores, com base na abertura das janelas existentes nas páginas da obra. De acordo com Veloso & Riscado (2002), citado por Ramos (2007), a literatura desempenha um papel fundamental no processo de aprendizagem na medida em que, permite múltiplas explorações e infinitas descobertas.

Durante a leitura e exploração do livro foi adotada uma postura expressiva e promoveu-se um papel ativo e interventivo por parte das crianças. Neste momento inicial

e introdutório da atividade experimental, os alunos participaram ativamente e oportunamente, mostrando estar envolvidos na atividade. Estes manifestavam interesse e curiosidade em conhecer o que se encontrava sob as janelas, sendo que mostravam algumas fragilidades aquando da identificação das cores. Através da leitura e exploração da obra foi possível não só proporcionar o contacto com a leitura e com a exploração de obras, como também, foi possível desenvolver e potencializar a criatividade e a imaginação das crianças.

Findada a leitura e exploração da obra, o grande grupo foi informado que ia ser realizada uma magia com algumas das cores referidas ao longo da história, sendo que os alunos mostraram entusiasmo em dar início à atividade experimental.

Dando continuidade, os materiais necessários à realização da experiência foram apresentados, sendo que sempre que um objeto era apresentado, em grupo, era realizada a exploração do mesmo. Contente (2012), citando Alves & Morais (2006), refere que é determinante a exploração e manipulação dos materiais apresentados, antes se ser dado início a concretização da tarefa. Durante a exploração dos materiais (prato, leite, corantes alimentares e palito) as crianças permaneciam atentas e concentradas demonstrando curiosidade e interesse. A maioria das crianças conseguiu identificar todos os materiais, sendo que apenas não conseguiram nomear os corantes alimentares.

Após a apresentação e exploração dos materiais, deu-se início à realização da experiência. Importa salientar que, no decorrer da mesma, as crianças foram as protagonistas, tendo desempenhado um papel ativo e determinante. Apenas foram fornecidas orientações aquando das diferentes etapas da atividade experimental. Neste sentido, para cada procedimento uma criança era solicitada com o intuito de desempenhar uma tarefa. Primeiramente, uma criança deitou o leite no prato. Seguidamente, uma outra criança foi selecionada com o intuito de adicionar o corante azul ao líquido. Posteriormente, uma outra criança dirigiu-se ao centro, adicionando o corante vermelho ao leite. O procedimento repetiu-se para todos os corantes. Importa salientar que, sempre que um corante era adicionado ao leite, a cor do mesmo era analisada em grande grupo, com o intuito de explorar as cores primárias.

Depois de adicionar todos os corantes, as crianças foram informadas que ia ser realizada uma magia com o palito, fazendo com que todas as cores se misturassem. Neste sentido, o palito foi molhado no sabão, e com o auxílio de uma criança, o mesmo foi colocado no leite. Logo que o sabão entrou em contacto com o leite, as cores misturaram- se automaticamente, gerando-se uma explosão de cores. Inicialmente, as crianças não reagiram, ficando apenas admiradas com o que observavam. Porém, após algum período de observação estas manifestaram curiosidade e queriam repetir todo o processo.

Finalizada a experiência, foi estabelecido um breve diálogo com as crianças. Nesse mesmo diálogo, todo o procedimento foi recapitulado e novamente as cores foram exploradas. Para além do referido anteriormente, o diálogo incidiu também, nos resultados observados. A maior parte do grupo participava ativamente, demonstrando ter compreendido todo o processo.

Nesta atividade a avaliação assentou, fundamentalmente, na observação direta e no

registo da mesma. Os alunos foram avaliados não só no que diz respeito ao comportamento, às interações e às intervenções, como também, ao empenho, à motivação e à participação.

Em termos gerais, a atividade decorreu como planificada, sendo que os principais objetivos foram alcançados. Através da experiência houve a possibilidade de as crianças

Figura 22: Primeira fase da experiência

participarem ativamente em todo o processo, adotando uma postura interventiva e sentindo-se envolvidas na mesma. Conforme Silva et al (2016), é fundamental reconhecer a capacidade da criança para construir o seu desenvolvimento e aprendizagem, encarando-a como sujeito e agente do processo educativo.

Para além de promover a exploração das cores primárias, foi possível desenvolver o gosto pela ciência e pela atividade experimental. Segundo Martins (2002), o ensino das ciências deve iniciar-se nos primeiros anos, fornecendo bases sólidas, sendo que mesmo que elementar, deve ser atrativo para cativar e envolver as crianças.

Para Pereira (2002), as atividades experimentais desenvolvidas com as crianças devem ser adaptadas à sua etapa de desenvolvimento, bem como, às suas caraterísticas, sendo que devem implicar um reduzido número de etapas e atribuir um papel ativo e interventivo às crianças. Este acrescenta que é crucial promover uma educação em ciências, desde os níveis da educação infantil, considerando que é consensual a necessidade da literacia científica se realizar desde os primeiros anos.

Baptista & Afonso (2004) defendem que as atividades experimentais devem permitir o alargamento, a expansão e o aprofundamento de saberes, a experiência direta e as vivências imediatas das crianças.

De acordo com Eshach (2006), citado por Martins et al (2009), existe uma multiplicidade de razões que evidenciam a importância do contato com as ciências, já na EPE. Primeiramente, as crianças gostam espontaneamente de analisar e interpretar fenómenos que observam no seu dia-a-dia. Ademais, o contato com a atividade experimental contribui para a construção de uma imagem positiva e refletida relativamente às ciências, sendo que favorece uma melhor compreensão dos conceitos científicos apresentados futuramente. Para além do referido anteriormente, e conforme Sá (2002), o contato precoce com a educação científica promove a capacidade de pensar.