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4.3 SOLUÇÕES E PROPOSTAS DE REPAROS

4.3.2 Manchas de umidade

Através da análise de resultados, concluiu-se que as manchas de umidade com maior evidência ocorrentes nas casas do empreendimento foram causadas devido ao excesso de umidade por capilaridade devido a falhas no processo de impermeabilização. Para a recuperação das edificações acometidas por esse problema patológico, a solução mais indicada pelas literaturas é a realização de um processo de impermeabilização eficaz nos elementos mais afetados. Existem várias possibilidades para a execução dos processos de impermeabilização. Devido às características do empreendimento quanto a permeabilidade do solo, grande acúmulo de água pluvial e alta densidade de vegetação, que favorecem a presença de umidade excessiva, optou-se pela solução proposta por Beinhauer (2013).

Para a recuperação dos casos das casas Bosque e Encantada sugere-se a utilização de revestimento betuminoso com modificação sintética para a impermeabilização. O autor recomenda que quando não há impermeabilização vertical inicia-se o processo com a remoção de elementos soltos e limpeza da parede externa. Após essa etapa, faz-se necessário realizar o nivelamento da superfície onde será aplicada a impermeabilização utilizando reboco de regularização. Beinhauer (2013) recomenda tratar a superfície do reboco a partir da aplicação de duas camadas de revestimento betuminoso com pelo menos 3mm de espessura, respeitando essa medida da camada depois de seca. Deve-se lembrar que a impermeabilização deve ser protegida contra solicitações mecânicas. Desta forma, aconselha-se a aplicação de uma camada protetora, como por exemplo, uma membrana nodular drenante. O sistema de impermeabilização descrito está representado nas Figura 37 e

Figura 37 - Detalhe sistema de impermeabilização posterior

Fonte: Beinhauer (2013, p. 36).

Figura 38 - Representação impermeabilização de parede externa

Fonte: Beinhauer (2013, p.35)

4.3.3 Descolamento de revestimentos

4.3.3.1 Pisos

Na análise desta patologia, chegou-se à conclusão que a causa para o descolamento dos revestimentos era a falha no processo de aplicação de argamassa de assentamento. Para a recuperação do piso, a única opção seria a retirada do revestimento do local afetado, limpeza do contrapiso e a realizar novamente o processo de assentamento do revestimento, realizando o mesmo de acordo com a NBR 13573/96 - Revestimento de piso interno ou externo com placas cerâmicas e com utilização de argamassa colante – Procedimento. Apesar de ser uma norma específica para placas cerâmicas, o mesmo processo pode ser executado para ardósia.

Para assentamento do revestimento, os procedimentos para placas com área superficial menor que 400cm² são:

b) Aplicar cada placa de ardósia sobre os cordões de argamassa colante ligeiramente fora de posição e em seguida pressioná-la, arrastando-a perpendicularmente aos cordões, até sua posição final;

c) Atingida a posição final, aplicar vibrações manuais de grande frequência, transmitidas pelas pontas dos dedos, procurando obter a maior acomodação possível, que pode ser constatada quando a argamassa fluir nas bordas da placa cerâmica.

- Na aplicação das placas cerâmicas, os cordões de argamassa colante devem ser totalmente desfeitos, formando uma camada uniforme, configurando-se impregnação total do tardoz pela argamassa colante.

- É vedado andar sobre o revestimento logo após assentado. Eventual empeno côncavo pode provocar efeito gangorra ao pisar, soltando a placa cerâmica. A resistência admissível de aderência da argamassa colante se dá aproximadamente aos 14 dias de idade.

- Até três dias não deve ser permitido o trânsito de pessoas sobre o piso. A partir deste prazo, e assim mesmo se necessário, usar pranchas largas de madeira para transitar sobre o piso.

A argamassa colante deve preencher todas as irregularidades da superfície do contrapiso e da base das placas, conforme Figura 39.

Figura 39 - Representação do assentamento de piso

4.3.3.2 Parede

Nos casos onde observou-se o descolamento de revestimento do reboco, conclui-se que o mesmo ocorreu devido a presença excessiva de umidade. Para tal, o reparo desse tipo de problema deve ser realizado após os processos de recuperação quanto as manchas de umidade, para que assim possa ser eficiente. Após a impermeabilização nova ser realizada recomenda-se a execução de um novo reboco de regularização.

4.3.4 Reforço de fundações

Para elementos que não desempenham mais suas funções como esperado por motivos de falhas no projeto ou por aumento na capacidade dos esforços exercidos pelas estruturas, aconselha-se a realização de trabalhos de reforço. Nos casos onde foi identificado a ocorrência do fenômeno de recalque, sugere-se algumas práticas para o reforço de fundações superficiais. Segundo Souza e Ripper (1998), o procedimento de reforço desse tipo de fundação segue os seguintes passos:

• Retirada do solo que envolve a fundação, fazendo com que as faces laterais e superiores fiquem descobertas;

• Limpeza das superfícies da fundação, seguido pelo procedimento de apicoamento, que irá auxiliar na melhora da aderência entre o concreto base e o concreto de reforço;

- O apicoamento pode ser realizado a partir de furos perpendiculares às faces da fundação, através dos quais serão colocados posteriormente vergalhões de aço. Os furos devem ser preenchidos com resina epóxi fluida.

• Após as etapas de preparação é realizada a concretagem da nova fundação. Os autores ressaltam que, devido a geometria das sapatas tradicionais e as dificuldades que tal representa quanto a colocação de novas armadura, recomenda-se que as novas fundações sejam em forma de blocos estruturais.

• Espera-se o tempo de cura necessário para adquirir resistência inicial e recobre- se a vala ao redor das novas fundações.

A Figura 40 abaixo é uma representação do procedimento de reparo das fundações superficiais.

Figura 40 - Reforço de fundação superficial

5 CONCLUSÃO

A presente pesquisa teve como objetivo investigar e diagnosticar as manifestações patológicas na pousada Morro das Palmeiras, localizada no município de Imbituba. De uma maneira geral o empreendimento apresentou uma grande quantidade de problemas patológicos por fatores relacionados com o entorno onde está localizado, os métodos construtivos empregados, bem como falhas executivas destes. Como fora citado no corpo da pesquisa, as patologias construtivas trazem prejuízos estruturais e de desempenho dos componentes da edificação, prejuízos estéticos e transtornos relacionados ao conforto dos usuários. Além disso, ao considerarmos edificações que tenham o seu uso destinado a hotelaria, qualquer tipo de manifestação patológica que comprometa esteticamente e o conforto do empreendimento acarreta prejuízos financeiros para o mesmo. Percebe-se que as principais ocorrências presentes na pousada são as fissuras.

Para a realização das investigações, foi utilizado como base o método desenvolvido por Lichtenstein(1986) para diagnóstico de patologias em edificações. O método consiste na separação em três etapas que devem ser cumpridas com o objetivo de adquirir a maior quantidade de informações que auxiliem no processo de diagnóstico e análise de problemas patológicos.

Através da análise dos resultados as manifestações mais ocorrentes são as fissuras, seguido das manchas de umidade. Das fissuras que demandam de maior atenção e que representam um grande percentual como um todo das ocorrências computadas são as fissuras por recalque de fundação. Essas são responsáveis por prejuízos não apenas estéticos e de conforto, mas representam risco e comprometem a estrutura das edificações onde elas ocorrem, desta forma, tendo sua recuperação de caráter imediato. Além disso, ressalta-se que esse tipo de reparo demanda maior planejamento e acarreta maiores custos.

O objetivo geral da pesquisa foi atingido, já que, todas as manifestações patológicas presentes no empreendimento foram identificadas e diagnosticadas. Ademais, as sugestões de reparo e recuperação serão colocadas em prática pelos proprietários do empreendimento, desta forma fazendo com que o estudo possa ser aplicado e seja possível completar o ciclo de avaliação das atividades de intervenção propostas.

Fica claro que a área Patologia representa grande significância para a Engenharia Civil. Além de ser capaz de prevenir e intervir em ocorrências que poderiam comprometer a vida útil, desempenho, qualidade e integridade das construções, esta área está ligada diretamente à criação de novas tecnologias construtivas, impulsionando o investimento em

processos e materiais modernos que sejam capazes de minimizar possíveis prejuízos futuros aos usuários, moradores, engenheiros, e a edificação.

REFERÊNCIAS

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APÊNDICE A – Ocorrências observadas na pousada Morro das Palmeiras

Quadro 7 - Principais manifestações patológicas organizadas por casa

CASAS MANIFESTAÇÃO PATOLÓGICA DIREÇÃO DA FISSURA LOCALIZAÇÃO

Casa 01 Fissura por recalque de fundação Vertical ativa Quarto 01

Casa 01 Manchas de umidade Não se aplica Quarto 02 e Banheiro

Casa 01 Mofo e bolor Não se aplica Quarto 02

Casa 02 Fissura detalhe construtivo incorreto Diagonal abertura Diversos locais

Casa 02 Fissura por variação térmica Vertical inativa Quarto

Casa 03 Eflorescência Não se aplica Área externa

Casa 03 Descolamento de revestimento Não se aplica Sala de estar

Casa 04 Fissura por variação térmica Vertical inativa Diversos locais

Casa 05 Fissura por recalque de fundação Vertical ativa Cozinha e Banheiro

Casa 05 Fissura por recalque de fundação Diagonal ativa Banheiro

Casa 05 Fissura detalhe construtivo incorreto Diagonal abertura Cozinha

Casa 06 Fissura por recalque de fundação Vertical ativa Cozinha e Banheiro

Casa 06 Fissura detalhe construtivo incorreto Diagonal abertura Diversos locais

Casa 07 Eflorescência Não se aplica Área externa

Casa 07 Fissura por recalque de fundação Horizontal ativa Cozinha e Banheiro

Casa 07 Fissura detalhe construtivo incorreto Diagonal abertura Diversos locais

Casa 07 Fissura por recalque de fundação Vertical ativa Cozinha e Banheiro

Casa 08 Fissura detalhe construtivo incorreto Diagonal abertura Sala de estar

Casa 08 Fissura detalhe construtivo incorreto Vertical ativa Cozinha

Casa 09 Fissura detalhe construtivo incorreto Vertical ativa Sala de estar

Casa 09 Fissura detalhe construtivo incorreto Diagonal abertura Diversos locais

Casa 09 Fissura por variação térmica Vertical inativa Diversos locais

Casa 09 Desgaste de revestimento Não se aplica Sala de estar

Casa 10 Manchas de umidade Não se aplica Quarto 02 e Banheiro

Casa 10 Fissura por recalque de fundação Diagonal ativa Área externa

Casa 10 Fissura por recalque de fundação Vertical ativa Quarto 02

Casa 10 Mofo e bolor Não se aplica Quarto 02

Casa 10 Fissura detalhe construtivo incorreto Diagonal abertura Sala de estar

Casa 10 Descolamento de revestimento Não se aplica Área externa

Casa 11 Fissura por variação térmica Vertical inativa Quarto

Casa 11 Desgaste de revestimento Não se aplica Sala de estar

Casa 12 Fissura detalhe construtivo incorreto Diagonal aberturas Diversos locais

Casa 14 Fissura detalhe construtivo incorreto Diagonal aberturas Diversos locais

Casa 14 Fissura por variação térmica Vertical inativa Diversos locais

APÊNDICE B - Registros fotográficos das manifestações patológicas encontradas no empreendimento

• Fissuras ocasionadas por variação térmica

• Eflorescência

• Descolamento de revestimento

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