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Mapa hidro-social desenhado por moradores da área do

A Classificação de moradias na área do projeto contou com a participação de quatro mulheres e nove homens. Os moradores ajudaram a identificar as condições das moradias melhores, regulares e piores segundo o tamanho da casa, o número de quartos, os bens da família residente, ligação na rede de esgoto, ligação na rede de água e o número de pessoas. As moradias melhores e regulares não apresentam diferenças com relação à ligação à rede de água e esgoto. Esta diferença se acentua quando feita a comparação com as moradias em pior situação. Muitas delas não estão ligadas à rede de esgoto e é precária a higiene nas casas e seus arredores.

Moradias melhores (40%) Moradias Regulares (30%) Moradias Piores (30%) 4 quartos, 4 banheiros 2 quartos, 1 banheiro, 1 sala, 1

cozinha, casa térrea, metragem terreno: 10x30m

1 quarto, 1 banheiro 6 a 8 pessoas na família Casas com 1, 2 ou 3 pessoas Bens: carro, TV, geladeira,

DVD, micro-ondas. Bens: geladeira

Rede de abastecimento de água Rede de abastecimento de água. Água encanada Rede de abastecimento de

esgoto Rede de esgoto com válvula anti-retorno Algumas ligadas á rede de esgoto, maioria não.

Jardim Frente à área verde (junto à a

saída do reservatório) Ratos: muitos

Quadro 8 - Caracterização das moradias ‘mais’, ‘regulares’ e ‘menos’ na área do Reservatório “Bom Pastor”

É interessante notar que há um maior número de moradias ‘melhores’ do que de outros tipos, revertendo a situação, geralmente encontrada em bairros mais longe do centro, de maior número de moradias ‘regulares’ ou ‘piores’.

A localização das moradias foi registrada nos mapas, revelando que há um bolsão de casas em pior situação. São aquelas localizadas junto à saída do reservatório (algumas delas retratadas na Fotografia 2), em assentamento ilegal, marcando um bolsão de pobreza. No entanto, mesmo entre essas casas há diferenças de construção: melhores e piores.

Da Caminhada pela área de abrangência do projeto realizada num sábado pela manhã, participaram várias pessoas além daquelas que se juntaram sem ter antes participado de dinâmicas. Além de visualizar os problemas já identificados nos mapas,

foi identificada a localização dos bio-filtros e as possibilidades do projeto de contribuir para diminuir os problemas através da melhoria na qualidade da água, da colocação de nova vegetação e do paisagismo. Durante essa atividade, moradores descontentes com os resultados que o projeto traria (e não a canalização total do reservatório) dificultaram a explanação da engenheira da POLI, até que abandonaram o grupo. Logo após a caminha, foi realizada a dinâmica Percepção em escala classificatória na rua, o que serviu para a priorização dos problemas identificados.

Grau de contentamento dos moradores com relação a vários aspectos na área do Reservatório

0 20 40 60 80 100 120 Perio dici dade man uten ção SEM ASA Abas teci men to d e ág ua Col eta esgo to Ench ente s Din âm icas par ticip ativ as Ges tão da á gua em cas a Con tribu ição do Sem asa Con tribu ição mor ador es Res erva tório em si Con tent amen to c onsi go

Gráfico 3 Grau de contentamento de moradores quanto a aspectos da água urbana na área do Reservatório “Bom Pastor”

5.3.4 Andamento do trabalho na área do reservatório “Bom Pastor”.

Ainda está por realizar-se a reunião final para o planejamento do monitoramento por

moradores. Os dois bio-filtros já implantados operam eficientemente.

Decorridos três meses da implantação dos bio-filtros, o reservatório adquiriu um aspecto melhor, pois a vegetação cobriu a área. A implantação dos outros elementos do projeto (wetland e melhorias paisagísticas) depende de prioridades que deverão ser estabelecidas pelo recém designado Superintendente do SEMASA após as eleições municipais.

Fotografia 5 Bio-filtro 1 recém implantado no Reservatório de Contenção de Cheia “Bom Pastor”

Fonte: Projeto POLIDREN SEMASA-POLI/USP.

Uma vez definida a continuação do projeto pelas novas autoridades, será possível levar a cabo a reunião para o planejamento do monitoramento e a definição dos itens a serem monitorados. As entrevistas de acompanhamento serão feitas somente depois de iniciado o monitoramento. O pároco está informado da melhora na qualidade da água e relata aos paroquianos os acontecimentos relativos ao projeto.

Na outra área do trabalho de campo, a Vila Machado, a pesquisa alcançou outros resultados. Estes são relatados a seguir.

5.4 O Projeto de Recuperação Ambiental de Vila Machado

Os inúmeros contatos estabelecidos pela pesquisadora com técnicos da SABESP / Unidade de Negócios Norte e sua participação nas reuniões periódicas por eles organizadas com a comunidade resultaram no conhecimento da metodologia de monitoramento por várias áreas da SABESP. De uma delas50 houve a sugestão do uso

da metodologia da pesquisa no projeto que seria implantado em Vila Machado, bairro do Município de Mairiporã junto à Represa Paiva Castro, a represa do Sistema Cantareira mais próxima à cidade de São Paulo.

5.4.1 Características da área do Projeto

A Vila Machado existe há menos de cinqüenta anos. Seus habitantes originais eram os antigos moradores de um bairro situado junto ao Rio Juquery, no que é hoje o Município de Mairiporã. O bairro tinha como sua principal atividade a indústria de olarias, fonte de renda da maioria de seus habitantes. Hoje as velhas olarias jazem sob o leito da Represa Paiva Castro. Data de 1964 o início das desapropriações para a construção da Represa para abastecer a cidade de São Paulo. A primeira etapa da obra foi iniciada em 1965 pelo Departamento de Águas e Esgoto (DAE), que a repassou à então criada Companhia Metropolitana de Água de São Paulo (COMASP), e, posteriormente, para a SABESP, criada em 1973. Foi então que os moradores do bairro abandonaram suas casas e seus trabalhos e, muitos deles, foram transportados para casas situadas na encosta do morro que chega à área inundada. Assim fundou-se a Vila Machado, antiga propriedade de também moradores do antigo bairro. A SABESP é a operadora do Sistema Cantareira. Este é composto por seis represas, interligadas por túneis e um canal retificado. A represa Paiva Castro e o canal do rio Juquery configuram-se nas estruturas mais vulneráveis desse Sistema, em função de pressões crescentes derivadas do deslocamento de populações de baixa renda para as regiões periféricas da metrópole. Questões como o uso e ocupação indevidos do solo, descarte de lixo, lançamento de esgotos in natura, desmatamentos e assoreamento de corpos d’água, se constituem em problemas cada vez mais complexos, quer para o município, quer para o estado.

A represa Paiva Castro está inserida em uma região rica em biodiversidade, na transição entre a Mata Atlântica e o Cerrado. A primeira é a vegetação predominante do Parque Estadual da Cantareira; a segunda, a do Parque Juquery. Por isso, o crescimento populacional sem planejamento não só afeta os recursos hídricos como também duas importantes reservas naturais da Região Metropolitana de São Paulo.

Desenho 3 Sistema Cantareira: esquema hidráulico e a localização de Vila