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CAPITULO IV – PERSPECTIVA CONTRA DISCURSIVAS E AS NOVAS PRÁTICAS EM POLÍTICAS DE DROGAS

4.2 Contra discursos

4.2.1 Marcha da Maconha

Buscaremos, neste resgate das emergências contradiscursivas ao paradigma hegemônico proibicionista, realizar o resgate da afirmação do poder de enfrentamento de tais discursos ante a das tentativas de silenciamento que o paradigma proibicionista tentou realizar na luta pela hegemonia discursiva, dos embates político-discursivos que constituíram esta emergência do discurso antiproibicionista capaz de oposição ao discurso homogeneizador do proibicionismo.

A emergência se produz sempre em um determinado estado de forças. A análise da Herkunft deve mostrar seu jogo, a maneira como elas lutam, umas com as outra, o seu combate ante circunstancias adversas, ou ainda a tentativa que elas fazem – se dividindo – para escapar da degenerescência e recobrar o vigor a partir do próprio enfraquecimento. Por exemplo, a emergência de uma espécie, animal ou humana, e sua solidez são asseguradas "por um longo combate contra condições constantes e essencialmente desfavoráveis"[...]Em compensação a emergência das variações individuais se produz em um ou outro estado de forças: quando a espécie triunfou, quando o perigo externo não a ameaça mais e quando "os egoísmos voltados uns contra os outros que brilham de algum modo juntos pelo sol e pela luz (FOUCAULT, 2014 p. 66).

Na luta pela sua afirmação as práticas contradiscursivas tiveram de enfrentar a tentativa de silenciamento realizada pelo discurso proibicionista, que utilizou, muitas vezes, o aparelho judiciário para calar estes discursos alternativos com práticas de poder do discurso jurídico. Como exemplo destas tentativas de silenciamento está a tentativa de criminalizar a Marcha da Maconha, que falaremos a seguir, bem como, a de manifestações artísticas e culturais em que se verificassem qualquer outro discurso que não fosse ratificação do proibicionismo, como o incidente com os integrantes da banda Planet Hemp, que foram, em duas ocasiões nos anos de 1997 e 2000 presos em flagrante durante shows realizados em Brasília, quando nesta ocasiões foram imputadas as condutas de apologia ao uso de drogas (CARVALHO, 2013). Em 2002, quando voltaram à Brasília, a banda interpôs Habeas Corpus preventivo, através do qual foi expedido salvo-conduto que viabilizou o direito a liberdade de locomoção dos integrantes em virtude da ilegalidade da ameaça a tal direito que os integrantes vinham sofrendo45. Os interditos discursivos se

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Nos termos da decisão: “A livre manifestação do pensamento é garantida pela Constituição Federal. Os impetrantes podem produzir sua arte e sua poesia sem que a autoridade lhes imponha uma censura prévia.

realizaram aos discurso que se opunham a lógica da repressão e do controle social por meio dos dispositivos policiais, neste sentido, a criminalização do debate antiproibicionista se deu de forma freqüente quando da contestação da lógica desumana e repressiva do proibicionismo.

A exemplo disto temos a insegurança jurídica frente à proibição da Marcha da Maconha, que por vezes sofria com a proibição e a tentativa de criminalização pelo delito de apologia ao crime. Logo, não foi fácil a afirmação de um discurso antiproibicionista capaz de fazer frente ao paradigma hegemônico, em virtude das tentativas de silenciamento pela violência imposta pelo discurso único. Hoje a Marcha da Maconha tida como um dos movimentos sociais mais importantes do país46, antes do julgamento da ADPF-187, era constantemente criminalizada, proibida e restringida de várias formas pelo discurso jurídico, sempre com a aplicação errônea do artigo do Código Penal que criminaliza a apologia ao crime47.

A Marcha da Maconha surge em meados dos anos 90, e se expande para cada vez mais cidades ao longo do tempo. A primeira edição no Brasil foi realizada na cidade do Rio de Janeiro em 2002. A instabilidade que a chegada de um movimento de ruptura contra o discurso hegemônico se da com a crescente crítica à manifestação por parte de grupos

Expeça-se o salvo-conduto para impedir que a autoridade impeça a livre manifestação da arte, nesse País chamado Brasília, que é o repositório de toda a nação brasileira. Todavia, se os impetrantes se excederem em seu verbo e fizerem a apologia da droga, estão sujeitos ao flagrante. O que não se pode admitir é censura prévia. Expeça-se o salvo-conduto nos termos da liminar ora concedida. Venham as informações. Colha-se o parecer da douta Procuradoria de Justiça. Dê-se ciência à douta autoridade policial. Cumpra-se” (DISTRITO FEDERAL, 2002 p.65).

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Em artigo publicado por Bruno Paes Manso, intitulado “5 motivos para afirmar que a Marcha da Maconha de sábado já é um dos grandes eventos políticos de SP” o autor enumera a importância da Marcha da Maconha enquanto movimento social, concluindo após enumerar razões como a legalização da marcha pelo STF, a legalização da maconha no Uruguai, e a importância dos coletivos antiproibicionistas nas lutas antihegemonicas e na construção das jornadas de Junho de 2013. “Concluindo, independentemente de concordar ou não com esses argumentos, o debate ganhou peso político nos últimos anos. Se já era um assunto importante para a atual geração de jovens que vive nas cidades, conquistou também a atenção de pais e avós, como o ex-presidente Fernando Henrique. Não se pode mais fechar os olhos, já que o consumo de drogas aumentou e praticamente deixou de ser uma atitude underground e contracultural. Está cada dia mais associada aos valores do establishment. É consumida nas baladas, vendida na Rua Augusta, fumadas nos grandes shows. Representa a valorização dos prazeres de curto prazo, uma espécie de felicidade a ser comprada e consumida, assim como o sexo por diversão e o consumo ostentação.Justamente por ser cada vez mais pop, não é mais possível discutir as drogas com a hipocrisia de antigamente” (MANSO, 2014)

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Segundo Salo de Carvalho (2013), com a entrada em vigor da nova lei de tóxicos, que foi omissa em relação às condutas de contribuição para o incentivo ou difusão constantes do Art. 12, §2º , III, da Lei 6.368/06 houve abolitio criminis, em razão do critério de especialidade, pois o estatuto temático é especial em relação ao CP em seu artigo 287. "As condutas do inciso III, especificação do artigo 287, do Código Penal, que criminaliza a apologia ao crime ou de autor de delito, foram excluídas do rol dos delitos, operando indubitavelmente, abolitio criminis."

religiosos e políticas conservadores. Outro ponto de instabilidade era a constante divergências no âmbito do judiciário sobre a interpretação da Marcha da Maconha enquanto exercício de um direito constitucional. Estando amparada no livre exercício da opinião, demorou para que houvesse um consenso a respeito da legalidade da Marcha dentro do judiciário. A Marcha da Maconha ganha destaque ao ser proibida, em 2008, nas cidades de Belo Horizonte, Brasília, Cuiabá, Curitiba, Fortaleza, João Pessoa, Recife, Rio de Janeiro, Salvador e São Paulo. Por um serie de ações envolvendo vários Ministérios Públicos estaduais, ante ao crescimento do movimento e do debate que desagradou vários setores conservadores da sociedade, foi pedido, em várias capitais onde se realizariam tal evento, a proibição do mesmo. O argumento utilizado, como dito acima, era a invocação do discurso de que a mesma era uma apologia ao uso de drogas. A instabilidade jurídica se deu, pois, alguns Tribunais de Justiça continuaram a proibir a manifestação do referido evento, a exemplo de João Pessoa, outros como o Rio de Janeiro e Recife, reconhecem, antes da decisão do STF, o direito constitucional à manifestação dos ativistas (PINTO, 2013).

Na Paraíba, uma das primeiras capitais a proibir o evento, no ano de 2008, permanecendo a mesma proibida até a decisão no âmbito do STF a respeito da legalidade da mesma. Neste sentido o Juiz da 8ª. Vara Criminal da Comarca de João Pessoa decidiu, em sede de liminar, suspender a Marcha da Maconha que estava programada para realizar- se no dia 4 de maio de 2008, a partir do Busto de Tamandaré, região da praia de João Pessoa.

Após ação do Ministério Público da Paraiba48, o juiz decidiu, segundo o site do TJ- PB, que “não se pode olvidar que essa conduta [a realização de uma “Marcha da Maconha”] atenta contra a ordem pública, pois afronta a moral e os bens costumes, visto que ultrapassa o terreno do debate de ideias e estimula um comportamento que pode produzir nefastas consequências, notadamente quando o instigamento é feito em locais públicos, aos quais costumam comparecer muitos jovens ainda imaturos, que são levados, muitas vezes, pelo modismo da situação”. Observa-se assim, um argumento de natureza essencialmente moralista, pois, segundo o órgão julgado, o evento não é visto como uma manifestação política, mas como um evento que atenta contra a moral e os bons costumes.

48“Trata-se de Ação Cautelar Inominada com Pedido Liminar intentada pelo Ministério Público Estadual visando, em síntese, serem tomadas medidas enérgicas e necessárias para suspender a realização de manifestação pública organizada para fins de liberação do consumo da Cannabis sativa Linneu, popularmente conhecida como “maconha” (PARAÍBA, 2008)

Reafirma-se assim, o elemento normalizador de categoria moral que irá transitar e modelar os discursos médicos e jurídicos conforme as pretensões de exercício do poder em nossa época. A moral é reafirmada ocorrendo a moralização das práticas jurídicas, bem como, das práticas médicas. As sentenças que estabelecem interditos ao direito de livre manifestação da opção política antiproibicionista, são censuradas com fundamentos em categorias morais de jurisdicidade altamente contestáveis, reafirmando a continuidade do poder normalizador dentro das práticas jurídicas.

O destaque veio por meio do reconhecimento do debate enquanto realizados em “locais apropriados”, não sendo as praças públicas locais apropriados para a realização da manifestação política em defesa da descriminalização/legalização da maconha e nem tais debates devem ser feitos aos olhos da comunidade em geral. Ver-se, portanto, uma tentativa de esconder tal debate. Seguindo esta linha de pensamento, o mesmo se torna legítimo na medida em que se afasta dos olhos da comunidade em centros acadêmicos, parlamentos e etc., locais privilegiados onde a maioria da população não têm acesso, e só neles é que o mesmo ganharia legitimidade. Aos olhos da população, na praça pública, tal evento se tornaria um atentado à moral e aos bons costumes.

Contudo, deve se atentar que o direito de manifestação de pensamentos realizados para consubstanciar a marcha em apreço não são ilimitados, ao passo em que encontram limites nos demais direitos consagrados na mesma Constituição Federal, o que corresponde ao princípio da relatividade ou convivência das liberdades públicas. No caso específico, entendo que a discussão sobre a legalidade ou não do consumo da referida droga, até então relacionada como ilícita, deve ser feita em locais apropriados, tais como centros universitários, casas legislativas e em outros ambientes propícios para tanto, e não da forma como está sendo proposta, em praça pública aos olhos de crianças, idosos e todos os cidadãos (PARAIBA, 2008).

Assim, conclui o referido órgão julgador pela proibição do evento:

ISTO POSTO, e tendo em vista o que mais dos autos consta e princípios gerais de direito aplicáveis à espécie DEFIRO o pedido LIMINAR e via de conseqüência determino a SUSPENSÃO da “Marcha da Maconha” programada para ser realizada no dia 04 de maio de 2008, às 14:00 horas, no Busto de Tamandaré, Av. Nossa Senhora dos Navegantes, Tambaú, nesta capital, até decisão final. Para o devido cumprimento desta liminar, oficie-se a Superintendência da Polícia Civil, o Comando Geral da Polícia Militar, a Superintendência da Polícia Federal, a Superintendência da STTrans, a Prefeitura Municipal de João Pessoa-PB, através do MD Prefeito Municipal. Comunique-se à Assessoria de Comunicação do Tribunal de Justiça-PB e da Procuradoria Geral de Justiça-PB, para o devido conhecimento e adoção das medidas pertinentes (PARAIBA, 2008).

Em 2008, ao longo desta primeira onda de proibição à Marcha da Maconha, foram detidas pelo menos 20 pessoas em quatro capitais, segundo a ONG Artigo 19, que emitiu nota pública em crítica a onda de decisões que proibiram as marchas em nove Estados, argumenta a ONG que tal fato se constitui como verdadeira censura. No seu lugar, em João Pessoa, em resposta a tal censura, foi organizada a Marcha pela Democracia, que foi fortemente reprimida pela polícia da capital com o uso de gás lacrimogêneo, balas de borracha e cassetetes (CONJUR, 2008). Nove pessoas foram detidas na 10ª Delegacia Distrital de Tambaú. Um dos organizadores relatou que “os policiais nos colocaram na prisão, tivemos que tirar a roupa e ficar só de cueca. Algumas pessoas ficaram durante cinco horas atrás das grades. Um policial nos ameaçou” (CONJUR, 2008). Anteriormente, no Rio de Janeiro, 5 pessoas foram presas distribuindo panfletos. “Os panfletos simplesmente informavam sobre a marcha, não incentivavam o uso de drogas; mas fomos presos e autuados por apologia ao crime”, disse à ONG ARTIGO 19 (2008) o sociólogo e ativista Renato Cinco, que seria eleito vereador pelo PSOL no Rio de Janeiro, na época um dos organizadores da manifestação.

Tal proibição resultou acontecendo mais uma vez no ano de 2009, a partir da decisão da juíza da 8ª Vara Criminal de João Pessoa que proibiu o evento marcado para o dia 3 de maio na Praça Antenor Navarro, no Centro Histórico de João Pessoa. Destaca a juíza que a decisão não limita que as pessoas possam articular e dialogar sobre o assunto ou até estimular reformas nas leis de políticas públicas sobre drogas, mas na linha do julgado proferido no ano anterior:

O local apropriado para tais ponderações jamais poderia ser a ágora, sob pena de induzir, especialmente os sempre suscetíveis menores de idade, mesmo que indiretamente, ao uso de entorpecentes, sob a falsa idéia de que se trata de algo bom ou vantajoso para o cidadão comum (PARAÍBA, 2009).

O site do Tribunal ainda destaca que em caso de descumprimento, haveria prisão em flagrante dos envolvidos: “Quem descumprir a decisão será preso em flagrante pelo crime de desobediência, conforme o artigo 330, do Código Penal, cuja pena de detenção varia entre quinze dias e seis meses, com aplicação de multa”. Ainda, segue o portal oficial do TJ-PB, informando que “Para que esta decisão tenha efeitos práticos, serão encaminhados ofícios à Secretária de Segurança Pública, Comando da Polícia Militar, Superintendência de Polícia Civil, Superintendência da Polícia Federal, STTrans e a Prefeitura Municipal de

João Pessoa”. Observa-se a clara tentativa de criminalizar o debate sobre a legalização da maconha no Estado durante este momento de fortalecimento do evento da Marcha da Maconha. Como se observou do trabalho de Pinto (2013), tal fenômeno se deu a nível nacional, gerando uma insegurança jurídica grande quanto ao direito de crítica ao paradigma hegemônico do proibicionismo, que só foi resolvida quando do julgamento proferido pelo STF.

A ação constitucional no âmbito do STF surge neste contexto, um contexto de grande incerteza jurídica, marcando assim, uma virada garantista do Supremo Tribunal Federal de forma a garantir a voz daqueles grupos que visam soluções alternativas as atuais práticas em termos de política de drogas. A ação, ajuizada pela Procuradoria Geral da República, na qual se postula que seja dado ao art. 287 do Código Penal – que criminaliza a apologia ao crime – interpretação conforme a Constituição, “de forma a excluir qualquer exegese que possa ensejar a criminalização da defesa da legalização das drogas, ou de qualquer substância entorpecente específica, inclusive através de manifestações e eventos públicos” (BRASIL, 2011 p. 104), conforme se observa do pedido formulado neste julgado emblemático.

Um dos pontos fortes desta decisão foi justamente o reconhecimento do direito à liberdade de expressão, conforme o ministro relator Celso de Mello:

A praça pública, desse modo, desde que respeitado o direito de reunião, passa a ser o espaço, por excelência, do debate, da persuasão racional, do discurso argumentativo, da transmissão de ideias, da veiculação de opiniões, enfim, a praça ocupada pelo povo converte-se naquele espaço mágico em que as liberdades fluem sem indevidas restrições governamentais (BRASIL, 2011 p. 75).

Destacando alguns os aspectos democráticos do direito constitucional à liberdade de expressão, o relator assim se referiu a tal direito fundamental:

O sentido de fundamentalidade de que se reveste essa liberdade pública permite afirmar que as minorias também titularizam, sem qualquer exclusão ou limitação, o direito de reunião, cujo exercício mostra-se essencial à propagação de suas idéias, de seus pleitos e de suas reivindicações, sendo completamente irrelevantes, para efeito de sua plena fruição, quaisquer resistências, por maiores que sejam, que a coletividade oponha às opiniões manifestadas pelos grupos minoritários, ainda que desagradáveis, atrevidas, insuportáveis, chocantes, audaciosas ou impopulares (BRASIL, 2011, p. 82).

Assim, tendo tal direito como fundamento, asseverou o relator:

Desejo salientar, neste ponto, Senhor Presidente, já me aproximando do encerramento deste voto, que a mera proposta de descriminalização de determinado ilícito penal não se confunde com o ato de incitação à prática do delito, nem com o de apologia de fato criminoso, eis que o debate sobre a abolição penal de determinadas condutas puníveis pode (e deve) ser realizado de forma racional, com respeito entre interlocutores, ainda que a ideia, para a maioria, possa ser eventualmente considerada estranha, extravagante, inaceitável ou, até mesmo, perigosa (BRASIL, 2011, p. 112).

Desta forma, e com tais fundamentos legais o Supremo por considerar a Marcha da Maconha, um movimento social espontâneo que reivindica, por meio da livre manifestação do pensamento, a possibilidade da discussão democrática do modelo proibicionista e dos efeitos que tal modelo produziu em termos de incremento à violência, é um legítimo exercício do direito a liberdade de expressão, não podendo ser restringido por qualquer interpretação que se dê ao artigo 287, não configurando assim prática de apologia ao crime, sedo no mais apenas uma proposta de debate com relação à política criminal de drogas.

A referida decisão foi emblemática, pois serviu para garantir e assegurar a importância da Marcha da Maconha, bem como, de qualquer movimento que busca a luta contra o proibicionismo reconhecendo sua legitimidade dentro do nosso ordenamento jurídico. Tais discursos, antes criminalizados e proibidos pelo discurso jurídico, acabam conseguindo dentro deste a legitimidade – pelo menos formalmente dentro do discurso jurídico – que será tão importante na construção de práticas de poder capazes de produzir rupturas dentro do discurso hegemônico proibicionista.