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1. INTRODUÇÃO

2.4 A MODA MASCULINA CONTEMPORÂNEA

Segundo Braga (2009), a Idade Contemporânea ou século XX, teve como marco de seu início, um conflito que mudou a humanidade, a primeira guerra mundial, onde a figura masculina saiu do campo de trabalho e foi para as batalhas, deixando com que as mulheres ocupassem alguns dos espaços masculinos. A roupa como sempre, seguiu modificando-se e adaptando-se as necessidades do momento, nesse período os tons escuros predominaram principalmente o preto. Foi nesse período que um nome da moda começou a se sobressair, Gabrielle Coco Chanel, inovando e dando estilo à moda, consolidou-se no setor e se tornou o nome mais importante da moda do século XX, sendo importante até hoje.

As roupas masculinas permaneceram as mesmas, explica Braga (2009), apenas tornando-se mais simples e práticas, com um aspecto de uniformização: calça comprida, paletó, colete e gravata. Na década de 20 o marco para os homens foi o smoking para ocasiões mais formais, sapatos bicolores, também a famosa calça de golfe chamada knickerbockers, o colete saiu de moda e surgiu o paletó com abotoamento duplo e o chapéu era o coco, usado por Charles Chaplin nos cinemas. Algumas décadas se passaram e as roupas masculinas manteriam o aspecto de uniformização, principalmente com a segunda guerra mundial na década de 40. Nos anos 50, as roupas dos homens começaram a relembrar as do começo do século XX, como paletós compridos, calças justas e o chapéu coco, mas o que se sobressaiu nessa época foram os ternos sóbrios, com a gravata.

A partir da década de 60, a moda masculina se transformou de fato, o homem deixou o tom sério para aderir às modernidades vigentes, como jaquetas com zíper, golas altas, botas e calças com tecidos sintéticos, e camisas coloridas e estampadas, enfim, o homem estava voltando a se enfeitar. Nas décadas de 80 e 90, com o surgimento de tribos, a moda era ser diferente entre os iguais, e igual entre os diferentes.

Cardoso (2005), diz que na década de 60, a partir de mudanças sociais e culturais é que se da à reabilitação da beleza masculina, em que se encontra a imprensa e a literatura direcionadas para o consumo de moda masculina, através de conselhos estéticos. Sendo essa beleza apresentada como triunfo social, incentivando os homens a saírem da moda a partir do estilo dândi, e serem eles mesmos, explica CARDOSO (2005 apud Lipovetsky, 2013; Lipovetsky e Serroy, 2014)

Com a troca do século, a moda continuou sendo o espetáculo, com grandes nomes surgindo, mas em contraposição às imposições dos estilistas, a moda reinventou-se com o conceito de customização, que é uma personalização na qual o usuário interfere na sua roupa, se diferenciando dos demais, característica essa que remete ao dandismo. Além desse conceito de customização e vintage, a moda continuou com mecanismos de releitura. ―A moda, aliás, hoje se tornou negócio de todos‖ (Barthes, 2005 p. 350).

Nery (2004), diz que as pretensões culturais vão sempre depender da economia, das técnicas e da capacidade de produzir fatores que determinem a moda de qualquer época. Diz também que a moda virou um grande negócio em muitos países e é preciso que sempre haja novidades para que a fonte nunca seque. Ele explica que antes a moda não podia mudar do dia para a noite, muitas vezes durava décadas ou séculos até, e hoje o que a sociedade do consumo denomina com ‗in‘ estará ‗out‘ na moda de amanhã.

No final do século 20, na moda masculina firmava-se cada vez mais a calça jeans, a mesma é figura principal até hoje, início do século XXI, Nery (2004), fala também da nova onda que foi o clássico e elegante terno de duas fileiras de botões e os blazers com calça cinza de lã, as camisas eram usadas com cores e padrões mais discretos, entre as peças mais populares para os homens esteve o Trench Coat, o blusão e o macacão para esportes e o quepe de brim. Nos sapatos, o sucesso eram os clássicos, os mocassins e as botas para uso diário, e para a prática de esporte tênis e chinelos, como acessórios masculinos destacaram-se itens que fazem sucesso até hoje, como relógios de pulso sofisticados, gravatas em seda, braceletes e cintos de couro.

Imagem 2.18 - Trench Coat Masculino

Fonte: Google Imagens (2016)

Como visto, a referência do homem com mais estilo não é apenas do presente, segundo Castilho (2007), desde sempre, a imagem do homem da moda foi difundida, tomando como base a estética burguesa. Para Ghilardi-Lucena (2005), a grande novidade dos últimos anos, foi o surgimento do metrossexual, um ser vaidoso ao extremo que Mark Simpson em 1994 definiu como sendo o narcisista dos tempos contemporâneos, que devido a facilidade dos serviços existentes, pode se dar ao luxo de se esmerar muito nos cuidados com a aparência, o que podemos chamar de new dândi.

Para Cardoso (2005), a imagem de um homem contemporâneo preocupado com a sua imagem transmitida pela moda, um homem moderno e sensível, tem vindo a reproduzir-se na sociedade, em que paulatinamente, os homens vão alterando os seus modos de estar e de ser. A Intervenção da moda masculina nos problemas sociais tem vindo a ser uma evidência no mundo. A questão da igualdade de gênero encontra-se nas agendas políticas, tanto a nível nacional, como internacional. A inclusão dos homens no discurso da luta pela igualdade de gênero tem sido uma evidência.

É nesse contexto atual e sofisticado que se inserem marcas que são padrão de elegância para a moda masculina, e ditam tendências de consumo entre os homens que buscam atrelar-se a essa imagem, tais como: Ermenegildo Zegna, Hugo Boss, Dior, Osklen e Armani.

A moda masculina hoje em dia tem se esforçado para estar sempre em processo de inovação, quebrando tabus, sendo mais ousada e ―desconstruindo as construções sociais de

gênero relativas ao vestuário, ao introduzir peças consideradas exclusivamente femininas nas coleções de moda masculina‖ (CARDOSO, 2005 p. 41). Para o homem vaidoso de hoje, a moda se tornou relevante e tem um papel importante em suas vidas, contribuindo para a sua afirmação pessoal e satisfação, sendo concedido novamente o poder de embelezamento, tentando alcançar a promessa de satisfação de desejos humanos, alegada pela sociedade de consumo, na construção da sua identidade própria através das escolhas colocadas a disposição do mercado. (Cardoso, 2005 apud Bauman, 2008; Lipovetsky, 2010, 2014).

Hoje o homem transformou sua imagem, não passando só necessariamente a impressão de força, masculinidade, rigidez, mas transmitindo características como amabilidade, gentileza, carisma e até feminilidade, mostrando um homem com personalidades e gostos variados, um homem que se importa com sua aparência, sua saúde, seu bem estar (Cardoso, 2005).

Essa atitude proposta por esses novos homens condiz com o que Chanel falava na frase ―A moda não existe apenas nos vestidos; a moda está no ar, é o vento que a traz, nós a respiramos, a pressentimos, ela está no céu e no chão, está ligada às idéias, aos costumes, aos acontecimentos‖ (Chanel, apud Charles-Roux 2007). Embora a maior parte do foco de moda seja voltado para o público feminino, a importância para o masculino tem crescido bastante, muitas grifes vem focando sua produção para homens, criando submarcas, como foi o caso da Le Lis Blanc, que criou a vertente masculina, Noir Le Lis no ano de 2012.

O homem contemporâneo vem quebrando paradigmas, rompendo preconceitos, e os designers, estilistas, e criadores no geral vêm se adaptando a essas mudanças. Aquele homem básico, de cores sóbrias e lisas do passado é raro hoje em dia, seja do homem mais simples ao mais elegante, notam-se as mudanças no seu guarda-roupa. Agora, é comum ver homens que optam por camisetas, sejam longas, curtas, casuais ou esportivas com diversas estampas, poás, listras, estampas vintage, roupas mais estilosas, versáteis, confortáveis e, principalmente, animadas, mostrando a quebra de paradigmas no vestuário masculino; estampas antes que poderiam ser apenas classificadas como femininas, podem também abrilhantar o vestuário masculino.

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