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4. MATERIAL E MÉTODOS

4.10. Manejo da solução nutritiva

O preparo das soluções nutritivas utilizadas nesse experimento foi baseado na recomendação de adubação para mudas pré-brotadas de cana-de-açúcar apresentadas em Landell et al. (2012). No trabalho citado, a fertilização é realizada através de fertilizantes de liberação lenta e de adubos minerais, aplicados no substrato durante a etapa de individualização das mudas e também em cobertura, via pulverizações. Dessa forma foi preciso converter esses valores de adubação para um valor de concentração de solução nutritiva, para que pudesse ser aplicada via subirrigação. De acordo com informações fornecidas pelo pesquisador do Centro de Cana do IAC, Dr. Júlio Cesar Garcia, a solução nutritiva considerada como valor padrão, ou seja 100% da recomendação estabelecida,

deveria conter a seguinte concentração de nutrientes (mg L-1): N = 300; P = 150; K = 350; Ca = 200; Mg = 50; S = 60; B = 0,5; Cu = 0,05; Fe = 3; Mn = 1,5; Mo = 0,08 e Zn = 0,3.

Os produtos comerciais utilizados no preparo das soluções nutritivas foram nitrato de potássio (Krista™ K, da marca Yara), MAP (Krista™ MAP, da marca Yara), nitrato de cálcio (YaraLiva™ Calcinit™, da marca Yara), sulfato de magnésio (Ferti Mag S, da marca Heringer), quelato de ferro (YaraVita™ Rexolin® D12, da marca Yara), ácido bórico (da marca Labsynth), sulfato de cobre (da marca Microsal), sulfato de manganês (da marca Labsynth), molibidato de sódio (da marca Labsynth) e sulfato de zinco (da marca Labsynth).

A partir da porcentagem de nutrientes contida nos sais informada pelos fabricantes (Tabela 2), foi calculada a quantidade necessária de cada produto comercial para atingir a concentração de 100% da recomendação estabelecida (Tabela 3). No entanto, devido ao fato dos produtos comerciais apresentarem vários elementos em sua composição, é praticamente impossível encontrar uma dose que forneça teores de nutrientes exatamente iguais a recomendação teórica. Dessa forma na Tabela 4 é apresentada a pequena diferença na concentração de nutrientes entre a recomendação teórica e a calculada para o experimento.

Tabela 2. Porcentagem de nutrientes presentes nos produtos comerciais utilizados no preparo das soluções nutritivas

Produto Comercial Porcentagem de nutrientes nos sais (%)

N P K Ca Mg S B Cu Fe Mn Mo Zn

Yara Krista™ K 12 43 1 1

Yara Krista™ MAP 12 61

Yara YaraLiva™

Calcinit™ 15,5 19

Heringer Ferti Mag S 9 11,9

Ácido Bórico 17 Sulfato de Cobre 13 YaraVita™ Rexolin® D12 13 Sulfato de manganês 26 Molibidato de sódio 39 Sulfato de zinco 22

Tabela 3. Calculo da dose de produto comercial a partir dos teores parciais de nutrientes

Produto Comercial Dose

(g/1000L)

Teores parciais (mg/L)

N P K Ca Mg S B Cu Fe Mn Mo Zn

Yara Krista™ K 815 97,80 0 350,45 0 8,15 8,15 0 0 0 0 0 0

Yara Krista™ MAP 247 29,64 150,67 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0

Yara YaraLiva™

Calcinit™ 1054 163,37 0 0 200,26 0 0 0 0 0 0 0 0

Heringer Ferti Mag

S 460 0 0 0 0 41,40 54,74 0 0 0 0 0 0 Ácido Bórico 2,940 0 0 0 0 0 0 0,500 0 0 0 0 0 Sulfato de Cobre 0,385 0 0 0 0 0 0 0 0,050 0 0 0 0 YaraVita™ Rexolin® D12 23,100 0 0 0 0 0 0 0 0 3,003 0 0 0 Sulfato de manganês 5,770 0 0 0 0 0 0 0 0 0 1,500 0 0 Molibidato de sódio 0,205 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0,080 0 Sulfato de zinco 1,365 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0,300 Total 290,8 150,7 350,5 200,3 49,6 62,9 0,500 0,050 3,003 1,500 0,080 0,300

Tabela 4. Diferença (%) nos teores totais de nutrientes da recomendação teórica e da calculada a partir do uso de produtos comerciais

100% da recomendação Teores totais (mg/L)

N P K Ca Mg S B Cu Fe Mn Mo Zn

Teórica 300,0 150,0 350,0 200,0 50,0 60,0 0,500 0,050 3,000 1,500 0,080 0,300 Calculada 290,8 150,7 350,5 200,3 49,6 62,9 0,500 0,050 3,003 1,500 0,080 0,300

A partir da determinação das quantidades necessária de cada um dos produtos comerciais para atingir a 100% da recomendação estabelecida, foi possível calcular as quantidades necessárias para preparar as soluções utilizadas nesse experimento. Conforme explicado no item “4.6.Tratamentos”, as soluções utilizadas continham 66,6% e 33,3% da concentração recomendada.

Para o preparo das soluções nutritivas foi utilizada água proveniente do sistema de abastecimento da faculdade. Antes do início de cada um dos ciclos de cultivo (verão e inverno) duas amostras da água foram enviadas para o Laboratório de Análise de Solo, Tecido Vegetal e Substrato do IAC, em Campinas/SP para análise de pH, condutividade elétrica e concentração de nutrientes, e os valores médios dos resultados são exibidos na Tabela 5.

Tabela 5. Valor médio da análise da água proveniente do sistema de abastecimento da FEAGRI/UNICAMP e utilizada para preparar as soluções nutritivas nos ciclos de verão e de inverno

Análise da agua utilizada para preparar as soluções nutritivas

Ciclo C.E. pH N-NO3 N-NH4 P K Ca Mg S

dS/m mg/L Verão 0,3 6,9 7,3 4,1 0,5 9,5 14,8 1,8 1,9 Inverno 0,2 7,7 3,4 1,9 0,2 6,1 14,3 1,8 2,3 B Cu Fe Mn Zn Cloreto Na mg/L Verão 0,01 < 0,01 0,1 0,01 0,01 33,7 15,9 Inverno 0,02 < 0,01 0,1 0,01 0,01 35,5 15,1

Cada uma das 4 mesas de subirrigação possuía um reservatório de 500 L. Dessa forma, as soluções nutritivas (SN) foram preparadas separadamente em cada um desses reservatórios, dissolvendo-se a quantidade necessária de fertilizantes para atingir a concentração de 66,6% (mesas 1 e 3) e de 33,3 % (mesas 2 e 4). A composição inicial dessas SN é exibida na Tabela 6.

No início do experimento também já foram preparadas as soluções que seriam utilizadas para reabastecimento dos reservatórios. Essas soluções nutritivas de reabastecimento (SNR) foram preparadas da mesma forma para atingir as concentrações de 33,3 e 66,6%, foram estocadas em reservatórios de 1000 L e sua composição inicial é exibida na Tabela 7.

Tabela 6. Valores médios da análise inicial das soluções nutritivas (SN) usadas nos ciclos de verão e de inverno

Composição inicial das soluções nutritivas (SN)

Ciclo SN C.E. pH N-NO3

N- NH4 P K Ca Mg S dS/m mg/L Verão 66,6% 1,60 5,92 146,79 28,82 36,80 187,09 97,87 23,09 41,21 33,3% 0,98 6,17 73,22 13,56 20,34 97,08 58,52 16,93 23,17 Inverno 66,6% 1,82 6,03 91,19 26,78 60,63 164,44 112,11 28,73 44,45 33,3% 1,15 6,30 72,72 19,83 34,08 94,41 67,51 16,99 26,58 B Cu Fe Mn Zn Cloreto Na mg/L Verão 66,6% 0,21 0,05 1,04 0,62 0,15 34,97 20,36 33,3% 0,15 0,04 0,75 0,50 0,12 35,50 18,95 Inverno 66,6% 0,27 0,07 0,27 0,64 0,22 38,16 22,44 33,3% 0,16 0,05 0,13 0,21 0,17 38,34 20,52

Tabela 7. Valores médios da análise das soluções nutritivas utilizadas para reabastecimento dos reservatórios (SNR) durante os ciclos de verão e de inverno

Composição das soluções nutritivas utilizadas para reabastecimento dos reservatórios (SNR)

Ciclo SN C.E. pH N-NO3

N- NH4 P K Ca Mg S dS/m mg/L Verão 66,6% 1,76 5,91 161,03 35,26 41,65 207,95 111,29 25,32 46,13 33,3% 1,05 6,21 83,73 15,42 21,75 104,79 65,31 17,96 24,84 Inverno 66,6% 1,80 6.06 86,28 24,41 65,96 169,57 109,56 29,96 52,61 33,3% 1,13 6,43 81,36 13,39 24,90 71,71 91,77 13,54 22,17 B Cu Fe Mn Zn Cloreto Na mg/L Verão 66,6% 0,32 0,09 1,50 0,86 0,21 35,15 21,83 33,3% 0,16 0,04 0,80 0,53 0,12 35,68 19,90 Inverno 66,6% 0,28 0,06 1,33 0,78 0,21 38,70 22,05 33,3% 0,12 0,03 0,47 0,29 0,12 37,81 19,45

O reabastecimento dos reservatórios de 500 L foi realizado para repor a SN consumida pelas mudas. No ciclo de verão esse procedimento foi realizado a cada 2 dias, e durante o ciclo de inverno, a cada 3 dias. Para realizar o reabastecimento, foi utilizada uma motobomba submersa de 205 W (modelo VA-8000 da Via Aqua) conectada a uma mangueira e a um hidrômetro. A motobomba foi colocada no interior do reservatório de 1000 L e permanecia ligada bombeando solução para o reservatório de 500 L. A motobomba submersa era desligada manualmente quando o nível do reservatório de 500 L atingia uma marcação interna, e assim o volume reposto (que era numericamente igual ao consumido) era contabilizado através do hidrômetro.

Essa forma de reabastecimento do reservatório com a solução nutritiva já diluída (solução de referência) corresponde a estratégia “A”, descrita por Massa et al. (2010). Essa estratégia tem como objetivo manter relativamente constante a concentração de nutrientes na solução que é reutilizada em ciclos fechados de irrigação. De acordo com Massa et al. (2010) e Pardossi et al. (2009), a condutividade elétrica aumenta ao longo do tempo, devido a presença de íons como Na+ e Cl- que são provenientes da água utilizada no preparo da SN,

mas que são pouco consumidos pela planta. Dessa forma, para evitar perda de produtividade torna-se necessário remover esses sais do sistema, através do descarte da SN (STANGHELLINI et al., 2005). Esse valor de condutividade limite (a partir do qual deve ser realizado o descarte) varia de acordo com a cultura. No caso do presente trabalho, a variação de CE da SN ao longo dos 21 dias de experimento foi pequena (ver item “5.3. Monitoramento da solução nutritiva”), não sendo necessário realizar o descarte de SN.

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