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PARTE IV INVESTIGAÇÃO ATIVA

14. Estratégia da marca N

14.5. Marca gráfica N

Após observar o mind map que descreve toda a envolvência da N2, assim como o brainstorming sobre o nome a utilizar como marca turística e a definição do slogan, a investigadora procurou relacionar todos os aspetos tangíveis e intangíveis que podem, da melhor forma, representar a identidade da marca.

Os primeiros esboços surgiram da exploração gráfica de padrões. Esses padrões emergiram da observação das paisagens de cada região de Portugal continental pelos quais a N2 passa, a forma como os viajantes olham para os socalcos do Douro, para as serras e vales, para as planícies e para o mar pode gerar interpretações que se traduzem em padrões lineares, lisos, ziguezagueados, ondulados e curvos, texturados, entre outros, que foram a primeira abordagem da investigadora à identidade da N2 (Figura 43).

Figura 42

Primeiras experiências para construção de logótipo. (Fonte: Investigadora, 2020) Figura 41 Brainstorming para o processo de naming. (Fonte: Investigadora, 2020)

Figura 43

Esboços de logótipo.

(Fonte: Investigadora, 2020)

Numa segunda abordagem, foi explorada a representação visual da estrada tentando passar a ideia da sinuosidade da N2 através da utilização dos próprios caracteres desenhados de forma simples, lisa e linear, para representar o caminho percorrido e as suas curvas (Figura 44).

Após estas duas abordagens percebemos que a N2 tem incorpo- radas, na sua identidade, inúmeras formas, paisagens e texturas e, que assim, qualquer desenho figurativo de uma paisagem pode não espelhar com exatidão a identidade da N2. As texturas retiradas da paisagem não simbolizam a N2 como o seu todo, simbolizam sim a distinção dos diferentes troços e regiões, levando a investigadora a pensar numa terceira abordagem.

Adrian Frutiger explica que o estilo tipográfico tem a capacidade de tornar uma tipografia mais ou menos atrativa, “its attraction will always lie in its variety of style. (…) the details determining the type style are taken in as the “ressonance”, which does not disturb the reading process (...)” (Frutiger, 1989, p. 200). Desta forma, tentámos desenvolver outra ideia, através de um signo gráfico linguístico, que tem como base a analogia entre a direção pela qual o turista viaja e a direção da escrita ocidental – tradição caligráfica da tipografia. Surgiu assim o desenho das letras que compõem a palavra Nacio- nal 2 de maneira a representarem essa direção, com o pormenor de cada letra começar em ponta reta e terminar em ponta redonda, também estas pontas representam a escolha do turista de poder iniciar a rota em qualquer local da mesma, de nunca terem de terminar a rota e poderem sempre percorrê-la novamente quando e onde quiserem. Chegámos a um logótipo da N2 que transmite a sensação de viagem que traz enésimas experiências, enésimas histórias, e que pode ser percorrida enésimas vezes, como indica o slogan: “Para se fazer «n» vezes”. A partir dos caracteres N e 2 desenhados da forma já descrita, foi desenhada uma tipografia que resultou no alfabeto de capitulares que conjuga remates cuneiformes e circulares, representando a identidade da estrada. Segundo Ellen Lupton, “logotypes use typography or lettering to depict the name of an organization in a memorable way” (Lupton, 2004, p. 53).

O processo de desenho do alfabeto (Figura 45) foi cuidadosamente trabalhado e teve várias fases de aperfeiçoamento que garantiram uma relação ótica e formal compensada, isto é, caracteres como o

O, A e G, por exemplo, sofreram de um ajuste para a perceção da altura ótica em relação às outras letras do alfabeto.

Ainda que, sozinha, a paisagem não identifique a N2, esta continua a ser um forte atributo na identidade da N2 que deve ser transmi- tido, não numa apresentação geral mas sim de forma secundária, através de ilustração gráfica preparada para se adaptar aos meios de comunicação da rota a nível regional. A representação da pai- sagem é desenhada de acordo com as quatro regiões intersetadas pela rota: o Norte, através dos socalcos do Douro e da estrada inclinada; o Centro, através das serras e dos vales; o Alentejo, através das planícies e dos longos troços em reta; e, por último, o Algarve, através da estrada que termina na costa sul portuguesa. Assim surgiram os seguintes símbolos (Figura 46) para cada uma das regiões, que poderiam acompanhar o logótipo principal. Apesar da terceira abordagem se econtrar já bem suportada, ainda surgem algumas dúvidas sobre estes símbolos, se pensarmos no comportamento da identidade a nível dos suportes gráficos físicos e digitais. Algumas questões surgiram, especificamente sobre a necessidade de atribuir um símbolo por região, qual seria a pos- sibilidade de conjugar esses símbolos quando se quisesse referir mais do que uma região e, por último, a utilização excessiva do elemento visual que representa a estrada. Por estas razões elabora- ram-se mais esboços chegando assim à quarta e última abordagem (Figura 47). Figura 44 Tipografia especificamente desenhada para a identidade visual N2. (Fonte: Investigadora, 2020) Figura 45 Desenho de símbolos

representativos das diferentes regiões onde passa a N2.

Esta última ideia continua a utilizar o logótipo e alfabeto já realiza- dos anteriormente. Juntamente a eles, foram criados elementos visuais mais básicos que podem agora ser movidos e alternados sem comprometer a sua utilização a nível da identidade visual, capazes de serem facilmente utilizados por equipas de comunica- ção, sob o conhecimento do manual de identidade gráfica. Estes elementos visuais são então definidos por formas geométricas básicas como o quadrado, o triângulo e o retângulo e pela definição de quatro cores específicas.

A conjugação destas formas e cores representa as quatro regiões Norte, Centro, Alentejo e Algarve podendo ser utilizados juntos como um padrão de fundo ou separados e aumentados, quando é necessário o preenchimento de espaço para equilibrar com- posições gráficas e comunicar a identidade da N2. Desta forma, aliando a forma à função, chegamos a uma solução de identidade visual que representa fielmente a N2, é dinâmica, versátil e fácil de aplicar pelos profissionais de equipas de comunicação de projetos de turismo. A partir dos elementos visuais criados é possível gerar composições diversificadas à medida de cada suporte de comu- nicação direcionado ao viajante da N2.