Patologias ocasionadas pela umidade

4.2.2.1 Eflorescência

Cincotto (1988) diz que as eflorescências são identificadas pela existência de manchas de umidade e pela alteração da cor da superfície dos revestimentos, podendo ser em tom esbranquiçado, acinzentado, esverdeado, amarelado ou preto. Conforme já citado no Capítulo 2, a eflorescência pode ocorrer em qualquer elemento da edificação em concreto ou bloco cerâmico.

Em paredes de tijolo a vista, principalmente, ou com reboco a estética é muito importante. Por isso, as manifestações de eflorescência são indesejáveis para os usuários, pois aparentam falta de limpeza, como pode ser visto na Figura 31 - Eflorescência parede externa Casa 07 - Sul. Verçosa (1991) ressalta que as eflorescências são absolutamente indesejáveis nas alvenarias de tijolo à vista, pelo mau aspecto. E, nas alvenarias rebocadas, atravessam o reboco e passam para a superfície, com o mesmo efeito.

Figura 31 - Eflorescência parede externa Casa 07 - Sul

Fonte: Autores (2019).

Na primeira vistoria foram, identificados dois locais com manifestações, na Casa 03 – Octógono em blocos cerâmicos da churrasqueira e na Casa 07 – Sul na parede externa de alvenaria, logo acima da viga baldrame. Em ambos os casos não havia nenhum dano estrutural, apenas a parte estética dos elementos. Por estarem em parte externa, em ambos os casos os elementos estão expostos a presença de água e variações térmicas, condições necessárias para que, junto com os sais solúveis presentes nos materiais, ocorra a eflorescência. No Quadro 4 é exposto de maneira resumida este fenômeno.

Quadro 4 - Análise das eflorescências em reboco e blocos cerâmicos

TIPO DE FENÔMENO INCIDÊNCIA ANÁLISE

Eflorescências em reboco e blocos

cerâmicos

• Casa 03 – Octógono • Casa 07 – Sul

Possíveis causas Presença de sais solúveis nos

materiais utilizados

Origem Fase de projeto durante a escolha

dos materiais

Mecanismo de ocorrência

A água proveniente da chuva ou da umidade do solo irá infiltrar o elemento, causando a dissolução dos sais, os quais migram para a superfície e, após a evaporação da água, formam um depósito salino na base do elemento. Fonte: Autores (2019).

4.2.2.2 Manchas de umidade e mofos

A área da Pousada Morro das Palmeiras possui densa vegetação natural e apresenta grande variação de níveis altimétricos. Algumas casas, por estarem em locais mais baixos e com poucas horas de exposição ao sol devido a vegetação, possuem umidade excessiva em seu entorno. Em locais com alta umidade, são necessários alguns cuidados com a impermeabilização da estrutura; caso contrário podem ocorrer infiltrações, manchas e mofo.

Figura 32 - Manchas de umidade na Casa Bosque

Fonte: Autores (2019).

Quanto as manchas de umidade encontradas, é possível observar através da Figura 32, que elas se localizam próximo as fundações e se estendem até, aproximadamente, 1,00 metro de altura. Desta forma, entende-se que esse tipo de problema patológico é decorrente da presença de umidade por capilaridade. Esse fenômeno é decorrente da ação da água sobre os elementos construtivos que estão em contato direto com solo úmido. Se a construção da

fundação é executada de maneira incorreta, se dá a possiblidade de criar um caminho pelo qual a água, pela força capilar exercida sobre os poros dos materiais, consiga infiltrar nos elementos construtivos. Esse tipo de problema patológico está diretamente ligado à falta ou falha no processo de impermeabilização dos elementos expostos diretamente ao solo. Esta manifestação patológica representa aproximadamente 6% das manifestações patológicas observadas.

As casas mais afetadas com esse tipo de problema patológico são a Casa 01 – Bosque e a Casa 10 – Pico. No caso da Casa 10 – Pico, foi realizado uma tentativa de reparo para essa ocorrência. No mês de dezembro de 2018, os proprietários realizaram a limpeza das superfícies afetadas seguido da repintura do local. Durante o período do verão não foi possível observar o surgimento das manchas de umidade. Porém quando se iniciou o período de chuvas, nos meses de abril e maio, verificou-se que as manchas voltaram a aparecer (Figura 33). Tal acontecimento foi importante para auxiliar a análise desse problema, visto que o fato de o problema se manifestar após ação corretiva, demonstrou que a causa do problema era outra.

Figura 33 - Acompanhamento das manchas de umidade na Casa 10 - Pico

Fonte: Autores (2019).

Os mofos e bolores são consequentes da proliferação de microrganismos que começam a se desenvolver em ambientes onde há a presença de umidade. O aparecimento desse fenômeno resulta no aparecimento de alterações e manchas no revestimento além de sua característica principal, o mau cheiro. Levando em conta o ponto de vista da hospitalidade e a qualidade no conforto fornecido aos hóspedes da pousada, percebe-se que esse tipo de manifestação patológica se reflete diretamente em perdas para o empreendimento. Além de interferir no conforto visual e olfativo dos usuários, esses microrganismos podem trazer prejuízos à saúde, estando ligados ao agravamento de problemas respiratórios e processos alérgicos. Como dito, a causa do aparecimento desse fenômeno é a presença excessiva de umidade e na maioria das vezes esse tipo de problema está atrelado as manchas de umidade relatadas anteriormente. Como as manchas de umidade, essa manifestação patológica se origina

durante a fase de execução da obra e, é possível prevenir se aparecimento tomando as mesmas medidas recomendadas para o caso anterior. Além daquelas medidas deve haver circulação de ar suficiente para que não haja acumulo de umidade nos ambientes. Este problema patológico também representa aproximadamente 8% das manifestações patológicas observadas. O Quadro 5 apresenta a análise desses problemas patológicos.

Quadro 5 - Análise das manchas de umidade por capilaridade

TIPO DE FENÔMENO INCIDÊNCIA ANÁLISE

Manchas de umidade por capilaridade

• Casa 01 – Bosque • Casa 10 - Pico

Possíveis causas

Falha ou falta do processo de impermeabilização dos elementos expostos diretamente ao solo

Origem Fase de projeto

Mecanismo de ocorrência

A água, através da ação capilar, se desloca do solo e se armazena na estrutura das casas, deixando o local com umidade excessiva propício a fungos

Fonte: Autores (2019).